O Estado de São Paulo (2020-05-27)

(Antfer) #1

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 27 DE MAIO DE 2020 Metrópole A


FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE E CENTRO DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS DOS EUAINFOGRÁFICO/ESTADÃO

● Brasil tem mais registros de mortes por dia do que
os Estados Unidos

COMPARAÇÃO

BRASIL

20/1 26/2 18/

1º ÓBITO
(BRASIL)

3/

1º ÓBITO
(EUA)

26/

EUA

1.
592
0

1.

2.

3.

4.

5.

6.

1º CASO
(EUA)

1º CASO
(BRASIL)

PARA PUBLICAR ANÚNCIO FÚNEBRE: BALCÃO IGUATEMI – SHOPPING IGUATEMI 1A - 04, TEL. 3815-3523 / FAX 3814-0120 – ATENDIMENTO DE 2ª A SÁBADO, DAS 10 ÀS 22 HORAS, E AOS DOMINGOS, DAS 14 ÀS 20 HORAS. BALCÃO LIMÃO – AV. PROF. CELESTINO BOURROUL, 100, TEL. 3856-2139 / FAX
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Gonçalo Junior


Com 1.039 novas mortes pelo
coronavírus registradas on-
tem, o Brasil se consolidou co-
mo o país com o maior núme-
ro diário de óbitos do mundo,
superando os Estados Uni-
dos, que ocupavam até do-
mingo essa posição. Segundo
o Ministério da Saúde, o Bra-
sil já acumula 24.512 mortes
desde o início da pandemia e
chegou à marca de 391 mil in-
fecções – 16.324 em um dia.
O Brasil já é o segundo coloca-
do em todo o mundo em rela-
ção ao número acumulado de
infecções – atrás apenas dos Es-
tados Unidos. Até ontem, era
1,6 milhão de casos nos EUA,
com 98,2 mil mortes, de acordo
com o Centro de Controle e Pre-
venção de Doenças – 592 novos
óbitos em 24 horas. Na segun-
da-feira, o Brasil já havia ultra-
passado os EUA: foram 807
mortes registradas em 24 horas
pelo Ministério da Saúde, ante
620 pelo CDC. Enquanto os nú-
meros começam a cair por lá,
por aqui a expectativa é de alta.
O aumento em dados diários
de óbitos no Brasil ocorre em
um contexto no qual a América
do Sul é considerada novo epi-
centro da pandemia. Países eu-
ropeus, como Itália e França,
têm tido queda nos registros. O
fracasso na adoção do isolamen-
to social, o déficit de testagem e
a posição negacionista de parte
dos líderes políticos são aponta-
dos por especialistas como fato-
res que levam ao agravamento
do quadro no País.
Para Mario Scheffer, profes-
sor da Faculdade de Medicina
da USP, o País atingiu esse pata-
mar por causa do fracasso no
distanciamento social e da falta
de testes para identificar os in-
fectados. “Não foi estruturada
uma rede de testagem para de-
tectar e isolar os sintomáticos,


persistindo a infecção intra e ex-
tra domiciliar”, diz. “Três me-
ses depois de decretada a emer-
gência nacional, ainda é impro-
visada e insuficiente a rede de
terapia intensiva e de suporte a
casos graves.”
O virologista Rômulo Neris,
mestre em Microbiologia pela
Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), atuou na Uni-
versidade da Califórnia como
pesquisador visitante até a se-
mana passada. Mas decidiu re-
tornar ao Brasil para trabalhar
na força-tarefa contra a covid-


  1. O especialista afirma que os
    dois países mostraram trajetó-
    rias similares no início do en-
    frentamento à pandemia, mas
    depois se distanciaram.
    “No início da pandemia, os
    dois países tinham déficit na ca-
    pacidade de exames, mas os
    EUA conseguiram aumentá-la.
    Eles adquiriram respiradores e
    máscaras, em alguns casos de
    maneira até questionável. Mas
    se preocuparam em acumular
    recursos para enfrentar a pande-
    mia. O Brasil continua com défi-
    cit na capacidade de exames a
    ponto de não conseguir fazer
    previsões sobre o surto”, opina.
    O epidemiologista Paulo Lo-
    tufo também vê similaridades
    entre EUA e Brasil nas dificulda-
    des de enfrentamento. “Brasil,
    Estados Unidos e outros países
    que tomaram atitudes basea-
    das no desejo político dos gover-
    nantes, minimizando os efeitos
    da pandemia, estão se dando
    mal”, opina. “O negacionismo


