O Estado de São Paulo (2020-05-27)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:A-2:20200527:
A2 Espaçoaberto QUARTA-FEIRA, 27 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO






Nesta semana, os mercados in-
ternacionais ganharam novo
fôlego, mais um vez, após uma
empresa anunciar esforços na
busca de uma cura para a co-
vid-19. Estima-se que pelo me-
nos dez vacinas estejam nessa
corrida ao redor do mundo.
Dessa vez, foi a norte-america-
na Novavax que anunciou o


início do primeiro estudo em
humanos de sua vacina experi-
mental para tratar a doença.
Vacina já está sendo testada
em cerca de 130 participantes
saudáveis, com idades entre
18 e 59 anos, em 2 locais não
especificados na Austrália.

http://www.estadao.com.br/e/vacina

Q


ue País queremos cons-
truir depois da crise da
covid-19? Essa é a per-
gunta a que temos de
responder com nossas esco-
lhas e nossas ações. Não se edi-
fica um País sem sonho, norte,
coragem e determinação para
enfrentarmos os reais proble-
mas, admitir perdas de privilé-
gios e encarar tabus que nos
desafiarão a promover mudan-
ças de comportamento e cultu-
ra. Como dizia Churchill, sem
“sangue, suor, labuta e lágri-
mas” não se vencem guerras.
Nossa guerra contra um País
carcomido pelo populismo e
por um Estado refém dos inte-
resses corporativistas só será
vencida se nos unirmos em tor-
no de um projeto de nação.
Meu sonho é ver o Brasil se
transformar numa nação de
empreendedores.
A crise da covid-19 mostrou
que esse sonho pode transfor-
mar-se em realidade. Ela reve-
lou que precisamos acreditar
mais nos brasileiros como a
força propulsora das mudan-
ças transformadoras. A crise
despertou o protagonismo da
sociedade civil. Lideranças da
sociedade civil uniram-se aos
governos locais e ao setor pri-
vado para dar a agilidade neces-
sária aos processos, à logística
e entrega de recursos, alimen-
tos e máscaras, impedindo que
ficassem parados em almoxari-
fados e depósitos por causa
dos entraves burocráticos e le-
gais que impedem o Estado de
agir com celeridade.
A união dos setores público
e privado e do terceiro setor
colaborou para quebrar tabus
e preconceitos. O estereótipo
do servidor público preguiço-
so caiu por terra. Médicos, en-
fermeiros e demais profissio-
nais da saúde passaram a ser
tratados como heróis. Profes-
sores da rede pública tiveram
de perder o medo e se adaptar
aos novos tempos para apren-
derem a dar aulas online. Go-
vernos estaduais e municipais
trabalharam em parceria com
o setor privado e o terceiro se-
tor na implementação de po-
líticas públicas. Aprendemos
na crise que, quando derruba-

mos as muralhas do precon-
ceito e unimos esforços para
resolver os reais problemas
da Nação, as parcerias dos se-
tores público e privado encon-
tram soluções práticas e o Bra-
sil funciona melhor. Afinal, to-
dos nós – empreendedores e
governantes, ricos e pobres,
trabalhadores e empresários


  • somos vítimas do Estado
    corporativista, que sufoca o
    setor produtivo e estrangula
    o setor público e sua capacida-
    de de prestar serviço público
    de qualidade.
    Nosso maior ativo não é o
    petróleo, nem o carnaval ou o
    futebol, são nossos empreen-
    dedores. Eles são o motor do
    progresso e da inovação, da ge-
    ração de empregos e de investi-
    mentos. São também os inova-
    dores na área social e os des-
    bravadores na área pública, tra-
    balhando para melhorar a edu-


cação, a gestão pública, a saú-
de, o meio ambiente e a quali-
dade das políticas sociais. Os
empreendedores são apaixona-
dos pelo Brasil. Apostam to-
das as fichas no País, investin-
do recursos próprios e de ter-
ceiros nas suas iniciativas ino-
vadoras que vêm transforman-
do o Brasil. Empreendedores
são talhados para competir e
arriscar, ganhar e perder, que-
brar e se reinventar.
Nos países desenvolvidos,
empreendedores nascem,
morrem e renascem pela ação
do mercado, da concorrência
e da destruição criativa. No
Brasil, a maioria dos empreen-
dedores padece por causa da
mão pesada do Estado. Gover-
nos distribuem benefícios e
subsídios setoriais que distor-
cem a competição, viciam em-
presários em ajuda do gover-
no e massacram os empreen-
dedores que lutam para ven-
cer nos mercados nacional e
global. O Brasil mergulhou na
pior recessão de sua História
e arruinou as finanças públi-

