Adega - Edição 175 (2020-05)

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78 ADEGA >> Edição^175


Bodega Otazu foi projetada
pelo arquiteto Jaime Gaztelu
Quijano e pelo engenheiro
Juan José Arenas

A


ideia da cave da Bodega Otazu, pro-
jetada pelo arquiteto Jaime Gaztelu
Quijano e pelo engenheiro Juan José
Arenas, era transformar o ambiente
em uma catedral. A reforma come-
çou em 1994 e, quatro anos depois, a “Catedral do
Vinho” estava pronta, com seu design inspirado na
cripta do Mosteiro de Leyre em Navarra. Esse seria
um ponto culminante da arquitetura da vinícola es-
panhola localizada perto da cidade de Pamplona, no
norte do país, mas sua ligação com a arte e a história
são ainda mais intensas.
A Bodega Otazu está localizada a oito qui-
lômetros de Pamplona, em um vale atravessado
pelo rio Arga e cercado pelas montanhas Perdón
e Sarbil, em terras que perfaziam o “Caminho
de Santiago”. Em 1840, a vinícola foi construída
com o primeiro edifício em estilo da renascença
francesa. Hoje, tornou-se sede do Museu de Arte
de Otazu e da Fundación Otazu.
Dentro dele fica a “Catedral do Vinho”, uma
grandiosa sala de barrica composta por nove la-
jes de concreto com abóbadas cruzadas. As nove
baías quadradas medem 18 metros de cada lado
e são cobertas por abóbadas que chegam a 6 me-
tros de altura. Para garantir que abóbadas cruza-
das desse tamanho sejam capazes de resistir à for-
ça de compressão a que estão sujeitas, montou-se
um sistema de orla elástica da fundação ligando
as bases laterais. O cimento apresenta um motivo
forrado, criado pelas faixas formadas pela estrutu-
ra da madeira de pinho e pelos grandes quadra-
dos formados pelas juntas dilatadoras necessárias
para evitar rachaduras. O que molda o ambiente
é o fato de que as abóbadas cruzadas se erguem
diretamente do chão, sem a intermediação tradi-
cional de colunas ou pilares, e as luzes nas bases
criam a sensação de que o teto está flutuando aci-
ma das fileiras de barricas.

Arte
Como foi dito, dentro do edifício histórico de es-
tilo renascentista fica também a Fundação Ota-
zu, criada pelo diretor da vinícola, Guillermo
Penso, com o objetivo de gerenciar um programa
em torno de sua coleção de arte contemporânea
e do centro de arte da Bodega Otazu em Navar-
ra. As atividades da fundação vão do desenvolvi-

mento e proteção de sua coleção, passando por
programas educacionais e bolsas de estudos, até a
criação de uma bienal internacional de escultura
monumental contemporânea.
A participação no “Prêmio Internacional de
Arte Contemporânea” é feita por convite direto a
quatro artistas previamente selecionados pelo con-
selho de administração da Fundação e seus con-
sultores. Esses criadores são convidados a intervir
em um espaço específico do senhorio medieval de
Otazu e são convidados a fazer uma proposta mo-
numental que consiga coexistir com a natureza e a
longa história dos espaços selecionados. O vence-
dor da primeira edição foi o artista chileno Alfredo
Jaar, com seu trabalho “A cor de nossas vidas”.
A fundação possui cerca de 600 obras de inú-
meros artistas, entre os quais Xavier Mascaro,
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