O Estado de São Paulo (2020-05-22)

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H6 Especial SEXTA-FEIRA, 22 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Como homenagear os profissio-
nais da saúde que, neste mo-
mento tão dramático, estão na
linha de frente de combate ao
coronavírus? Foi pensando nis-
so que o Estadão lançou, em
abril, a campanha Abraço na
Saúde, uma ação multiplatafor-
ma para estimular a sociedade a
dar apoio a médicos, enfermei-
ros, equipes de apoio e demais
trabalhadores da área médica.
Nesta sexta, quando é cele-
brado o Dia do Abraço, a campa-
nha virtual do Estadão já reúne
milhares de homenagens nas re-
des sociais com a hashtag
#AbracoNaSaude. Só no Twit-
ter, são mais de 4.100 mensa-
gens, fotos e vídeos enviados
por amigos, familiares e até mes-
mo profissionais da área. De
acordo com dados da rede so-
cial, a hashtag contabiliza mais
de 2,2 milhões de impressões
(número de vezes que foi visua-
lizada) e passou de 30 mil intera-
ções (retuítes, curtidas e co-
mentários).
Desde o lançamento da cam-
panha, foram vários os depoi-
mentos emocionantes que che-
garam pelas redes sociais, como
o de Renata Gurgel, de 30 anos,
que da França homenageou a
mãe, a técnica de enfermagem
Leila, de 54. A mensagem e a fo-
to compartilhadas chamaram a
atenção e Leila acabou sendo en-
trevistada para a série. Foi quan-
do a reportagem ficou sabendo
também das dificuldades que
Renata estava tendo para voltar
ao Brasil e reencontrar a mãe,
porque o aeroporto da cidade


de Bordeaux, onde morava, ti-
nha sido fechado.
“Estou rezando noite e dia pa-
ra ela voltar”, contou Leila. A
distância da filha vinha preocu-
pando muito a técnica de enfer-
magem, uma luta adicional à
sua batalha diária para ajudar
no combate ao novo coronaví-
rus. Dias depois da primeira en-
trevista, Renata, que estava tra-
balhando em um restaurante
na França, conseguiu regressar.
Mãe e filha já estão juntas agora
no Paraná.

De médico a paciente. Por
meio do projeto, acompanha-
mos ainda a história do intensi-
vista Marco Aurélio Lira Ferrei-

ra, de 31 anos, do Rio de Janeiro.
Ele, que chegou a morar no Ja-
pão em dois momentos diferen-
tes da vida, falou da gravidade
da pandemia. “Lá, a gente vive
sabendo que pode vir a enfren-
tar uma catástro-
fe”, disse o médi-
co. “Mas nunca
imaginei que a
gente poderia
passar por uma si-
tuação extrema
também aqui no
Brasil, como essa
que estamos lidando na epide-
mia do coronavírus.”
Duas semanas após conceder
a entrevista, o próprio Ferreira
começou a sentir os sintomas

da doença. Acabou recebendo
resultado positivo para o novo
coronavírus e precisou passar
por um período de quarentena
em casa, temporariamente afas-
tado da sua luta para salvar vi-
das. O intensivis-
ta já está recupe-
rado.
Igualmente co-
movente foi ou-
vir o relato do
condutor de am-
bulância Marcos
Paulo do Nasci-
mento, de 43 anos. Morador de
um dos extremos de Guaru-
lhos, na região metropolitana
de São Paulo, ele contou o quan-
to é recompensador saber que

fez a diferença na vida de um
paciente. “Acordo às 4h50. Pe-
go um ônibus até a Estação Ar-
mênia, vou de metrô até a Sé.
Depois, troco de linha e desço
na D. Pedro. Lá, pego o Fura-Fi-
la até o Sacomã”, disse. “É cansa-
tivo, mexe com a gente, mas é
recompensador. Estamos na
guerra pela sobrevivência.”
A campanha, que também in-
clui entrevistas ao vivo com pro-
fissionais de saúde no Face-
book, vem mobilizando ainda
diversas personalidades e in-
fluenciadores das redes sociais.
Reynaldo Gianecchini, Porta
dos Fundos, Sabrina Sato, Lucia-
no Huck, Lobão, Leo Picon, di-
versas secretarias estaduais de

Saúde, hospitais e comunida-
des médicas enviaram mensa-
gens de apoio com a hashtag.
O projeto Abraço na Saúde é
um acréscimo à ampla cobertu-
ra sobre coronavírus produzida
pelo Estadão, que inclui repor-
tagens com as principais orien-
tações de saúde e matérias espe-
ciais que ajudam a lidar melhor
com a vida na quarentena.
Outro destaque interativo é o
grupo #EstadãoInforma: coro-
navírus no Facebook, com qua-
se 4.5oo membros. Além de re-
ceber informações e participar
de lives diárias, quem acompa-
nha a comunidade pode enviar
dúvidas sobre a doença a dois
médicos voluntários.

