O Estado de São Paulo (2020-05-22)

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O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 22 DE MAIO DE 2020 NotaseInformações A


H


ipocrisia é sinônimo de falsida-
de e dissimulação. É forte e,
muitas vezes, arriscado afirmar
que alguém agiu de forma hi-
pócrita. Tal afirmação envolve
quase sempre um juízo sobre as-
pectos ocultos, de difícil comprovação. Há, no
entanto, casos em que, pela simples conduta ex-
terna – sem necessidade de inquirir intenções
–, se constata a olho nu a hipocrisia de um com-
portamento. É o que se pôde observar, nas últi-
mas semanas, na conduta do presidente Jair
Bolsonaro em relação ao Projeto de Lei Com-
plementar (PLP) 39/2020. Após uma série de
idas e vindas, Jair Bolsonaro teve a audácia de
pedir, em reunião com os governadores realiza-
da no dia 21 de maio, apoio para a manutenção
do veto ao reajuste de algumas categorias do
funcionalismo público. Ora, foi o próprio Bolso-
naro que contribuiu para a farra dos reajustes
em plena pandemia.
No dia 6 de maio, o Congresso aprovou o
PLP 39/2020, que concedeu auxílio emergen-
cial aos Estados e municípios e, em contraparti-
da, congelou os salários dos servidores públicos
até dezembro de 2021. O congelamento foi bas-


tante mitigado, no entanto, na redação final do
projeto. Várias categorias profissionais foram
excluídas da proibição de reajuste. Na versão
original do projeto, enviada pelo governo ao
Congresso, o congelamento garantia uma eco-
nomia de R$ 130 bilhões para
União, Estados e municípios. De-
pois das modificações feitas pe-
los parlamentares, a economia
caiu para R$ 43 bilhões.
Conforme o Estado infor-
mou, durante a tramitação do
projeto, o presidente Bolsonaro,
contrariando as orientações da
equipe econômica, deu aval para
que o Congresso aumentasse a
lista de categorias que poderiam
ter reajuste até o fim de 2021.
Tendo capitaneado o movimen-
to para beneficiar as categorias,
o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hu-
go (PSL-GO), reconheceu que a articulação te-
ve respaldo de Bolsonaro, com quem conversou
duas vezes durante a votação. “Sou líder do go-
verno e não líder de qualquer Ministério”, disse
Major Vitor Hugo.

No dia seguinte à aprovação do projeto, Jair
Bolsonaro recuou, afirmando que vetaria as ex-
ceções ao congelamento de salários do funciona-
lismo público. “Eu sigo a cartilha de Paulo Gue-
des na economia. Se ele acha que deve vetar, as-
sim será feito”, disse o presidente
da República no dia 7 de maio.
No entanto, ao longo das duas
semanas seguintes, o presidente
Bolsonaro nada fez em relação ao
PLP 39/2020. Simplesmente dei-
xou o tempo passar, dando mar-
gem para que várias categorias ob-
tivessem reajustes salariais. Uma
vez que o projeto de lei não tinha
recebido a sanção presidencial, a
proibição de reajuste não estava
vigente. Por exemplo, no dia 13 de
maio, as Polícias do Distrito Fede-
ral (DF) conseguiram aumento sa-
larial de 8% a 25%, com pagamento retroativo
desde janeiro deste ano. Várias Assembleias Le-
gislativas estaduais, estimuladas pelo exemplo
que vinha de cima, também aprovaram reajus-
tes na folha de pagamento do funcionalismo.
Caso o PLP 39/2020 tivesse sido sancionado

logo em seguida à aprovação no Congresso,
com o devido veto, corporações públicas não ob-
teriam tão facilmente novos ganhos salariais du-
rante a pandemia do novo coronavírus. A coni-
vência com o oportunismo de setores do funcio-
nalismo não foi óbice, no entanto, para que o
presidente Jair Bolsonaro pedisse aos governa-
dores, em reunião realizada no dia 21 de maio,
apoio ao veto às exceções ao congelamento. “O
que se pede apoio aos senhores é a manutenção
de um veto muito importante”, disse Jair Bolso-
naro. Sem dúvida, é necessário o veto, garantin-
do que os salários do funcionalismo fiquem con-
gelados até dezembro de 2021. Precisamente
porque o veto é importante, ele não poderia ter
sido postergado.
Com frequência, Jair Bolsonaro queixa-se do
que ele considera ser uma redução de seus po-
deres presidenciais. No entanto, quando o po-
der é apenas dele – cabe ao presidente da Repú-
blica sancionar ou vetar os projetos de lei apro-
vados pelo Congresso –, Jair Bolsonaro tem
uma estranha dificuldade para agir. É urgente
sancionar o PLP 39/2020, vetando tudo o que
seja irresponsável e imoral. Dar aumento de sa-
lário na pandemia é imoral.

