O Estado de São Paulo (2020-05-19)

(Antfer) #1

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O ESTADO DE S. PAULO TERÇA-FEIRA, 19 DE MAIO DE 2020 Economia B


GM e Volks


reabrem duas


fábricas no País


Circe Bonatelli


Diante da crise provocada pe-
lo novo coronavírus, as cons-
trutoras que atuam no Minha
Casa Minha Vida (MCMV) es-
tão sentindo um impacto me-
nor nas vendas em compara-
ção com o restante do setor.
Enquanto nos empreendi-
mentos de médio e alto pa-
drão as vendas despencaram
65%, as do MCMV registra-
ram uma queda bem menor,
de 30%, segundo dados da Se-
covi- PS referentes à primei-
ra semana de maio. Assim co-
mo na crise iniciada em 2014,
o programa tem segurado os
negócios na pandemia.
A construtora Tenda infor-
mou que, a despeito de muitos
estandes fechados, registrou
em abril o melhor mês de ven-
das em todo o ano. Focada no
Minha Casa Minha Vida, a com-
panhia tem encontrado deman-
da apesar da crise. “Nosso clien-
te é resiliente”, afirmou o dire-
tor de relações com investido-
res, Renan Sanches. A compa-
nhia tem conseguido dar vazão
aos negócios essencialmente pe-
los canais digitais.
A Direcional, que também
atua no programa, antecipou
que as suas vendas em abril e
maio estão em um nível seme-
lhante ao registrado no primei-
ro trimestre. “As vendas estão
saudáveis dentro do contexto
em que estamos vivendo”, ava-
liou o presidente da compa-
nhia, Ricardo Ribeiro, em confe-
rência com investidores.
A principal explicação para a
blindagem do mercado de imó-
veis populares é que os consumi-
dores do segmento desejam sair
da moradia atual – seja porque
ela é compartilhada com outras
famílias, ou porque o imóvel es-
tá em más condições. Há tam-
bém o interesse em trocar o alu-
guel pela prestação da casa pró-
pria, uma vez que os valores são
semelhantes. Outro ponto é
que o ritmo de formação de no-
vas famílias nesse estrato social
ainda é maior do que a quantida-
de de imóveis novos produzi-
dos a cada ano. “Ou seja, tem
demanda suficiente para absor-
ver a oferta”, disse Ribeiro.
Com isso, a tendência é que o
Minha Casa Minha Vida ganhe
ainda mais representatividade
no total de negócios nos próxi-
mos meses. Atualmente, o pro-
grama responde por 79% dos
lançamentos e 71% das vendas
no País, de acordo com levanta-
mento da Associação Brasileira
de Incorporadoras Imobiliárias
(Abrainc). Mas esse peso tende
a crescer ao longo dos próxi-
mos meses, assim como ocor-
reu na crise iniciada em 2014,
quando o programa marcou
mais de 80% dos negócios.


Enquanto isso, o Ministério
do Desenvolvimento Regional
prepara ajustes no programa,
que devem ser anunciados as-
sim que a pandemia der uma
trégua. O novo MCMV terá uma
nova modalidade, dedicada à re-
gularização fundiária, substitu-
indo a faixa 1, que foi paralisada
por falta de recursos da União.
O objetivo aqui é fazer um ma-
peamento de casas que já exis-
tem em áreas que sejam regulari-
záveis e conceder o título da pro-
priedade e do terreno.
O governo federal também es-
tuda reduzir as taxas de juros do
MCMV. Empresários do setor
propuseram crédito com taxas
entre 4% a 6% ao ano, ante a re-
gra vigente, de 5,5% a 8,16% ao
ano. Mas a governo deve adotar
um corte mais enxuto, que fique
em torno de 0,5 ponto porcen-
tual a 0,75 ponto porcentual.

