O Estado de São Paulo (2020-05-27)

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 27 DE MAIO DE 2020 Economia B


LEILÕES DIÁRIOS DE VEÍCULOS

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Anne Warth / BRASÍLIA


A Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) aprovou aber-
tura de consulta pública para re-
gulamentar o decreto que per-
mite um socorro bilionário ao
setor elétrico. A operação terá
um teto de R$ 16,1 bilhões, sen-
do R$ 15,432 bilhões para o gru-
po de distribuidoras como um
todo, mais R$ 700 milhões para
cinco concessionárias que per-
tenciam à Eletrobras e foram
privatizadas em 2018.


O financiamento visa a cobrir
custos causados pela crise da co-
vid-19 no setor elétrico e evitar
um reajuste médio imediato de
cerca de 12% nas contas.
Desde o início da pandemia
no País, medidas de isolamento
social levaram a uma queda na
demanda de energia de 10% a
12% nas primeiras semanas, al-
go que subiu para 12% a 15% nos
últimos dias. Já o aumento do
desemprego e a dificuldade pa-
ra fazer pagamentos, com ban-
cos trabalhando em horário re-
duzido, levaram a inadimplên-
cia para cerca de 12% – antes,
ficava em torno de 3,5% a 4,0%.
Somados, esses dois efeitos
têm afetado o caixa das distri-
buidoras, que funcionam como
arrecadadoras no setor elétrico


  • cerca de 80% do que elas rece-


bem é repassado para outros
elos da cadeia, como transmis-
soras, geradoras e até mesmo
para o próprio governo, por
meio de impostos. Assim, difi-
culdades nas concessionárias
de distribuição podem se tor-
nar uma crise em toda a cadeia.
Aumentos tarifários deverão
ocorrer no segundo semestre
deste ano – ainda que menores,
em torno de 5%. Isso porque o
governo deixou claro, no decre-
to, que toda a energia comprada
pelas distribuidoras e não utili-
zada pelos consumidores será
coberta pelas tarifas. Isso pode-
rá ser feito tanto em processos
de reajustes anuais como em pe-
didos extraordinários.
O valor considera o cálculo in-
dividualizado por distribuidora
e, portanto, poderá ser menor,
conforme a adesão de cada em-
presa. A consulta pública será
de apenas cinco dias, entre os
dias 27 de maio e 1.º de junho.

Teto. Relatora do processo, a
diretora Elisa Bastos Silva expli-
cou que o teto foi calculado
com base nas estimativas para a
redução de mercado, de R$

4,863 bilhões; para a queda da
arrecadação em razão da ina-
dimplência, de R$ 8,828 bi-
lhões; e do adiamento de despe-
sas de grandes consumidores
do Grupo A, de R$ 861,5 mi-
lhões. A esses valores, a Aneel
somou ainda os efeitos das pos-
tergações de reajustes tarifá-
rios feitos entre abril e junho,
de R$ 531,4 milhões, e de diferi-

mentos reconhecidos ou rever-
tidos e ainda não amortizados,
de R$ 405,4 milhões.
Elisa ressaltou que a propos-
ta apresentada diz respeito a as-
pectos financeiros do setor elé-
trico. Sobre o pedido de reequi-
líbrio dos contratos das distri-
buidoras em razão dos efeitos
da pandemia, a diretora propôs
que as áreas técnicas da agência

avaliem os impactos econômi-
cos em outro processo.
“Todo processo decisório
que afetar direitos dos agentes
econômicos do setor ou dos
consumidores será precedido
de consulta pública convoca-
da pela Aneel”, afirmou a dire-
tora. “Haja vista a necessidade
de avaliações que não pude-
ram ser feitas no curto espaço
de tempo desde o advento do
Decreto n.º 10.350, publicado
no dia 18, entendo que é preci-
so abrir outra frente de traba-
lho para avaliação dos impac-
tos da pandemia da covid-
no equilíbrio econômico e fi-
nanceiro dos contratos de con-
cessão e permissão de distri-
buição de energia elétrica.”

