Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

“P


Um caso mais radical é o das ilhas Samoa, na Oceania: em 2011, o
arquipélago mudou de fuso para facilitar transações comerciais com
Austrália, Nova Zelândia e China. Nesse processo, perdeu um dia do
calendário.


odem as palavras expressar [...] tudo que iremos economizar
ano após ano?”, escreveu o construtor inglês William Willett
em um panfleto distribuído nas ruas de Londres em 1907. Ele
foi uma das primeiras pessoas do mundo a lutar pelo horário de verão.
Calculou os milhões de libras que seriam poupados entre abril e
setembro, caso os dias ganhassem uma hora a mais de luz, e tentou
convencer os britânicos a mandarem cartas ao Parlamento em defesa do
projeto. Morreu em 1915 sem ter visto sua ideia concretizada.


Se a economia de energia sempre figurou entre os principais argumentos
a favor da mexida nos ponteiros, hoje diversas pesquisas mostram que os
valores poupados são irrisórios. Algumas chegam até a sugerir o oposto:
o horário de verão estimularia os norte-americanos a irem às compras
depois do expediente, aumentando os gastos com combustível.


Certos segmentos realmente se beneficiam desses intermináveis fins de
tarde. É o caso, também nos Estados Unidos, dos fabricantes de
churrasqueiras, dos vendedores de carvão e dos proprietários de campos
de golfe. O lobby deles contribuiu para que, em 2007, o governo
aumentasse o período do horário de verão (daylight saving time) em um
mês. Desde então, o país passa apenas um terço do ano no horário
“normal” (standard time): do começo de novembro ao princípio de
março.


A indústria de doces e balas milita igualmente em prol dos dias mais
luminosos. Na década de 80, chegou a criar a Coalizão Nacional pelo
Horário de Verão. O objetivo era pressionar o governo para que o
daylight saving time ainda estivesse valendo no Halloween. Com uma
hora a mais de luz em 31 de outubro, as crianças permaneceriam mais
tempo na rua e bateriam em mais portas à cata de jujubas, chocolates e
assemelhados.

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