O Estado de São Paulo (2020-05-25)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:A-6:20200525:
H6 Especial SEGUNDA-FEIRA, 25 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Mande sua dúvida.
Envie sua questão
sobre decoração para:
meuprojetonocasa@
estadao.com

casa


l Pergunta
Olá Casa! Acabo de adquirir um
pequeno estúdio e quero fazer
dele um imóvel de aluguel por
temporada. Por isso, a decora-
ção deverá ser prática, mas ao
mesmo tempo, descolada, já
que acredito que vou ter muitos
jovens como hóspedes. Gosto
da ideia de integrar ambientes,
mas, pensando em fumantes,
não acho interessante incorpo-
rar a varanda. Gosto de cores e
revestimentos (desde que de
fácil limpeza) e boa relação cus-
to-benefício. Deixo a critério
de vocês. Agradeço desde já.
Jayme Pereira,
Centro, São Paulo


l Resposta:
Oi Jayme. Minha ideia foi am-
pliar as possibilidades de seu
espaço. Assim, você pode dis-
por de quarto, sala de estar, es-
critório, cozinha e serviço em
um ambiente integrado. O mo-
biliário é despojado, com to-
que de cor e o piso, vinílico,
com toque da madeira: prático
de instalar, com ótimo custo-
benefício e simples de manter.
Pensei também em muitos ar-
mários, porque organização,
no caso de um estúdio como o
seu, é bem importante. Brin-
quei com texturas: madeira su-
bindo na parede, cabeceira de


tecido e um canto revestido
com papel de parede. Os mó-
veis já servem de divisória,
pois não queríamos quebrar a
integração. Tem também ci-
mento no teto e em algumas
paredes, para trazer a pegada
do loft, que agrada tanto e tem
um clima tão cool e urbano. Es-
pero que goste!

]
PATI CILLO, ARQUITETA,
(PATICILLO.COM.BR).

Leitor quer decoração
prática para um estúdio


que, pós-pandemia,


deverá ser alugado


por temporada


Marcelo Lima


Jardineiro amador, o arquiteto
Alexandre Zanini assistiu com
surpresa o renascer de sua or-
quídea, que ele ganhou de pre-
sente, e que circulou por sua sa-
la por algumas semanas, até per-
der completamente as flores e
ser transferida para a varanda
do apartamento, no nono andar
de um edifício na Vila Madale-
na, em São Paulo. “Eu não espe-
rava, mas em poucos meses ela
recuperou todas as sua flores.
Está igual, ou melhor, do que
quando chegou”, comenta.
Habitantes de grandes cen-
tros urbanos, como Zanini, fre-
quentemente se ressentem de
um contato mais próximo com
plantas, árvores e flores. Para
muitos deles, varandas e saca-
das com vasos dispostos em mó-
veis, paredes e até gradis aca-
bam se tornando pequenos
oásis, nos quais a prática da jar-
dinagem acontece de forma es-
pontânea, mas, ainda assim, bas-
tante satisfatória. Tudo a depen-
der da maior ou menor adequa-
ção entre as plantas escolhidas
e as condições locais de cultivo,
(mais informações ao lado).
“Não é por acaso que as xerófi-
tas (plantas adaptadas à vida em
climas desérticos e semidesérticos,
em geral em regiões de grande alti-
tude, sujeitas a intensa insolação)
estão sendo tão procuradas”,
afirma o paisagista Luciano Za-
nardo. “Elas se adaptam bem ao
cultivo em pequenos vasos e se
desenvolvem bem no alto de
prédios de cidades com clima
que tende ao seco, como o nos-
so. Além de que, por necessita-
rem pouca manutenção hídri-
ca, representam uma boa opção
para quem às vezes se esquece


