O Estado de São Paulo (2020-05-26)

(Antfer) #1

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O ESTADO DE S. PAULO TERÇA-FEIRA, 26 DE MAIO DE 2020 NotaseInformações A


N


ão há dúvidas. Jair Bolsonaro e
Lula da Silva nasceram um para
o outro.
Tanto o presidente da Repúbli-
ca como o chefão petista se asso-
ciam na mais absoluta falta de es-
crúpulos, em níveis que fariam até Maquiavel
corar. Pois o diplomata florentino que viveu en-
tre os séculos 15 e 16, malgrado tenha descarta-
do a retidão moral absoluta como fator essen-
cial para o bom governo, formulou uma ideia
de ética específica para a política, segundo a
qual, entre outras regras, o governante jamais
deve colocar seus interesses pessoais acima dos
interesses do Estado nem agir como se seu po-
der fosse ilimitado: “O príncipe que pode fazer
o que quiser é um louco”, escreveu em sua obra
mais conhecida, O Príncipe (1532).
Jair Bolsonaro e Lula da Silva unem-se co-
mo siameses. Enxergam o mundo e seu papel
nele da mesmíssima perspectiva. Tudo o que
fazem diz respeito exclusivamente a seus pro-
jetos de poder, nos quais o Estado e o povo
deixam de ser o fim último da atividade políti-
ca e passam a ser meros veículos de suas aspi-
rações totalitárias.


Ambos, Bolsonaro e Lula, só se importam
com o sofrimento e a ansiedade da população
na exata medida de seus objetivos eleitorais. O
petista, por exemplo, declarou recentemente
que “ainda bem que a natureza criou esse mons-
tro chamado coronavírus para
que as pessoas percebam que
apenas o Estado é capaz de dar a
solução, somente o Estado pode
resolver isso”.
Tão certo de sua inimputabili-
dade, Lula da Silva nem se preo-
cupou em ao menos aparentar
retidão moral, como recomenda-
va Maquiavel aos príncipes de
seu tempo, entregando-se à
mais vil exploração política do
sofrimento causado pela pande-
mia de covid-19. Lula da Silva é,
assim, o anti-Maquiavel: enquan-
to o florentino elogiou seus conterrâneos por
preferirem salvar sua cidade em vez de salvar
suas almas, Lula saúda a morte de seus compa-
triotas como uma espécie de sacrifício religioso
em oferenda à estatolatria lulopetista.
Já Bolsonaro, bem a seu estilo, continua a

menosprezar os milhares de brasileiros mor-
tos na pandemia, agora com requintes de cruel-
dade. Depois do infame “e daí?”, expressão
que usou ao reagir à informação sobre a escala-
da do número de mortos no Brasil, o presiden-
te da República não viu nenhum
problema em fazer piada com a
desgraça do país que ele foi elei-
to para governar. “Quem é de di-
reita toma cloroquina, quem é
de esquerda toma Tubaína”,
brincou Bolsonaro.
Nem se deve perder tempo pro-
curando graça onde, definitiva-
mente, não há. Diante das dra-
máticas circunstâncias, só riu da
blague bolsonarista quem não nu-
tre nenhuma empatia ou respei-
to pelo sofrimento dos outros.
Para o presidente da República,
só os direitistas são dignos de salvação – por
meio da cloroquina, que Bolsonaro, baseado
em estudos fajutos, quer que os brasileiros to-
mem para que o País supere rapidamente a pan-
demia e “volte ao normal”. Já os “esquerdistas”


  • isto é, todos os que não são bolsonaristas –,


que bebam refrigerante.
Bolsonaro e Lula são o resultado mais vistoso
da degradação violenta da atividade política,
aquela que, na concepção de Maquiavel, deve-
ria almejar a todo custo o bem coletivo. Cada
um à sua maneira, um mais truculento, o outro
mais dissimulado, o presidente e o petista se
consideram fora do alcance das considerações
éticas que deveriam moderar o poder e que es-
tão no coração das sociedades democráticas.
Lula trabalha desde sempre para cindir o País


