criaram o “estilo inca de alvenaria”, uma cuidadosa
modelagem de grandes blocos de pedra feita de modo
que eles se encaixassem uns nos outros sem o uso de
argamassa, com uma precisão milimétrica.
Um detalhe que aumentava a dificuldade do tra-
balho é o fato de que os incas não tinham à sua dis-
posição animais de carga – lhamas e alpacas são de-
licadas para essa tarefa. A conclusão é que as pedras
usadas para essas edificações em Cusco e em outras
partes do império inca eram extraídas, transportadas
e assentadas basicamente à mão.
A técnica de alvenaria desenvolvida em Cusco
se disseminou por outros pontos do império, co-
mo Machu Picchu. Talvez o melhor exemplo dela
na capital inca seja um bloco esculpido com 12
bordas para encaixar na parede do palácio do Inca
Roca. Um testemunho evidente de sua qualidade
é a resistência que tem demonstrado aos terre-
motos – dois deles, particularmente fortes, ocor-
reram em 1650 e em 1950. Após este último, aliás,
mais de um terço da arquitetura colonial cusque-
nha veio abaixo. Mas as construções incas, como
o Coricancha, permaneceram intactas.
Polo turístico mundial, hoje Cusco abriga perto
de 430 mil habitantes. Além de seu apelo históri-
co e arquitetônico (enriquecido por importantes
museus), a cidade é procurada como base para vi-
À direita, a
primeira fronteira
internacional:
Uruguai. Abaixo,
as serra mineiras.
À esquerda, acima,
os pampas gaúchos
e suas estradas
de terra úmidas
(maio de 2016)
48 abril/maio 2019 Planeta Planeta abril/maio 2019 49
sitas ao Vale Sagrado e a Machu
Picchu, outros pontos de inte-
resse da cultura inca. Andar por
suas ruas e atrações, particular-
mente durante a alta estação, é
garantia de encontrar gente dos
mais variados cantos do mun-
do – um momento cosmopolita
especial em meio às montanhas
andinas. M
Exemplo da
magnífica
alvenaria inca,
com destaque
para o bloco
de 12 bordas,
no palácio do
Inca Roca
Uma das
peculiares
espécies de milho
encontradas na
região de Cusco
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