Adega - Edição 175 (2020-05)

(Antfer) #1

Edição 175 >> ADEGA 71


Os vinhos ancestrais da


Geórgia


U


m viajante ocidental desavisado
provavelmente compreenderia
apenas uma palavra do georgia-
no, uma vez que a língua é de raiz
quase tão isolada quanto a basca:
vinho, em georgiano, se pronuncia gvino, e se es-
creve ღვინო (o singular alfabeto georgiano foi
criado inicialmente para fins eclesiásticos, e é uti-
lizado atualmente por menos de cinco milhões
de pessoas).
A Geórgia, país incrustado entre o Mar Ne-
gro e o Grande Cáucaso, onde Europa e Ásia
dissolvem-se numa coisa só, é a terra de mais de
quinhentas variedades autóctones de uvas vinífe-
ras, e a região onde os primeiros traços de vitivi-
nicultura foram encontrados. Com uma história
peculiar, o país converteu-se precocemente ao
cristianismo, no início do século IV, teve a sua
era de ouro entre os séculos XII e XIII, período
de expansões territoriais e desenvolvimento nas
ciências e artes, foi anexado pelo Império Rus-
so no começo do século XIX, e tornou-se uma
república socialista soviética no período com-
preendido entre 1921 e 1991, quando se tornou
independente.
Os primeiros “viticultores” do mundo pro-
vavelmente foram os povos que habitavam o
sul do Cáucaso. Sementes de uvas milenares e
fragmentos de vasos de barro com vestígios de
ácido tartárico (componente primário das uvas,
e presente no vinho), têm sido descobertos em
diversos sítios arqueológicos ao redor de Tbilisi,
capital da Geórgia moderna. Análises químicas
indicam que a vitivinicultura teve início naquela
região no sexto milênio antes de Cristo.

“Renascimento” da tradicional vitivinicultura no país


traz à tona castas como Rkatsiteli e Saperavi

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