O Estado de São Paulo (2020-05-26)

(Antfer) #1

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A2 Espaçoaberto TERÇA-FEIRA, 26 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO






Um ex-chefe de uma produto-
ra de filmes foi preso por su-
posto envolvimento em uma
fraude de US$ 30 milhões rela-
cionada a um fundo criado pa-
ra ajudar empresas durante a
pandemia do coronavírus.
William Sadleir, de 66 anos,
supostamente mentiu nas soli-
citações dizendo ser acioná-


rio da Aviron. “Imediatamen-
te após o recebimento do va-
lor, uma quantia significativa
foi desviada para as contas pes-
soais da Sadleir e usada para
despesas pessoais”, diz a acu-
sação do Ministério Público
de Los Angeles.

http://www.estadao.com.br/e/fraude

A


nálises e estudos das
principais organizações
internacionais indicam
que a pandemia pode esten-
der-se por um período maior
que o antecipado. A vacina
contra a covid-19 promete tar-
dar para ser comercializada.
A recessão global vai ser pro-
funda e demorada. As conse-
quências sobre a economia e o
comércio internacional pode-
rão ser devastadoras, com gra-
ve queda do crescimento e do
desemprego global.
A recuperação do Brasil não
vai ser rápida, nem o País sairá
mais forte, como alguns anun-
ciam. Os efeitos sobre o Brasil
hão de perdurar por muito tem-
po caso medidas drásticas não
sejam tomadas. É tempo de re-
pensar nossas vulnerabilidades
e aproveitar para passar o Bra-
sil a limpo, de modo a moderni-
zá-lo com menor desigualdade
regional e social. E também de-
finir o lugar do Brasil no mun-
do, como uma das dez maiores
economias, inserido de forma
competitiva nos fluxos dinâmi-
cos do comércio internacional.
O Executivo – levando em
conta o pacto federativo – tem
um compromisso inadiável
com a aprovação e execução
de reformas (sobretudo a tri-
butária e a administrativa) e
com medidas regulatórias, sim-
plificação e desburocratização
para aumentar a competitivi-
dade da economia, tornar
mais ágeis as agências regula-
doras e tornar efetivas as pro-
metidas desestatizações e ven-
das de centenas de empresas
estatais/paraestatais e conces-
sões de serviços públicos.
Será indispensável um traba-
lho conjunto e coordenado
com o Congresso para avançar
nas medidas legislativas essen-
ciais para criar condições de
atrair investimentos do setor
privado interno e externo.
Com a tendência a maior infor-
malidade e pobreza na saída da
pandemia, será inevitável, na
área social, discutir como tor-
nar permanente o programa de
auxílio emergencial para dar
proteção a quase 80 milhões de
beneficiários. A gravidade da
crise, que afetou a todos, exigi-

rá menos atritos entre os Pode-
res e mais agilidade e rapidez
dos legisladores para discutir
essas agendas ainda este ano.
Em vista do impacto da crise
sobre a economia em todos os
países, haverá crescimento do
papel do Estado como indutor
do investimento público e pri-
vado. A exemplo do que ocorre
nos EUA e na Europa, o gover-
no central deverá aumentar
seu gasto para estimular a recu-
peração da economia, com im-
pacto fiscal inevitável pela flexi-
bilização de medidas de con-
tenção fiscal, mas com políti-
cas para o controle das contas
públicas em médio prazo (ân-
cora fiscal). No caso do Brasil,
à luz das políticas liberais do
governo, a ênfase está posta na
importância da participação
do setor privado na fase de re-
cuperação. O envolvimento do
setor privado e de organismos

financeiros internacionais, con-
tudo, não será automático e de-
penderá de condições míni-
mas de segurança jurídica para
o investimento, de prioridade
em relação a projetos de con-
cessão e obras públicas e de si-
nalização clara de transparên-
cia no trato com o governo.
A ausência de liderança e de
uma clara visão estratégica de
médio e longo prazos para a
condução do processo de recu-
peração do País pode impedir
que medidas duras sejam toma-
das para fazer o Brasil superar
o impacto da crise. Não existe
vácuo em política. Alguém terá
de ocupar esse espaço.
O grupo de trabalho criado
pelo Executivo e presidido pela
Casa Civil deveria ser o catalisa-
dor dos esforços visando à re-
cuperação da economia e lide-
rar, em nome do presidente da
República, a efetiva coordena-
ção entre representantes dos
três Poderes, dos órgãos regula-
dores e outros que interferem
no processo administrativo.
As atividades desse grupo co-