cas quando a presidente Dil-
ma tentou transformar o Esta-
do no indutor do crescimento
econômico.
O Estado não asfixia apenas
os empreendedores, ele sufo-
ca também o setor público.
Governos sofrem com o exces-
so de regras, leis e burocracia,
que vem impedindo a ação cé-
lere dos governadores e prefei-
tos para revolver as questões
urgentes da crise. Portanto,
precisamos manter essa união
entre a sociedade civil e o se-
tor público para desburocrati-
zar processos, simplificar re-
gras, acabar com o voluntaris-
mo do Judiciário e as decisões
monocráticas e retomar a
agenda das reformas no Con-
gresso para livrar o País da cra-
ca do corporativismo e dos
feudos de privilégio, que des-
truíram a capacidade do Esta-
do de prestar serviço público
de qualidade.
O Estado precisa parar de in-
fernizar a vida dos empreende-
dores e deixá-los trabalhar. Afi-
nal, são eles que atuam no mer-
cado, na área social e no setor
público como agentes de ino-
vação e de transformação no
País. São os empreendedores
no campo, na cidade e no ter-
ceiro setor que farão a econo-
mia voltar a crescer, criando
novos negócios e empregos.
Ademais, os empreendedores
são os grandes defensores da
democracia, do livre mercado
e da igualdade de oportunida-
de. Essas três virtudes têm o
poder de transformar o tripé
da desgraça – estagnação eco-
nômica, desemprego recorde
e desigualdade social – na for-
ça motora da retomada do
crescimento, do emprego e da
construção de um País menos
desigual. Esse futuro promis-
sor depende da nossa determi-
nação de lutar hoje para livrar
o País da pandemia política
que ameaça arruinar o Brasil, a
democracia e a economia.

]
FUNDADOR DO CENTRO DE
LIDERANÇA PÚBLICA (CLP), É
AUTOR DO LIVRO ‘10 MANDAMEN-
TOS – DO PAÍS QUE SOMOS
PARA O BRASIL QUE QUEREMOS’

Pandemia fez bilionários
ganharem e perderem di-
nheiro de acordo com setor.

http://www.estadao.com.br/e/zuckerberg

E-INVESTIDOR


Empresa testa vacina em humanos


Nespresso fez programa de
capacitação de agricultores
e investimento para a produ-
ção de café com qualidade
nas regiões afetadas.

http://www.estadao.com.br/e/cafe

l“A PF, assim como o Ministério da Saúde, estão sendo usados à reve-
lia dos interesses do Estado, mas de acordo com a vontade do governo.”
NELSON DE ABREU FILHO

l“Não precisa ser a Carla Zambelli para saber que o ‘Covidão’ chegaria,
afinal, sem licitação, fizeram a festa na compra dos materiais de saúde.”
RODOLFO LEAO

l“Witzel não tinha policiais amigos no Rio para avisá-lo da operação.
Parece que apenas uma família tem videntes para prever operações.”
JOSÉ AUGUSTO ALVES

l“O foco tem que ser o combate à covid-19! O governo federal deve-
ria liderar isso e não a baderna generalizada!”
SUZANNE LEGRADY

INTERAÇÕES

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA
MEMBROS
FERNANDO C. MESQUITA
FERNÃO LARA MESQUITA
FRANCISCO MESQUITA NETO
GETULIO LUIZ DE ALENCAR
JÚLIO CÉSAR MESQUITA

Demissões equivalem a 25%
do total do grupo, que conta-
va com 4 mil funcionários
até então. Empresa culpa a
pandemia por cortes.