Renda. No segmento de imó-
veis para população de renda
média e alta, o clima é de maior
apreensão. Neste caso, o senso
de urgência dos clientes para fe-
char negócio é menor. Muitos já
vivem em um local confortável,
e a compra é uma espécie de up-
grade para um apartamento
maior ou em uma melhor locali-
zação. “Na classe média e alta,
as vendas certamente foram
muito mais impactadas, porque
esse cliente se isolou dentro de
casa”, contou Raphael Horn, co-
presidente da Cyrela.
Já a Tecnisa relatou que as
vendas em abril foram 55% me-
nores do que previsto para o
mês, antes da crise. “Sentimos
um efeito nas vendas, uma vez
quer os estandes estão fecha-
dos”, explicou o diretor presi-
dente, Joseph Meyer Nigri.
A Eztec registrava vendas mé-

dias de R$ 40 milhões por sema-
na até a primeira quinzena de
março. Mas, com a chegada da
crise, esse patamar despencou

90%, para R$ 4 milhões por se-
mana. A boa notícia, segundo o
diretor de relações com investi-
dores, Emílio Fugazza, é que

desde o fim de abril, as vendas
estão se aproximando de um pa-
tamar um pouco mais alto, de
R$ 10 milhões por semana.

O mercado brasileiro teve um
dia de ganhos ontem impulsio-
nado pela possível descoberta
de uma vacina contra o novo co-
ronavírus. A Bolsa de Valores de
São Paulo, a B3, encerrou com
ganho de 4,69% aos 81.194,
pontos, no maior ganho porcen-
tual desde 6 de abril. Já o dólar
recuou 2,03% e fechou cotado a
R$ 5,7206, menor valor desde o
dia 29 de abril.
A descoberta foi da empresa
de biotecnologia e farmacêutica
Moderna, na Califórnia. Os tes-
tes, já conduzidos em 45 pes-
soas, trouxeram resultados “se-
guros e eficazes”. Os ânimos fica-


ram ainda mais exaltados após o
presidente americano, Donald
Trump, dizer que “grandes anún-
cios estão por vir”.
Entre as empresas que mais ga-
nharam, estão Vale, com alta de
6,68%, Gerdau PN, que avançou
8,24 e Petrobrás ON, com lucro
de 9,72%. O resultado chega em
bom momento, já que a estatal,
com as empresas Suzano, Azul e
JBS, registraram no primeiro tri-
mestre alguns dos maiores pre-
juízos da história.

Câmbio. Ainda que com ímpe-
to menor do que o observado na
Bolsa, o real também teve um
dia de valorização e alívio. O dó-
lar, que abriu os negócios cotado
a R$ 5,7806, uma alta de 1%, che-
gou a subir para a máxima de R$
5,8001, antes de cair abaixo dos
R$ 5,70. Com isso, considerando
outras 34 moedas emergentes, o
real teve ontem o melhor desem-

penho em relação à moeda ame-
ricana.
Apenas este ano, a valorização
do dólar está em 42,59%, sendo
que o recorde nominal, quando
não se desconta a inflação, é de
R$ 5,9718. Nas casas de câmbio,
de acordo com levantamento do
Estadão/Broadcast, o dólar turis-
mo é vendido perto de R$ 6. Já o
dólar para junho fechou a
5,7260, uma alta de 2,30%.

Bolsas do exterior. Com os in-

vestidores acompanhando os es-
forços de epicentros do corona-
vírus, incluindo Itália, Espanha
e Nova York, de reabrir suas eco-
nomias após longo período de
paralisação das atividades e o
plano de ¤ 500 bilhões anuncia-
do por Alemanha e França para o
combate aos efeitos da pande-
mia também contribuíra para
um dia de alta no mercado acio-
nário europeu.
“Esse fundo da Alemanha e
França é muito importante para