C


om o pior resulta-
do em 13 anos, a
arrecadação fede-
ral mostrou em
abril os primei-
ros impactos da
crise provocada pelo surto de
coronavírus. O governo da
União recolheu R$ 101,15 bi-
lhões, 28,95% menos que um
ano antes, descontada a infla-
ção. Foi o menor valor para o
mês na série registrada a partir
de 2007. A receita foi prejudica-
da pela nova redução da ativi-
dade econômica, ainda no iní-
cio, e por facilidades fiscais
concedidas a contribuintes.
Em relação a março a queda foi
de 7,52%. Esses números são o
prenúncio de um ano excepcio-
nalmente ruim para as contas
públicas e de enormes proble-
mas de ajuste no próximo ano.
Mas esses problemas só esta-
rão na agenda, nos próximos
meses, se o toma lá dá cá com
os apoiadores do presidente
Jair Bolsonaro permitir man-
ter algum compromisso com a
seriedade fiscal.
Os efeitos da nova crise são
menos visíveis quando se con-
sideram os valores acumula-
dos nos primeiros quatro me-
ses. No ano, a arrecadação che-
gou a R$ 502,29 bilhões. Foi o
pior desempenho para o perío-
do desde 2017, mas a queda em
relação aos meses de janeiro a
abril de 2019 ficou em 7,45%.
Embora considerável, essa re-
dução é muito menos assusta-
dora que a observada a partir
de abril. Apesar disso, os sinais
de problemas já eram claros no
primeiro trimestre.
Em fevereiro e em março os
valores mensais da arrecada-
ção já foram menores que os


de um ano antes. A economia
já estava mal, antes da nova cri-
se, e isso se refletia na receita
tributária. O ano começou
com a indústria em marcha len-
ta e com o desemprego ainda
acima de 12% da força de traba-
lho. O pouco empenho em rea-
tivar a economia no primeiro
ano de mandato do presidente
Jair Bolsonaro deixou uma he-
rança muito ruim para 2020.
Restrições sociais implantadas
na reação inicial à covid-
agravaram um quadro econô-
mico já muito insatisfatório.
O governo enfrentou os no-
vos problemas com aumento
de gastos e alívio de obrigações
fiscais. Procurou-se, com vá-

rias medidas, proporcionar al-
gum fôlego às empresas, princi-
palmente às micro, pequenas e
médias, e preservar empregos.
O Banco Central (BC) procu-
rou atuar paralelamente ao Te-
souro, ampliando o volume de
recursos disponíveis para o se-
tor bancário e estimulando a
concessão de mais emprésti-
mos. Os primeiros movimen-
tos de resposta à crise ocorre-
ram em março.
Desonerações já vigoravam
no começo do ano, como he-
ranças de políticas implanta-
das bem antes da covid-19. A
essas facilidades se acrescenta-
ram aquelas decididas a partir
dos efeitos iniciais da pande-
mia. No ano, as desonerações
produziram renúncia fiscal acu-
mulada de R$ 34,99 bilhões.