http://www.estadao.com.br/e/montadora

Espaço Aberto


Q


uando o vídeo da reu-
nião do Conselho de
Governo de 22 de abril
teve o sigilo levanta-
do, inocentes inúteis adota-
ram a definição do gabinete
do ódio bolsonarista de que a
bala de prata teria virado tra-
que junino: “Ufa, a prova ma-
terial da interferência política
de Jair Bolsonaro na Polícia
Federal, denunciada por Ser-
gio Moro, não foi exibida!”.
Nenhum figurão da Repúbli-
ca deu importância a uma per-
sonagem relevante do inquéri-
to, a deputada Carla Zambelli,
que havia oferecido uma vaga
no Supremo Tribunal Federal
(STF) ao então ministro da
Justiça. Antes de ser divulgado
o vídeo, ela definiu: “Moro
caiu porque é desarmamentis-
ta”. Nem sequer lhe foi dedica-
do um muxoxo de “tolinha”.
Pois não é que a atual pomba-
correio do presidente da Repú-
blica na Câmara dos Deputa-
dos e na Secretaria Especial de
Cultura tinha razão? Meninos,
eu vi. Basta ver e ouvir o que
seu “mito” que mente disse.
Segue transcrição oficial:
“Como é fácil impor uma dita-
dura no Brasil. Como é fácil. O
povo tá dentro de casa. Por is-
so que eu quero, ministro da
Justiça e ministro da Defesa,
que o povo se arme! Que é a ga-
rantia que não vai ter um filho
da puta aparecer pra impor
uma ditadura aqui! Que é fácil
impor uma ditadura”, esbrave-
jou o chefão. E frisou: “Eu pe-
ço ao Fernando (Azevedo e Sil-
va, ministro da Defesa) e ao Mo-
ro que, por favor, assine(m) es-
sa portaria hoje”, disse o “se-
nhor Constituição” na reunião
em que, ao contrário do agen-
dado, não se discutiu a recons-
trução da economia pós-pan-
demia. A não ser por discursos
“kaftianos” (apud Weintraub)
do “posto Ipiranga” da econo-
mia. Tudo numa linguagem
que não foi de prostíbulo de
porto nem de botequim pé-su-
jo, mais respeitáveis, mas das
reuniões da Máfia de Chicago,
sob o taco de beisebol de Al
Capone, durante a Lei Seca
nos Estados Unidos.
O “capitão cloroquina” fez


aí referências explícitas a dois
ministros e sobre elas o advo-
gado-geral da União, José Levi
do Amaral Júnior, nem se im-
portou em inventar a mentira
deslavada do pito na seguran-
ça pessoal, assumida pelos ge-
nerais palacianos, de que trata-
va, em linguagem de chulé, de
crimes que o procurador-ge-
ral da República, Augusto
Aras, nem sequer se quis dar
ao luxo de ver e ouvir na ses-
são prévia para as partes. No
dicionário limitado de um,
União, que inclui o Legislativo
e o Judiciário federais, é si-
nônimo exclusivo de “meu
chefe” (que o chama de “meu
advogado”). O que é algo de
pouca relevância, de vez que
este se diz dono da voz do po-
vo. E o outro, ao que parece,
não se esforça para investigar
algum eventual crime do usuá-
rio da caneta BIC capaz de al-

çá-lo ao “pretório excelso”.
Em 23 de abril, um dia de-
pois, a portaria que Bolsonaro
cobrou, e para a qual Zambelli
chamou a atenção, foi publica-
da. O volume autorizado, que
era de 200 cartuchos por ano,
passou a ser de até 300 unida-
des por mês, a depender do ca-
libre do armamento. A nobre
parlamentar deve estar bem
informada sobre o assunto,
pois é casada com o coronel
da PM cearense Aginaldo de
Oliveira, egresso da corpora-
ção que pode ter lembrado ao
capitão de milícias seus tem-
pos de terrorista condenado e
depois absolvido pela Justiça
Militar. Então, foi-lhe permiti-
do pelo Exército alterar pro-
vas do atentado a bomba que
preparava contra quartéis e a
adutora do Rio Guandu em
sua luta obsessiva para melho-
rar o próprio soldo. Isso levou
o ex-presidente Ernesto Gei-
sel a chamá-lo de “mau mili-
tar”. Por sinal, a simpatia do
chefe da famiglia Bolsonaro pe-
lo motim recente da corpora-

