Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

E


contra personalidades de direita, como o próprio Santos e o MBL, o
editor Carlos Andreazza, a jornalista Vera Magalhães e o Partido Novo,
classificando todos, jocosamente, de “comunistas”. A conclusão de Renan
é que para os radicais de extrema direita “não há caminho algum na
direita se não houver concordância total e absoluta. Senão você será um
grandissíssimo comunista”. O vídeo tem mais de 250 mil visualizações.


m cem dias de governo, Bolsonaro não se deslocou para o que
chamamos de direita bonapartista. Construir uma eventual direita
desse tipo seria muito mais realista e factível do que a estratégia
adotada até o momento por Bolsonaro. A direita bonapartista teria muito
mais chances de atrair para si a direita conservadora evangélica, a direita
liberal e as forças da direita tradicional (o antigo PFL), assim como uma
parcela da extrema direita. Mas Bolsonaro simplesmente se recusa a fazer
isso. Com o vácuo por ele criado, já existe quem queira ocupar esse lugar.
Penso, por exemplo, no Movimento Brasil Livre, protagonista das
manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff, que foi se
radicalizando e caminhou na direção da extrema direita, mobilizando-se
em peso pela eleição de Bolsonaro. Neste ano, entretanto, uma vez que
alguns de seus membros agora ocupam cargos legislativos, a entidade
reduziu seus flertes com Bolsonaro para se posicionar cada vez mais
nesse terreno vago entre a direita tradicional e a extrema direita. O MBL
continua apoiando o governo, mas vai construindo pouco a pouco uma
narrativa de diferenciação importante.


Em janeiro, Kim Kataguiri, uma das principais lideranças do movimento,
eleito deputado federal, divulgou um vídeo – intitulado “A culpa de
Flávio Bolsonaro”, com mais de 1 milhão de visualizações – em que
elogia a imprensa tradicional (com a qual o movimento brigou
ferrenhamente nos últimos quatro anos), afirma não existir desculpa
plausível no caso Fabrício Queiroz e pede a punição, inclusive com pena
de prisão, para o filho do presidente. Em fevereiro e março, o
distanciamento se ampliou, com a difusão pelo MBL de vídeos e textos
críticos à forma de relacionamento do Executivo com o Congresso
Nacional, à atuação de alguns ministrolls e a casos de corrupção.


Renan Santos reclamou do chanceler Ernesto Araújo e do ex-ministro
Vélez, que ele definiu como “ideológicos”. Elogiou os ministros

Free download pdf