Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

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ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2019


comerciante Munir Francisco, proprietário de uma loja de artigos
esportivos em Volta Redonda (RJ), disputou sua primeira eleição
no ano passado. Candidatou-se a deputado estadual pelo Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB) e, apesar de seu irmão Antônio Francisco
Neto ter sido quatro vezes prefeito dos volta-redondenses, conquistou
menos que 19 mil votos. O comerciante não foi eleito deputado, mas
ganhou a quarta suplência da coligação do PTB com o Solidariedade
(SD). Em outras palavras, virou reserva do reserva do reserva do reserva
de deputado.

Com a derrota, Francisco, 55 anos, voltou à rotina de trabalho em sua loja
no Centro de Volta Redonda e, recentemente, inaugurou um novo
estabelecimento, a duas ruas de distância do primeiro: o Mundo do
Chinello. Se o estado do Rio de Janeiro não vivesse tempos conturbados,
é provável que Francisco ficasse afastado da política institucional até, no
mínimo, a próxima eleição, dedicando-se à vida de lojista. Mas não é esse
o caso. Empurrado por uma sequência inesperada de fatos, ele pode
saltar da quarta suplência diretamente para um mandato de deputado na
Assembleia Legislativa do Rio, a Alerj.

A história começa em novembro do ano passado. Na manhã do dia 8,
quinta-feira, a Polícia Federal deflagrou a Operação Furna da Onça, um
desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, e prendeu sete deputados
estaduais acusados de envolvimento num esquema de corrupção
encabeçado pelo ex-governador Sérgio Cabral. Desses sete, cinco haviam
sido reeleitos para um novo mandato na Alerj.

Entre eles estava Marcus Vinícius “Neskau” (PTB), que acabara de ser
reeleito pela terceira vez. De acordo com a denúncia do Ministério
Público, entre 2011 e 2014, Neskau recebeu “mensalinhos” de 50 mil reais
por mês para votar conforme os interesses do governo cabralino.
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