O Estado de São Paulo (2020-05-19)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:C-5:20200519:
O ESTADO DE S. PAULO TERÇA-FEIRA, 19 DE MAIO DE 2020 Especial H5


Caderno 2


WOLF MAYA SE REVÊ


EM ‘FINA ESTAMPA’


Diretor da trama, reprisada agora pela Globo, fala da


importância da parceria com o autor Aguinaldo Silva


NOVELA

Eliana Silva de Souza


Longe da TV desde 2016, quan-
do encerrou sua ligação contra-
tual com a Globo após mais de
30 anos de trabalho, Wolf Maya
pode ser visto agora na reprise
da novela Fina Estampa, escrita
por Aguinaldo Silva, uma das
tramas que dirigiu, que voltou
ao ar recentemente e que vem
conquistando novamente o pú-
blico no horário das 9 – o folhe-
tim bateu a marca de 37 pontos
já na primeira semana, tanto no
Rio quanto em São Paulo. Além
de ter o nome ligado ao coman-
do da novela, o diretor também
surge como ator, integrando o
elenco ao lado de Totia Meirel-
les, que interpreta sua mulher
na trama, entre outros nomes,
como Lília Cabral, Christiane
Torloni, Marcelo Serrado e Dal-
ton Vigh.
Maya lembra com muito cari-
nho do folhetim, que foi ao ar
originalmente em 2011, e brinca
dizendo que rever Fina Estampa
agora é como reencontrar um
filho que você abandonou e não
o via desde que tinha um ano de
idade, revendo-o muito tempo
depois, já com dez anos. “Eu
consigo localizar ali dentro to-
das as ideias, pois tem meu
DNA e o do Aguinaldo Silva.”
Aliás, esse encontro com o au-
tor foi um momento marcante
em sua trajetória, que Maya defi-
ne como uma “reviravolta” pa-
ra os dois. Primeiro, porque
Aguinaldo era um “autor regio-
nal, que fazia projetos com foco
no Nordeste”. Esse trabalho em
conjunto teve início com um
dos maiores marcos da teledra-
maturgia, Senhora do Destino, e,
a partir desse encontro, Maya


conta que “trouxe ele (Aguinal-
do) para a cidade grande – foi
uma novidade na carreira dele,
na minha também, foi um casa-
mento lindo”.
O diretor ressalta que, depois
do estrondoso sucesso de Se-
nhora do Destino, os dois conti-
nuaram com essa dobradinha
em outras novelas de destaque,
das quais a última foi exatamen-
te Fina Estampa, que ele sinaliza
como a que selou em definitivo
esse encontro e que conseguiu
ocupar o horário nobre.
Segundo Maya, em conversa
por telefone com o Estadão, a
novela nasceu para trazer uma
pitada de humor em uma faixa
habitualmente destinada às his-
tórias mais densas, aos dramas.
À medida que se recorda, Maya
detalha o momento em que
uma trama bem-humorada foi
parar no horário nobre da emis-
sora, algo totalmente impensá-
vel até então. “Consegui im-
plantar Fina Estampa, que era
uma novela leve, como uma co-
média americana, sofisticada,
com personagens como o Crô
(Marcelo Serrado), Teresa Cris-
tina (Christiane Torloni), a pró-
pria Griselda (Lília Cabral), fi-
guras criadas com tintas gros-
sas, mas de forma proposital”,
relembra o diretor, destacando
que a novela até apostava no
hiper-realismo, revelando-se
um tanto alegórica. “Agora, ve-
jo que, dez anos depois, ela con-