Um ano antes o valor havia
chegado a R$ 32,16 bilhões.
Comparados os meses de abril,
as facilidades passaram de R$
8,08 bilhões para R$ 9,96 bi-
lhões, em valores corrigidos.
Em abril, a perda de receita
foi causada em parte pela baixa
da atividade e em parte pelo
adiamento na liquidação de tri-
butos. A redução da atividade
resultou em queda de R$ 4,
bilhões no recolhimento de tri-
butos, segundo o chefe do Cen-
tro de Estudos Tributários da
Receita Federal, Claudemir Ma-
laquias. A maior parte da redu-
ção é atribuível a pagamentos
adiados, a desonerações e a
compensações tributárias.
Os efeitos diretos da contra-
ção econômica, isto é, do me-
nor consumo, da menor pro-
dução e do menor volume de
serviços intermediários, co-
mo transporte e armazena-
mento, devem ser mais visí-
veis nos dados fiscais de
maio. A esses fatores deverão
somar-se, no balanço geral, os
gastos com apoio a trabalha-
dores e a empresas.
O resultado final dependerá
da evolução efetiva da ativida-
de econômica. O Produto In-
terno Bruto (PIB) será 4,7%
menor que o de 2019, segundo
recente estimativa oficial. O se-
cretário do Tesouro, Mansueto
Almeida, já admitiu o risco de
queda superior a 5%. Essa hipó-
tese está alinhada à mediana
das projeções do mercado. Por
enquanto, a estimativa oficial
indica um déficit primário
(sem os juros) de uns R$ 600
bilhões. Uma reabertura preci-
pitada, com repique da epide-
mia, poderá resultar em cifras
econômicas muito piores.

J


á passa da hora de os
ataques contra as insti-
tuições democráticas
e seus representantes
receberem a devida re-
primenda do Estado.
Este tipo de comportamento
nefasto, ora escamoteado sob
o manto sagrado da liberdade
de expressão, ora praticado em
plena luz do dia, sem qualquer
tipo de freio moral ou retórico,
não pode vicejar no País. Há li-
mites que não devem ser ultra-
passados impunemente em
uma democracia.
O Ministério Público de São
Paulo (MP-SP) deixou isso cla-
ro ao denunciar dois dos cami-
sas pardas do bolsonarismo
que ameaçaram o ministro Ale-
xandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF). Identi-
ficados, Antonio Carlos Bronze-
ri e Jurandir Pereira Alencar fo-
ram denunciados pelos crimes
de ameaça, injúria e difamação,
com pedido de aumento de pe-
na por terem sido tais crimes
praticados contra funcionário
público e na presença de várias
pessoas. No dia 2 de maio, Bron-
zeri e Alencar participaram de
ato na frente do condomínio
onde mora o ministro Alexan-
dre de Moraes, na capital paulis-
ta. A baderna durou cerca de
duas horas e só foi interrompi-
da pela chegada da Polícia Mili-
tar, que prendeu os dois brucu-
tus. A denúncia contra eles foi
acolhida pela Justiça paulista.
O ministro Alexandre de
Moraes foi alçado à condição
de vilão pelos camisas pardas
do bolsonarismo após profe-
rir decisão liminar que impe-
diu a nomeação de Alexandre
Ramagem como diretor-geral
da Polícia Federal (PF). Mo-

raes frustrou a vontade de Jair
Bolsonaro de ter à frente da
PF alguém com quem ele te-
nha “afinidade” e para ligar a
qualquer hora do dia e requisi-
tar sabe-se lá o quê.
Bom exemplo também deu o
Ministério Público do Distrito
Federal (MP-DF) ao propor
Ação Civil Pública a fim de des-
mantelar o acampamento da
milícia “300 pelo Brasil”, que
reúne outro grupo de camisas
pardas no entorno da Praça
dos Três Poderes. A ação foi
proposta após uma das milicia-
nas, a tal “Sara Winter”, confir-
mar a existência de armas de fo-
go no local. A Justiça do Distri-
to Federal, no entanto, negou o

pedido do Parquet. Ao fazê-lo,
o juiz Paulo Afonso Cavichioli
impediu que a Polícia Militar fi-
zesse diligências para busca e
apreensão de armas de fogo ile-
gais, uma temeridade. O magis-
trado aludiu à “liberdade de
pensamento, locomoção e reu-
nião” para fundamentar sua de-
cisão. Ele ignora, porém, que a
Lei Maior determina em seu
art. 5.º, XVII, que “é plena a li-
berdade de associação para
fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar”.
Ao barrar a nomeação do
amigo da família Bolsonaro, o
ministro Alexandre de Moraes
fez tão somente o que lhe cabia
como um dos 11 guardiões da
Constituição: tornou sem efei-
to um ato administrativo com
claríssimo desvio de finalidade.