manutenção da zona do euro, es-
pecialmente depois de a Justiça
alemã ter proibido compra de ati-
vos”, observa Alvaro Bandeira,
economista-chefe do Modal-
mais.
As Bolsas europeias fecharam
o pregão ontem em alta. A Bolsa
de Londres subiu 4,29%; a de
Frankfurt avançou 5,67% ; e a de
Paris se valorizava 5,16%. Já em
Milão, Madri e Lisboa, os ganhos
eram de 3,26%, 4,70% e 4,62%,
respectivamente.
As principais Bolsas da Ásia
também encerram em alta. O
índice japonês Nikkei subiu
0,48% em Tóquio, enquanto o
chinês Xangai Composto avan-
çou 0,24%, o sul-coreano Kospi
se valorizou 0,51% em Seul e o
Hang Seng teve ganho de 0,58%
em Hong Kong.
Nas Bolsas de Nova York, o
Dow Jones subiu 3,85%, o S&P
500 avançou 3,15% e o Nasdaq
teve ganho de 2,44%. No pregão
de ontem, as ações da Moderna
subiram mais de 20%, principal-
mente após a companhia anun-
ciar mais de US$ 1 bilhão em no-
vas ações para financiar necessi-
dades ligadas à fabricação da va-
cina. KARLA SPOTORNO, MARCELA
GUIMARÃES, IANDER PORCELLA E
MAIARA SANTIAGO

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


Segmento registrou queda de 30% nas vendas no início de maio, ante 65% registrados pelos empreendimentos de médio e alto padrão


Bolsas no País e exterior


têm forte alta, enquanto


dólar fecha pregão na


menor cotação ante o


real desde 29 de abril


Possível vacina


contra a covid-


anima mercado


lDesconfiança

The Economist: Destruição criativa em tempos de covid. Pág. B9}


General Motors e Volkswagen
retomaram ontem a produção
em uma fábrica de cada grupo.
A GM reabriu um turno de traba-
lho na unidade de São Caetano
do Sul, no ABC paulista. Já a
Volkswagen retomou as ativida-
des de sua filial de São José dos
Pinhais, no Paraná, com dois
turnos, mas operando em ritmo
mais lento do que o normal.
Para voltar às atividades, am-
bas escolheram plantas que pro-
duzem modelos concorrentes
no segmento de utilitários-espor-
tivos, o setor de mercado que
mais crescia em vendas antes da
pandemia. A GM produz no ABC
o Tracker – lançado em março,
quando começou a quarentena –,
enquanto a Volkswagen faz o T-
Cross no Paraná.
As outras fábricas da GM em
São José dos Campos (SP), Gra-
vataí (RS) e a unidade de moto-
res em Joinville (SC) não têm
prazo para reabrir as portas, em-
bora as previsões são para junho.
As unidades de automóveis da
Volkswagen em São Bernardo
do Campo e em Taubaté e a de
motores em São Carlos, todas
em São Paulo, tiveram a abertura
postergada para o fim do mês.
A General Motors informou
ter desenvolvido um protocolo
de segurança para manter o no-
vo coronavírus fora de suas ins-
talações. No caso da Volkswa-
gen, a empresa afirmou que ado-
tou medidas de higiene e segu-
rança baseadas nas experiên-
cias das fábricas do grupo insta-
ladas na China e na Alemanha. /
CLEIDE SILVA

GOVERNO SP - 9/5/

MCMV sente menos impactos da crise


Mudanças. Programa Minha Casa Minha Vida está em revisão pelo governo federal

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FONTE: BROADCAST INFOGRÁFICO/ESTADÃO

Dólar
EM REAIS

Ibovespa
EM PONTOS

2
JAN
2020

3
FEV

2
MAR

60.

80.

100.

120.

140.

4,

4,

5,

5,

6,

4
MAI


ABR

18

5,

118.

4,

VARIAÇÃO
NO DIA
4,69%
-2,03%

NO MÊS
0,86%
5,18%

NO ANO
-29,79%
42,59%

Bolsa
Dólar

81.

“O sumiço do estrangeiro é
o que está pegando um
pouco, neste mês ainda não
houve um dia de ingresso
líquido dos gringos na
Bolsa. As ações aqui ficaram
muito mais baratas, e não
dá muito para entender por
que não estão voltando.”
Alavaro Bandeira
ECONOMISTA-CHEFE DA MODALMAIS
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