Piauí - Edição 152 [2019-05]

(Antfer) #1

E


protocolar o documento com antecedência: você nunca sabe em que
estado irá chegar ao hospital.


O celular também ficara na bolsa, e por isso não pude contar com meu
ambicioso setlist de parto. Mas Natália escolheu uma rádio de jazz no
Spotify e escutamos até encher a paciência. A certa altura, dancei lindy
hop com Gigio ao som de Fly Me To The Moon, interpretada por Frank
Sinatra. Fomos calorosamente aplaudidos pela obstetra e pela enfermeira,
que já começavam a ficar entediadas.


ssa coisa de parir dá um bocado de sede, de modo que, pouco
depois de receber a analgesia, pedi às enfermeiras um copo d’água.
Para minha surpresa, elas negaram. O anestesista havia prescrito
jejum absoluto de água e alimentos, apesar de isso ser uma prática
antiquada e sem embasamento nas mais recentes evidências científicas.
Questionado pela dra. Larissa, ele afirmou que o jejum se justificava
“pelo risco de virar cesárea”.


Essa restrição se baseia em estudos dos anos 40, segundo os quais um
paciente com o estômago cheio teria mais riscos de broncoaspiração no
caso de regurgitação após a anestesia geral. Acontece que a anestesia
obstétrica já evoluiu muito desde então; a geral só é usada raramente em
cesarianas.


Em 2015, um estudo apresentado no congresso anual da Sociedade
Americana de Anestesiologistas (ASA) concluiu que as mulheres em
gestação de baixo risco se beneficiariam de refeições leves durante o


trabalho de parto.[13] A pesquisa ressalta que as necessidades calóricas de
uma mulher ao parir são similares às de um maratonista. Sem nutrição
adequada, o corpo passa a usar a gordura como fonte de energia, o que
eleva a acidez do sangue da mãe e do bebê. Isso pode reduzir as
contrações uterinas, aumentar a duração do trabalho de parto e
prejudicar a saúde do feto.


Da mesma forma, uma revisão Cochrane de 2013 constatou que não há
justificativas para restringir líquidos e alimentos em parturientes de baixo

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