Adega - Edição 175 (2020-05)

(Antfer) #1

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Esquentando


“O que é termovinificação? Só é uma técnica
utilizada para a produção de vinhos mais simples?”,
questiona o leitor Fabiano Morais

T


ermovinificação é o aquecimento
de uvas a temperaturas entre 60
e 80°C antes da fermentação. É
uma técnica antiga, cujo objetivo inicial
é, antes de tudo, permitir a rápida extra-
ção de polifenóis e aromas, e, com isso,
promover uma rápida rotação das uvas
nas cubas de fermentação em grandes es-
truturas.
Essa técnica existe há muito tempo (há pes-
quisas sobre isso desde o início do século XX) e é
usada para aumentar a extração de cor e tanino de
variedades relativamente deficientes nessas duas
características, e ainda há quem use na tentativa
de inibir a ação da Botrytis e da Brettanomyces,
leveduras que podem comprometer o vinho.
O calor ajuda a quebrar as estruturas celulares,
liberando pigmentos e taninos, e compostos voláteis
sem a presença de etanol. Acredita-se que alguns
compostos aromáticos ou seus precursores não são
voláteis desprendendo-se apenas na fermentação,
mas o calor os libertaria desde o início, tornando
os vinhos mais frutados, mas menos complexos.
Por isso, há quem defenda que a termovinifica-
ção diminui o caráter varietal dos vinhos.

Mas então essa técnica só seria usada
para vinhos mais simples e padroniza-
dos? Nem sempre. Há produtores que
usam a termovinificação em parte da sua
produção, como por exemplo, em algu-
ma variedade específica que será incor-
porada a um blend. Há alguns ainda que
usam métodos de aquecimento moder-
nos, especialmente uma técnica chamada
de “Flash-Détente”, que aquece as uvas e
volta a resfriá-las rapidamente em vácuo. Isso
teoricamente maximiza a extração de componen-
tes sem tantas perdas quanto nos processos de ter-
movinificação convencionais.
Por fim, a discussão em torno de como e se a
termovinificação deve ser usada em determinados
tipos de vinho é latente. Ela ajuda os produtores
de grandes volumes a extrair mais componentes e
padronizar seus vinhos, mas nem todos utilizam.
Ao mesmo tempo, pode ser útil para fazer ajus-
tes em algumas variedades que compõem blends
de alta gama. Há quem opte por não fazer para
não perder a tipicidade da casta e da sa-
fra. Enfim, as visões podem variar, assim
como as técnicas.
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