O Estado de São Paulo (2020-05-27)

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B12 Economia QUARTA-FEIRA, 27 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Anna Barbosa


Por conta da crise do corona-
vírus e das medidas de isola-
mento social, as pequenas e
médias empresas de diversos
setores passaram a sentir que-
das bruscas na procura de
seus serviços e produtos e,
consequentemente, uma re-
dução no faturamento. Em
busca de se adaptar às neces-
sidades do momento para so-
breviver, diferentes negócios
passaram a produzir másca-
ras e protetores faciais – uma
das grandes demandas de pro-
teção durante a pandemia.
É o caso da Imageway, empre-
sa de comunicação visual que
produz faixas, banners, painéis
comemorativos e outros itens.
Os donos, Marisla e Adolfo Mar-
tins, contam que sentiram a de-
manda do negócio chegar a qua-
se zero depois que o isolamento
foi decretado em São Paulo.
Logo no início da pandemia,
antes do uso de máscaras se tor-
nar obrigatório, o casal já havia
decidido adotá-las por fazer par-
te do grupo de alto risco. Como
não achavam à venda a prote-
ção ideal, eles mesmos decidi-
ram produzir a máscara e entra-
ram em contato com um forne-
cedor de folhas de acetato. O
equipamento de proteção é pa-
recido com uma viseira, tam-
bém chamado de face shield.
“Quando fomos buscar o ma-
terial, vimos que não havia tan-
ta disponibilidade (desse tipo
de máscara) no mercado e que
poderíamos passar a produzi-
las, fazendo algo que beneficias-
se tanto as pessoas quanto nós
mesmos”, diz Marisla.
Passaram a comercializar o
produto em abril, após desen-
volver o projeto e adaptar a em-


presa. “O projeto da máscara
protetora precisa ser diferente
e possui muitos detalhes, além
de três tamanhos: recém-nasci-
do, criança e adulto.”
A empreendedora também
conta que o casal pretende con-
tinuar a produção de equipa-
mentos de proteção individual
mesmo num cenário pós-pan-
demia. “Nós fizemos um curso
de bombeiro e socorrista, mas
nunca usamos de fato. Acredito
que agora seja um momento pa-
ra fazer bom proveito disso.”
Para Ricardo Teixeira, coor-
denador do MBA de Gestão Fi-
nanceira da Fundação Getúlio
Vargas, a adaptação do negócio
em um momento como esse é
louvável. “A partir dessas inicia-
tivas, a empresa também pode
encontrar outro caminho para
crescer. Pode ser que não quei-
ra voltar atrás e que queira se-
guir com os dois caminhos.”
Outra empresa que se adap-
tou foi a Isoflex, produtora de
objetos para gestão visual, com
itens como pastas de procedi-
mentos, displays e quadros fle-
xíveis. “No final de março, senti-
mos uma queda brusca. Mas, co-
mo tínhamos a matéria-prima,
resolvemos fazer as máscaras”,
conta Carolina Hartmann, dire-
tora de marketing.
A produção da máscara de
acetato pode ser até 20 vezes
mais rápida do que os modelos
de máquinas 3D, diz ela, o que
fez com que a empresa passasse
a produzir mais de 200 mil más-
caras por mês. A dificuldade, no
caso da Isoflex, foi desenvolver
um novo canal de vendas. “Co-
mo não trabalhávamos com es-
se tipo de produto, tivemos que
nos mexer muito rápido para
conseguir entrar nesse meio.”
A empresa percebeu que,

com o tempo, houve aumento
da concorrência no mercado de
protetores e máscaras, então
passou a desenvolver outros se-
te produtos para a proteção con-
tra o coronavírus, como barrei-
ras de supermercado e adesivos
orientadores de piso.
Segundo Carolina, esse mo-
mento proporcionou trabalhar

com clientes de novos ramos e,
num momento pós-pandemia,
enxerga como possibilidade ex-
pandir a cartela de produtos e a
carteira de clientes.

