O Estado de São Paulo (2020-05-25)

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%HermesFileInfo:B-1:20200525:B1 SEGUNDA-FEIRA, 25 DE MAIO DE 2020 INCLUI CLASSIFICADOS O ESTADO DE S. PAULO


E&N


ECONOMIA & NEGÓCIOS


PANDEMIA DO
CORONAVÍRUS

Beatriz Bulla
CORRESPONDENTE / WASHINGTON


“Estes são os túmulos de
abril. Vejo um funeral a cada
dez minutos, e este é só o co-
meço.” A descrição de um ce-
mitério em São Paulo com os
caixões de vítimas do corona-
vírus feita na semana passa-
da foi apenas uma dentre as
várias vezes em que repórte-
res das maiores emissoras de
TV dos Estados Unidos abor-
daram a gravidade da pande-
mia no Brasil. A imagem de
caixões e de hospitais se tor-
nou corriqueira na imprensa
estrangeira depois que o País
rompeu a marca de mais de
mil mortes diárias. Segundo
a Organização Mundial da
Saúde, puxada por Brasil, a
América do Sul é agora o no-
vo epicentro da covid-19.
Analistas internacionais defi-


nem o Brasil como uma nação
governada por um presidente
populista que dá respostas con-
traditórias à pandemia. Os efei-
tos concretos da percepção no
exterior de que o País ruma pa-
ra um precipício – ao viver uma
tempestade perfeita com crises
simultâneas na saúde, na políti-
ca e na economia – já aparecem
nos números e na postura dis-
tante que outras nações têm
preferido tomar do Brasil.
Desde o início do ano, o real
foi a moeda que mais se desvalo-
rizou no mundo, com queda de
45% ante o dólar. A despeito das
intervenções diárias do Banco
Central, a cotação da moeda
americana encostou nos R$ 6.
No mesmo período, o CDS (Cre-
dit Default Swap), indicador
que sinaliza o nível de risco
país, cresceu mais de 250%.
Os números superlativos se
repetem na debandada de inves-
timentos estrangeiros. Segun-
do o último relatório do Institu-
to de Finanças Internacionais
(IIF, na sigla em inglês), que reú-

ne bancos de investimento, fun-
dos e bancos centrais em 70 paí-
ses, o Brasil registrou em março
a maior fuga de capital em um
mês desde 1995 e é o país que
mais merece atenção, por causa
da rápida deterioração do cená-

rio. A quantia perdida só não foi
maior do que a registrada pela
Índia.
“Investidores gostariam de
ver o governo no comando da
situação. Temos visto o con-
fronto entre o Executivo (fede-

ral) e governadores, assim co-
mo discussões com o Congres-
so sobre os estímulos, além de
mudanças ministeriais que au-
mentam as dúvidas sobre a ca-
pacidade do governo de conti-
nuar com reformas estrutu-

rais”, diz Martin Castellano,
chefe da seção de América Lati-
na do IFF.
Procurado para comentar os
efeitos da percepção negativa
do País no exterior, o Ministério
da Economia não se pronun-
ciou.
Para o economista-chefe do
IFF, Robin Brooks, o coronaví-
rus se tornou uma “crise de con-
fiança” para o Brasil. Colocar di-
nheiro no País agora deve ser
uma tarefa para “especialistas,
loucos, oportunistas de longo
prazo e aqueles sem outras op-
ções”, resumiu o economista Ar-
mando Castelar, do Ibre/FGV,
em relatório da Gavekal Resear-
ch, consultoria de investimen-
tos internacional. De acordo
com o economista, seria como
“correr para um prédio em cha-
mas”.