N


a véspera do prazo final para o presi-
dente Jair Bolsonaro sancionar a lei
que dá socorro emergencial de R$
60 bilhões para os Estados e municípios
enfrentarem os efeitos da covid-19, o cená-
rio é ainda de indefinição. O ministro da
Economia, Paulo Guedes, ganhou a pro-
messa do presidente que vai vetar o artigo
que deixa várias categorias de fora do con-
gelamento de salários até 2021, mas não dá
para dizer que ganhou a parada.
A longa espera pela sanção já é, por si só,
um revés para a equipe econômica, que foi
perdendo o discurso da necessidade de
congelamento dos salários desde a aprova-
ção do projeto no dia 6 de maio.
A demora não só abriu espaço para a
pressão do funcionalismo como deu tem-

po para o presidente fazer agrados a sua
base eleitoral, principalmente os policiais
militares e bombeiros Distrito Federal,
policiais federais e rodoviários federais.
Tudo com a bênção do Congresso. Nos Es-
tados, também sobrou tempo para as as-
sembleias e governadores garantirem van-
tagens aos servidores.
Além do artigo que Bolsonaro prometeu
barrar, outros vetos vão definir a força do
ministro Guedes junto ao presidente. A
pressão é grande para que o presidente
também vete a proibição para que os próxi-
mos 18 meses sejam contados para bônus
salariais. Outro impasse é a parte do proje-
to que impede o governo de executar as
garantias e contragarantias, em 2020, das
dívidas decorrentes dos contratos dos Es-
tados e municípios que forem renegocia-
das durante a pandemia, inclusive em-
préstimos externos. A depender do resulta-
do, o discurso de austeridade de Guedes e
sua equipe pode ficar derrotado.

Emilly Behnke / BRASÍLIA


O presidente Jair Bolsonaro
editou ontem medida provi-
sória concedendo reajustes
de 8% a 25% aos policiais civis
e militares do Distrito Fede-
ral ao custo de R$ 505 mi-
lhões ao ano.
A publicação de uma medida
concedendo o benefício aos po-
liciais e bombeiros do DF vinha
sendo negociada entre Bolsona-
ro e o governador Ibaneis Ro-
cha (MDB) para ocorrer antes
da sanção do pacote de auxílio
de R$ 60 bilhões da União a go-
vernadores e prefeitos.
Isso porque o pacote federati-
vo deverá vetar reajustes e no-
vas contratações permanentes
de servidores até o fim do ano
que vem. Por isso, como anteci-
pou o Estadão, Bolsonaro segu-
rou o veto até o último dia (nes-
ta quarta-feira) para permitir
que governadores dessem rea-
justes a seus servidores, a exem-
plo do que ocorreu em Mato
Grosso e na Paraíba. Além dis-
so, o tempo também foi essen-
cial para que a reestruturação
da Polícia Federal com gratifica-
ções à cúpula fosse aprovada e
para chamar 600 novos agentes
da Polícia Rodoviária Federal.
Os salários das polícias do DF
são pagos com dinheiro da
União por meio do Fundo Cons-
titucional do Distrito Federal
(FCDF). No fim do ano passa-
do, o presidente cogitou editar
uma MP para conceder os rea-
justes mas recuou após o Esta-
dão/Broadcast revelar pareceres
da área econômica alertando pa-
ra os riscos de ilegalidade, já
que as despesas não estavam
previstas no Orçamento.
O presidente então encami-
nhou um projeto no início do
ano para mudar a Lei de Diretri-
zes Orçamentárias (LDO) e au-
torizar a recomposição salarial
das carreiras custeadas pelo
FCDF, inclusive com pagamen-
to de retroativos a 1.º de janeiro
de 2020. O projeto que dava au-
torização para o aumento neste
ano foi aprovado pelo Congres-
so no dia 13 de maio.
“O que foi feito foi uma corre-
ção com a melhor polícia do
País, foi a equiparação do salá-
rio, não foi um aumento”, disse
o vice-governador do Distrito
Federal, Paco Britto (Avante).
Antes do reajuste, os venci-
mentos de agentes da Polícia Ci-
vil variavam entre R$ 8.698,78 e
R$ 13.751,51. Com o aumento,
passam a variar entre R$
9.394,68 e R$ 14.851,63.