Setor de confecção. Não fo-
ram somente as empresas que
já trabalhavam com o acetato
que se transformaram. A Esto-
jos Baldi, produtora de embala-
gens e mostruários para joalhe-
rias, passou a incluir em sua li-
nha a produção de máscaras de
tecido. “Na pandemia, com os
shoppings fechados, o nosso
mercado sentiu. Como nós pro-
duzimos os saquinhos para em-
balagem, temos um setor de cos-
tura e decidimos produzir as
máscaras”, diz Walter Baldi Jú-
nior, um dos diretores da mar-
ca. Segundo ele, a nova atuação

foi pensada para manter a em-
presa aberta e manter os empre-
gos – são 150 funcionários.
Segundo o coordenador do
MBA da FGV, é importante fa-
zer as contas para a adaptação.
“Nesse momento de crise, o
que deve ser levado em conside-
ração é a questão financeira da
empresa. A decisão é tomada pe-
la sobrevivência do negócio.”
No caso de Matheus Muniz,
dono da marca de roupas femi-
ninas Slave Wave, a atuação no
setor de vestuário, com acesso à
matéria-prima e às costureiras,
também facilitou a entrada no
nicho. A dificuldade, no entan-
to, foi com relação aos clientes.
“Já tem muita oferta do pro-
duto e até mesmo os fornecedo-
res estavam trabalhando com o
público final”, conta. Para se di-
ferenciar, ele buscou trabalhar
com máscaras personalizadas.
Ele relata que, em abril, as
vendas de roupas da loja online
dobraram em relação ao mês an-
terior e, somadas às máscaras e
uniformes industriais, conse-
guiu equiparar as vendas de to-
do o mês de março. Já em maio,
com tanta oferta no mercado,
Matheus percebeu uma queda
na venda de máscaras.
Segundo Juliana Segallio,
consultora do Sebrae-SP, al-
guns pontos devem receber
maior atenção para a adapta-
ção: possibilidade de demanda,
estimativa de formação de cus-
tos, como o produto será ofere-
cido e entregue, meios de paga-
mento e meios de divulgação.

Plataformas


para pequenos:


veja 30 sites


PME


Ainda no fim de março, o merca-
do da gastronomia foi um dos
primeiros a se movimentar pa-

ra criar iniciativas que reunis-
sem vouchers e outros modos
de apoio financeiro a restauran-
tes e bares fechados por força
da quarentena causada pelo no-
vo coronavírus. Logo depois vie-
ram outras plataformas, a
maior parte delas apoiada por
grandes empresas, como Visa,
Magazine Luiza, Stella Artois,

Alelo, Stone e Carrefour.
De lá para cá, reunimos 30 ini-
ciativas que funcionam para
venda de produtos ou serviços
de micro e pequenas empresas,
como uma espécie de market-
place. Além disso, plataformas,
muitas com o apoio do Sebrae,
ajudam com mentoria para digi-
talização e gestão. / A.B.

Anna Barbosa


Um levantamento feito pela
PayGo, empresa de meios de pa-
gamentos do grupo C6 Bank,
mostra que, em nove semanas
pesquisadas desde o fim de mar-
ço, as vendas de MEIs e autôno-
mos caíram uma média de
1,91%, enquanto houve queda
de 53,40% nas transações de pe-
quenas e médias empresas.
Se consideradas apenas as úl-
timas quatro semanas, de 23 de
abril a 20 de maio, os MEIs e
autônomos registraram saldo
positivo em todas as semanas
(média de +14,11%), enquanto
as PMEs ficaram com queda mé-
dia de -45,04%. O estudo usou
como base de comparação a mé-
dia diária de vendas de janeiro a
março, analisando o movimen-
to dos 55 mil CNPJs atendidos
pela empresa no País.
No início da pesquisa, os
MEIs e autônomos chegaram
até meados de abril em queda,
mas apresentaram melhora nas


