O Estado de São Paulo (2020-05-18)

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O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 18 DE MAIO DE 2020 Economia B


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Em cumprimento à legislação vigente e preocupados com a

saúde de todos, os leilões estão sendo realizados somente online,

sem visitação pública, a fim de evitar aglomerações.

E COM DELIVERY DOS ARREMATES, EM CIDADES NUM RAIO DE ATÉ 100 KM DO

PÁTIO ONDE O VEÍCULO ESTIVER, AO CUSTO OBRIGATÓRIO DE R$ 500,00 PARA

VEÍCULOS LEVES E R$ 800,00 PARA UTILITÁRIOS PESADOS E CAMINHÕES.

Para distâncias maiores, consulte-nos sobre a disponibilidade.

Márcia De Chiara


A pandemia do novo corona-
vírus chacoalhou o Grupo
Big, a terceira maior rede de
supermercados do País. Há
exatamente um ano, a empre-
sa controlada pelo fundo
americano Advent e na época
ainda usando a bandeira Wal-
mart, anunciava a saída do co-
mércio online, na contramão
dos concorrentes.
A intenção era centrar esfor-
ços nas lojas físicas e reerguer a
companhia. Mas, nesse meio
tempo, eclodiu a pandemia e o
projeto de volta ao varejo onli-
ne teve de ser colocado em pé a
toque de caixa. “Estamos finali-
zando um plano de 12 meses em
três meses”, afirma Fabiano
Sant’Ana, diretor executivo do
grupo.
Responsável pela área digital
da companhia, o executivo
egresso da Basf estava havia 40
dias na empresa, ainda em pro-
cesso de integração, quando a
pandemia eclodiu, em meados
de março. Na época, ele tinha
apenas um rascunho do plano
para reinserir a empresa no va-
rejo online – que rapidamente
se concretizou. Até o final do
mês que vem, 200 das 400 lojas
vão estar integradas ao varejo
digital. Hoje são 75 lojas físicas
ligadas ao comércio online.
Batizado de “Big em casa”, o
projeto inclui dois tipos de deli-
very e um drive-thru e contem-
pla as bandeiras Big, Bompreço,
Big Bompreço, Nacional, Mer-
cadorama, MaxxiAtacado e
Sam’s Club.
Um delivery é express, volta-
do para compras de pequenos
volumes, 16 itens ou 9,8 quilos,
no máximo, e entregas em até
uma hora. O outro delivery é pa-
ra compras grandes, de abaste-
cimento, com volume ilimita-
do. Neste caso, a entrega é em
até um dia e com hora marcada.
Sant’Ana explica que o clien-
te entra no site do “Big em ca-
sa”, escolhe, no caso do deli-
very, a melhor proposta de en-
trega, de taxas e prazos, e é dire-
cionado para um aplicativo es-
pecífico. A companhia fechou
acordo operacional com três
empresas para fazer as entre-
gas: a Cornershop (do Ube-
reats), o iFood e o Supermerca-
do Now (da B2W). Cada uma
tem um contrato diferente e o
Big paga às empresas de entre-
ga uma comissão para atender
ao cliente.


Para o consultor Eduardo
Terra, presidente da Sociedade
Brasileira de Varejo e Consumo
(SBVC), a estratégia da compa-
nhia de fechar parcerias com
empresas importantes de entre-
ga foi para acelerar a venda.
“O Big foi para o comércio on-
line num modelo de contingên-
cia”, diz o especialista. Ele expli-
ca que, ao se acoplar a platafor-
mas de terceiros, em poucos
dias a empresa sai vendendo.
“Essa foi a estratégia.”