meçaram a ser tratadas na fa-
mosa reunião ministerial agora
tornada pública. Seu âmbito
poderia ser ampliado e envol-
ver, além do Executivo, nos
próximos três meses, outros
segmentos da sociedade: Con-
gresso, economistas, empresá-
rios, trabalhadores e institui-
ções técnicas especializadas. O
Ministério da Economia come-
ça a traçar cenários e a fazer es-
timativas para o day after, que –
se espera – devem estar articu-
lados com o grupo de trabalho.
Será importante conseguir
um consenso mínimo para ace-
lerar a implementação de po-
líticas e de medidas essenciais
com o objetivo de retomar o
crescimento, reduzir o desem-
prego e aperfeiçoar as funções
do Estado.
Não se pode esperar a ade-
são de todos ao programa que
vier a ser aprovado, pela radica-
lização das posições em vista
da divisão política existente
hoje. É sintomático – e um de-
safio para outras forças políti-
cas – que o PT tenha decidido
engajar-se nessa discussão e
dar inicio à formulação de pro-
jeto de retomada econômica,
criação de empregos, reestru-
turação do Estado e da sobera-
nia nacional. O bom senso
aconselha que o interesse na-
cional, acima de partidos e
ideologias, com visão de mé-
dio e longo prazos, deva ser a
tônica das discussões.
Caso a situação política não
permita avançar com essa agen-
da, a alternativa será o aprofun-
damento da crise econômica,
política e social, com a parali-
sia dos governos federal e dos
Estados e municípios, com al-
to custo para a população.
Nada é mais difícil de execu-
tar, mais duvidoso de ter êxito
ou mais perigoso de manejar
do que dar início a uma nova
ordem de coisas, já ensinava
Maquiavel. Essa lição de realis-
mo deveria ser seguida hoje pe-
los formuladores de políticas
em Brasília.

]
PRESIDENTE DO INSTITUTO
DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
E COMÉRCIO EXTERIOR (IRICE)

Os visitantes terão suas tem-
peraturas verificadas e terão
que usar máscaras.

http://www.estadao.com.br/e/vaticano

HOLLYWOOD


Produtor é preso por fraudar fundo


Chefe do sindicato dos joga-
dores diz que, embora as ta-
xas de infecção da covid-
estejam diminuindo, há
chance de novos surtos.

http://www.estadao.com.br/e/futebol

l“Prometeu combater a corrupção e o enxugamento da máquina públi-
ca. Está entregando exatamente o contrário. Será preciso desenhar?”
JOÃO ALEXANDRE ROCHA

l“O chamado ‘gabinete do ódio’ são as ‘tias do WhatsApp’ que nunca
viram um centavo estatal para apoiar o governo.”
EDIVALDO MENESES

l“É daí que vêm as fake news. Criam um mundo de ilusões e menti-
ras, como na ditadura. E nós pagamos os funcionários dessa porcaria.”
DÉIA ALEIXO

l“Quanto era mesmo o número de ministérios nos governos anterio-
res? E quanto é hoje?”
MARCIO FATTORE

INTERAÇÕES

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA
MEMBROS
FERNANDO C. MESQUITA
FERNÃO LARA MESQUITA
FRANCISCO MESQUITA NETO
GETULIO LUIZ DE ALENCAR
JÚLIO CÉSAR MESQUITA

Guitarrista do Queen foi ao
hospital para investigar do-
res nas costas e descobriu
que tinha sofrido um peque-
no ataque cardíaco.

http://www.estadao.com.br/e/queen

Espaço Aberto


N


ada como um bom gar-
rote financeiro para tra-
zer todos os pés de vol-
ta ao chão. Quem vive aqui fo-
ra que o diga. A privilegiatura
acaba de passar por algo que re-
motamente lembra a nossa
condição cotidiana e entrou
em tal estado de pânico que
concedeu até acenar-nos com
alguma paz.
Ficar sem salário?! Quando
as labaredas batem nos fundi-
lhos só resta saltar da janela.
Até o dinheiro combinado aca-
bar de pingar certamente have-
rá trégua. Nada que tenha vin-
do para ficar, é claro. Daqui por
diante é padrão Centrão: uma
nova pequena crise a cada nova
“tranche” de sobrevida, seja
dos governadores, seja da “go-
vernabilidade”. Mas pode durar
o bastante para nos permitir sa-
ber qual seria a bolsa, o dólar, o
tamanho da quarentena e do es-
trago na economia e no empre-
go se tivéssemos a felicidade de
estar enfrentando só a pior pes-
te da “era da informação”.
O aperto é tanto que tende a
empurrar até a quarentena pa-
ra o razoável. Mesmo para os
governadores ricos e chiques,
defensores mais ferrenhos da
burra, vai caindo a ficha da rea-
lidade sinistra do favelão nacio-
nal. “Eu sempre mantive 60%
da economia aberta.” “O setor
de construção sempre se man-
teve operando” (e se ele pode,
e com segurança, por que ou-
tros não poderiam?)...
Com Bolsonaro “despossuí-
do” e mantendo a abstinência
de discursos de beira de cerca é
possível até que cheguemos a
delegar aos prefeitos, que sa-
bem o que se passa em seus ter-
reiros, as decisões sobre qua-
rentenas, com os governadores
e o presidente cuidando só de
assessorá-los na definição dos
parâmetros para o isolamento
e de manter em funcionamen-
to a rede hospitalar como deve-
ríamos ter feito desde o início.
Este o quadro do Brasil que
ainda oscila com o andamento
da Guerra dos Trouxas, esta en-
tre a “direita” e a “esquerda”
da mesma privilegiatura, que
disputam o prêmio que somos
nós. O outro, o Brasil Real, que


