Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

controle da Assembleia por um grupo de parlamentares corruptos –
quando deputados eram “donos” de centenas de cargos na educação, e
empregavam pessoas em troca de votos –, mas foi mantida,
deliberadamente, nos dois primeiros mandatos de Hartung. “Uma coisa
que foi gerada de forma ruim”, explicou Rocha, acabou se tornando um
fator positivo nas mãos dos gestores locais, a seu ver, nas duas últimas
décadas.


“Isso é uma coisa que a gente herdou lá dos anos 90, mas aí, nos nossos
oito anos de governo, a gente aprofunda isso. Podíamos ter feito o outro
movimento. Criado cargos. Mas não é isso que a gente achava que ia
resolver o problema”, argumentou. “Nesses oito anos de governo, o
govenador controlava com mão de ferro a realização de concursos.”


Evitaram assim, segundo Rocha, cometer um “erro estrutural” praticado
em outros estados. “O que é erro estrutural? É entupir de pessoal
efetivo”, os funcionários públicos concursados, com todos os direitos
previstos. “Erro básico, o que mais se comete. Porque a despesa com
pessoal, seja ativo, seja inativo, ela tem uma inércia de crescimento.
Tendo receita ou não. Mas, se você tem um peso grande de temporários,
você vai lá e ajusta.”


Os números confirmam a história contada pelo ex-secretário. Em
dezembro de 2002, às vésperas de Hartung tomar posse para o seu
primeiro mandato, havia 25 150 temporários entre os pouco mais de 62
mil funcionários ativos do Poder Executivo. Resultado em grande
medida, segundo os relatos de Lelo Coimbra e Haroldo Rocha, das
práticas espúrias dos deputados corruptos locais. Oito anos depois, em
dezembro de 2010, quando Hartung estava prestes a passar o poder para
Casagrande, tanto o número total de funcionários quanto o de
designações temporárias no Poder Executivo haviam caído – eram 55 917,
ao todo, e 20 335 temporários. Mas a proporção de temporários sobre o
total permanecia alta: 36%, em 2010, contra 40%, em 2002.


Quando consultei Hartung sobre esse fato, ele me disse que a
circunstância de terem uma fração grande de funcionários por
designação temporária “sempre ajuda”. “Por quê? Também o impacto
sobre o conjunto de aposentados é menor. São aposentados do INSS. Não

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