  • e sua recente celebração do coronavírus pode
    ser vista como uma espécie de corolário maca-
    bro da concepção doentia segundo a qual os bra-
    sileiros recalcitrantes, que ainda não aceitam o
    projeto de Estado autoritário idealizado pelo lu-
    lopetismo, devem ser castigados pela natureza
    para que aprendam de uma vez por todas que
    Lula sempre tem razão. Bolsonaro faz exata-
    mente o mesmo, e ainda enxovalha publicamen-
    te quem se recusa a aceitá-lo como salvador.
    O bolsonarismo é um monstrengo antidemo-
    crático que só ganhou vida e ribalta por obra e
    graça do lulopetismo. A uni-los, a sede de poder
    absoluto. Mas, como já ensinou Maquiavel, não
    há poder que dure para sempre.


A


palavra “crise”,
amplamente em-
pregada para sig-
nificar qualquer
ruptura abrupta
e radical, tem ori-
gem médica. Nos cânones de
Hipócrates ou Galeno o vocá-
bulo grego krisis designa “o
ponto de inflexão em uma
doença rumo à recuperação ou
à morte”. Curiosamente, o ter-
mo é derivado da terminologia
moral e jurídica: krinein – “sepa-
rar, decidir, julgar” – da raiz
protoindo-europeia krei – lite-
ralmente “peneirar”, e daí “dis-
criminar, distinguir”. Na maior
crise da nossa era estes senti-
dos se interpenetram. As per-
das em vidas e empregos são ca-
tastróficas e os riscos de uma
“geração perdida” são reais.
Mas conhecendo-os é possível
discernir oportunidades de
transformação para melhor.
Em números compilados pe-
lo Fórum Econômico Mundial
o impacto é sem precedentes:
500 milhões de pessoas podem
despencar na pobreza; a produ-
ção global deve encolher 3%; o
comércio, de 13% a 32%; os in-
vestimentos estrangeiros, de
30% a 40%; mais de 80% dos es-
tudantes estão fora das esco-
las; e 34% dos adultos experi-
mentam efeitos adversos sobre
sua saúde mental.
Após consultar 350 analistas
de risco, o Fórum divisou qua-
tro zonas críticas: os riscos das
transições econômicas e mu-
danças estruturais; os riscos de
paralisia e retrocesso na agen-
da do desenvolvimento susten-
tável; os traumas decorrentes
das rupturas sociais; e os riscos
derivados da adoção abrupta
da tecnologia.


A recessão econômica domi-
na os temores. “Uma dívida
crescente provavelmente one-
rará os orçamentos públicos e
os balanços empresariais por
anos, as relações econômicas
globais podem ser fraturadas,
economias emergentes correm
o risco de mergulhar em uma
crise mais profunda, enquanto
os negócios podem enfrentar
condições cada vez mais adver-
sas nos padrões de consumo,
produção e competição.”
Essas rupturas podem ter
amplas reverberações ambien-
tais, sociais e tecnológicas.
“Omitir os critérios de susten-
tabilidade na recuperação ou
retornar a uma economia de

emissões intensivas de carbo-
no ameaça perturbar a transi-
ção para a resiliência climática
do baixo carbono”, desenca-
deando um “ciclo vicioso de
contínua degradação ambien-
tal, perdas de biodiversidade e
mais surtos de doenças infec-
ciosas zoonóticas”.
Além das ameaças à saúde
pública, o bem-estar individual
e social deve ser perturbado pe-
la automação acelerada da for-
ça de trabalho. O colapso das
economias mais vulneráveis po-
de ter consequências humanitá-
rias pavorosas. E há os riscos
crescentes para a liberdade in-
dividual, educação e prosperi-
dade da geração mais jovem.
A digitalização abrupta po-
de criar novas oportunidades
de trabalho, mas também pre-

