O Estado de São Paulo (2020-05-22)

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A4 SEXTA-FEIRA, 22 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


COLUNA DO


ESTADÃO


Política


»SINAIS PARTICULARES.
Jair Bolsonaro,
presidente da República

»Ufa. A reaproximação cau-
telosa ficou simbolicamente
caracterizada na reunião do
Planalto com governadores.
Bolsonaro estava entre Davi
Alcolumbre (DEM-AP) e
Maia: os dois com máscara,
o presidente, sem.

»Opa. O presidente do Se-
nado numa escala menor,
também foi alvo de ataques
bolsonaristas: “Fora, Alco-
lumbre” atingiu 171 mil tuí-
tes no ápice da briga, cain-
do para 190 ontem.

»Ata. A recondução de Jo-
sé Carlos Aleluia (DEM-
BA) a conselheiro de Itaipu,
segundo membros da sigla,
ocorreu por influência fami-
liar. Seu filho é vereador na
Bahia e criador do Aliança
Pelo Brasil no Estado.

»Campo... O Ministério do
Desenvolvimento Regional
enviou uma proposta ao
Conselho Monetário Nacio-
nal para a criação de uma
linha emergencial de crédi-
to para agricultores familia-
res durante a pandemia.

»...fértil. Os recursos sai-
rão dos Fundos Constitucio-
nais de Financiamento do
Norte, do Nordeste e do
Centro-Oeste. As linhas de-
vem oferecer crédito de até
R$ 5 mil destinado a cus-
teio ou investimentos.

»Ajuda. O pedido para o
auxílio foi feito pela Agricul-
tura, que calcula atender
cerca de 23 mil beneficiá-
rios com o total de R$ 52,
milhões em créditos.

»Sem... Quando ainda se
discutia a cloroquina, a Saú-
de chegou a propor a Bolso-
naro outros remédios, sob
argumento de que era me-
lhor usar algo com menos
efeitos colaterais.

»...chance. Uma das suges-
tões foi a Ivermectina, usa-
da especialmente no gado.
O presidente vetou a ideia.

»Exemplo... Um estudo do
TSE, feito a pedido do futu-
ro presidente Luís Roberto
Barroso, mostrou que em
55 países houve o adiamen-
to de eleições, referendos
ou prévias, entre fevereiro
e o começo de maio.

»...pode vir... O levanta-
mento, antecipado pela Colu-
na, revelou que 22 nações
mantiveram a disputa, mes-
mo com a pandemia, como
é o caso da Coreia do Sul.

»...de fora. Entre as medi-
das que a Coreia do Sul ado-
tou, o texto destaca a proi-
bição de comícios. Mas diz
ainda que, na ocasião, a cur-
va do país era descendente,
o que pode não ser o caso
do Brasil em outubro.

»Deixa... Partidos que ou-
trora apoiavam a ideia de
uma CPI para investigar de-
núncias de intervenção de
Bolsonaro na Polícia Fede-
ral querem agora esperar o
ministro do STF Celso de
Mello finalizar o inquérito.

»...com ele. Avaliam que
as chances de as investiga-
ções na Corte terminarem
antes da instalação de uma
CPI são altas. Querem ver o
que restará para analisar.

COM MARIANA HAUBERT.
COLABOROU MATEUS VARGAS.

O


“armistício” entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia
(DEM-RJ), firmado há pouco mais de um mês, pas-
sou por um pacto de não agressão nas redes so-
ciais. Depois de uma avalanche de pedidos por “Fora,
Maia” em 17 de abril, chegando a 1,6 milhão de tuítes, ago-
ra somam pouco mais de mil, segundo levantamento da
Consultoria Bites. O DEM, também muito atacado por
bolsonaristas, passou despercebido no último mês. A in-
terrupção dos ataques trouxe alívio para membros da si-
gla, em especial porque há eleições municipais neste ano.