Em defesa da Constituição tam-
bém agiram os membros do Mi-
nistério Público de São Paulo e
do Distrito Federal. Pena que a
Justiça agiu na direção correta
em São Paulo e mostrou uma
perigosa tolerância com as
ameaças em Brasília.
Também na capital federal,
uma operação da Polícia Civil
prendeu dois camisas pardas
suspeitos de ameaçar de morte
juízes, promotores e procura-
dores do DF. Célio Evangelista
Ferreira e Rodrigo Ferreira fo-
ram presos num condomínio
de luxo às margens do Lago
Sul porque, segundo acusa o
MP-DF, enviaram e-mails para
as autoridades ameaçando ma-
tá-las “em legítima defesa de si
e da Pátria”.
Não se pode desconsiderar
que tais atos violentos não são
espontâneos, mas estimulados
por palavras e ações do presi-
dente da República. O compor-
tamento insultuoso de Bolsona-
ro em relação aos outros Pode-
res é a senha para que seus ca-
misas pardas avancem sobre as
instituições com tamanho des-
temor. Para os brucutus, a
“Constituição” que vale é a que
dá na veneta de seu líder. O tex-
to promulgado pelos represen-
tantes do povo em 1988 lhes
causa grave urticária.
Se Bolsonaro não dá exem-
plo aviltando os limites consti-
tucionais a que está sujeito no
cargo, quem, entre seus apoia-
dores, haverá de lhes dar o devi-
do valor? Então, se aquele a
quem têm por “mito” não é ca-
paz de ensinar a seus defenso-
res como se comportar numa
democracia, que os rigores da
lei penal, então, lhes sirvam co-
mo educação moral e cívica.

O relato da falsidade


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

Há limites que não
devem ser ultrapassados
impunemente numa
democracia

Fórum dos Leitores O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: [email protected]


Notas & Informações


O vírus nos cofres públicos


Arrecadação de
abril já mostra
os efeitos fiscais
da covid-

Aos camisas pardas, a lei


lPandemia
Letalidade crescente
Estamos no outono, já está es-
friando e a letalidade do coro-
navírus aumenta nas estações
frias, conforme observado na
Europa e na China. O efeito
das medicações (cloroquina e
outras) até agora não logrou
alterar de forma significativa a
letalidade em lugar nenhum.
O que obteve sucesso foi identi-
ficar os casos e abordar os con-
tactantes ativamente, com iden-
tificação e isolamento tanto
dos doentes como dos circun-
dantes com testes positivos.
Esse é um trabalho intenso,
que demanda equipes móveis
de visitação domiciliar e recur-
sos em testes de PCR (do inglês
reverse-transcriptase polymerase
chain reaction). Deve ser feita
tanto a avaliação inicial quanto
evolutiva do doente e de seus
familiares, bem como dos vizi-
nhos e de pessoas eventualmen-
te contactantes (no trabalho,
por exemplo). Assim o vírus é
cercado e o número de doentes
cede. Entende-se o desespero
de governantes diante da pan-
demia, mas no momento não
há bala de prata. Os serviços de


saúde atendem os já doentes,
mas o que precisamos é impe-
dir os novos casos, e não so-
mente pelo recolhimento domi-
ciliar, pois este, mesmo ideal-
mente, é apenas parcial. O nú-
mero de pessoas já imunizadas
pelo contato com o vírus ainda
é muito reduzido, conforme
pesquisa divulgada no Estado
(5,19%), portanto, o número de
possíveis vítimas futuras per-
manece muito alto. Dá traba-
lho, mas resolve. A testagem de
um único grande grupo, como
o dos policiais, não parece fa-
zer sentido, ainda mais que es-
sas pessoas podem contami-
nar-se dias depois da avaliação
inicial. Fica a sugestão aos go-
vernantes e órgãos de saúde.
BERNARDO EJZENBERG, médico
[email protected]
SÃO PAULO

Lula e o coronavírus
Lula da Silva considera que tal-
vez o coronavírus traga aos
administradores públicos uma
visão mais humanista das ne-
cessidades de um país. Mas foi
justamente esse senhor quem
torrou bilhões de dólares com
Copa do Mundo e Olimpíada!