ção do marido da devota fã fi-
cou patente.
É claro que também confes-
sou crime de interferência po-
lítica, que levou os generais pa-
lacianos e o advogado-geral
da União a agirem de má-fé,
os três primeiros em depoi-
mento no inquérito aberto pe-
lo procurador-geral da Repú-
blica com autorização do STF
e o último na defesa oficial do
chefe do Executivo nessa mes-
ma investigação.
A confissão de querer armar
bandos contra o Estado de Di-
reito foi adicionada à de inter-
ferir na polícia judiciária para
ajudar o filho 01 e um amigo
(Fabrício Queiroz) e à da exis-
tência de um serviço clandesti-
no de informação pessoal. Os
atos lembram os fasci di com-
battimento (grupos de comba-
te) do fascismo do italiano Be-
nito Mussolini. Mas pela lin-
guagem usada e pelo passado
de quem os comete têm mais
que ver com as milícias da pe-
riferia do Rio, com as quais o
idealizador do armamentismo
cobrado de Moro se identifi-
ca. Ele saudou o tenente Adria-
no da Nóbrega, do Escritório
do Crime, como herói do Bo-
pe, quando este já tinha sido
condenado por homicídio. E
mandou o filho 01 condecorá-
lo com a medalha mais impor-
tante do Legislativo fluminen-
se. A esse respeito comentou
o citado ministro da Defesa,
em abril de 2019: “A milícia
começou numa intenção de
proteger as comunidades. Na
boa intenção. Começou com
uma intenção de ajudar, mas
desvirtuou. Desvirtuou e são
bandos armados”. Que flor de
ingenuidade!
Mas mais grave do que isso
é que nossos falsos pais da Pá-
tria passam ao largo de óbvias
ameaças ao Estado de Direito.
Incluindo-se aí as vítimas da
milícia chavista de direita:
João Doria, Wilson Witzel e
Bruno Covas, ungidos da mes-
ma consagração pelo voto po-
pular em que se justifica o ca-
po di tutti capi.

]
JORNALISTA, POETA E ESCRITOR

PUBLICADO DESDE 1875

LUIZ CARLOS MESQUITA (1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
JULIO DE MESQUITA NETO (1948-1996)
LUIZ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1997)
RUY MESQUITA (1947-2013)

FRANCISCO MESQUITA NETO / DIRETOR PRESIDENTE
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NOVA LINHA
Cafés de regiões
afetadas por conflitos

McLaren demite
1.200 funcionários

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NESPRESSO/DIVULGAÇÃO PIERRE PHILIPPE/AFP

]
José Nêumanne


Tema do dia


West Ham monta plano pa-
ra transmitir rostos e rea-
ções do público no telão.

http://www.estadao.com.br/e/futebol

A milícia anunciada por


um governo com gângsteres


Em reunião mafiosa,
Bolsonaro avisa que
armará bandos contra
seus ‘inimigos’ eleitos

Nação de


empreendedores


O Estado precisa
parar de infernizar
a vida deles e
deixá-los trabalhar

AMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
JULIO MESQUITA (1885-1927)
JULIO DE MESQUITA FILHO (1915-1969)
FRANCISCO MESQUITA (1915-1969)

AV. ENGENHEIRO CAETANO ÁLVARES, 55
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REDAÇÃO: 6º ANDAR
FAX: (11) 3856-
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AO ASSINANTE
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SÁBADO) E R$ 7,00 (DOMINGO). RJ, MG, PR, SC E DF:
R$ 5,50 (SEGUNDA A SÁBADO) E R$ 8,00 (DOMINGO).
ES, RS, GO, MT E MS: R$ 7,50 (SEGUNDA A SÁBADO)
E R$ 9,50 (DOMINGO). BA, SE, PE, TO E AL: R$ 8,
(SEGUNDA A SÁBADO) E R$ 10,50 (DOMINGO). AM, RR,
CE, MA, PI, RN, PA, PB, AC E RO: R$ 9,00 (SEGUN-
DA A SÁBADO) E R$ 11,00 (DOMINGO)
PREÇOS ASSINATURAS: DE SEGUNDA A DOMINGO


  • SP E GRANDE SÃO PAULO – R$ 134,90/MÊS. DEMAIS
    LOCALIDADES E CONDIÇÕES SOB CONSULTA.
    CARGA TRIBUTÁRIA FEDERAL: 3,65%.


Witzel é alvo da PF


e acusa Bolsonaro


de interferência


Deputada bolsonarista, Carla Zambelli
antecipou que órgão investigaria ações
de governadores durante a pandemia

]
Luiz Felipe D’Ávila

ATHIT PERAWONGMETHA/REUTERS FÓRMULA 1

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Zuckerberg supera
fortuna de Buffett

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Time quer torcida via
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