dos presidentes (Donald Trump
e Jair Bolsonaro) e a demora em
adotar a quarentena são algu-
mas semelhanças entre os paí-
ses. Lá pesou um sistema priva-
do fragmentado e aqui, um SUS
sucateado”, analisa Scheffer.
Depois que os EUA se trans-
formaram no epicentro mun-
dial do vírus, Trump mudou a
atitude, negociou com o Con-
gresso um pacote financeiro pa-
ra resgatar a economia e esten-
deu as restrições. No Brasil, Bol-
sonaro critica a quarentena.
A maneira como a doença se
expandiu foi semelhante nos
dois territórios, opina Márcio
Bittencourt, mestre em Saúde
Pública e médico do Hospital
Universitário da USP. “No Bra-
sil, tivemos surtos separados e
independentes acontecendo pa-
ralelamente”, enumera. “Nos
EUA, tivemos um surto em Seat-
tle, quase um mês antes de No-
va York. Depois tivemos New
Orleans e Chicago.”

Isolamento. Agora o desafio
brasileiro é desacelerar o avan-
ço da doença, diz Neris. “Na fal-
ta de vacina, a maior parte das
alternativas para tentar contro-
lar a dispersão do vírus está rela-
cionada ao isolamento. O lock-
down não pode ser para reme-
diar. Tem de ser preventivo, e a
ideia é que seja imediato. A Cali-
fórnia estabeleceu lockdown lo-
go no início e não confirmou a
previsão de que seria um dos
centros da epidemia.”
Lotufo também defende o
lockdown e recomenda isola-
mento radical de pelo menos 15
dias em São Paulo e no Rio.

Beatriz Bulla
CORRESPONDENTE / WASHINGTON


O Brasil pode ter 125.833 mortes
pela covid-19 até o início de agos-
to. Essa é a projeção atualizada
da Universidade de Washing-
ton, que traz cenário mais pessi-
mista do que o previsto pelo
mesmo grupo há duas semanas.
O modelo do Institute for Heal-
th Metrics and Evaluation (IH-
ME), da universidade, é o que


tem embasado políticas de saú-
de da Casa Branca.
Em 12 de maio, quando o mo-
delo estatístico passou a abran-
ger o Brasil, a previsão era a de
que o País registrasse 88 mil
mortes até 4 de agosto. Mas a
atualização da análise sobre Bra-
sil inclui previsões para 19 Esta-
dos brasileiros, 11 a mais do que
a projeção anterior.
O intervalo possível traçado
pelo IHME prevê mínimo de
68.311 mortes no País até o início
de agosto e máximo de 221.078.
O modelo aponta que entre 23
de junho e 20 de julho o Brasil
deve registrar mais de 1,5 mil
mortes diárias por covid, sendo
o pico em 13 de julho, com 1.
óbitos em um único dia. Em

agosto, o País estará na curva
descendente, mas ainda com
mais de 1,3 mil mortes diárias. Se
as infecções levarem o País a se-
guir a trajetória mais sombria
traçada pela instituição, o pico
aconteceria antes, em 16 de ju-
nho, com 3.059 mortes em um
período de 24 horas.
Confirmadas as projeções mé-
dias do IHME, o Brasil terá taxa
de 63,85 mortes por 100 mil habi-
tantes, menor apenas do que as
que devem ser registradas até
agosto na Itália (71,79), Espanha
(78,74) e Reino Unido (66,03).
A Suécia – que adotou restri-
ções menores de isolamento e
vem sendo apontada como mo-
delo pelo presidente Jair Bolso-
naro – também registrará uma

das mais altas taxas de mortali-
dade por covid-19 no mundo,
com 51,44 mortes por 100 mil ci-
dadãos. A situação do Brasil será
muito pior do que a registrada
nos EUA, atual epicentro do ví-
rus, para onde são projetadas
43,71 mortes por 100 mil.
Se os dois países ficarem no
pior extremo da projeção da uni-
versidade, o Brasil terá mais
mortes que EUA. No pior cená-
rio, Brasil terá, até agosto,
221.078 mortes, enquanto os
EUA terão 207.364.
O Rio é um dos Estados que
teve piora destacada pela univer-
sidade. Em 12 de maio, a proje-
ção era a de que o Rio concentra-
ria 21 mil mortes até agosto. Ago-
ra, a projeção fala em 25,7 mil.

