Folha de São Paulo - 13.03.2020

(ff) #1

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poder


A10 SEXTA-FEIRA,13DEMARÇODE 2020


PSBePDTfecham aliança


nacionalelançam Márcio


FrançaàPrefeitura de SP



  • Carolina Linhares


sãopauloAos gritosde“São
Paulo quermudança, agora
éMárcioFrança”,PSBePDT
anunciaram nestaquinta-fei-
ra ( 12 )uma aliançanacional
paraaseleições municipais
de outubro.
Oex-governadorFrança, do
PSB, que perdeuaeleição pa-
ra ogoverno estadual de 2018
paraJoãoDoria (PSDB),rece-
beuoapoio de líderes do PDT,
como CiroGomes, emeven-
toque marcouolançamen-
toda sua pré-candidaturaà
prefeituradacapital paulis-
ta,num hotelemSãoPaulo.
“PDTePSBjuntos sãomaio-
resqueoPT”,discursouFran-
ça,referindo-seatempodete-
levisão na propaganda eleito-
raleaonúmerodedeputados
na Câmara.Anovafrentede
esquerdase apresentacomo
uma alternativaaopetismo.
“Não somos obrigadosafi-
carsubjugadosanada”, com-
pletouFrança,também em
referência aoPT.
Comaresistênciadoex-
prefeitoFernando Haddad
emconcorrer,ospetistasfa-
rãoprévias paradecidir seu
candidatoemSãoPaulo no
dia 22 .Ofavoritohojeéoex-
deputado JilmarTatto.
Em entrevista,Françaafir-
mou que aliançascomoPTjá
foramfeitas emoutraselei-
ções, mas que agoraháoutro
caminho.AbuscadoPTpor
manter ahegemoniaeopro-


tagonismo na esquerda afas-
toudasiglacaciques de ou-
tras legendasdomesmocam-
po político, como Ciro.
“Não há dificuldadecom a
convivênciacomoPT, mas
somadostemos umtamanho
maiorqueoPT. Anossa so-
matória passaparaoBrasil
umacontaquetalvez as pes-
soas não tivessem uma no-
ção, dequeoPTémuitoim-
portante,mas nãoéoúnico
enemomaior”, disse.
Françatambém manifes-
touoposição aoatual pre-
feitodeSãoPaulo,Bruno
Covas(PSDB), que eravice
deDoria na eleição de 2016.
“A qui emSãoPaulooeleitor
tembasicamenteaopção de
renovaromandatodoprefei-
to,queéumacontinuação do
mandato dogovernadorDo-
ria.Ehá um outro campo,em
quevamosfazeruma dispu-
ta leal comoeventual adver-
sário donossocampo, que é
oPT. Vamosfazer uma dispu-
tahonestadequeméquevai
eventualmente paraosegun-
doturno.Sechegarair, éou-
traeleição”,completou.
França, quefoipróximo do
PSDBevice-governador do
tucanoGeraldo Alckmin em
SãoPaulo, afirmou queaelei-
çãoserámaisvoltadaaques-
tões municipais do que ide-
ológicas.Equeopresidente
Jair Bolsonaro, umavezque
aAliançapelo Brasil não será
criadaatempo,não devein-
terferir na disputapaulistana.

“É claroquevaitercom-
ponenteideológico, porque
aeleiçãodeSãoPauloreper-
cutenoBrasil todo,mas avi-
da das pessoastemmuito a
vercomoserviçoque está
funcionando ou não.Eos
serviços públicos estãocom
problema, em especialodas
pessoasmais pobres.”
Antes de declarar apoio a
França,oPDTchegouacon-
versarcomMartaSuplicy,
hoje sempartido. Aex-pre-
feitabuscavaseviabilizarco-
mo vicedeHaddadcaso ele
decidisseconcorrer.Mas o
partido, resistiu em filiá-la
paraser vicedoPT.
ParaCiro, umavitória de
FrançaemSãoPauloteria
“repercussão histórica”.Oex-

ministrosecoloca como alter-
nativaaoPTenão declarou
apoioaHaddad no segundo
turno daseleições em 2018.
Nomesmo sentido,Carlos
Siqueira, presidente doPSB,
disseque “seriauma sinali-
zação ao país dequeépos-
sívelterumsistemapolítico
diferente”.
Carlos Lupi, presidentedo
PDT, manifestouavontade
de que AntônioNeto(PDT)
seja vicedeFrança.
Aaliançaeleitoral entre
PDTePSB, nascida emSão
Pauloecosturadadesde o
ano passado, deve se expan-
dirparaoutrascapitais emi-
ra,alongoprazo,acampanha
presidencial de 2022 ,com Ci-
ro concorrendo ao Planalto.

