O Estado de São Paulo (2020-05-27)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:A-16:20200527:
A16 QUARTA-FEIRA, 27 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Esportes

Leandro Silveira


O São Paulo é um dos clubes
com maior rotatividade de téc-
nicos no futebol mundial. Isso
foi o que apontou o Observató-
rio de Futebol do Centro Inter-
nacional de Estudos de Espor-
te, o CIES, que colocou o time
paulista como o 14.º com maior
rotatividade de treinadores no
período entre 2015 e 2019 entre
766 equipes. O Real Potosí, da
Bolívia, é o clube com mais mu-
danças – 20 no total.


Para entrar na relação, o pro-
fissional precisa ter trabalhado
no comando dos clubes em pelo
menos três partidas de uma liga
nacional. Com esse critério, a
relação aponta que o São Paulo
teve 12 treinadores nesse perío-

do de cinco anos, com uma mé-
dia de 15,7 jogos do Brasileirão
para cada um. Os técnicos entre
2015 e 2019 foram Milton Cruz,
Juan Carlos Osorio, Doriva, Ed-
gardo Bauza, Ricardo Gomes,
Rogério Ceni, Dorival Junior,

Diego Aguirre, Pintado, André
Jardine, Cuca e Fernando Diniz
(Vagner Mancini também diri-
giu o time em 2019, em nove jo-
gos, mas não pelo Brasileirão).
O ranking conta com outros
oito clubes do País. O Flamen-
go é o 35.º colocado, com 11 téc-
nicos; e o Atlético-MG vem em
101.º, com nove. Fluminense e
Athletico-PR, com oito, estão
em 160.º e 161.º. Palmeiras, San-
tos e Corinthians, com sete, es-
tão em 216.º, 217.º e 219.º luga-
res, respectivamente. O Grê-
mio é o time brasileiro com me-
nor troca de técnicos na Série A.
Foram três comandantes nesse
período de cinco anos, o que os
deixa em 649.º lugar no
ranking. Os treinadores foram:
Luiz Felipe Scolari, Roger Ma-
chado e Renato Gaúcho.

Os três times com mais técni-
cos diferentes entre 2015 e 2019
são sul-americanos, de acordo
com o CIES. São eles: Real Poto-
sí, da Bolívia, com 20, Cusco
FC, do Peru, com 16, e Sportivo
Luqueño, do Paraguai, com 15.
Por outro lado, dos 766 times
avaliados, apenas 30 tiveram o
mesmo técnico entre 2015 e


  1. Desses, o mais relevante é
    o River Plate, que foi comanda-
    do durante todo esse período
    por Marcelo Gallardo.
    O trabalho do CIES também
    avalia a rotatividade dos técni-
    cos em 84 ligas nacionais. A
    com maior mudança de treina-
    dores é a Bolívia, com média de
    9,13 comandantes por equipe
    entre 2015 e 2019. Ela é seguida
    por Tunísia (8,29 técnicos por
    time), Argélia (7,89), Arábia
    Saudita (7,22) e Bósnia-Herze-
    govina (7). O Brasil aparece em
    26.º lugar nesse ranking, com
    média de 5,3 técnicos por time.


BAYERN DE MUNIQUE FICA
PERTO DO 8º TÍTULO SEGUIDO

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


Ciro Campos


Em vez de treinos com bola,
viagens, horas em hotéis e vá-
rias partidas por mês, alguns
jogadores estão concentra-
dos em apostilas de inglês,
cursos online, estudos sobre
finanças, terapia com psicólo-
go e aulas de música. Tudo is-
so porque, com a paralisação
do calendário pela pandemia
do novo coronavírus, os atle-
tas passaram a ter a rara opor-
tunidade para investir em ati-
vidades de desenvolvimento
pessoal e aprender coisas di-
ferentes na vida. Alguns estão
aproveitando o tempo livre.
Como ainda não há uma data
certa para o retorno do futebol,
os atletas têm uma rotina redu-
zida de treinos e, por não preci-
sarem viajar para os jogos, con-
seguem colocar em prática o
plano de se aperfeiçoar em al-
gum ramo que talvez a rotina
intensa do futebol não permita.
Em São Paulo, os clubes man-
têm treinos em casa. Por isso,
tem muito jogador que dispen-
sou as horas livres na frente do
videogame ou nas redes sociais


