Adega - Edição 175 (2020-05)

(Antfer) #1

Edição 175 >> ADEGA 61


OS MELHORES
TINTOS DE LAS
VIOLETAS NO
DESCORCHADOS
(2018-2019-2020)

95 pontos
BOUZA PARCELA ÚNICA
B28 TANNAT 2017

94 pontos
BODEGA BOUZA
PARCELA UNICA B6
TANNAT 2016

94 pontos
BOUZA TANNAT
PARCELA ÚNICA B26
TANNAT 2017

94 pontos
FAMILIA DARDANELLI
FAMILY RESERVE
TANNAT 2018

93 pontos
BOUZA PARCELA ÚNICA
B28 TANNAT 2018

93 pontos
BOUZA PARCELA
ÚNICA B6 TANNAT
2018

93 pontos
BOUZA PARCELA ÚNICA
B9 MERLOT 2018

93 pontos
CARRAU AMAT TANNAT
2017

93 pontos
CARRAU JUAN CARRAU
RESERVA TANNAT 2017

93 pontos
FAMILIA BRESESTI
PEQUEÑAS
COLECIONES TANNAT
2016

93 pontos
FAMILIA DARDANELLI
CONSTANTE TANNAT
2018

E


m minhas primeiras viagens ao Uru-
guai, a ideia de obter vinhos na baía
de Maldonado era algo que apenas se
discutia. Falo do final dos anos 1990,
quando os vinhos uruguaios eram ex-
centricidades no mundo enológico. Nessa época,
no Uruguai, a ação estava centrada em Canelones,
perto da capital, Montevidéu.
Muita coisa mudou deste então, sobretudo nos
último cinco anos quando se viveu um verdadeiro
boom em Maldonado, novos vinhedos que come-
çaram a ser plantados em meados do ano 2000, e
que hoje produzem alguns dos melhores tintos
e brancos do Uruguai, tudo isso sustentado pelas
praias ao redor, os restaurantes, os mariscos e pei-
xes, a paisagem encantadora de colinas ondulantes
e, com certeza, um forte investimentos de vinícolas
como Garzón, que, sem dúvida, colocaram a região
entre as vedetes do vinho sul-americano.
Tudo isso me lembra o que ocorreu em Mendo-
za há duas décadas. Ali tampouco se escutava falar
dos vinhedos de Altamira ou o calcário de Gual-
tallary. Falava-se – quando se começou a falar de
Malbec no mundo – de regiões tradicionais como
Perdriel, Maipú ou Agrelo. No Uruguai, falava-se –
nessas primeiras visitas já faz tantos anos – de Cane-
lones e, especialmente, do pequeno distrito de Las
Violetas.


A estrutura
Os tintos de Las Violetas, especialmente os Tan-
nats, têm essa qualidade que se obtém de vinhedos
de argilas e cal. A argila aportando volume e o cal
aportando os ossos, a estrutura firme de alguns dos
tintos mais austeros e também mais potentes que
se podem encontrar nesse lado do mundo.
Os primeiros e melhores Tannats, que eu ao
menos provei, vinham dessa região e me impressio-
naram precisamente pela singularidade em relação
a tudo o que, na época – e ainda hoje –, se pode
provar na América do Sul. Diante da amabilidade
e da fruta exuberante do Malbec ou comparado
com as notas herbáceas e a elegância de taninos do
Cabernet Sauvignon do Alto Maipo, os Tannat de
Las Violetas supunham uma visão diferente, muito
mais austera, muito mais severa se preferirem.


Esses Tannat são os que se conheciam do
Uruguai, vinhos difíceis, duros em taninos, mol-
dados por um clima atlântico que é instável, que
nem sempre aporta com o sol para amadurecer as
sementes. Hoje isso mudou, e os Tannat da nova
escola, os colhidos antes, com menos maceração,
mas sobretudo os Tannat de solos graníticos de Mal-
donado, são algo distinto, oferecem uma suavidade
que não conhecíamos.
Eu sou fã do Tannat de Las Violetas porque,
de certa forma, lembram-me alguns vinhos que
admiro, como a Baga da Bairrada ou a Sagrantino
de Montefalco, na Úmbria. Vinhos como catedrais
românicas, escravas de seus genes poderosos que
muito pouco têm a ver com o estilo de moda que
impera, mas que estão aí para nos recordar que o
Tannat tem muitas caras e que, uma delas, a mais
clássica, a que não se pode perder, é essa rude e se-
vera que Las Violetas nos oferece.

O Tannat tem
muitas caras e
que, uma delas,
a mais clássica, a
que não se pode
perder, é essa
rude e severa
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