Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

N


Atualmente, pelo menos metade dos estados norte-americanos discute
novas legislações sobre os ajustes sazonais nos relógios. A Califórnia e o
Oregon, por exemplo, querem aderir ao horário de verão permanente. O
senador Marco Rubio, da Flórida, não só apoia a demanda como
submeteu ao Senado um projeto de lei reivindicando que 100% do país
viva com uma hora de luz a mais durante o ano inteiro. Na prática, é
como se todos os Estados Unidos dessem um passo para o leste e
ocupassem outras faixas de fuso horário.


o Brasil, Jair Bolsonaro também decretou o fim do ajuste dos
ponteiros. “O horário de verão não causa economia para nós e
mexe no teu relógio biológico”, disse o presidente em abril. Talvez
seja a primeira vez que o ex-capitão tenha usado – ainda que vagamente



  • um argumento científico para tomar alguma decisão.


Coordenador do Centro de Ciência do Sono Humano, na Universidade
da Califórnia, em Berkeley, Matthew Walker costuma afirmar que os
habitantes das nações em que existe horário de verão acabam, sem
querer, produzindo evidências sobre os efeitos deletérios de noites
maldormidas. “Há um experimento global realizado com 1,6 bilhão de
pessoas em setenta países, duas vezes por ano, e ele se chama horário de
verão”, disse recentemente o autor do livro Por que Nós Dormimos em
um programa de rádio. Para espanto do entrevistador, Walker
mencionou um estudo da Universidade de Michigan que constatou o
seguinte: entre março de 2010 e setembro de 2013, nas segundas-feiras
imediatamente posteriores aos domingos em que os norte-americanos
adiantavam o relógio, houve um aumento de 24% no número de ataques
cardíacos em Michigan. O crescimento se deu em relação às demais
segundas-feiras de cada ano. Por outro lado, nas terças-feiras
imediatamente posteriores à volta dos Estados Unidos ao horário normal,
a quantidade de ataques cardíacos diminuiu 21%.


De acordo com Walker, embora tenha limitações, a pesquisa demonstra o
quanto o ajuste nos relógios impacta o organismo humano. “O estudo
sugere que nosso corpo é vulnerável até mesmo a uma pequena privação
de sono.”

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