cipitar os riscos de inseguran-
ça cibernética, fragmentação
digital e desigualdade. A des-
confiança da tecnologia e os
desvios na sua utilização po-
dem ter efeitos duradouros so-
bre a sociedade.
Mas o Fórum deixa claro que
estas conjecturas não são exer-
cícios de futurologia. “Ao con-
trário, elas nos lembram da ne-
cessidade de ação proativa hoje
para moldar o ‘novo normal’
desejável.” O choque foi brutal,
mas despertou sentimentos de
solidariedade que, se canaliza-
dos na reativação das econo-
mias, podem “embutir mais
igualdade social e sustentabili-
dade na recuperação, aceleran-
do, antes que freando, o pro-
gresso rumo aos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável
de 2030”. Mas, para tanto, os
riscos precisam ser manejados.
Historicamente não há qual-
quer padrão determinista para
o desfecho de uma pandemia.
As interpretações sobre a pior
de todas, a Peste Negra, por
exemplo, são ambivalentes: se
para muitos historiadores ela
recrudesceu aspectos mórbi-
dos da cultura medieval tardia,
para outros ela precipitou o
processo que levaria à Renas-
cença – para outros ainda, pas-
sado o choque, ela não produ-
ziu transformações duradou-
ras. Plausivelmente as três ten-
dências – à indiferença, ao pro-
gresso e ao retrocesso – intera-
giram entre si. Agora não é dife-
rente. O mundo saiu do contro-
le e escapou das nossas mãos.
Há o risco de que elas não o re-
cuperem mais – mas ainda está
ao seu alcance apanhar essa
massa crítica para moldar um
futuro melhor.

O


presidente Jair
Bolsonaro já
não faz questão
de esconder
que seu gover-
no está à ven-
da. Seu único propósito, agora
e no futuro previsível, é agar-
rar-se à faixa presidencial, ao
custo de cada uma de suas pro-
messas de saneamento da po-
lítica nacional. E que fique cla-
ro: a esta altura, não se trata
mais de vender cargos em tro-
ca de votos para aprovar maté-
rias de seu interesse. Ou seja,
não é governabilidade que o
presidente procura, pois esta já
não existe mais, e mesmo que
existisse Bolsonaro não saberia
o que fazer com ela. Para Bolso-
naro, trata-se, simplesmente,
de ter um lote suficiente de vo-
tos para não ser cassado num
processo de impeachment.
O mais recente negócio de
ocasião oferecido na queima
de estoque bolsonarista foi a
entrega de uma diretoria do ge-
neroso Fundo Nacional de De-
senvolvimento da Educação
(FNDE) para um apadrinhado
do ex-deputado Valdemar Cos-
ta Neto, do Partido Liberal
(PL). Esse senhor, com quem
agora Bolsonaro mercadeja, já
teve de renunciar duas vezes
ao mandato de deputado. A pri-
meira em 2005, quando se viu
pilhado no escândalo do men-
salão e admitiu que recebeu di-
nheiro do PT. Renunciou para
preservar seus direitos políti-
cos. Eleito deputado em 2006
e reeleito em 2010 – quando só
obteve o mandato graças ao pa-
lhaço Tiririca, folclórico puxa-
dor de votos –, renunciou nova-
mente em 2013, quando o Su-
premo Tribunal Federal decre-

tou sua prisão no processo do
mensalão. Enquadrado na Lei
da Ficha Limpa, está proscrito
da vida política nacional até


  1. Um currículo e tanto.
    A despeito disso tudo, o sr.
    Costa Neto segue sendo o che-
    fão do PL e é com ele que qual-
    quer interessado deve se acer-
    tar se quiser o apoio dos 39 de-
    putados da legenda. Na mesma
    xepa bolsonarista, o Partido Pro-
    gressista (PP), do igualmente
    notório senador Ciro Nogueira,
    espera obter a chefia do FNDE,
    que tem orçamento de R$ 54 bi-
    lhões, maior que o de vários Mi-
    nistérios. Sob a presidência do
    sr. Nogueira, o PP, hoje com 40
    deputados, tornou-se o partido


com o maior número de parla-
mentares envolvidos no escân-
dalo do petrolão, mais até que o
PT, tão execrado pelo presiden-
te Bolsonaro e seus devotos.
Para entregar uma das joias
da coroa do Ministério da Edu-
cação aos partidos que prome-
tem salvá-lo do impeachment,
Bolsonaro não se importou em
atropelar um de seus mais fiéis
sabujos, o ministro Abraham
Weintraub, genuíno represen-
tante da “ala lunática” do gover-
no e que havia manifestado ao
presidente sua contrariedade.
Aparentemente, Weintraub fi-
cou só no esperneio, e agora,
como todos os demais fanáti-
cos bolsonaristas, terá de en-
contrar uma narrativa que ex-
plique por que o líder da “nova
política” está em aberto contu-