S


e o Brasil já foi reconhe-
cido como um líder em
matéria de saúde públi-
ca global e um defensor do
desenvolvimento sustentá-
vel nos principais fóruns
mundiais, a forma como o
País é retratado na imprensa
tem exaltado pouco dessas
qualidades. Na maior parte
das vezes, em veículos de di-
ferentes matizes ideológicos
e considerados referências
em seus países, o Brasil tem
sido visto como um país que
nega os riscos da pandemia.
Em comum, destaque para
a infraestrutura precária e o
avanço dos casos nas últimas
semanas, destacando que a
nação caminha para ser um
dos centros da pandemia no
mundo. Um dos principais
jornais da França, o Le Mon-
de escreveu em editorial que
o presidente Jair Bolsonaro
‘provoca a catástrofe’ e ‘se-
meia a morte’.
Diz que o País é o epicen-
tro dos novos casos do coro-
navírus, que o presidente le-
va o Brasil a um caminho ‘ex-
tremamente perigoso’ e que
há mais de 30 pedidos de im-
peachment no Congresso.
Cita ainda o fato de Bolsona-
ro ter chamado a covid-19 de
‘gripezinha’, participar de
aglomerações e criticar medi-
das de distanciamento social
recomendadas no mundo to-
do. “Não há dúvida de que há
algo podre no reino do Brasil,
onde o presidente Jair Bolso-
naro, pode afirmar sem se
preocupar que o coronavírus
é uma ‘gripezinha’ ou uma
‘histeria' nascida da imagina-
ção’ da imprensa”.
A revista alemã Der Spiegel
escreve que o presidente ‘per-
deu a realidade’ e que ele pre-
tende voltar à vida cotidiana
com ‘todas as forças’, embo-
ra o Brasil esteja cada vez
mais próximo de ser o epicen-
tro do vírus.

O americano Washington
Post lembrou que Bolsonaro
chamou o vírus de gripezi-
nha e pediu que as pessoas
enfrentem o coronavírus co-
mo ‘homem e não como mo-
leque”. “Pior, o presidente
tem repetidamente tentado
enfraquecer os esforços to-
mados pelos 27 governado-
res para conter a epidemia”.
O Wall Street Journal diz
que o coronavírus tem varre
um país sem estrutura e com
um líder que despreza o vírus.
O britânico Financial Ti-
mes disse que a maior parte
do mundo tem tomado medi-
das drásticas para combate o
vírus, mas quatro países não
estavam fazendo isso: Turco-
menistão, Brasil, Nicarágua e
Bielo-Rússia. O jornal apeli-
dou o grupo de Aliança do
Avestruz, em uma menção ao
animal que coloca a cabeça na
areia para não ver um perigo.
O Corriere della Sera, um
dos principais diários italia-
nos, destacou recentemente
a frase de que o presidente
queria fazer um churrasco
em meio ao aumento de ca-
sos de covid-19 no País. Tam-
bém lembrou dos casos em
que Bolsonaro minimizou o
risco dos vírus e fala da ascen-
são da doença no Brasil.
“A imprensa internacional
tem sido muito objetiva em
mostrar a falta de uma políti-
ca integrada entre os gover-
nos federal, estaduais e muni-
cipais em termos de combate
à doença”, diz Ciro Dias Reis,
presidente da consultoria
Imagem Corporativa, que
mantém um índice anual so-
bre a percepção do País na im-
prensa estrangeira.
A empresa aguarda os nú-
meros do período entre janei-
ro e abril, mas a expectativa é
de erosão – em 2019, o índice
registrou 37% de notícias po-
sitivas. / PAULO BERALDO E
BRUNO ROMANI

MÍDIA GLOBAL CRITICA


ATUAÇÃO DO PAÍS


Tradicionais países aliados
se afastam do Brasil

Postura frente à pandemia piora imagem


do Brasil no exterior e afasta investidores


Contra a maré

Para jornais, Brasil nega risco da pandemia


Pág. B

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Crise tripla. Para analistas, confronto entre governo federal e governadores, indefinição no combate ao coronavírus e dúvidas sobre a
capacidade de o País continuar com reformas estruturais são focos de preocupação entre estrangeiros; países aliados também se afastam
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO
Confiança. Postura do governo sobre a pandemia levou a maior fuga de capital desde 1995

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