O Estado de São Paulo (2020-05-18)

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A4 SEGUNDA-FEIRA, 18 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


COLUNA DO


ESTADÃO


Política

»SINAIS PARTICULARES.
Davi Alcolumbre, presidente do Senado

»Vai rolar. O TSE já insti-
tuiu um grupo de trabalho
para analisar o impacto da
pandemia. No seu último
relatório, divulgado semana
passada, a conclusão foi: a
Justiça Eleitoral, até o pre-
sente momento, tem condi-
ções materiais para a imple-
mentação das eleições no
corrente ano”.

»Parceiros. Bolsonaro não
está sozinho. Na forte cren-
ça de que a cloroquina é a
solução, tem a companhia
de Nicolás Maduro, o dita-
dor da Venezuela. Na prega-
ção contra o isolamento so-
cial, repete Ortega, presi-
dente da Nicarágua.

»Saudade. O presidente
do Senado, Davi Alcolum-
bre (DEM-AP), deve discu-
tir com seus pares a possibi-
lidade de retomada dos tra-
balhos presenciais da Casa
apenas no fim deste mês.
Havia expectativa de que os
senadores pudessem voltar
a Brasília já em junho, mas
não deverá rolar.

»Sem refresco. Na contra-
mão do governo Bolsonaro,
o deputado estadual Heni
Ozi Cukier (Novo-SP) pro-
tocolou projeto que endure-
ce penas para o agente pú-
blico que cometer ato ilíci-
to ou de desvio durante o
período de pandemia ou
em estado de calamidade.

»Ação. O Ministério da
Justiça e Segurança Pública
realizou até agora na gestão
Bolsonaro 26 leilões, em
nove Estados, em que fo-
ram vendidos mais de mil
bens apreendidos de trafi-
cantes de drogas. No total,
foram arrecadados cerca de
R$ 9,5 milhões.

»Ação 2. Carros, motos,
caminhões e embarcações
foram os itens que mais
atraíram os compradores.
Santa Catarina, Paraná e
Rio Grande do Sul arrecada-
ram, juntos, R$ 4,6 milhões.

»Bem... Na famosa reu-
nião ministerial de 22 de
abril, o presidente da Caixa,
Pedro Guimarães, afirmou,
segundo relatos, que a pan-
demia de covid-19 é uma
"histeria" provocada pela
imprensa e disse que, se pe-
gar a doença, vai tomar um
litro de hidroxicloroquina.

»...na fita... A fala foi vista
como mais uma demonstra-
ção de alinhamento dele
com o presidente Jair Bolso-
naro, o que aumentou seu
passe na bolsa de apostas
de quem pode assumir a
Economia caso Paulo Gue-
des deixe o cargo.

»...do chefe. O presidente
da Caixa conta ainda com a
simpatia da ala militar do
governo. Os generais pala-
cianos nunca caíram de
amores pela política liberal
de Guedes. Contudo, o mer-
cado financeiro vê com res-
salvas a possibilidade de
Guimarães assumir o Minis-
tério da Economia.

»Metrô lotado, não. Deu
Alexandre Baldy no embate
com Bruno Covas em torno
da ampliação do rodízio na
capital paulista. O secretá-
rio de João Doria sabia o
que estava falando.

COM MARIANA HAUBERT

O


ministro Luís Roberto Barroso, prestes a assumir
a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, pe-
diu ao futuro assessor internacional do Supremo,
José Gilberto Scandiucci, informações sobre como outros
países têm lidado com suas eleições durante a pandemia.
Ele tem especial interesse no exemplo da Coreia do Sul. O
país asiático é um “case” de sucesso no enfrentamento da
covid-19 e realizou eleições com um protocolo sanitário:
determinou o uso de máscaras, luvas e distanciamento. A
palavra final sobre as eleições, porém, será do Congresso.

