Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

espetáculos bem-sucedidos, firmando-se como um dos coreógrafos
brasileiros mais conceituados no exterior. Também é professor, há duas
décadas, na Escola de Mímica da Universidade de Artes de Amsterdã.


Nunca deixou de voltar a Teresina, apesar da relação conflituosa que
sempre teve com sua terra natal. “Alguns acham que faço coisas que não
se deve fazer aqui”, afirmou. Na cidade, Evelin criou em 2016, junto com
a gestora cultural Regina Veloso, o CAMPO Arte Contemporânea, que
ocupa um antigo galpão de supermercado em um bairro residencial de
classe média. Nesse local amplo, com colunas de concreto e piso em
cimento, sem palco, sem cadeiras, sem qualquer comodidade para o
público, Evelin ensaia e apresenta as suas coreografias.


A Invenção da Maldade estreou em Teresina em 4 de abril para uma
curtíssima temporada de quatro dias. Em seguida, o elenco viajou à
Europa, para apresentações em Portugal, na Itália, Alemanha, Bélgica e
França.


Coordenados por Evelin, nove artistas participaram da criação do
espetáculo: o baiano Márcio Nonato, a mineira Rosângela Sulidade, os
paulistas Bruno Moreno e Carolina Mendonça, o japonês Sho Takiguchi,
o dinamarquês Jonas Schnor, a polonesa Maja Grzeczka, o italiano Matteo
Bifulco e o belga Elliot Dehaspe. Eles viveram em Teresina durante dois
meses, em regime de residência artística, cuidando também
coletivamente das tarefas cotidianas: varrer o galpão, regar as plantas e
fazer compras na padaria Pão Gostoso, pequeno empreendimento no
bairro São João que tem chamado a atenção dos turistas.


Não é a primeira vez que Evelin coloca pessoas nuas em cena. Em
Batucada, de 2014, por exemplo, havia cinquenta dançarinos sem roupa.
“Figurino é um horror! Eu odeio figurino”, sentenciou o coreógrafo. Para
ele, o corpo nu é o que faz sentido: fala de algo sem identificação, sem
tempo ou lugar. “A gente vive domesticado em narrativas. Nosso
trabalho de artistas é abrir possibilidades.”

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