O Estado de São Paulo (2020-05-24)

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H12 Especial DOMINGO, 24 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


CARREIRA


CAIO CASTRO


Com duas reprises no ar na TV, ator analisa como foram


suas atuações nas novelas ‘Fina Estampa’ e ‘Novo Mundo’


Caderno 2


REVÊ A


Eliana Silva de Souza


Nascido na Praia Grande, cida-
de do Litoral Sul paulista, Caio
Castro surgiu na tela da TV ao
participar do Concurso Casal
Malhação, um quadro do pro-
grama Caldeirão do Huck. Foi as-
sim que, em 2007, ele integrou a
novela teen, que pode ser vista
em sua reprise no canal Viva e
mostra o início de uma carreira
que já conta com mais de dez
anos. Ao longo desse tempo,
Caio atuou em diversos folhe-
tins, séries e filmes. Dinâmico e
pronto para novas empreita-
das, é também empresário,
adepto de exercícios físicos e
apaixonado por tatuagem.
Além de poder ser visto em
Malhação, na época em que ele
estava com 18 anos, o ator tam-
bém surge agora em outros dois
folhetins, que estão sendo rea-
presentados pela Globo. Em Fi-
na Estampa, de 2011, ele surge
como o filho que renega a mãe,
um rapaz muito egoísta e que
não mede esforços para ganhar
dinheiro e integrar a alta socie-
dade. E dá vida ainda ao impera-
dor d. Pedro I, na novela Novo
Mundo, que foi exibida original-
mente em 2017. Sobre essas
suas interpretações, em fases di-
ferentes de sua carreira, Caio
Castro conversou por telefone
com o Estadão, direto de sua ca-
sa, em São Paulo, onde está cum-
prindo, à risca, sua quarentena.
Para o ator, essa é uma possi-
bilidade de poder ver o próprio
trabalho de uma forma diferen-
te, distante, como um telespec-
tador, algo que não tinha como
fazer na época das gravações.
Nada mais correto, pois, como
ele diz, quando estava traba-
lhando nas tramas, seu olhar
era profissional, e tinha de ava-
liar se havia possibilidade de
alterar alguma coisa, se podia
corrigir, se fosse o caso, algo
que estivesse fora do tom.
“Meu olhar era técnico, era pa-
ra melhorar a minha perfor-
mance na época”, conta. O que
não é possível agora, claro: não
há mais o que fazer para mudar
o que está gravado. “Agora não
tem o que fazer, virou história,
minha história, mas tenho a
possibilidade de assistir como
telespectador”, com distancia-
mento e avaliar de outra forma,
comenta ele.
Por outro lado, Caio mostra
que é curioso se ver na tela nes-
ses trabalhos passados. “Por-
que eu vejo nitidamente algu-
mas coisas de que eu nem lem-
brava, coisas que talvez eu não
fizesse de novo ou outras que
faria, porque gostei bastante”,
revela e avalia terem sido essas


atuações completamente dife-
rentes o que o choca algumas
vezes. “Eu vejo algumas cenas,
principalmente em Malhação, e
digo ‘caramba, foi ao ar esse ti-
po de coisa?, não acredito que
possa ter sido exibida’.” Mesmo
assim, diz sentir um saudosis-
mo, pois foi um período de co-
nhecimento, afinal, Malhação,
para ele, era um aprendizado,
que ele encarou como uma esco-
la que dava a possibilidade de
todos colocarem seus experi-
mentos para o público de casa
ver. “O pessoal tratava a gente
como aluno mesmo, a gente es-
tava ali para aprender.”
Entre seus outros trabalhos,
Fina Estampa também tem um
lugar guardado nas boas recor-
dações do ator. Mas foi também
a dura construção de um perso-
nagem sem caráter, que não se

importava com os outros, prin-
cipalmente com a própria mãe.
Por isso mesmo, Caio conta que
teve dificuldade para assumir
um personagem que nutria o
sentimento de ódio pela mãe.
“Todo personagem, a gente
tem de fazer uma desconstru-
ção pessoal para construí-lo”,
afirma, enfatizando que essa foi
a primeira construção mais pe-
sada da carreira, pois tinha pou-
ca idade e não tinha nada em
comum com Antenor, o perso-
nagem de Fina Estampa. “Eu
não consegui emprestar nada
de mim.”
Outro ponto que destaca nes-
se trabalho foi contracenar
com Lília Cabral, que fazia sua
mãe na história, a batalhadora
Griselda, mas que a atriz foi mui-
to paciente com ele e hoje são
muito bons amigos.

