O Estado de São Paulo (2020-05-24)

(Antfer) #1

OESTADODES.PAULO DOMINGO, 24 DEMAIODE 2020 Especial H7


PERGUNTAS&RESPOSTAS

1.Comoescolherumpsicólo-
go ou um psiquiatra agora,
uma vez que não poderei co-
nhecê-lo pessoalmente?
Para Elson Asevedo, psiquia-
tra e pesquisador da Unifesp,
uma saída adequada é pedir
indicação de pessoas próxi-
mas. “É um jeito antigo, mas
funciona bem. Se for pesqui-
sar na internet, é interessante
buscar por profissionais liga-
dos a instituições ou a univer-
sidades de renome.”

2.A terapia online deve
continuar? Pode substi-
tuir a presencial?
Mary Okamoto, professo-
ra de psicologia da
Unesp, acredita que
após a pandemia deve
haver uma elasticidade
maior entre o modelo
virtual e o presencial.
“É provável que haja
uma flexibilização en-
tre os dois formatos.
Dependendo da linha
de psicologia e do
caso do paciente, po-
rém, a presença físi-
ca é importante.”

3.O que podem fa-
zerosidososque
não se adaptam à
telemedicina?
A melhor forma é usar
a ferramenta com a qual
o idoso esteja mais fami-
liarizado, diz Elson Aseve-
do, da Unifesp. “O importan-
te é não deixar de lado o trata-
mento.” Para oferecer atendi-
mento psicológico para ido-
sos, o Instituto de Psiquiatria
da USP está usando a chama-
da de vídeo do WhatsApp.
“Grande parte deles já usava o
WhatsApp. Acaba sendo um
meio mais natural”, explica a
psicóloga Dorli Kamkhagi,
coordenadora do programa.

4.Como sei se a quarentena
está me afetando mais do
que a outras pessoas?
“Obsessões, paranoias, impa-
ciências. Tudo tende a piorar.
Por isso, é hora de ter mais
complacência com nossos sin-
tomas e com os dos outros”,
diz Marcelo Veras, psiquiatra
da Universidade Federal da
Bahia (UFBA). O psiquiatra
Elson Asevedoacrescenta:
“Quando a alteração causa pre-
juízo nas atividades e a situa-
ção se prolonga, é importante
fazer um acompanhamento”.

5.Crianças dão sinais de
que precisam de ajuda?
Sim. É importante observar as
alterações no comportamento
delas, como dificuldade de
concentração, deixar de gos-
tar das coisas usuais, chorar
com mais frequência ou pas-
sar a se isolar da família. “Elas
sentem o impacto da mudan-
ça de rotina. Pelo momento
de desenvolvimento em que
vivem, a socialização e os ami-
gos são importantes”, afirma
Mary Okamoto, da Unesp.

6.O que é melhor para a saú-
de mental de crianças e ado-
lescentes: deixar que façam
o que quiserem ou impor
uma rotina agora?
Na visão da professora de psi-
cologia Mary Okamoto, é pre-
ciso tentar manter uma roti-
na para eles, principalmente
porque essa organização está
relacionada a marcadores de
rotina como o horário da fo-
me e do sono. “É importante,
porém, dosar. Deve-se tomar
cuidado para que a rotina do-
méstica não fique apenas na
cobrança e na pressão.”

7.Quais cuidados extras de-
vem ser tomados por quem
já tem transtorno mental?
É essencial que essas pessoas
mantenham contato com o
psicólogo e o médico. “Os cui-
dados recomendados por eles
se tornam ainda mais impor-
tantes”, diz Felipe Corchs,
psiquiatra do Programa de
Transtornos de Ansiedade da
USP. Além disso, o psiquiatra
Elson Asevedo lembra que

não se deve alterar a medica-
ção por conta própria. “É erra-
do parar a terapia ou os remé-
dios quando se percebe uma
melhora, e também intensifi-
car sozinho a medicação.”

8.Meditação funciona?
“Como todo tipo de tratamen-
to, tem gente que não se adap-
ta à prática de meditação.
Mas, para quem consegue, os
resultados são consistentes”,
diz Elson Asevedo, psiquiatra
e pesquisador da Unifesp.
Mary Okamoto, da Unesp,
completa: “A meditação auxi-
lia as pessoas a manter certa
calma física e psicológica”.

