dor), ao norte, e ao rio Maule (Chile central), ao sul
- uma extensão de 4.500 quilômetros, basicamen-
te sobre terras montanhosas. Era o império conhe-
cido como Tawantinsuyu, a “terra dos quatro qua-
drantes”, que tinha em Cusco seu símbolo maior.
No centro da capital estava o Coricancha, também
chamado de Templo Dourado – um elaborado santuá-
rio dedicado ao deus-sol Inti, erguido com uma sofis-
ticada alvenaria de pedra e coberto de ouro. Segundo
a lenda, o Coricancha foi construído pelo primeiro
imperador inca, Manco Capac, mas certamente Pa-
chacuti o expandiu em 1438. Esse complexo serviu
como a encruzilhada para toda a extensão e largura do
império inca – sua localização geográfica era o ponto
focal para os “quatro bairros”, como os líderes incas
se referiam ao seu império, bem como um santuário
e um símbolo para a principal religião imperial. Os es-
panhóis chamaram o complexo de “Templo do Sol” e
retiraram o ouro de suas muralhas para enviá-lo a Ma-
dri. No século 16, foram construídos uma igreja e um
convento dominicano sobre suas fundações maciças.
Há em Cusco e em seus arredores vários outros san-
tuários e templos (“huacas”, em quéchua), cada qual
com um significado especial. Entre eles estão constru-
ções como o observatório astronômico de Q’enko e a
fortaleza de Sacsayhuaman. Toda a cidade era consi-
derada sagrada, composta de huacas que definiam e
descreviam a vida dos habitantes do império.
Quando os invasores espanhóis lá chegaram, em
1532, a capital inca era o maior núcleo urbano da
América do Sul, habitado por cer-
ca de 100 mil pessoas. Em 1534,
o conquistador Francisco Pizarro
assumiu seu controle e deu início
a um processo de dessacralização
da cidade, reordenando-a sob
um prisma cristão. A condição de
capital do Vice-Reino do Peru foi
concedida à recém-construída
Lima, no litoral.
Roma dos andes
Mesmo despojada de sua im-
portância, Cusco continuou
com uma aura especial. Para os
europeus do século 16, a cidade
era conhecida como a Roma dos
Andes, e mesmo durante o perío-
do colonial ela se manteve como
uma representação idealizada do
antigo esplendor inca. Com a in-
Pelo Planeta
48 abril/maio 2019 Planeta Planeta abril/maio 2019 49
Segundo Pedro Sarmiento
Gamboa, historiador espa-
nhol do século 16, o impera-
dor inca Pachacuti planejou
Cusco na forma de um puma
(espécie de onça). A concep-
ção ganhou do historiador
uma palavra específica para
defini-la: “pumallactan”, ou
“cidade do puma”, na língua
quéchua. Pela interpreta-
ção de Sarmiento, a maior
parte do corpo do animal é
composta pela praça central
Haucaypata, definida pelos
dois rios que convergem
para sudeste para formar a
cauda. O coração do puma
é o Coricancha, enquanto a
cabeça e a boca eram repre-
sentadas pela fortaleza de
Sacsayhuaman.
cidade
do puma
dependência peruana, em 1821,
Cusco se tornou a raiz pré-hispâ-
nica do novo país.
Uma das características mais
marcantes da cidade são seus im-
pecáveis trabalhos em alvenaria,
realizados principalmente no pe-
ríodo de Pachacuti. Os canteiros
(artífices responsáveis por talhar
as pedras usadas nessas obras) que
os produziram e seus sucessores
Feira de rua na
cidade: a região
tem há séculos
uma agricultura
bastante
produtiva
A Plaza de
Armas é um
frequente ponto
de encontro
dos turistas que
visitam a cidade
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