JORGE JOÃO BURUNZUZIAN
[email protected]
SÃO PAULO

Dupla macabra
O “ainda bem” de Lula conse-
guiu suplantar o “e daí?” e a
“gripezinha” de Bolsonaro. Ver-
gonha pouca é bobagem!
FRANCISCO JOSÉ SIDOTI
[email protected]
SÃO PAULO

Os salvadores da Pátria
Bolsonaro faz piadinha sobre a
pandemia que assola o mundo
inteiro, dizendo, aos risos, que
só toma cloroquina quem quer,
a esquerda pode tomar tubaí-
na. O Lula abençoa esse mons-
tro do coronavírus, que a natu-
reza nos mandou para abrir os
olhos daqueles que não enxer-
gam. E são esses os nossos “sal-
vadores da Pátria”? O que eles
estão fazendo para ajudar a po-
pulação nesta hora tão difícil
para todos? Não fosse a magni-
tude da ajuda de muitas empre-
sas, doando dinheiro, cestas
básicas e máscaras; da popula-
ção que faz campanhas; e das
comunidades que, mesmo em
dificuldades, ajudam aqueles

que mais necessitam, teríamos
muito mais gente morrendo,
não só de covid-19, mas tam-
bém de fome. Enquanto isso, o
presidente só se preocupa com
sua reeleição, montando bases
partidárias, fazendo tudo para
aparecer na mídia. Quanto aos
problemas do Brasil e do povo
brasileiro... Deixa pra lá.
MARINA R. BLANCO MALUFI
[email protected]
OLÍMPIA

lCorrupção
Arquivamento?!
Deixa entender: o filho 01 em-
pregava um policial aposenta-
do que o Coaf mostrou que mo-
vimentava milhões, condeco-
rou um chefe das milícias que
estava preso e cuja família tra-
balhava com ele na Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro,
abriu uma loja de chocolates
que faturava horrores e – mara-
vilha! – conseguiu comprar vá-
rios imóveis por preços muito
abaixo do valor de mercado.
E a Polícia Federal arquiva o
inquérito? Estava tudo regular
com esse senhor? Ou, usando a
frase de um dos reis do crime
para tentar descrever a situa-

ção, “está tudo dominado”?
ALDO BERTOLUCCI
[email protected]
SÃO PAULO

Eleições fraudadas
Ah, então essas eram as razões
de fraude nas eleições a que se
referiu o presidente nos EUA,
quando disse que elas foram
fraudadas e ele tinha as provas?
Agora o sr. Paulo Marinho as
apresentou, ou seja, prorroga-
ram as investigações sobre o
filho do presidente para que
não atrapalhassem a campanha
do pai. E seria também esse o
motivo do desespero do presi-
dente para interferir na Polícia
Federal do Rio de Janeiro? Gra-
ças a Deus nosso ministro da
Justiça era Sergio Moro, ou es-
se triste e rocambolesco episó-
dio jamais viria à tona.
JOSÉ CLAUDIO BERTONCELLO
[email protected]
SÃO PAULO

lMeio ambiente
Pária internacional
Reportando-me ao editorial
Crime ambiental (21/5, A3), cada
vez mais me dou conta do
plano maquiavélico posto em

prática pelos escudeiros do “mi-
to”. Agricultores e pecuaristas
embarcaram nas promessas
eleitoreiras do candidato, do
fim da corrupção sistêmica,
dos acordos espúrios entre po-
líticos, do “toma lá dá cá”, dos
apaniguados pendurados nas
saias familiares. E os cupins
modernos da motosserra não
perderam tempo. Os grileiros
teleguiados aumentaram seu
raio de ação. Os garimpeiros
continuam na destruição das
florestas, dos rios e de quais-
quer seres que dependam da
pureza das águas. Mas para nos-
sas autoridades – vide Presidên-
cia da República – indígenas
são apenas estatísticas a serem
contabilizadas, não seres huma-
nos, e a floresta é um bem pas-
sível de comercialização crimi-
nosa. Animais não constam nas
planilhas da psicopatia insana
dos destruidores da nossa fau-
na e nossa flora. Nossa floresta
caminha a passos largos para
uma destruição irreversível. Só
Deus para olhar por nós, com
seu amor misericordioso.
ALOÍSIO DE LUCCA
[email protected]
LIMEIRA
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