Lockdown. A outra perna do
projeto de varejo online é o dri-

ve-thru, chamado pela empresa
de clique e retire. O cliente esco-
lhe os produtos no site e marca
horário de retirada na vaga de
estacionamento da loja reserva-
da para isso.
Segundo o executivo, não é
preciso sair do carro, pois um
funcionário coloca as compras
no porta-malas e o cliente finali-
za o pagamento, sem custos ex-
tras. “Esse fluxo inteiro, de en-
trada no estacionamento até a
saída com o carro carregado, de-
mora quatro minutos”, diz.
O projeto do drive-thru come-
çou a funcionar este mês na loja

do Big do Pacaembu, na zona
Oeste da capital paulista. Para
as próximas semanas, a meta da
companhia é colocar em funcio-
namento o clique e retire em 17
lojas em Recife (PE) e em Salva-
dor (BA).
“Estamos nos concentrando
no Nordeste por causa das cida-
des que já estão em lockdown
ou em risco de entrar em isola-
mento total”, diz Sant’Ana.
Cidades do Maranhão e do Es-
tado de São Paulo, onde a em-
presa tem loja e a situação da
pandemia é bem crítica, tam-
bém terão drive-thru, assim co-

mo as capitais do Sul. Tanto no
delivery como no drive-thru os
cerca de 15 mil itens oferecidos,
que incluem frutas, verduras, le-
gumes e itens de padaria têm o
mesmo preço das lojas físicas.
O executivo não revela os in-
vestimentos no projeto online,
mas diz que as cifras são peque-
nas. O que mais contou foi a ra-
pidez para virar a chave. Para
isso, foi feito um mutirão com
equipes de outras áreas da com-
panhia que estavam com baixo
volume de serviço por causa da
pandemia, como a de projetos
estratégicos.

PEQUIM


O governo da China pediu que
empresas de comércio e pro-
cessadoras de alimentos au-
mentem os estoques de grãos e
oleaginosas diante de uma pos-
sível segunda onda do corona-
vírus. Além disso, o agravamen-
to das taxas de infecção em ou-
tros lugares levantam preocu-
pações sobre as linhas de supri-
mento globais.
Negociadores estatais e priva-
dos de grãos, assim como produ-


tores de alimentos, foram orien-
tados a adquirir maiores volu-
mes de soja, óleo de soja e milho
durante conversas realizadas
com o Ministério do Comércio
da China nos últimos dias, disse-
ram três fontes comerciais à
agência Reuters.
“Existe possibilidade de um
colapso no fornecimento devi-
do às infecções por coronaví-
rus. Por exemplo, um porto de
origem ou destino pode fe-
char”, disse um trader sênior de
um dos maiores processadores
de alimentos da China, que con-
versou na semana passada com
autoridades chinesas para dis-
cutir compras.
“Eles nos aconselharam a au-
mentar os estoques e manter os
suprimentos mais altos do que
normalmente temos. As coisas

não parecem bem no Brasil”,
acrescentou, referindo-se ao
principal fornecedor de soja da
China e importante exportador
de carne, cujo número de casos
da covid-19 já superou os regis-
trados na Espanha e na Itália.

Suprimentos. Uma segunda
fonte na China informada por
uma pessoa que participou de
uma das reuniões disse que o

Ministério do Comércio da Chi-
na se reuniu com algumas em-
presas estatais na terça-feira da
semana passada para discutir
como garantir suprimentos du-
rante a pandemia.
“Uma das principais preocu-
pações é como a epidemia na
América do Sul pode impactar o
fornecimento (de feijão) para a
China”, afirmou a fonte.
Procurado, o Ministério do

Comércio da China não respon-
deu a um pedido de comentá-
rio sobre os planos para aumen-
tar os estoques de alimentos
no país.
Os embarques brasileiros de
soja foram adiados por um pe-
ríodo devido a uma combina-
ção de fortes chuvas e mão de
obra reduzida à medida que en-
traram em vigor regras de con-
tenção por causa da pandemia
do coronavírus, levando a uma
queda nos estoques chineses de
soja para baixas recordes.
As chegadas de produtos do
Brasil desde então se recupera-
ram, mas autoridades conti-
nuam cautelosas com possí-
veis novas interrupções de em-
barques.
Nas últimas semanas, o con-
glomerado agrícola estatal chi-
nês Cofco e o distribuidor de
grãos Sinograin aumentaram as
compras de soja e milho nos Es-
tados Unidos.
Pequim também aumentou
suas alocações de cotas de im-
portação para os principais
compradores de grãos, abrindo
caminho para novas compras
em potencial./ REUTERS