de regar”, diz.
Isso não significa, no entan-
to, que xerófitas populares, co-
mo cactos, agave, babosa ou a
popular espada de São Jorge se-
jam as únicas espécies indica-
das para compor a sua área ver-
de – mas apenas que são mais
resistentes. Flores, plantas or-
namentais e até árvores frutífe-
ras podem embelezar varandas
e terraços de qualquer tama-
nho, desde que observadas as
características físicas de cada lo-
cal, principalmente a insolação
e as condições de exposição aos
ventos e à chuva.
Plantas mais sensíveis ao sol,
como as folhagens, por exem-
plo, costumam se desenvolver
melhor em varandas voltadas
para a face leste, pois é onde o
sol nasce e a temperatura é mais
amena. Já a face oeste, onde ele
se põe, é um local naturalmente
mais quente, sendo que o calor
que se acumula nos vasos duran-
te o dia faz com que a água eva-
pore mais rápido. Por isso, é o
lugar ideal para cultivar plantas
que possuam folhas e raízes
mais robustas, como arbustos,
azaleias e cactos, entre outros.
Outras espécies também po-
dem se desenvolver nestas con-
dições, mas elas deverão ser re-
gadas com mais frequência.
A face norte é a que mais rece-
be sol no inverno, sendo ideal
para variedades que necessitam
de mais calor, como plantas que
florescem o ano todo. Outras,
típicas de inverno, como begô-
nias e hortênsias, também flo-
rescem melhor se expostas para
a face norte. Mais fria e sombrea-
da, a face sul é a mais indicada
para o plantio de árvores e arbus-
tos mais enraizados. Ainda as-
sim, é importante observar as
condições de cada local: nas
grandes cidades, o sombrea-
mento produzido por edifícios,
toldos, ou outras construções
adjacentes podem interferir na
incidência dos raios solares.
Se observadas essas condi-
ções, e desde que regadas de for-

ma adequada, a maioria das
plantas tem plenas condições
de se desenvolver nas varandas
e terraços, independentemente
da área do espaço. Mas, para ga-
rantir maior perenidade, é fun-
damental atentar para dois ou-
tros fatores: a incidência de ven-
tos e de chuvas.
Em locais onde venta muito,
espécies mais rústicas, planta-
das em vasos maiores e mais pe-
sados, são as mais indicadas. Se
a área for aberta e localizada em
um andar muito alto, é melhor
evitar plantas altas e com tron-
cos finos, uma vez que um ven-
to mais forte pode quebrar facil-
mente seus galhos.
Por fim, embora espécies co-
mo o buxinho, que necessitam
de água de forma abundante, se
adaptem bem a períodos de
chuvas prolongadas, não des-
cuide nunca da drenagem de
seus vasos. Caso a quantidade
seja excessiva, o vaso pode ficar
úmido demais e acabar apodre-
cendo sua planta. Sobretudo
no caso dos cactos e das sucu-
lentas, que exigem regas mais
contidas e espaçadas.

UM ESTÚDIO DESCOLADO E PRÁTICO


PLANTAS INDICADAS

Condições locais. Exposição a ventos, chuvas e luz natural também devem ser considerados para definir as plantas

Folhagens. Indicadas em áreas sem incidência de ventos

COMO DEIXAR


SUA VARANDA COM


ARES DE JARDIM


Preste atenção nas


áreas de incidência


de sol para escolher


as espécies mais


promissioras


Meu projeto no Casa*


ALEXANDRE ZANINI

FOTOS: PATI CILLO ARQUITETURA

CACÁ BRATKE

Integração.
Móveis
servem de
divisória
entre os
ambientes.
Acima, à dir.,
a planta do
estúdio;
abaixo, a
arquiteta
Pati Cillo.
Ao lado,
estante e
mesa de
refeições

CELINA GERMER

l Pouca incidência de
ventos: Clúsias, bromélias, or-
quídeas, samambaias e heras.

l Alta incidência de ventos:
Suculentas, cactos, jabutica-
beira, espada de São Jorge,
azálea.

l Sol pela manhã: Lírio-da-
paz, clívia, bromélias e begônias.

l Sol pela tarde: Bougainvil-
lea, solano e strelitzia.

l Alta exposição a chuvas:
agave, buxinho, clúsia, bulbi-
ne, moreia.
Free download pdf