9.Como vencer a insônia?
O psiquiatra Felipe Corchs
recomenda não ficar na cama
durante o dia e sim estabelecer
horários para dormir e acor-
dar. Também é importante se
expor ao sol de dia, evitar luzes
fortes à noite e não usar o celu-
lar horas antes de dormir.

10.Como evitar que a neces-
sidade de fugir dos proble-
mas se torne uma porta pa-
ra o alcoolismo?
Para José Capalbo, superin-
tendente médico do Hospital
Nove de Julho, o autoconheci-
mento é a chave. “O ideal é
que cada um conheça suas fra-
quezas e busque medidas pa-
ra se proteger. Contar com o
aconselhamento de um médi-
co ou psicólogo pode ajudar”,
afirma Capalbo. “Assim como
conversar, mesmo que a dis-
tância, com amigos.”

11.Cuidar da beleza pode
melhorar a autoestima?
“A autoestima impacta na ima-
gem que a pessoa tem sobre si.
Se embelezar e se arrumar é
interessante, até para que a pes-
soa consiga se sentir bem con-
sigo mesma”, diz Mary Okamo-
to, da Unesp.

12.Minhas mãos estão res-
secadas de tanto usar ál-
cool em gel. O que fazer?
A dermatologista Silvana Les-
si Coghi, do Hospital São Ca-
milo, indica que nesses casos
a pessoa faça uma boa hidrata-
ção. “Se você usa o álcool gel
70% com frequência, quando
não há disponibilidade para a
lavagem das mãos, associe o
uso com o creme hidratante.”

13.Por que meu cabelo está
caindo mais?
“A queda de cabelo pode ter
várias causas, como alimenta-
ção inadequada, por exemplo,
com falta de vitaminas e proteí-
nas”, afirma a dermatologista
Silvana Coghi. “Há também
causas hormonais e medica-
mentosas, além de ser provoca-
da por doenças crônicas, no
caso de hipotireoidismo e de
anemias, entre outras.”

14.Sei que não estou grávi-
da, mas minha menstruação
não está normal. Pode ser
pela mudança na rotina?
Sim, as alterações de rotina
podem provocar essas irregu-
laridades, causando atraso ou
adiantamento do ciclo. “Men-
salmente, há uma ‘dança’ de
hormônios”, explica Fernan-
do Asanuma, ginecologista do
Hospital Nove de Julho. “O
estresse e a ansiedade tam-
bém podem alterar a mens-
truação.” Segundo o médico,
há outros motivos para a irre-
gularidade. Mas, descartando
a gravidez, uma hipótese ini-
cial para o atraso é a alteração
vivida neste período.

15.Comecei a espirrar. Co-
mo sei se é alergia, sintoma
de gripe ou coronavírus?
“O espirro, como sintoma úni-
co, tem origem difícil de defi-
nir e pode ser apenas uma rea-
ção alérgica”, explica a alergo-
logista Cristina Abud, do São
Camilo. “Mas se vier acompa-
nhado de dor no corpo, febre,
dores de garganta e mal-estar,
podemos, sim, pensar nas sín-
dromes gripais, como influen-
za e mesmo coronavírus.”

ILUSTRAÇÃO:MARCOS MÜLLER

FONTESOUVIDASNOPERGUNTAS&RESPOSTAS
llAlexandreFogaça(ortopedistadogrupodeCristinaAbud(alergologistadoSãoCamilo)colunadoHospitaldasClínicas)
llElsonAsevedo(psiquiatraepesquisadordaUnifesp)FelipeCorchs(psiquiatradoProgramadeTranstornosdeAnsiedadedaUSP)
llFernandoAsanuma(ginecologistadoHospitalNovedeJulho)JoséCapalbo(superintendentemédicodoHospitalNovedeJulho)
llMarceloVeras,psiquiatradaUFBA)MarcoRusso(clínicogeraldoTribunaldeJustiçaMilitar)
llMaryOkamoto(professoradepsicologiadaUnesp)MateusSaito(professordeOrtopediadeMedicinadaUSP)
llSilvanaLessiCoghi(dermatologistadoSãoCamilo)SumireSakabe(InfectologistadoHospitalNovedeJulho)
Free download pdf