Aideiaéofereceruma al-
ternativadeesquerda aoPT
equebrarapolarizaçãocom
obolsonarismo.Naavaliação
de líderes trabalhistasesocia-
listas, essa outrafrentedees-
querdaémaisviávelparader-
rotarBolsonaroem 2022 ,uma
vezqueoantipetismocontri-
buiuparasua vitória em 2018.
Os dois partidoscosturam
aliançastambém em outras
capitais.OPSBdeveapoiar
MarthaRocha (PDT) no Rio e
Juliana Brizola (PDT) em Por-
to Alegre.NoRecife,João Cam-
pos (PSB) deve teroapoio do
PDT. Em Florianópolis,ospar-
tidos devemapoiarcandidato
doPSOL. Além de PDTePSB,
aRedeeoPVtambém articu-
lam parareforçaraaliança.

Com Ciro(centro) eMárcioFrança(dir.),PDT ePSB celebram aliança em São Paulo Carolina Linhares/Folhapress


  • FernandaCanofre


belohorizonteCompouco
mais de um anodegestão,o
governadorRomeu Zema (No-
vo)viu se abrir nestaquarta-
feira( 11 )sua pior crise,depois
da decisão de sancionar par-
cialmenteopróprio projeto
dereajusteapoliciais.
Criticado pelaprópria le-
gendaeconvocadoaBrasília
paraumareunião no minis-
tério da Economia, Zema se
viuencurraladoentrecum-
priroacordoque havia firma-
docomservidoresedeputa-
dosegarantiraassinatura do
regime derecuperação fiscal
comaUnião.
MinasGerais passapor gra-
ve crise financeira,comsalá-
rios de funcionários parcela-
dos desde 2016.
Ahipótese de quealiminar
quesuspendeopagamento
dadívida mineirapudesseca-
ir,casooreajustefosse sanci-
onado,foi colocada na mesa
pelogovernofederal.
Asaídafoisancionar ape-
nasoartigoqueprevêreajus-
te de 13 %para 2020 —oproje-
to originalconcedia aumen-
to de 41 , 7 %.
Opreço dorecuofoiaaber-
tura da crise políticamais gra-
ve atéaqui.
Asaídadosecretário deGo-
verno,BilacPinto(DEM),ose-
gundoadeixaragestão,es-
tremeceuarelação de Zema
comsuabase.Olíder do blo-
co governista, GustavoValada-
res(PSDB),chegouapublicar
em umaredesocial que era“o
início do fim”.
Nomesmo dia,ovice-gover-
nador,Paulo Brant, se desfili-
ou doNovo,fazendo críticas
durasàlegenda.
Brant afirmou em notaque
opartido preferezelar por
seuprogramaedeixa em se-
gundo planoaresponsabili-
dade políticaeque, para pas-
sarreformas no estado de Mi-
nasGerais,ogoverno preci-


Sob pressão de aliados eopositores,


governadordeMGvive suapior crise


Apósalertadogovernofederal,RomeuZema recuou de propostadereajuste de 40% parapoliciais


sa decoalizão.
Na contramão,assumiuolu-
gardeBilacna secretaria de
Governo, pastada articula-
çãopolítica,Igor Eto(Novo),
então secretário-geral dego-
vernadoria.
Overeador deBelo Hori-
zonteMateus Simões,pri-
meiroeleitodoNovoemMi-
nasequecoordenouatran-
sição degoverno em 2018 ,fi-
coucomavagadeEto.Osdois
são vistoscomoNovo“raiz”
no meio político.
“A sinalizaçãoéqueagente
deseja uma interlocução mais
próxima, mais ágilcomaAs-
sembleiaecom os demais Po-
deres”,afirmaovice-líder de
governo,Guilherme da Cu-