Em ‘paz’ com Bolsonaro,


Maia sai do alvo das redes


MARIANNA HOLANDA (INTERINA*)
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
[email protected]
POLITICA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/COLUNA-DO-ESTADAO/

KLEBER SALES/ESTADÃO

Oposição reforça CPIs e


se une por impeachment


Poderes. Partidos de esquerda e de centro fazem investida contra governo Bolsonaro no


Congresso, enquanto o presidente intensifica movimento de aproximação com o Centrão


Camila Turtelli
Julia Lindner / BRASÍLIA

Com o agravamento das cri-
ses política, econômica e da
pandemia do coronavírus,
partidos da oposição e de cen-
tro intensificaram a ofensiva
contra o presidente Jair Bol-
sonaro no Congresso, ao mes-
mo tempo em que o governo
tenta se blindar, acenando pa-
ra o Centrão. Ao todo, sete pe-
didos de criação de comis-
sões parlamentares de in-
quérito (CPIs) estão na fila e
os requerimentos de impea-
chment se acumulam na me-
sa do presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ). On-
tem, mais um foi apresenta-
do, totalizando 35 – número
recorde em 17 meses de gover-
no, como mostrou o Estadão.
Um dos pedidos de CPI mais
avançados é encabeçado pelo
Cidadania, que tem como foco
investigar as acusações feitas
pelo ex-ministro da Justiça Sér-
gio Moro de que Bolsonaro ten-
tou interferir na Polícia Federal
para proteger aliados. “Aqui no
Senado já temos quase todas as
assinaturas necessárias”, disse
a senadora Eliziane Gama (Ci-
dadania-MA), sem, no entanto,
revelar quantas faltam. Ela pre-
cisa do apoio de 27 dos seus cole-
gas e de mais 171 deputados.
Nos bastidores, a expectativa
é de que a abertura de uma CPI
para apurar as acusações de Mo-
ro tenha potencial para ser tão
ou mais explosiva do que a dos
Correios. Criada em 2005, a
CPI dos Correios tinha o objeti-
vo de se debruçar sobre irregula-

ridades em estatais no governo
de Luiz Inácio Lula da Silva,
mas acabou virando seu foco pa-
ra o escândalo do mensalão.
É por esse motivo que o Pla-
nalto tem atuado para conter o
avanço das assinaturas e evitar
que uma investigação, nesse
momento, se torne uma “CPI
do fim do mundo”, fragilizando
ainda mais o presidente. A estra-
tégia do governo tem sido a de
distribuir cargos aos partidos
do Centrão em troca de apoio
no Congresso. Até agora, Pro-
gressistas, Republicanos e PL já
foram contemplados. Até mes-
mo a liderança do governo na
Câmara deve ser transferida pa-
ra um indicado do bloco.

Unidade. A oposição na Câma-
ra soma 130 deputados, número
insuficiente para impor derro-
tas a Bolsonaro. Com esse diag-
nóstico, líderes dessas siglas ten-
tam unir esforços aos “indepen-
dentes”, grupo que reúne PSDB,
MDB, PV e até mesmo ex-alia-
dos de Bolsonaro no PSL. “A ba-
se do governo na Câmara tem
diminuído bastante. Hoje, te-
mos o apoio de partidos de cen-
tro e até de direita que querem o
afastamento do presidente”, dis-
se o líder do PT, Enio Verri (RS).
Embora haja uma união dos
partidos na ofensiva contra Bol-
sonaro, há diferenças em relação
à tática de cada um. Enquanto o
Cidadania aposta em uma CPI,
partidos de esquerda tentam en-
curtar o caminho e pressionam
para que Maia aceite a abertura
de processo de impeachment.
O documento protocolado
ontem foi subscrito por sete le-