Sem intervalo


MILHARES DE


ABRAÇOS


NAS REDES SOCIAIS,

É POSSÍVEL DAR
APOIO A QUEM LUTA

CONTRA A COVID-19

JÁ SÃO


Lançada em abril pelo ‘Estadão’, campanha reúne


homenagens e histórias de profissionais de saúde


Filmes na TV


Luiz Carlos Merten


Nascida em Bruxelas, numa
família franco-grega, a jovem
Agnès Varda foi para a Sor-
bonne para se formar como
conservadora de museus.
Descobriu a fotografia – e o
cinema. Fez curtas. Com o
primeiro longa – La Pointe
Courte, de 1954 –, antecipou a
nouvelle vague.
Fez filmes que pertencem à
história – Cléo das 5 às 7, As
Duas Faces da Felicidade/ Le Bo-
nheur, ambos dos anos 1960.
Em 2017, e já batendo nos 90
anos – nasceu em 1928 –, ga-
nhou todos os prêmios do
ano, incluindo um Oscar hono-
rário, por Visages, Villages, que
correalizou com o artista vi-
sual JR. Ainda fez Varda por
Varda, atração desta sexta, 22,
no Telecine Cult, às 13h45.


Morreu em 2019.
No fim da vida, Varda rece-
bia tantos pedidos para mas-
ter classes que resolveu fazer
esse filme. Explica no princí-
pio: “Quando me pedirem
mais uma master class, envio
o filme”. Parece que sabia que
seria o último. O resumo de
uma vida e uma obra extraordi-
nárias. Uma mulher que sem-
pre esteve à frente do seu tem-
po na discussão de gênero.
Uma mulher que amou muito


  • Jacques Demy, com quem
    foi casada de 1962 até a morte
    dele, em 1990. Quando isso
    ocorreu, Varda dedicou-se a
    construir o mito do ex-marido
    sem deixar de alimentar o pró-
    prio. Grande artista.


Da estreia na saúde para a


vivência na pandemia


A Morte no Jardim/
La Mort en Ce Jardin
(França/México, 1956.) Dir. de Luís
Buñuel, roteiro de Raymond Queneau e
Luis Alcoriza, com Simone Signoret,
Charles Vanel, Georges Marchall, Mi-
chel Piccoli.

Luiz Carlos Merten

Filme virou homenagem a Mi-
chel Piccoli, que morreu no fim
de semana. Seu segundo filme
e o primeiro encontro, ainda jo-
vem, com Buñuel. A revolta nu-
ma comunidade de minerado-
res da Guiana Francesa. Um
grupo de fugitivos, as tensões
entre eles e o grande autor refle-
te sobre a Espanha franquista,
de onde se exilara.
TEL. CULT, 10H. COL., 104 MIN.

Marina Aragão

Formada em Enfermagem há 9
anos, Thaiane Serravalle, de 33
anos, só conseguiu realizar o so-
nho de atuar na área no início de
fevereiro. Acabou “caindo de pa-
raquedas” no meio da pande-
mia do novo coronavírus.
A enfermeira trabalha no Hos-
pital Geral Roberto Santos, em
Salvador, e sempre vai até a uni-
dade de transporte público. No
corre-corre de plantões de 12
horas na enfermaria de Neuro-
logia e Hematologia, Thaiane
conta que nem sempre é possí-
vel trocar a máscara a cada 2 ho-
ras, pois tem recebido apenas
duas unidades do equipamento
de proteção. Cada plantão é