para virar aluno exemplar.
“Acho importante que a gen-
te tente melhorar um pouco
mais como pessoa. Fazer coisas
que antes não tinha tempo devi-
do à vida corrida e cheia de com-
promissos que todos temos”,
afirmou o goleiro do Coritiba,
Alex Muralha. Com a agenda
mais folgada, ele tem visto nes-
ta quarentena vídeos com dicas
de culinária e comprou um vio-
lão novo para praticar.
Um outro exemplo é o do za-
gueiro Igor Rabello, do Atléti-
co-MG. Formado em educação
física, ele tem feito cursos de
gestão de pessoas e reforçado
as aulas particulares de inglês.
“Estudo duas vezes por sema-
na. Eu sempre quis aprender ou-
tra língua, para crescer no meu
trabalho e na vida pessoal”, dis-
se ele ao Estadão, em inglês.
Outro a se dedicar ao idioma
estrangeiro é o volante Felipe
Araruna. Revelado pelo São Pau-
lo, o jogador está no Reading, da
Inglaterra, e durante a paralisa-
ção, comprou livros para resol-
ver exercícios gramaticais e pro-
curar resolver a dificuldade de
entender o sotaque britânico

do dia a dia. “No Brasil é muito
difícil manter uma rotina de
treino, estudo e fazer inglês. O
calendário é muito cheio e você
tem viagens muito longas tam-
bém. Agora, com a pandemia,
tenho conseguido aprender coi-
sas novas, principalmente ex-
pressões e gírias que são da In-
glaterra”, afirmou.
Araruna é formado em admi-

nistração de empresas e usou a
agenda livre para voltar a estu-
dar temas como empreendedo-
rismo e investimento. O mesmo
assunto tem atraído o meia Re-
natinho, do CSA, para livros e li-
ves feitas por profissionais da
área. “É bom para entender mais
a parte de investimentos, ações
e fundos. Antes não tinha tempo
de estudar sobre isso, agora es-

tou mais preparado para lidar
com o dinheiro”, contou. Renati-
nho também intensificou as pa-
lestras com um coach.
O aspecto comportamental
também pesou para o volante
Judson, do San José Ear-
thquakes, dos EUA. Antes resis-
tente a fazer terapia, agora ele
tem feito sessões frequentes
com um psicólogo. “Eu aprendi
a me cobrar menos, a controlar
a ansiedade. Acho que vou estar
mais preparado para a volta do
futebol, porque consegui me en-
tender melhor como pessoa e
como jogador”, revelou.
Em Goiânia, o atacante Vic-
tor Andrade, de Goiás, também
deve retornar ao time com uma
novidade após a pandemia. No
caso dele, o foco está na prática
do cavaquinho, instrumento
que sempre gostou de tocar,
mas lhe faltava tempo para pra-
ticar. “Estamos acostumados
com a rotina de treinos, jogos,
concentrações, viagens, hotéis.
Quando sai disso a gente preci-
sa de algo diferente para fazer,
para manter a mente ativa. Não
podemos deixar a quarentena
nos abater”, prega.

DUAS PERGUNTAS PARA...

Futebol. Com agenda mais livre, atletas se dedicam a atividades de crescimento pessoal, como cursos de inglês, finanças e até música


] A “final antecipada” no Campeona-
to Alemão deixou o Bayern de Muni-
que mais perto do título – se o time
confirmar a conquista, será a 8ª con-

secutiva. Mesmo fora de casa, no Sig-
nal Iduna Park, o líder venceu o Bo-
russia Dortmund por 1 a 0, ontem, e
abriu sete pontos de vantagem sobre
o rival, a seis rodadas do fim – 64 pon-
tos ante 57. O gol da vitória foi marca-
do pelo lateral Joshua Kimmich.