gendas: PT, PCdoB, PSOL, PS-
TU, PCB, PCO e Unidade Popu-
lar (sigla ainda em formação). A
diferença, agora, é que parti-
dos, movimentos sociais e asso-
ciações se uniram para fazer
pressão pela saída do presiden-
te em um pedido único. Outros
requerimentos haviam sido
apresentados individualmente
por parlamentares.
Na lista das justificativas apre-
sentadas para afastar o presiden-
te estão as acusações de interfe-

rência na PF feitas por Moro, al-
vo de críticas de petistas. O ex-
juiz da Lava Jato ganhou visibili-
dade ao mandar para a cadeia
figuras importantes do PT, co-
mo o ex-presidente Lula e o ex-
ministro José Dirceu. O docu-
mento cita trechos do pronun-
ciamento que o ex-ministro da
Justiça deu ao anunciar sua de-
missão do governo Bolsonaro.
Na ocasião, parlamentares petis-
tas evitaram dar vazão às acusa-
ções para não respaldar alguém
visto como algoz do partido.
Em um apelo a Maia para que
aceite o pedido de impeach-
ment, deputados e senadores
do PT, PSOL e PCdoB fizeram
um evento ontem, no Salão No-
bre da Câmara, para apresentar
a denúncia contra Bolsonaro.
Estavam presentes a presiden-
te do PT, deputada Gleisi Hoff-
mann (PR), o líder do partido
no Senado, Rogério Carvalho
(PT-PR), o deputado Paulo Pi-
menta (PT-RS), a líder do PSOL
na Câmara, Fernanda Melchion-
na (RS), e o ex-presidenciável
da legenda, Guilherme Boulos.
Maia também vem sendo
pressionado nas redes sociais.
Segundo dados da empresa
AP/Exata, que monitora o com-
portamento de internautas nas
redes, o número de interações
relacionados ao tema impeach-
ment tem crescido. O Estadão
apurou que o movimento tam-
bém foi captado por assessores
que cuidam dos perfis de Maia.
O deputado, no entanto, tem
adotado cautela ao tratar do as-
sunto, sob o argumento de que
não é hora de conturbar ainda
mais o cenário político.

Joice Hasselmann

DIDA SAMPAIO/ESTADAO

BOMBOU NAS REDES!

‘Os militares não


vão dar golpe’, diz


general Heleno


ALBERTO BOMBIG
*O colunista está em férias.

‘E daí?’
vira

frase de
máscara

DIDA SAMPAIO/ESTADAO

Críticas. Representantes de partidos da oposição durante entrega de pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro

“Parabéns ao STF. Ninguém está acima da lei. Gestor
público deve responder por seus atos”, sobre decisão
do Supremo de restringir MP do ‘salvo-conduto’.

Deputada federal (PSL-SP)

lO ministro-chefe do Gabinete
de Segurança Institucional (G-
SI), general Augusto Heleno, afir-
mou anteontem que não haverá
um golpe militar e que militares
não cogitam intervenções ou dita-
dura no País. “Os militares não
vão dar golpe. Isso não passa na
cabeça dessa nossa geração,
que foi formada por aquela gera-
ção que viveu todos aqueles fa-
tos, como estar contra o governo,
fazer uma contrarrevolução em
1964”, disse o general, durante
evento do grupo Personalidades
em Foco. A declaração foi publi-
cada no jornal Folha de S.Paulo e
confirmada pelo Estadão. Segun-
do o ministro, “isso são provoca-
ções feitas por alguns indivíduos
que não têm coragem de dizer
quais são suas ideologias, que
ficam provocando os militares”.

»CLICK. Ao responder
nas redes se gosta de
Harry Potter, Marina Sil-
va lembrou de seu correli-
gionário Randolfe Rodri-
gues (Rede) e disse: “Sou
amiga do sósia dele”.

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

A deputada Bia
Kicis (PSL-DF)
apareceu an-
teontem na Câ-
mara usando
máscara com a
inscrição “E
daí?”, frase usa-
da por Bolsona-
ro ao ser questio-
nado sobre o
aumento do nú-
mero de mortes
pela covid-19.
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