Adega - Edição 175 (2020-05)

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Estudo dá novos indícios de como o componente
age no corpo e previne o envelhecimento

VINHO E SAÚDE |


E


m um estudo pela University College Lon-
don, o pesquisador Henry Bayele encon-
trou uma explicação interessante para o
potencial do resveratrol como substância antien-
velhecimento. Sua equipe descobriu que o com-
posto presente no vinho pode imitar o hormônio
estrogênio no corpo humano para ativar proteínas
antienvelhecimento chamadas sirtuínas, que po-
dem ajudar a prevenir problemas de saúde rela-
cionados à idade.
O estudo, publicado no Scientific Reports,
explora os compostos ativadores da sirtuína na
dieta, incluindo o resveratrol. As sirtuínas
se tornaram um alvo promissor para pes-
quisadores interessados em retardar o
processo de envelhecimento, pois são
proteínas produzidas pelo organis-
mo que parecem impactar o meta-
bolismo e protegem contra várias
condições, incluindo obesidade,
diabetes tipo 2, câncer e doenças
cardiovasculares e neurodegenerati-
vas. Aprender o que estimula o corpo
a produzir sirtuínas tem sido objetivo
comum dos cientistas focados na longe-
vidade nas últimas duas décadas.
Bayele e sua equipe trataram célulashe-
páticas humanas in vitro com diferentes tipos
de compostos e descobriram que o resveratrol
ativava os sinais de sirtuína através dos recepto-
res de estrogênio, imitando o hormônio. Embo-
ra o estrogênio seja comumente definido como
um hormônio feminino, homens e mulheres o
produzem, e pode ajudar a proteger contra as
mesmas coisas que as sirtuínas impedem, como
doenças cardíacas.
Os resultados também mostraram que o resvera-
trol imita o estrogênio em doses baixas, mas se torna
antiestrogênico em concentrações mais altas, con-

A ação do


RESVERATROL


sequentemente suprimindo os sinais de sirtuína.
“A ingestão excessiva pode de fato ser contraprodu-
cente porque, em altas doses, o estudo descobriu
que o resveratrol inibe a ativação da sirtuína dos
receptores de estrogênio. Portanto, as baixas doses
de resveratrol encontradas em um copo comum de
vinho tinto devem ser suficientes para ativar as sir-
tuínas. Simplificando, para vinho tinto ou resvera-
trol para melhorar a saúde, menos é mais”, afirma
o pesquisador.
Bayele explica que uma taça de vinho con-
témcerca de 0,5 a 1 miligrama de resveratrol. “É
importante notar que essas concentrações são
semelhantes àquelas em que o resveratrol
se comporta como o estrogênio para in-
duzir a sinalização máxima de sirtuína
através dos receptores de estrogênio”,
disse.
Outros componentes estudados
foram melhores que o resveratrol na
ativação de sirtuínas, como a isoliquiri-
tigenina, encontrada no alcaçuz. Mas,
segundo Bayele, o resveratrol atraiu
mais atenção devido à sua acessibilidade
no vinho tinto, combinado com sua prote-
ção demonstrável contra doenças metabóli-
cas,cardiovasculares e neurodegenerativas.
Bayele diz que quando os humanos conso-
mem resveratrol, apenas pequenas quantidades
são absorvidas rapidamente, enquanto uma gran-
de proporção é metabolizada no intestino del-
gado, o que complica a validade dos dados. Em
resumo, ainda não está claro como a ingestão de
resveratrol afetaria a sinalização de sirtuína, mas
Bayele está confiante de que esses compostos ali-
mentares são tesouros ocultos. “Embora o papel
do resveratrol na regulação do envelhecimento /
tempo de vida permaneça controverso, sua contri-
buição para a saúde não está em dúvida”, afirma.
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