bérnio com o que há de pior na
odiada “velha política”.
E não vai parar por aí. Carlos
Marun, influente no MDB e
que se notabilizou pela defesa
que fez de Eduardo Cunha du-
rante o processo que afinal cas-
sou aquele mal-afamado depu-
tado, foi reconduzido por Bolso-
naro ao Conselho de Adminis-
tração de Itaipu. E o comando
do Departamento Nacional de
Obras contra a Seca foi entre-
gue por Bolsonaro a um apadri-
nhado do deputado Arthur Lira
(PP), líder do bloco chamado
de “Centrão” e conhecido tam-
bém por ser réu na Lava Jato.
Todas essas negociações, em
tese, darão a Bolsonaro a baga-
tela de 220 votos, insuficientes
até para dar quórum a qualquer
votação (257 deputados), que
dirá para aprovar alguma refor-
ma constitucional. Mas é o bas-
tante para impedir que se arre-
gimentem os 308 votos neces-
sários para cassar o presidente.
Ao lotear seu governo, Bolso-
naro espera ganhar tranquilida-
de política para continuar a
exercer sua especialidade: criar
crises e naturalizar sua trucu-
lência, desmoralizando a políti-
ca e as instituições democráti-
cas. Bolsonaro passou três déca-
das como deputado dando mo-
tivos mais que suficientes para
sua cassação. Não só não foi
cassado, como elegeu-se presi-
dente da República. A mesma
hesitação ante as agressões de
Bolsonaro à democracia se veri-
fica agora, e é nisso que o presi-
dente parece apostar para con-
tinuar inimputável. Enquanto
as lideranças políticas vacilam,
o bolsonarismo vai se tornando
um mal crônico, com o qual se
convive por falta de alternativa.

Nascidos um para o outro


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

Jair Bolsonaro já não
faz nenhuma questão
de esconder que seu
governo está à venda

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Notas & Informações


As consequências da crise


Historicamente não
há padrão determinista
para o desfecho
de uma pandemia

Às escâncaras


lDesgoverno Bolsonaro
Guerra civil?!
Como se já não bastasse a no-
ta ameaçadora do ministro-
chefe do Gabinete de Seguran-
ça Institucional (GSI) falando
em “consequências imprevisí-
veis para a estabilidade nacio-
nal”, surge agora um manifes-
to de 90 oficiais bolsonaristas
da reserva do Exército intimi-
dando os brasileiros de bem e
exortando à eventualidade in-
sana de uma guerra civil no
País, fazendo acusações à im-
prensa e ao Supremo Tribunal
Federal, bradando contra falta
de “decência” e de “patriotis-
mo”. Seria exemplar que esses
senhores dessem o nome dos
indecentes e antipatriotas a
que se referem. Onde está a
dita democracia tão propalada
pela autoridade maior da Na-
ção? A covid-19, com sua guer-
ra particular, já dizimou mais
de 23 mil vidas de brasileiros.
Ora, ao falarem em guerra ci-
vil, além do desejo de conter
o direito à liberdade de expres-
são e ao livre ir e vir, clara-
mente explicitados na Consti-
tuição brasileira, quantas mais
vidas esses 90 oficiais da reser-


va têm em mente dizimar?
Ora, tenham dó...
DAVID ZYLBERGELD NETO
[email protected]
SÃO PAULO

Pijamismo
Esse grupo de 90 oficiais da
reserva do Exército deveria
cobrar do presidente da Repú-
blica ações com base na inte-
gridade, na ética e no cumpri-
mento das leis – o que Bolsona-
ro despreza, embora tenha ju-
rado respeitar a Constituição
ao tomar posse na Presidên-
cia. Mas, em lugar de fazer is-
so, esse grupo ameaça a popu-
lação brasileira com golpe e
guerra civil. Além de corporati-
vismo descarado, essa atitude
tão antipatriótica é uma vergo-
nha para as Forças Armadas.
LÍGIA BURANI
[email protected]
SÃO PAULO

