O Estado de São Paulo (2020-05-25)

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O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 25 DE MAIO DE 2020 Especial H3


Tradicionalmente, motocicle-
tas são veículos práticos e pe-
quenos, com motores igualmen-
te compactos. Mas há exceções.
Alguns fabricantes resolveram
deixar de lado as convenções e
passaram a desenvolver veícu-
los de duas rodas com motores
de automóveis. Foi o caso, por
exemplo, das brasileiras Amazo-
nas e Kahena, e também de algu-
mas marcas estrangeiras.
A Amazonas surgiu no final
dos anos 70, numa época em
que a produção nacional estava
se especializando em modelos
de baixa cilindrada e as importa-
ções eram proibidas.
Foi assim que os mecânicos
Luiz Antônio Gomi e José Car-
los Biston criaram a Amazonas
AME 1.60, equipada com motor
1600 do Volkswagen. O modelo
já nascia com o título de moto
produzida em série com o
maior motor do mundo.
Eram mais de 2 metros de
comprimento, quase 400 qui-
los e motor de quatro cilindros
contrapostos com 1.584 cm³, re-
frigerado a ar, que gerava 50 cv.
Havia até marcha a ré.
Em uma antiga avaliação pu-
blicada no Jornal do Carro, o
repórter Marcelo Fenerich che-
gou à conclusão que a Amazo-
nas não oferecia conforto na ci-
dade. O acionamento da em-
breagem era pesado e chegava a
causar dor no braço. Por outro


lado, o assento largo proporcio-
nava boa posição de pilotagem.
O câmbio tinha engates “in-
vertidos” em relação ao das mo-
tos. A primeira era acionada pa-
ra cima e as demais, para baixo.
Além disso, para que os engates
fossem feitos com precisão, era
necessário acelerar um pouco
antes das trocas. A ré era engata-
da por uma alavanca na lateral
direita. Para engrená-la, era pre-
ciso deixar o câmbio no neutro
antes de puxar a haste para trás,
numa operação que demanda-
va um certo cuidado. Embora
gigantesca, seu desempenho im-
pressionava. A força em baixas
rotações fazia o pneu traseiro
patinar se o piloto não contro-
lasse bem a embreagem.
Sua trajetória foi interrompi-
da em 1991, por causa da abertu-
ra das importações, ocorrida a
partir do início dos anos 1990. A
volta das importadas decretou
o fim da moto grandalhona, que
teve apenas 420 unidades pro-
duzidas.

Kahena. Após o fim da Amazo-
nas, e mesmo com as máquinas
importadas de grande cilindra-
da começando a chegar ao País,
surgiu a Kahena. A moto foi de-
senvolvida pela mesma dupla
que concebeu a Amazonas, e
chegou em 1994, também com
motor 1600 refrigerado a ar da
Volkswagen. Era produzida pe-
la empresa Técnica Paulista de
Máquinas (Tecpama), e trazia
evoluções em relação à pionei-

ra, caso da transmissão por eixo
cardã em vez de corrente, da
suspensão traseira monobraço
e do alternador em vez de dína-
mo, entre outras melhorias. Re-
sistiu até 2001, e teve cerca de
430 unidades produzidas.

Estrangeiras. Fora do Brasil
também há experiências do gê-
nero. É o caso da Boss Hoss. Tra-
ta-se de uma pequena fabrican-
te dos Estados Unidos especiali-
zada em projetos customiza-
dos, de duas e três rodas. A em-
presa surgiu em 1990, e seu pri-
meiro trabalho foi uma motoci-
cleta com motor Chevrolet V8.
A combinação de motor V8 em
motos (com potências que vão
de 445 a 563 cv), aliás, permane-
ce até hoje como uma das espe-
cialidades da empresa.
A holandesa Eva também sa-
be chamar a atenção. Não bas-
tasse utilizar motor de carro, a

empresa ainda optou por um
propulsor a diesel. A Track
T800-CDi recebeu o motor do
Smart ForTwo. Outro item in-
comum na moto era o câmbio
automático CVT.
O nome já diz tudo. A alemã
Münch Mammut surgiu em
meados dos anos 60 com motor
de 996 cm³ e 55 cv do Prinz, mo-
delo produzido pela antiga
NSU, marca que depois passou
a fazer parte da Audi. A empresa
tentou um ressurgimento por
volta de 2000, igualmente em
grande estilo. A Mammut 2000
tinha motor 2.0 turbo, da
Cosworth, mas poucas unida-
des foram feitas.
No início dos anos 2010, a Sa-
bertooth Motorcycles criou mo-
delos com motor Ford V8. Ha-
via até uma versão chamada
Turbo Cat, com motor 4.6 V8
biturbo de 600 cv. A empresa
não sobreviveu.

JornaldoCarro


O casamento entre motocicleta e


automóvel não é comum, mas existe


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Recorde. Amazonas foi
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V8. A Boss Hoss adapta motor de Chevrolet em suas motos

Veículos*


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