Planeta - Edição 547 (2019-04 & 2019-05)

(Antfer) #1
A China dá os primeiros
passos para ser o país
pioneiro na instalação de
uma estação capaz de captar
a luz do Sol na órbita terrestre
e transmiti-la para o solo

Por Júlio César Borges

usina


SolAr


no eSpAço


epois de se tornar uma potên-
cia planetária em energia solar,
a China quer estender seu do-
mínio nessa tecnologia tam-
bém para o espaço. Xie Geng-
xin, vice-diretor do Instituto
Chongqing de Pesquisa e Ino-
vação Colaborativa para Inte-
gração Civil-Militar no sudoeste da China, declarou
em fevereiro ao jornal “China Daily” que pesqui-
sadores da Universidade de Chongqing, da Acade-
mia de Tecnologia Espacial de Xi’an, na província
de Shaanxi, e da Universidade de Xidian, também
em Xi’an, iniciaram os projetos para uma instalação
de testes no distrito de Bishan, em Chongqing, des-
tinada a verificar a viabilidade teórica de uma esta-
ção de energia solar na órbita terrestre. A ideia é pôr

D


foto: Nasa/artemis LLC

a estação em atividade até 2050,
o que tornaria a China o primeiro
país a captar a energia do Sol no
espaço e transmiti-la à Terra.
A instalação, de 133 mil me-
tros quadrados, testará tecno-
logias de transmissão espacial
enquanto estuda o efeito de mi-
cro-ondas transmitidas de vol-
ta à Terra em organismos vivos.
O investimento inicial, de US$ 15
milhões, será feito pelo governo
do distrito de Bishan. Se bem-su-
cedido, o projeto ajudará a redu-
zir a poluição terrestre e a ame-
nizar problemas de distribuição
de energia.
Já se cogitava usar a energia
solar disponível no espaço co-
mo fonte renovável de confian-
ça nos anos 1970, mas as difi-
culdades tecnológicas da época
para um projeto desse porte ini-
biram as pesquisas. A situação é
bem diferente hoje: houve pro-
gressos consideráveis na trans-
missão sem fio e no design e na

eficiência das células fotovoltai-
cas, por exemplo.
O “China Daily” não divulgou
outros detalhes dos planos chi-
neses para a estação. De acordo
com John Mankins, físico que li-
derou os esforços da Nasa nes-
se campo nos anos 1990, antes
de a agência espacial america-
na abandonar a pesquisa, uma
forma de aproveitar essa ener-
gia seria lançar dezenas de mi-
lhares de “satélites solares” que,
uma vez unidos, formariam uma
enorme estrutura cônica orbi-
tando a 35 mil quilômetros da
Terra. Esses satélites seriam co-
bertos com os painéis fotovol-
taicos necessários para conver-
ter a luz solar em eletricidade,
transformada depois em micro-
ondas e irradiada sem fio pa-
ra receptores baseados em ter-
ra – gigantescas redes de arame
medindo até 4 km de diâmetro,
instaladas em lagos, desertos ou
terras cultiváveis. M

ora da Terra


Concepção
da Nasa para
uma estação
captadora de
energia solar no
espaço: a China
pode chegar
primeiro

Planeta abril/maio 2019 57

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