Referência. Com relação a vi-
ver d. Pedro I, na novela Novo
Mundo, também em reprise na
Globo, Caio Castro conta que
foi um dos papéis mais impor-
tantes que fez, inclusive diz
que teve uma “permissão an-
cestral” do retratado, para po-
der fazer o imperador do Bra-
sil. Ele lembra que pensava que
seu personagem, na novela, se-
ria secundário, que haveria
uma outra história em parale-
lo, mas foi uma boa surpresa
descobrir a importância do
que faria, que seria, sim, o pro-
tagonista.
Entre as curiosidades dessa
fase, Caio conta sua surpresa ao
receber mensagem do ator Sel-
ton Mello, que viverá d. Pedro II
na próxima novela das 6h, Nos
Tempos do Imperador, que será
uma sequência de Novo Mundo.
“Eu surtei”, diz sobre ouvir Sel-
ton pedir ajuda na construção
de seu personagem, no caso, o
filho de d. Pedro I.
“A mensagem mais inespera-
da de todas foi uma que ele me
mandou perguntando se eu ti-
nha algo para passar para ele, se
eu poderia dizer alguma coisa
para ajudar na construção do
personagem”, conta. “Isso para
mim, como artista, tendo o Sel-
ton como uma das minhas refe-
rências, foi muito especial. Ele
ter essa preocupação e essa von-
tade de querer saber mais do
‘pai’ dele foi muito legal”, rela-
ta. Diz ter mostrado o áudio pa-
ra a família, que foi surpreen-
dente ter esse contato com Sel-
ton, que é um referencial “den-
tro da profissão, na forma co-
mo conduz sua carreira, como
trabalha os personagens”,
acrescenta Caio. “Sou seu fã.”

Televisão*


C


om as reprises de novelas ocupando as
faixas das 18h, 19h e 21h da Globo, no
lugar de tramas atuais cujas gravações
foram interrompidas por causa da pandemia
do novo coronavírus, vários atores, coinciden-
temente, estão no ar em dois ou três folhe-

tins, que foram exibidos em diferentes mo-
mentos de suas carreiras. E é inevitável com-
parar suas atuações em épocas distintas. É o
caso de Caio Castro, que pode ser visto como
d. Pedro I, protagonista da novela das 6, Novo
Mundo, e, mais tarde, como Antenor, filho de
caráter duvidoso de Griselda (Lília Cabral),
na novela das 9, Fina Estampa.
Hoje aos 31 anos, o ator, assim como muitos
jovens que iniciam sua trajetória na emisso-
ra, despontou em Malhação. E, a partir da lon-
geva novela juvenil, consolidou-se na Globo –
o que não necessariamente acontece com to-

dos os atores que surgem nessa produção,
considerada celeiro de talentos.
Exibida entre 2011 e 2012, Fina Estampa foi
a estreia do ator em horário nobre. Até então
em início de carreira, Caio não interpretava o
papel principal da trama, mas fazia parte do
núcleo de uma das protagonistas, Griselda, e
circulava no núcleo da outra protagonista, a
vilã Tereza Cristina (Christiane Torloni). Por-
tanto, era aposta da casa. O ator abraçou o
personagem, o que lhe rendeu bom desempe-
nho numa cena em especial, no início da nove-
la, quando Antenor é desmascarado pela mãe

Griselda, o que desencadeia ali o conflito en-
tre os dois – com a participação de vários ato-
res (muitos deles, experientes) em cena.
Mas o amadurecimento de Caio na atua-
ção fica evidente com seu d. Pedro I, em No-
vo Mundo, de 2017. Elogiado pelo trabalho, o
ator trazia mais camadas de emoções a seu
personagem histórico, com direito a sota-
que em português de Portugal. O ator havia
transposto, ali, a condição de galã para ator.
Isso se confirmou em outra boa interpreta-
ção, no papel de Rock, na novela das 9, A Do-
na do Pedaço, de 2019.

VERISSIMO
EXCEPCIONALMENTE, NÃO
PUBLICAMOS A COLUNA HOJE

Imperador. Em ‘Novo Mundo’, como d. Pedro I, com o sotaque em português de Portugal

]
ANÁLISE: Adriana Del Ré

O amadurecimento do


ator na telinha, de


Antenor a d. Pedro I


MATHEUS COUTINHO

Mau-caráter. Caio Castro como o filho interesseiro de Lília Cabral, em ‘Fina Estampa’


ALEX CARVALHO/GLOBO RAQUEL CUNHA/GLOBO

Caio. ‘Eu surtei’,
diz sobre ouvir
Selton Mello
pedir ajuda na
construção de
personagem
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