uma “luta”, mas, de acordo com
ela, o hospital é uma escola. “Es-
tou aprendendo muito e é o que
preciso nesse momento.”
Mãe de uma menina com pou-
co mais de 1 ano, Maria Flor, e
com pais idosos, a enfermeira
conta que, quando chega em ca-
sa, a primeira coisa que faz é dei-
xar os sapatos do lado de fora,
separar a roupa usada dentro de
um saco e colocar para lavar.
“Em seguida, corro para o ba-
nheiro e tomo um banho dos
pés à cabeça, antes que Maria
Flor me veja e queira mamar.”
A enfermeira conta que o que
mais mudou na rotina foram as
medidas de cuidado consigo,
com tudo que toca e com as ou-
tras pessoas que a rodeiam. Por
isso, ela destaca um compromis-
so que precisa cumprir com
muita seriedade. “O pânico cau-
sado por esta pandemia tem dei-
xado as pessoas desesperadas e
eu, como profissional de saúde,
acabo tendo a missão de tentar
tranquilizar e orientá-las.”

BRUNO PONCEANO

Campanha*


‘VARDA POR


VARDA’


CELEBRA


AGNÈS


Eliana Silva de Souza

Música para o bem
Neste sábado, 23, a partir das
16h30, o violinista integrante
da Filarmônica de Berlim e
do Sexteto de Cordas da Filar-
mônica de Berlim, Rüdiger
Liebermann, se unirá aos fi-
lhos, Raphy & Adry, em dois
estilos diferentes e contempo-
râneos da música de concer-
to para uma live organizada
pela Tucca, que, em parceria
com o Hospital Santa Marceli-
na em São Paulo, promove a
campanha O Câncer Não Es-
pera. O objetivo é arrecadar
doações e reforçar o alerta
para que pacientes em trata-
mento ou com suspeita da
doença devem continuar bus-
cando atendimento médico.

Interesse pelo mundo
O Globo Repórter da sexta-fei-
ra passada, sobre a Capadó-
cia Nordestina, registrou a
melhor audiência do progra-
ma no ano. O programa mar-
cou 23 pontos no PNT, que
considera as 15 praças em
todo o Brasil, recorde do pro-
grama desde novembro de

2019, exibido logo após o últi-
mo capítulo da novela A Dona
do Pedaço. Nesta sexta, percor-
re a serra catarinense.

Gente do mal
A Netflix estreia nesta sexta,
22, a 1ª temporada da série
Control Z, que mostra o que
acontece depois que um
hacker divulga segredos de
estudantes da escola El Cole-
gio Nacional, criando um clima
de mistério e intrigas. E quem
tentará descobrir a identidade
de quem obteve informações
pessoais dos outros será Sofia
(Ana Valeria Becerril), uma
estudante que pouco se mistu-
ra com os outros, sendo margi-
nalizada pelos colegas.

Outras versões
Estreia nesta sexta, 22, às 22h,
no Smithsonian Channel, a
série Histórias Secretas, que
promete tratar de fatos da His-
tória dos Estados Unidos não
revelados pelos livros. No pri-
meiro episódio, um retrato so-
bre as chamadas bruxas de
Salém, e a histeria coletiva,
que envolveu e influenciou os
julgamentos da época.

DESTAQUE Podres de Ricos/
Crazy Rich Asians
(EUA, 2018.) Dir. de Jon M. Chau, com Cons-
tance Wu, Henry Fielding, Gemma Chan,
Awkwafina, Michelle Yeoh.

Baseado no best-seller de Kevin
Kwan, o filme conta a história da
garota chinesa de Nova York que
acompanha o namorado no casa-
mento do melhor amigo e desco-
bre que a família dele é de bilioná-
rios de Cingapura. Mas a história
dessa Cinderela quase não tem
desfecho feliz.
HBO FAMILY, 12H50. COL., 120 MIN.

Em Pedaços/
Aus dem Nichts
(Alemanha, 2017.) Dir. e roteiro (com Hark
Bohm) de Fatih Akin, com Diane Kruger,
Numan Acar, Dennis Moschitto,

Diane Kruger foi melhor atriz em
Cannes e o filme venceu o Globo
de Ouro. A mulher, destroçada inte-
riormente, que busca vingança de-
pois que o marido turco e o filho
são mortos num ataque terrorista
de neonazistas. O diretor investe
contra a direitização na Alemanha,
e no mundo.
C. BRASIL, 23H10. COL., 106 MIN.

ACERVO PESSOAL

Ainda amamentando
a filha e com pais idosos,
enfermeira redobra
cuidados para evitar
contaminação

Thaiane. Além de cuidar, é preciso acalmar as pessoas

DISMAGE
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