Pela democracia
Diante da “nota à Nação” assi-
nada pelo ministro-chefe do
GSI e do apoio a ela, até com
certa intimidação, por milita-
res da reserva, torçamos para
que logo passe esta pandemia

e o necessário isolamento so-
cial, para que o povo brasilei-
ro possa ir às ruas exigir que
não se mexa na democracia
conquistada pelos brasileiros.
ENI MARIA MARTIN DE CARVALHO
[email protected]
BOTUCATU

Medo
Estou ficando com muito me-
do. Não do coronavírus, mas
das notícias sobre as armas.
Armamentos potentes, muita
munição, e tudo isso sem pos-
sibilidade de ser rastreado? Se
é para lutar contra essas sandi-
ces sem precedentes, vou para
a rua berrar. Prefiro morrer
de covid-19 a deixar o meu
país virar uma Venezuela de
ultradireita. E eu que tinha
medo do PT no poder...
BEATRIZ CARDOSO
[email protected]
SÃO PAULO

Armação ilimitada
Foi com apreensão que li ter
sido um militar sem cargo que
liberou a compra de mais mu-
nição (24/5, A4). Essa informa-
ção, aliada à declaração de Bol-
sonaro de que devemos armar

a população, leva-me a con-
cluir que a ala de apoio ao pre-
sidente – colecionadores, atira-
dores, caçadores – está sendo
fortemente armada. É eviden-
te que, se a maioria da popula-
ção, os mais pobres, tivesse
acesso às armas e munição,
certamente iria vendê-las às
milícias, para adquirir alimen-
tos. Tenho mais medo ainda.
CARLOS GONÇALVES DE FARIA
[email protected]
SÃO PAULO

Estado paralelo
Mais uma vez o presidente se
equivoca e pede o que é veda-
do pela Constituição da Repú-
blica, artigo 5.º, XVII, onde se
lê – e deve ser obedecido sem
questionamento – que “é ple-
na a liberdade de associação
para fins lícitos, vedada a de
caráter paramilitar”. Será que
alguém poderia avisá-lo?
JULIO CESAR DIAS NOVAIS
[email protected]
CATANDUVA

Ruptura institucional
Essa confusão toda armada
pela pessoa física de Jair Bol-
sonaro tem a razão única de

acobertar (leia-se: não investi-
gar) eventuais delitos crimi-
nais cometidos por seus filhos
e amigos. E é por motivo tão
pouco nobre que há militares
dispostos a provocar a ruptu-
ra institucional?
MILTON BONASSI
[email protected]
SÃO PAULO

Pária internacional
Desde o famigerado discurso
do presidente nas Nações Uni-
das o Brasil já se tornava um
pária internacional. Mas não
imaginei que cada brasileiro
hoje seria considerado um pá-
ria sanitário, infecto e repug-
nante ao olhar do mundo.
Nem que a economia brasilei-
ra se encaminhasse para a de-
terioração acelerada, tomada
de assalto por milicianos urba-
nos e rurais, afugentando o
capital civilizado. Nem que a
simpatia internacional se con-
vertesse em assombro e pavor
com o destino do meio am-
biente e da cultura, reduzidos
ao pasto predatório dos opor-
tunistas que passam a boiada.
É o auge do poder de Jair, não
sua crise. Ele é a própria crise,

o grande pária que busca mol-
dar a Nação à sua imagem e
semelhança, na narrativa e
nos atos que predominam e
aceleram o caos da pandemia.
Um mito, de fato. Um herói
dos desclassificados. Um mes-
sias dos párias.
ROBERTO YOKOTA
[email protected]
SÃO PAULO

Messias
Votaram num Messias que se
acha um deus. Elegeram um
pai, três filhos e vários espíri-
tos de porco.
NEIDE GONÇALVES CHAVES
[email protected]
SÃO PAULO

lCorrupção
De novo?
O PT está lançando suas pro-
postas para um novo Estado
brasileiro, chamado Plano
Lula para o Brasil. Se minha
memória não me trai, já
tivemos esse plano e o Brasil
foi roubado e destruído.
Melhor não...
LUIZ FRID
[email protected]
SÃO PAULO
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