RELATÓRIO

São Paulo é o 14º clube que mais troca técnico no mundo


A paralisação do calendário es-
portivo causada pelo novo coro-
navírus foi uma pausa bem-vin-
da para Fabiana Moraes, atleta
da prova dos 100 metros com
barreira. A carioca de 33 anos
usou a agenda mais livre para
organizar o lançamento da mar-
ca própria de roupas, a Brazil
Nation, inspirada na vivência
acumulada na carreira e no obje-
tivo de incentivar as pessoas a
praticarem mais esportes. A
ideia não era nova, mas foi colo-
cada em prática nesse período.
“Tenho usado o tempo para
conversar com parceiros comer-
ciais para estruturar minha mar-
ca e planejar bem o que preten-
do fazer”, disse a atleta ao Esta-
dão. Fabiana disputou os Jogos
Olímpicos do Rio, em 2016 e, na
sua prova, ela é a atual recordis-
ta do País, além de ter sido dez


vezes campeã brasileira. Ela ain-
da conseguiu ser campeã sul-
americana em três oportunida-
des.
Por ser formada em marke-
ting, Fabiana tirou as lições
aprendidas na faculdade para
elaborar um amplo programa
para a sua marca. O intuito é
que o empreendimento produ-
za roupas fitness, mas também
consiga, com a marca, provocar
impacto em causas sociais e in-
centivar os próprios atletas.
Uma peça pode ter estampada,
por exemplo, a marca de um re-
corde obtida por um esportista
em uma determinada prova.
O objetivo de Fabiana é criar
junto com o empreendimento
uma espécie de plano de fideli-
dade e até mesmo fazer com
que o público possa compare-
cer a competições de atletismo
vestidos com peças da marca.
“Quando se tem competições
de atletismo aqui no Brasil, as
pessoas vão torcer pela gente
com camisas da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF). O
ideal é que se consiga ter uma
roupa capaz de ser identificada

como a roupa das pessoas que
acompanham o atletismo”, ex-
plicou a atleta.
Fabiana aposta que os atletas

também serão beneficiados
com o projeto. “Os atletas têm
participado de nossas pesqui-
sas para que eu possa oferecer

os melhores produtos e servi-
ços”, disse. “Eu quero ter um
modelo de negócios onde os
atletas sejam os propulsores da

marca e assim façam o engaja-
mento, juntamente com suas
carreiras, tanto esportivas quan-
to empresariais”, disse. / C.C.

RENATINHO

Sem jogo, a hora é de aprender e evoluir


Aulas. Renatinho, do CSA: cursos de investimentos e ações

Igor Rabello
ZAGUEIRO DO ATLÉTICO-MG





Por que você acha que é
importante buscar algo pa-
ra fazer durante a parada?
É importante para a nossa saú-
de mental. Procurei fazer um
curso de inteligência emocio-
nal. Isso é importante para
mim, para saber sobre o que
está acontecendo, que isso vai
acabar, que precisamos ter
controle. Fiz também um cur-
so de gestão de pessoas.





Você considera que es-
ses cursos te ajudam de
que maneira na carreira?
Ajudam não só na minha car-
reira, mas na minha vida pes-
soal e para o meu futuro. Aju-
da em todas as formas ter um
curso de gestão de pessoas.
Pretendo de alguma forma tra-
balhar com isso no futuro. Aju-
da a entender melhor o que
está acontecendo.

ERICO LEONAN/SAOPAULOFC.NET

Estudo com 766 equipes


mostra que o time se


desfez de 12 treinadores


nas últimas cinco
temporadas


l Clubes que mais trocam
1º Real Potosí (Bolívia): 20
2º Cusco FC (Peru): 16
3º Sportivo Luqueño (Paraguai): 15
4º JS Kairouanaise (Tunísia): 14
5º NK Celik Zenica (Bósnia): 14
6º Rionegro Águilas (Colômbia): 14
7º Nacional (Paraguai): 14
8º Oriente Petrolero (Bolívia): 14
9º CA Bizertin (Tunísia): 13
10º JS Kabylie (Argélia): 13

l Brasileiros na lista
14º São Paulo: 12
35º Flamengo: 11
101º Atlético-MG: 9
160º Fluminense: 8
161º Athletico-PR: 8

No cargo. Fernando Diniz está no São Paulo há oito meses

ALEX RIBEIRO / ESTADÃO

Fabiana Moraes, dos


100 metros com barreira,


organiza seu novo


empreendimento durante


a paralisação de torneios


Atleta olímpica


abre marca própria


de roupa esportiva


Empreendedorismo. A carioca Fabiana Moraes aposta que os atletas também serão beneficiados com o seu projeto
Free download pdf