tinua batendo audiência, com
números inacreditáveis.”
Aos 66 anos, Wolf Maya en-
trou na Globo nos anos 1980, e
lá ficou por mais de três déca-
das. E essa saída foi o marco do
fim de uma fase de sua vida – o
trabalho realizado durante to-
do esse tempo foi de muita
transformação, para ele e para a
emissora. “Faço parte de uma
geração que transformou a TV,
de jovens que vieram de outras
áreas: eu, Guel Arraes, Luiz Fer-
nando Carvalho, Jorge Fernan-
do, que deram uma revirada na
televisão. Isso foi muito bom.”
E foi nesse período dentro da
emissora que Wolf conta ter
sentido a necessidade de criar
um centro de formação de ato-
res. Mas o custo seria muito al-
to para a empresa, pois teria de
montar dentro das suas instala-
ções, com todos os equipamen-
tos necessários, pessoal, algo
que não fazia parte dos planos
da Globo.
“Eu notava que havia pouca
formação dramática na área,
mas que também não havia co-
mo essas escolas funcionarem
dentro da indústria. Restava,
portanto, o estudo do teatro,
fosse o tradicional, o clássico
ou musical”, conta ele, consta-
tando a inexistência de um cur-
so específico para o aluno
aprender em estúdio, fazer edi-
ção, descobrir o tempo de câme-
ra, tempo dramático, planos de
enquadramento, marcações.
Foi quando teve a ideia de mon-
tar uma escola de teatro que ser-
visse esse mercado.
Apesar do complicado mo-
mento da pandemia, Maya reve-
la-se um otimista – a situação
não abalou seus projetos e ele
continua a dar aula, agora onli-
ne. Com duas escolas, no Rio e
em São Paulo, onde a primeira
foi aberta, o diretor mostra que
é possível seguir em frente e se
adaptar aos novos tempos. “É
uma experiência completamen-
te diferente e nova para nós,
mas estamos conseguindo pre-
parar o roteiro de um filme,
com cada um em sua casa gra-
vando com os celulares”, conta,
explicando que a gravação tem
de ser feita com uma parede
branca de fundo. Depois, o dire-
tor repassa as cenas para um
técnico, que une todas e daí sur-
ge a obra. “A gente consegue
realizar o trabalho, que funcio-
na perfeitamente como proces-
so de ensaio.”
Para ele, quando as aulas pre-
senciais forem retomadas, seja
em data que for, o processo não
terá sido interrompido. “Foi
muito feliz essa ideia, e está dan-
do certo.”

Sem intervalo


Luiz Carlos Merten


James Ivory recebeu tardiamen-
te – aos 89 anos – o Oscar de
roteiro adaptado por Me Chame
Pelo Seu Nome, de Luca Guadag-
nino, de 2017. Antes disso, co-
mo diretor, já se destacara por


uma obra de prestígio em parce-
ria com seu companheiro, o pro-
dutor Ismail Merchant. Ivory e
Merchant fizeram muitos fil-

mes para discutir diferenças cul-
turais e a herança do colonialis-
mo inglês na Índia.
Em 1993, e baseados no roman-
ce de Kazuo Ishiguro, levaram a
Cannes Vestígios do Dia. O filme
passa nesta terça, 19, no TCM, às
19h43. Anthony Hopkins faz o
mordomo que vive para servir o
patrão, um aristocrata, interpre-
tado por James Fox, que adere
ao fascismo nos anos 1930. Por
ele, sacrifica tudo, até o amor de
sua vida – a personagem de Em-
ma Thompson.
Exatamente 30 anos antes,
com roteiro de Harold Pinter,

Joseph Losey fez o clássico
O Criado, com Dirk Bogarde
como o amoral Barrett, que
assume o controle da vida
do patrão – vejam só, James
Fox. Losey dizia que conse-
guiu fazer seu filme porque,
na época, fugitivo do macar-
thismo em Hollywood, ain-
da não conhecia as sutile-
zas da vida britânica. Qual-
quer aristocrata silenciaria
o criado insolente só com a
reprovação do olhar. E ele
saberia seu lugar, como An-
thony Hopkins, tragicamen-
te sabe, aqui.

Balcão do Giba*


Os Guarda-Chuvas do Amor/
Les Parapluies de Cherbourg
(França, 1964). Direção de Jacques Demy,
com Catherine Deneuve, Nino Castelnuovo,
Marc Michel, Anne Vernon, Ellen Farner.

Luiz Carlos Merten

Nino Castelnuovo vai para a
guerra, Catherine Deneuve can-
ta na estação Je Vous Attendrai
Toujours. Mas, quando ele vol-
ta, está casada com outro. Ape-
sar da aparente leveza, é um fil-
me duro e crítico de Demy, com
a música de Michel Legrand.
Grand Prix no Festival de Can-
nes – a Palma de Ouro deixou de
ser atribuída naquele ano e só
voltaria em 1975.
TEL. CULT, 13H. COLORIDO, 95 MIN.