OsOsOsOsfifififilhos Luiz de Moraes Barros Filho, Ana Maria e Be Barbará,lhos Luiz de Moraes Barros Filho, Ana Maria e Be Barbará,lhos Luiz de Moraes Barros Filho, Ana Maria e Be Barbará,lhos Luiz de Moraes Barros Filho, Ana Maria e Be Barbará,
Heloisa e Sérgio Moraes Barros, netos e bisnetos deHeloisa e Sérgio Moraes Barros, netos e bisnetos deHeloisa e Sérgio Moraes Barros, netos e bisnetos deHeloisa e Sérgio Moraes Barros, netos e bisnetos de

Maria do Carmo Moraes BarrosMaria do Carmo Moraes BarrosMaria do Carmo Moraes BarrosMaria do Carmo Moraes Barros


participam o seu falecimento ocorrido no dia 21 de Maio, e convidamparticipam o seu falecimento ocorrido no dia 21 de Maio, e convidamparticipam o seu falecimento ocorrido no dia 21 de Maio, e convidamparticipam o seu falecimento ocorrido no dia 21 de Maio, e convidam
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Igreja Nossa Senhora do Brasil, no dia 28 de Maio, às 13h00.Igreja Nossa Senhora do Brasil, no dia 28 de Maio, às 13h00.Igreja Nossa Senhora do Brasil, no dia 28 de Maio, às 13h00.Igreja Nossa Senhora do Brasil, no dia 28 de Maio, às 13h00.

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T


odas as evidências apontam que
o Brasil é o epicentro do novo co-
ronavírus. O número de casos e
óbitos aqui são subnotificados. A verda-
deira chama dessa fogueira não apare-
ce: são os assintomáticos e os sintomáti-
cos leves. São essas pessoas que estão
levando mais gente a ser infectada.
Nossa estimativa é que, se fosse in-
cluída a subnotificação, o número de
casos passaria dos 4 milhões. Só pela
questão de subnotificação, já devemos
ter mais casos que os EUA. Além disso,
nossas taxas de crescimento oficiais
são maiores do que a da maioria dos
países. A nossa taxa de óbitos por dia
ultrapassou a França no dia 62. A par-
tir do dia 50, nossa curva ainda foi au-
mentando, enquanto a dos outros paí-
ses diminuiu.
Faz dois meses que foram decretadas
medidas de restrição em diversas re-
giões. No cenário que vemos, as medi-
das ainda não foram suficientes para
mudar o comportamento da curva.
Quando se observa os números, pode
parecer que as medidas de isolamento
até agora não funcionaram. Mas não é
isso. Se nada tivesse sido feito, talvez
estivéssemos com um milhão de óbitos
no Brasil.
]
PROFESSOR DA FACULDADE DE MEDICINA
DE RIBEIRÃO PRETO DA USP

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


lEstados

lEpicentro
A OMS classifi-
cou a América
do Sul como
novo epicentro
da pandemia,
destacou que
o Brasil é o
mais afetado
da região e
alertou para a
situação no
Amazonas.

Universidade prevê 125 mil óbitos até agosto


l O presidente Jair Bolsonaro
voltou a se posicionar contra as
medidas de isolamento social
para combater o novo coronaví-
rus. Em entrevista ontem à noite,
o presidente afirmou que não dá
mais para a economia continuar
fechada.
“Sabemos que devemos nos
preocupar com o vírus, em espe-
cial os mais idosos, quem tem
doenças, quem é fraco, mas
(sem) essa de fechar a econo-
mia. Setenta dias a economia fe-
chada. Até quando isso vai du-
rar?”, questionou o presidente,