se divide entre “nobres” e “ple-
beus”, este continua intacto
desde 1808.
O entendimento em torno
do veto aos aumentos do fun-
cionalismo demorou porque
era Bolsonaro que precisava ser
convencido depois que o major
Vitor Hugo, seu líder na Cama-
ra, anunciou sua última traição
ao ministro Paulo Guedes. Dos
governadores sem dinheiro ha-
via uma resistência menos que
frouxa. E dos solertes defenso-
res do “estado democrático de
direito” do Judiciário, da acade-
mia e da imprensa a absoluta
ausência de pressão de sempre,
pois, a seu ver, “cloroquina ou
não cloroquina” ou os adjetivos
que o presidente usa para refe-
rir-se ao regime militar morto
há 35 anos são ameaças muito
mais concretas à democracia
brasileira que a existência de
uma privilegiatura constitucio-

nalmente isenta das misérias
que fabrica autorizada a ROU-
BAR-NOS COM A LEI.
Perdido como está, para sa-
ber o que é democracia o brasi-
leiro tem de olhar para fora,
mas com o olho que a impren-
sa mantém fechado. Você sa-
be, por exemplo, que o Bolso-
naro dos americanos toma clo-
roquina, mas nunca teve qual-
quer notícia da frenética corri-
da que está havendo por lá pa-
ra manter o povo mandando
no governo, apesar das implica-
ções da pandemia na véspera
da eleição mais importante do
calendário deles?
Enquanto aqui meia dúzia de
gatos-pingados podem anular
58 milhões de votos, na demo-
cracia sem aspas o povo decide
literalmente tudo. Quem terá o
direito de pedir votos em elei-
ções para o Legislativo, o Execu-
tivo e o Judiciário (sim, ele tam-
bém!); que leis o povo vai pro-
por aos ou aceitar dos legisla-
dores; quais funcionários públi-
cos permitirá que os políticos
nomeiem e quais querem ele-

ger diretamente; que funcioná-
rio eleito continua até o fim do
mandato ou sai antes que ele
termine; que obras o povo admi-
te pagar e como, etc. E a pande-
mia pegou-os bem no início,
tanto do processo de apresenta-
ção de candidaturas para elei-
ções primárias quanto de quali-
ficação das leis e outras iniciati-
vas do povo que tomarão caro-
na nas cédulas da eleição de no-
vembro para receber um “Sim”
ou um “Não” dos interessados.
Até meados da semana passa-
da o site ballotpedia.org, que co-
bre essa democracia americana
(não a do New York Times), re-
gistrava 92 novas leis estaduais
para tratar essas questões du-
rante a pandemia. O direito de
votar pelo correio, limitado a
pessoas com problemas espe-
ciais, está sendo estendido a to-
dos. As regras de coleta de assi-
naturas, tanto para a qualifica-
ção de candidaturas, que, den-
tro ou fora dos partidos, come-
çam obrigatoriamente com es-
se passo, quanto para a qualifi-
cação de leis de iniciativa popu-
lar para subir à cédula da próxi-
ma eleição, estão sendo altera-
das. Passam a valer assinaturas
online, os prazos foram estendi-
dos e, em alguns casos, mesmo
as quantidades de assinaturas
exigidas foram reduzidas. Algu-
mas eleições primárias foram
canceladas e, em vez de dois no-
mes, haverá Estados em que
aparecerão dez nomes de candi-
datos a presidente na cédula (a
corrida começou com 1081!) pa-
ra a escolha final do eleitor.
Ninguém quer que você sai-
ba, enfim, que, exatamente ao
contrário do que acontece
aqui, lá vale qualquer risco para
impedir que, na crise, o Estado
escape um milímetro que seja
ao férreo controle do povo.

Nota: Artigo escrito antes da
exibição do vídeo da reunião mi-
nisterial de Bolsonaro que manti-
ve por acreditar que o problema
real é o tratado aqui e não o ba-
rulho com que querem evitar a
discussão dele.

]
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LUIZ CARLOS MESQUITA (1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
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Pedro Almeida minimizou
mortes por covid-19 e se ar-
rependeu após repercussão.

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A Guerra dos Trouxas


e a saúde da democracia


Perdido como está,
para saber o que é
democracia o brasileiro
tem de olhar para fora

Bom senso


acima de tudo


Acima de partidos e
ideologias, o interesse
nacional deve ser a
tônica na recuperação

AMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
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Bolsonaro descumpre


promessa de corte em


cargos no Planalto


Presidente disse que acabaria com 30%
dos postos, mas supera Temer, Dilma e
Lula em nº de assessores especiais

]
Rubens Barbosa

MARIO ANZUONI/REUTERS QUEEN

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CULTURA

Museus do Vaticano
devem reabrir

LITERATURA

Curador do Jabuti se
desculpa por post
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