O


lá, amigos. Todos em casa e
com saúde? A partir de ho-
je, e pelas próximas sema-
nas, vamos trazer sempre uma re-
ceita fácil de reproduzir em casa e
criada por bartenders famosos.
Vamos abrir essa série com o
Jean Ponce, do Guarita Bar. O drin-
que criado por ele é o Coentro.

Ingredientes
50 ml de cachaça
10 folhas de coentro maceradas
10 ml de água de pepino
50 ml de maracujá

15 ml de suco de limão
Casca de laranja e uma folha de coentro

Preparo


  1. Macere o coentro na coqueteleira

  2. Adicione os ingredientes líquidos, o gelo
    e bata

  3. Coe para um copo baixo com gelo, torça
    a casca de laranja para liberar os óleos.
    Finalize com uma folha de coentro.

    • O bar que reabriu na quarentena
      Em fevereiro, antes da pandemia e
      das medidas de isolamento adotadas
      no País, o bar Benzina encerrou suas




atividades. A casa da Vila Madalena,
na zona oeste de São Paulo, oferecia
uma coquetelaria de alto nível a pre-
ços acessíveis. O balcão era comanda-
do pelo premiado bartender Gabriel
Santana, último campeão do World
Class Brasil.
Com a pandemia e o impacto no
mundo da coquetelaria, Santana teve
a ideia de produzir drinques para en-
trega e reativar a marca Benzina. En-
tres os clássicos, saem negronis, Ma-
nhattans, Rob Roy e martinis. Já as
criações disponíveis são: Hoff Man
(gim, aperol, limão taiti e baunilha),

Melhor da Noite (bourbon, framboe-
sa, coco, cordial de beterraba e bitter
de laranja), entre outros.
Os coquetéis saem por R$ 20 (100
ml), mais taxa de entrega. Os drin-
ques devem ser encomendados com
um dia de antecedência pelo direct do
Instagram do Benzina (@benzi-
na.bar) ou pelo Instagram do próprio
Gabriel Santana (@gsanta-
na.bartender). Os pedidos também
podem ser feitos pelo WhatsApp
98888-2365.
*
Mais delivery
Drosophyla Bar
O “Dró”, como é chamado pelos mais
íntimos, também tem o seu delivery
de comidas e coquetéis. Os pedidos
devem ser feitos pelo telefone 3120-

5535, pelo WhatsApp (98588-1031/
98588-1172) e também pelo iFood.
O menu pode ser acessado no Insta-
gram do bar, @drosophylabar.

Boteco Mano do Céu
O bar já fazia delivery antes mesmo
da pandemia. Na carta, negroni
com Cynar 70 no lugar de vermute,
clássicos como Bitter Giuseppe e
old fashioned. Além do autoral
Scarpa (que combina cachaça bran-
ca, Cynar e Brasilberg). O Boteco
Mano do Céu atende pelo iFood.

Espaço 13
O Espaço 13 está com delivery em
dias fixos, nas quintas, sextas e aos
sábados. Os pedidos podem ser fei-
tos pelo WhatsApp (99368-5785).

lGeração

Otimista.
Ator e
diretor
continua a
dar aula,
agora online

ALEX CARVALHO/ GLOBO

TCM MOSTRA


NESTA 3ª


‘VESTÍGIOS


DO DIA’


DESTAQUE
BETA FILM

Filmes na TV


GILBERTO AMENDOLA ESCREVE ÀS SEGUNDAS;
NA INTERNET: BIT.LY/BALCAODOGIBA

l]


Para fazer ou para pedir


Em cena. Totia Meirelles e Wolf: o casal Zambeze e Álvaro


“Faço parte de uma geração
que transformou a TV, de
jovens que vieram de outras
áreas: eu, Guel Arraes, Luiz
Fernando Carvalho, Jorge
Fernando, e que deram uma
revirada na televisão”

SAMANTHA DALSOGLIO
Free download pdf