que não fazia uso da máscara,
item obrigatório em todo o Distri-
to Federal. “Nós vamos enfrentar
isso daí, eu lamento. Estou com
65 anos de idade, eu estou no
grupo de risco.”
Desde o início da pandemia,
Bolsonaro já afirmou que a doen-
ça que matou quase 350 mil pes-
soas no mundo até agora, é uma
"gripezinha" e respondeu com
um "e daí?" ao questionamento
de um jornalista sobre o crescen-
te número de mortes no País.
Dois ministros da Saúde pedi-
ram demissão por discordar de
suas ordens para o combate à
pandemia. O presidente tem ain-
da insistido para que haja uma
flexibilização das regras de isola-
mento social impostas pelos go-
vernadores. / VINICIUS VALFRÉ

Aderci Sanches Prado – Dia 24.
Era casada com Newton Prado. Dei-
xa os filhos André Luiz, Newci e Pris-
cila. O enterro foi realizado no Cemi-
tério e Crematório Primaveras.
Catarina de Oliveira Sousa –
Dia 20. Era viúva. Deixa os filhos
Adelcino, Almir e Sandra. A cerimô-
nia de cremação foi realizada no Ce-
mitério e Crematório Primaveras.
Lucia Moraes Ferreira – Dia 22.
Deixa os filhos Douglas e George. O
enterro foi realizado no Cemitério e
Crematório Primaveras.
Maria Antónia de Almeida Ne-
grão – Dia 20. Era viúva. Deixa as fi-
lhas Selma e Katia. A cerimônia de
cremação foi realizada no Cemité-
rio e Crematório Primaveras.

Mariadonev dos Santos – Dia


  1. Era viúva. Deixa parentes e ami-
    gos. A cerimônia de cremação foi
    realizada no Cemitério e Cremató-
    rio Primaveras.
    Rosana Aparecida de Oliveira
    Fonseca – Dia 22. Era casada com
    Itamar Antonio Marçal Fonseca.
    Deixa os filhos Eder e Andrey. A ceri-
    mônia de cremação foi realizada no
    Cemitério e Crematório Primaveras.
    Zilfa de Oliveira Morales – Dia

  2. Era viúva. Deixa as filhas Rosali-
    na e Flavia. O enterro foi realizado no
    Cemitério e Crematório Primaveras.
    Chieko Higuchi – Dia 25, aos 88
    anos. Filho de Shigueki Higuchi e Sa-
    dore Higuchi. Era viúvo. Deixa o fi-
    lho Mitsuko. O enterro foi realizado


no Cemitério da Paz.
Arnaldo Ferreira – Dia 20. Era
viúvo. Deixa os filhos Arnaldo, Dag-
mar e Mauricio. A cerimônia de cre-
mação foi realizada no Cemitério e
Crematório Primaveras.
Carlos Antonio Felix dos San-
tos – Dia 21. Era casado com Ro-
sângela Maria de Souza dos San-
tos. Deixa os filhos Elisângela, Car-
la, William e Guilherme. A cerimô-
nia de cremação foi realizada no Ce-
mitério e Crematório Primaveras.
Claudio Santoslin – Dia 20. Era
casado com Maria Lucia Santolin.
Deixa os filhos Alexandre, Ângela
Cristina, Adriana e Ana Paula. A ceri-
mônia de cremação foi realizada no
Cemitério e Crematório Primaveras.

ONG vê subnotificação em favelas do Rio. Pág. A14 }


PAULO WHITAKER/EFE

Brasil já é o 1º no


mundo em registro


diário de mortes


6.
é o total de óbitos registrado só
no Estado de São Paulo, que lide-
ra em número de mortes, segun-
do o Ministério da Saúde. Em se-
guida vêm o Rio, com 4.362 óbi-
tos, e o Ceará, com 2.603.

Foram contabilizados 1.039 óbitos em 24 horas e 16.324 infecções;


número acumulado de registros só é menor do que o dos EUA


Rotina. Funcionários do cemitério da Vila Formosa enterram vítimas do novo coronavírus

Modelo da instituição


subsidia decisões da
Casa Branca; cientistas


aumentaram projeção


feita há 2 semanas


Bolsonaro volta a


criticar isolamento


e economia parada


Curva aumenta no


Brasil e diminui


nos outros países


]
ANÁLISE: Domingos Alves
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