Barroso pede dados


sobre eleição na Coreia


MARIANNA HOLANDA (INTERINA*)
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
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POLITICA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/COLUNA-DO-ESTADAO/

KLEBER SALES/ESTADÃO

Bolsonaro muda tom e vai a


ato com ministros militares


Fabrício de Castro
Jussara Soares / BRASÍLIA

Pressionado pela crise na
área de saúde e ameaçado de
impeachment, o presidente
da República, Jair Bolsonaro,
participou ontem de um ato
de apoio ao seu governo, em
Brasília. Da rampa do Palácio
do Planalto, Bolsonaro posou
para fotos com 11 de seus 22
ministros, cantou o hino na-
cional e adotou um discurso
ameno em uma transmissão
ao vivo do ato. “Nenhuma fai-
xa, nenhuma bandeira que
atente contra nossa Consti-
tuição, contra o Estado de Di-
reito”, disse o presidente, em
relação aos manifestantes.
O comentário marca uma di-
ferença em relação à postura
adotada em atos anteriores, co-
mo o do dia 19 de abril, quan-
do Bolsonaro participou de ma-
nifestação contra o Supremo
Tribunal Federal (STF) e o
Congresso, em frente ao quar-
tel-general do Exército. Outra
diferença foi a presença de mi-
nistros militares, como o gene-
ral Luiz Eduardo Ramos (Se-
cretaria de Governo), que é da
ativa, o general Augusto Hele-
no (Gabinete de Segurança Ins-
titucional), o almirante Bento
Albuquerque (Minas e Ener-
gia) e Marcos Pontes (Ciência
e Tecnologia), coronel da Aero-
náutica.

O Estado apurou que o presi-
dente fez chegar aos líderes do
ato de apoio ao seu governo
um pedido para que evitassem
faixas e palavras de ordem con-
tra o STF e o Congresso. Bolso-
naro, segundo um auxiliar dire-
to, fez o pedido pessoalmente,
justificando que a insurgência
contra os demais poderes não
o estava ajudando. Organizado-
res da manifestação foram in-
cumbidos de pedir aos apoiado-
res que recolhessem as faixas.
Apesar disso, alguns cartazes
permaneceram.

Faixas. Em frente ao palácio,
centenas de pessoas empunha-
vam bandeiras do Brasil e fai-
xas de apoio ao presidente.
Mas algumas delas também tra-
ziam provocações, como “Nos-
sa bandeira jamais será verme-
lha”, em referência aos parti-
dos de esquerda, e “Cloroqui-
na já”, em defesa do uso do me-
dicamento no tratamento de
infectados com a covid-19.
Havia ainda um caixão com
o nome do ex-ministro da Jus-
tiça Sérgio Moro. Uma faixa di-
zia: “Soldados Especialistas da
Aeronáutica apoiam Bolsona-
ro”. O Ministério da Defesa
não se manifestou a respeito.
Bolsonaro chegou à rampa
acompanhado dos ministros e
de um dos filhos, o deputado
federal Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP). O vereador Carlos

Bolsonaro (Republicanos-RJ)
também apareceu depois no lo-
cal. Ele cobrava a participação
dos ministros de origem mili-
tar no apoio mais ostensivo ao

governo do pai. Para inflamar
os manifestantes, Carlos er-
gueu os braços de vários minis-
tros, como se os estivesse apre-
sentando ao público pela pri-
meira vez. “Deixa ver se você
tem moral”, chegou a dizer o
presidente a um ministro an-
tes de apresentá-lo.
Entre os ministros, estava a
da Agricultura, Teresa Cristi-
na, que entrou recentemente
na lista de autoridades com car-
gos ameaçados, assim como
Marcos Pontes. Em Brasília, es-
pecula-se que Pontes pode dar
lugar a um representante do
Centrão, que se aproximou re-
centemente do presidente. O
Ministro da Economia, Paulo
Guedes, não participou do ato.
Na rampa, Bolsonaro chegou
a ficar por cerca de 4 minutos
em silêncio, apenas observan-
do os manifestantes. Eles canta-
ram o hino nacional e entoa-
ram gritos de apoio. Após fazer
transmissão ao vivo em suas re-
des sociais, Bolsonaro pegou
no colo uma criança vestida
com roupa do Batalhão de Cho-
que da PM de Minas Gerais.
Com a criança, desceu a ram-
pa e andou próximo à grade do
palácio, mais perto do público.
Ao contrário do visto em episó-
dio anterior, no entanto, Bolso-
naro não deu as mãos aos apoi-
adores, mantendo distância.
Ele estava de máscara, assim
como os ministros.

