Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

A


Haroldo Rocha afirma que o ex-chefe “surpreende muito as pessoas
porque ele guia a própria vida”. Rocha admite que isso provoca reações.
“Às vezes as pessoas falam: ‘Pô, ele só pensa nele.’”


O próprio Hartung, ao comentar a insatisfação de ex-aliados, me disse
que em certo momento ganhou corpo no Espírito Santo a queixa de que
ele não cumpria acordos. “Tinha uma época que era um inferno, isso. Eu
quase acreditei. ‘Não cumpre acordo, não façam um acordo com ele
porque ele não cumpre.’ Aí eu tive que fazer uma frase: não é que eu não
cumpra acordo, é que eu sou ruim de fazer acordo; quando fizer, eu
cumpro.”


inda em 2010, depois de ter desistido de passar o governo para
Ricardo Ferraço, Paulo Hartung anunciou que ia apoiar Renato
Casagrande, do PSB, então senador, para o Palácio Anchieta.
Segundo Hartung, a decisão foi tomada com base em pesquisas eleitorais,
que indicavam maior chance de vitória para Casagrande.


“Eu preparei meu sucessor, que era o meu vice”, contou Hartung. “Ele foi
importante no governo inteiro. Só assumiu missão estruturante no
governo. No ano eleitoral, as primeiras avaliações que fizemos com
pesquisa davam bons sinais para o Ricardo. Quando o processo entrou
mesmo, ele estagnou nas pesquisas, e o Renato Casagrande veio subindo.
Como essa decisão foi tomada? Eu e ele, Ricardo. Abrimos a pesquisa,
lemos juntos.”


Hartung acabou apoiando um político que, embora fizesse parte de sua
grande rede de sustentação, não era o seu “plano A”. Diante da
insistência de Casagrande em ser candidato, e apesar da manifestada
preferência inicial por Ferraço, o governador escolheu abraçar o projeto
que tinha mais chances de vitória.


A estratégia deu certo. Foi mais uma eleição vencida por Hartung,
apoiando o político que depois ele viria a retirar do poder. Das eleições
de que participou diretamente, como candidato, Hartung venceu todas.

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