Já delegados ganhavam antes
do reajuste entre R$ 16.830,85 a
R$ 22.805,00. Passarão a ga-
nhar entre R$ 18.177,32 e R$
24.629,40.
O salário dos militares é calcu-
lado de forma diferente, com
um valor-base que é somado a
gratificações. O projeto aprova-

do pelo Congresso prevê um au-
mento na Vantagem Pecuniária
Especial, que teve incremento
de 25%. Para soldados de 2.ª clas-
se (cargo mais baixo), os salá-
rios passarão de R$ 4.069,06 pa-
ra R$ 4.443,11. Para coronéis
(cargo mais alto), passam de R$
17.271,13 para R$ 19.090,92.

‘Não podemos


mais socorrer


os Estados’


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


lRendimento maior


lPeso no bolso

Teste para apoio


‘100% Guedes’


Com medida, Bolsonaro deve sancionar projeto de socorro a Estados com veto a reajuste e novas contratações até o fim do ano que vem


Gastos de brasileiros no exterior caem 86,4%. Pág. B4}


R$ 24.629,
É até quanto deve ir o novo salá-
rios dos delegados da Polícia Ci-
vil do DF; antes, eles ganhavam
no máximo R$ 22.805,


RENE MOREIRA/ESTADÃO -1/9/

Decreto prevê R$ 15,4 bi


para distribuidoras e


mais R$ 700 milhões


para 5 concessionárias
privatizadas em 2018


Socorro de R$ 16,1 bi


a elétricas segue para


consulta pública


12%
seria a aumento imediato
das contas de luz sem
o socorro financeiro do governo
que visa a cobrir custos
causados pela crise da
covid-19 no setor elétrico

Prazo. Consulta será entre os dias 27 de maio a 1º de junho

]
ANÁLISE: Adriana Fernandes

DIDA SAMPAIO / ESTADÃO

MP reajusta salários de policiais do DF


Salários. Reajuste de policiais do DF foi feito por uma MP

BRASÍLIA

O presidente Jair Bolsonaro dis-
se ontem que os R$ 60 bilhões
de socorro para Estados e muni-
cípios é a última oportunidade
para governadores e prefeitos.
“Nós não podemos conti-
nuar socorrendo Estados e mu-
nicípios que devem no meu en-
tender de forma racional come-
çar a abrir o mercado”, afirmou,
em frente ao Palácio da Alvora-
da, residência oficial.
“O que está acontecendo em
muitos pontos do Brasil é que o
pobre está ficando miserável,
classe média está ficando po-
bre. Nós devemos abrir, gover-
nadores e prefeitos, buscar
uma maneira de voltar uma ati-
vidade mais próxima da norma-
lidade possível”, afirmou.
Bolsonaro se comprometeu a
sancionar o projeto de socorro
aos Estados e municípios até ho-
je, e vetar o artigo que poupa
categorias, inclusive de segu-
rança pública, do congelamen-
to até o fim de 2021. Como mos-
trou o Estadão, o presidente
deu aval para blindar as catego-
rias, mas depois recuou e disse
que vetará o artigo a pedido da
equipe econômica.
Antes de sancionar o projeto,
Bolsonaro deu reajuste de até
25% para as polícias do DF.
O presidente também disse
que o governo estuda pagar
mais uma parcela do auxílio
emergencial, mas em valor
mais baixo do que os atuais R$
600.
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