Crise. Presidente comparece a manifestação em frente ao Planalto com 11 titulares da


Esplanada após pedir aos apoiadores que não levassem faixas contra o Congresso e o STF


Marcelo Godoy

Seis ex-ministros da Defesa as-
sinaram uma nota em repúdio
aos grupos que defendem um
golpe de Estado com o uso das
Forças Armadas para o fecha-
mento do Congresso nacional
e do Supremo Tribunal Fede-
ral (STF).

“A nota reconhece a postura
correta e democrática das For-
ças Armadas e faz a crítica ne-
cessária aos que buscam em ma-
nifestações desviá-las de suas
atribuições constituições. Re-
pudiamos o desrespeito desses
grupos antidemocráticos”, afir-
mou Raul Jungmann, ministro
no governo de Michel Temer.
Outros signatário do docu-
mento, o deputado federal Aldo
Rebelo afirmou ao Estadão que
esses apelos antidemocráticos
são ainda mais graves pelo mo-
mento em que ocorrem, quan-
do o País vive uma crise econô-
mica, social e de conflito entre

os Poderes da República. “Es-
ses grupos precisam ser conti-
dos pelos meios legais e devem
sofrer condenação política.”
Embora o manifesto não cite
o presidente Jair Bolsonaro, Re-
belo lembrou que a presença de-
le em protesto em frente ao quar-
tel do Comando Geral, em Brasí-
lia, causou grave problema, não
só pela pauta antidemocrática,

bem como pela simbologia de
sua presença no lugar. Além de
Jungmann e Rebelo, assinam o
documento Celso Amorim, Ja-
ques Wagner, José Viegas Filho
e Nelson Jobim, todos minis-
tros dos governos petistas.
A nota diz que “a democracia
no Brasil, mais que uma esco-
lha, conforma-se como um des-
tino incontornável, que necessi-
ta da contribuição de todos pa-
ra o seu aperfeiçoamento.” E
conclui que “qualquer apelo e
estímulo às instituições arma-
das para a quebra da legalidade
democrática – oriundos de gru-
pos desorientados – merecem a
mais veemente condenação.
Constituem afronta inaceitável
ao papel constitucional da Mari-
nha, do Exército e da Aeronáuti-
ca, sob a coordenação do Minis-
tério da Defesa.”

José Luiz Penna

Ex-ministros da Defesa se


manifestam contra golpe


PRONTO, FALEI!

Manifestante


agride jornalista de


TV com mastro


ALBERTO BOMBIG
*O colunista está em férias.

lCompromisso

Eles repudiam a ação de
grupos que buscam
desviar Forças Armadas
do compromisso com
democracia e as leis

GABRIELA BILO/ ESTADÃO

Aglomeração. Ao todo, 11 dos 22 ministros acompanharam Bolsonaro em manifestação na rampa do Palácio do Planalto

“Das investigações instauradas pelo STF contra o
presidente Jair Bolsonaro, apenas um sobreviverá.
Torço para que seja o Supremo Tribunal Federal”

Presidente do PV

lUma apoiadora do presidente
Jair Bolsonaro bateu com o mas-
tro de uma bandeira do Brasil na
cabeça de uma jornalista da
Band News TV que esperava pa-
ra entrar ao vivo pela emissora
durante manifestação em apoio
ao governo, na capital federal. O
episódio ocorreu pouco antes da
participação de Bolsonaro no ato.
Depois da agressão, a repórter
Clarissa Oliveira relatou que o
tom dos manifestantes foi "bas-
tante agressivo" em relação à im-
prensa. A responsável pela agres-
são, de acordo com ela, circulava
com a bandeira do Brasil chaman-
do profissionais da imprensa de
"lixo". Após acertar com a bandei-
ra na cabeça da profissional, a
mulher riu da situação e pediu
desculpas, ainda aos risos. Em
nota, a direção de Jornalismo da
Band lamentou "mais essa prova
de desrespeito ao trabalho da
imprensa". / JULIA LINDNER

»CLICK. Mau gosto sem
limites na manifestação
bolsonarista: um caixão
foi levantado em Brasí-
lia, no final de semana
em que o País atingiu 16
mil mortes por covid-

JOÉDSON ALVES/EFE

“Não pairam dúvidas acerca
do compromisso das Forças
Armadas com os princípios
democráticos ordenados
pela Carta de 1988. A defesa
deles tem sido, e continuará
sendo, fundamento de sua
atuação.”
MANIFESTO DOS EX-MINISTROS
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