nha (Novo).
“Essa interlocuçãoésinali-
zadaatravés da nomeaçãoda
pessoa[Eto] que, desdeopri-
meirodia degoverno,foi oas-
sessor diretoemaispróximo
dogovernador”.
Etoéoterceirosecretário
deGoverno deZema.Custó-
dioMattos,ligadoaoPSDBe
ex-prefeitodeJuiz deFora,fi-
couoitomeses nocargo. Bilac
Pinto, ex-deputadoesecretá-
rio degovernostucanos, cin-
comesesemeio.
ÀFolhaBilacPintodisse, no
ano passado, que não tinha
afinidadecomoNovo. Naépo-
ca,ele afirmou que achava os
conceitos da legenda meritó-
rios, mas que parlamentares

“eleitospelasredes sociais” ti-
nhamuma visãodiferentede
nomes “eleitos porvoto polí-
tico”,como ele.
Adecisão de sancionar par-
cialmenteoprojetoderea-
justeparapoliciais desagra-
dou deputadosrepresentan-
tesdacategoria.
“Ogovernadorsefechou no
seu mundinho,com um gru-
po de pessoas que nãoconhe-
cemavida pública, que não
têmexperiência na política.
Asdecisõestomadas pelogo-
vernadorfechamasúltimas
brechas na articulação polí-
tica”,diz odeputadoSargen-
to Rodrigues (PTB).
Rodriguesépartedogrupo
de cincodeputados que fize-

ramoacordo inicialentrego-
vernoepoliciaisecostumam
votarcomogoverno,apesar
de serem de blocos indepen-
dentes.
Entidades ligadasàseguran-
ça,que participaramdareu-
niãocomosdeputados, pe-
diramcalma aos servidores
eafirmaram queofocoago-
ra seriatrabalhar paraderru-
barovetonaAssembleia. O
reajusteparcial não satisfez.
Paraolíder daoposição,
AndréQuintão (PT),arotati-
vidade dos interlocutores do
governo pode afetaroanda-
mentodos projetos que Ze-
ma pretende mandar.
“Ogovernador não pode fi-
carrefém do partidoNovo,
do programa ideológicode-
le. Issotemtrazido insatisfa-
ções inclusivenaprópria ba-
se”,avalia.
Vitrine para oNovopor ser
oprimeirogovernador eleito
pela legenda, Zema já havia
enfrentadotensãonasua ba-
se no decorrer de 2019.
Dostrêsdeputados doNo-
vo,umdeles,Bartô, costu-
mavotarcontraogoverna-
dorediz que nãoérecebido
por Zema.
NaAssembleia Legislativa,
as liderançasdogovernoedo
blocogovernistaficaramcom
oPSDB.Opartido,porém,
sempresinalizou que não era
partedogoverno.
Projetos maiores dages-
tão, quepoderiamgerarmais
embate,comoreforma da
Previdência ou privatizações
de empresascomoaCemig
(energia elétrica)eCopasa
(saneamentoeágua), ainda
nãoforamapresentados.
Bilac disse naterçaqueare-
forma daPrevidência seria en-
viada nas próximas semanas
ao Legislativo.Com sua saí-
da, não hácerteza seaprevi-
são se mantém.
Com servidores de trêsca-
tegorias em greve—educa-
ção, saúdeemeio ambien-
te—esemoreajuste, depu-
tados dizem que pode ser di-
fícil passaroaumentodacon-
tribuição previdenciária.Até
omomento, 17 %dos servido-
resnãoreceberam o 13 ºsalá-
rio de 2019.
Dos 77 deputados daAs-
sembleia, 17 são base de Ze-
ma—seis deles são doPSDB.
Napróxima semana, umare-
união do blocovai reavaliar
aposiçãodospartidos junto
aogoverno.

Ogovernador de Minas,RomeuZema, do partido Novo Fred Magno-2.dez.19/OTempo


Nãohádificuldade
comaconvivência
comoPT,mas
somadostemosum
tamanhomaior

CiroGomes
ex-candidatoàPresidência pelo
PDT, sobre aaliançacomoPSB


Ogovernadorse
fechou no seu
mundinho,com um
grupo de pessoas
que nãoconhecem
avida pública, que
nãotêmexperiência
na política. Suas
decisõesfecham as
últimas brechas na
articulação política

SargentoRodrigues
deputado estadual pelo PTB
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