Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

de entrar para a faculdade e chegou a se apresentar em bares e
restaurantes. As canções da MPB estimularam seu interesse pela língua
portuguesa, e ele foi estudar letras na Uerj, a Universidade do Estado do
Rio de Janeiro. Formado em 2013, ganha a vida dando aulas particulares
e fazendo revisão de monografias.


Seu primeiro dicionário reunia verbetes sobre música escritos na década
passada e se perdeu numa enchente em 2007. Aquela era a única cópia do
manuscrito – preocupado com o ineditismo da obra, Azevedo vivia
driblando os amigos que lhe pediam um exemplar do trabalho. “Mas está
tudo na minha mente”, afirmou o autor, que pretende refazer o livro.


O estalo que fez dele um dicionarista inveterado veio alguns anos depois,
quando passou por suas mãos um trabalho acadêmico sobre
onomatopeias que trazia um glossário ao final. “Aí quis fazer o meu”,
contou. Azevedo desenvolveu então o método que usa para escrever
todos os seus dicionários. Passou a preencher com zelo fichas em folha de
rascunho com palavras encontradas nas leituras da faculdade, onde
conheceu Machado de Assis, Guimarães Rosa e Lima Barreto. “Fiquei
apaixonado e comecei a pesquisar palavras por conta própria.” Feitas nas
horas passadas em bibliotecas públicas do Rio de Janeiro, as fichas são a
base de dados para os verbetes que trazem sempre a referência ao
volume em que ocorre a palavra ou expressão. Gibis, com sua profusão
de pows, smacks e vrums, e canções da MPB também viraram fonte de
pesquisa. “Rita Lee tem muitas onomatopeias, Ary Barroso, Zeca Baleiro,
Chico César”, enumerou.


Com o primeiro volume concluído, Azevedo foi atrás de editoras
dispostas a publicá-lo. “Quando a Autografia respondeu que topava,
chorei”, contou. O próprio autor custeou a edição dos três dicionários que
lançou. Não revelou o valor investido ou as tiragens, mas disse que
vendeu rapidamente os noventa exemplares que recebeu do livro de
estreia. A obra foi citada no programa de Fátima Bernardes e o
dicionarista deu entrevistas para o rádio e a tevê.


Seu próximo livro será o Dicionário de Plantas com Outros Significados,
com previsão de lançamento para o segundo semestre. Azevedo explicará
expressões como plantar bananeira, enfiar o pé na jaca ou descascar um

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