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


lEstratégia

Governo está preocupado


com nova onda do


coronavírus e teme por


falta de produtos, como
a soja brasileira


Empresa quer


13% de suas


vendas online


Mercado financeiro teme saída de Guedes do governo. Pág. B7 }


Fiat pede apoio


do governo em


empréstimo


“O Big foi para o comércio
online num modelo de
contingência.”
Eduardo Terra
PRESIDENTE DA SBVC

“Estamos nos concentrando
no Nordeste por causa
das cidades que já estão
em lockdown ou em
risco de entrar em
isolamento total.”
Fabiano Sant’Ana
DIRETOR EXECUTIVO DO GRUPO BIG

TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Pandemia acelera


volta do Grupo Big


às vendas online


Terceira maior rede de supermercados estreia no drive-thru e fecha


parcerias com as empresas de entrega iFood, B2W e Cornershop
Clique e retire. Drive thru implantado por Sant’Ana (C) já funciona na loja Big do Pacaembu


UESLEI MARCELINO/REUTERS-18/2/

China pede para


empresas fazerem


estoque de alimentos


Crise. China teme redução de embarques de soja do Brasil

Apesar de estar atrasada na corri-
da do varejo online e ser a última
grande rede do setor de super-
mercados a voltar para o e-com-
merce, o Grupo Big tem metas
ambiciosas. A empresa quer que
o comércio online responda por
12% a 13% das vendas do varejo
de alimentos e produtos de higie-
ne e limpeza, marca já alcançada
pelos concorrentes, segundo o
diretor executivo do Grupo Big,
Fabiano Sant’Ana. “Queremos
atingir essa meta o mais rápido
possível e acho que até agosto
vamos ter conseguido uma par-
cela razoável desse número.”
Para o consultor de varejo Eu-
gênio Foganholo, sócio da Mix-
xer Desenvolvimento Empresa-
rial, as três formas oferecidas
pela varejista para vender onli-
ne e entregar as mercadorias
são muito adequadas ao mo-
mento atual de pandemia, prin-
cipalmente o drive-thru, meca-
nismo de entrega que não é
usual entre as grandes redes de
supermercados. “Isso mostra
que chegar atrasado é extrema-
mente relativo”, observa.
A volta do Big ao e-commerce
vem num momento favorável.
Segundo o Compre&Confie, o
e-commerce faturou R$ 9,4 bi-
lhões em abril, 81% mais ante
abril de 2019. Foram 24,5 mi-
lhões de compras online, alta
de 98% ante um ano atrás. As
categorias com maior cresci-
mento em volume de compras
foram alimentos e bebidas
(294%), instrumentos musicais
(252%) e brinquedos (241%).

MILÃO

A Fiat Chrysler (FCA) pediu em-
préstimo para pagamento em
três anos com apoio do governo
italiano para ajudá-la a pagar
fornecedores e manter seu pla-
no de investimento no país, dis-
se o sindicato dos metalúrgicos
da Itália, o UILM.
A FCA confirmou o pedido,
disseram os líderes da entidade
Rocco Palombella e Gianluca Fic-
co. “O pedido é de um emprésti-
mo exclusivo para a parte italia-
na do grupo e visa pagar fornece-
dores, além de facilitar um plano
de investimento de ¤ 5 bilhões
em um contexto de falta de ven-
das e, portanto, de rotatividade”.
O grupo conversa com o Intesa
Sanpaolo, um dos maiores ban-
cos da Itália, sobre empréstimo
de ¤ 6,3 bilhões apoiado pelo go-
verno para ajudá-la a enfrentar a
crise do coronavírus./REUTERS
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