semanas seguintes. Para Philip-
pe Katz, CEO da PayGo, isso po-
de ser explicado por dois fenô-
menos: as PMEs ficam concen-
tradas em grandes centros urba-
nos ou nas principais ruas e cen-
tros de venda – que estão fecha-
dos. Enquanto isso, os MEIs e
autônomos atuam com mais in-
formalidade, em geral sem esta-
belecimento físico, o que possi-
bilitaria uma agilidade maior.
Contudo, Katz faz uma ressal-
va: “Isso não quer dizer que os
MEIs foram menos impacta-
dos. Muitas vezes, o valor nomi-
nal é menor e eles faturam me-
nos, então uma queda de 10%
no faturamento pode significar
muito”, e explica que pequenas
e médias empresas são mais es-

truturadas, possuindo um con-
forto financeiro maior.
Entre os MEIs, o Centro-Oes-
te (+18,74%) e o Norte (+3,98%)
apresentaram uma média posi-
tiva nas transações nas nove se-
manas. Sul (-8,40%), Sudeste (-
3,12%) e Nordeste (-1,91%) fica-
ram no negativo.
Com relação às PMEs, o seg-
mento mais afetado foi educa-
ção (-90,39%) e turismo e entre-
tenimento (-88,59%). A menor
queda ficou no setor de alimen-
tação, com redução de -7,20%.

lAdaptação

ESTADÃO

Mapa das Máscaras


reúne costureiras e


outros autônomos


MEIs e autônomos recuperam


vendas melhor que PMEs


CONFIRA AS INICIATIVAS

Máscaras


alteram foco


de pequenas


indústrias


Equipamentos de acetato entram na linha de


produção de negócios de comunicação visual


“Os pequenos precisam
estar atentos ao
termômetro dos
consumidores. Não
dá para olhar só para
dentro da empresa”

Juliana Segallio
CONSULTORA DO SEBRAE-SP

Fábrica de banners. O casal Marisla e Adolfo Martins, da Imageway, que passou a fazer máscaras nos equipamentos

lAlém das pequenas indústrias,
costureiras e outros autônomos
uniram a necessidade e o tempo
ocioso em casa para produzir e
vender máscaras de pano. Para
reunir essas iniciativas, foi criado
o Mapa das Máscaras, platafor-
ma sem fins lucrativos que hoje
tem mais de 3 mil perfis cadastra-
dos. A aposentada Gislene Gutier-
rez, que aderiu à plataforma, con-
ta que trabalhava para aplicati-
vos de corrida como Lady Driver
e Baby Pass. Com a quarentena e
a queda das chamadas, decidiu
pôr em prática as habilidades de
costura. Como já teve confecção,
Gislene tem máquina em casa.
“Comecei a entrar em contato
com os condomínios próximos
da minha residência, que têm
grupos de WhatsApp, além de
contar com a ajuda da minha fi-
lha, que é da área da saúde”, diz
Gislene sobre as estratégias pa-
ra vender sem sair de casa. Ela
reforça a ajuda da venda das
máscaras na renda da família,
mas lamenta ter que produzir o
item. “Quando eu digo que não
estou feliz em produzir (as más-
caras) é por conta da situação da
pandemia, infelizmente ocorrem
muitas mortes. Mas esse é um
produto que salva vidas.”

EDUARDO VINICIUS DELLAZUANA DE LIMA

Isoflex. Carolina Hartmann, que usa matéria-prima própria

Pesquisa de fintech


mostra que, desde março,


vendas de MEIs caíram


média de 1,91%, já as de


PMEs registram -53,40%


Por setor. Entre PMEs, alimentação sofreu a menor queda

GABRIELA BILÓ/ESTADÃO


  1. Ajude o Pequeno:
    ajudeopequeno.com.br

  2. Ajude um Buteco:
    ajudeumbuteco.com.br

  3. Ajude um Empreendedor:
    ajudeumempreendedor.com.br

  4. Amaro Collective: amaro.com
    /moda-feminina/amaro-collective

  5. #ApoieoNegocioLocal:
    privalia.com.br

  6. Apoie o Pequeno:
    apoieopequeno.com.br

  7. Apoie um Restaurante:
    apoieumrestaurante.com.br

  8. Apoie um Salão:
    apoieumsalao.com.br

  9. Beleza Amiga:
    belezaamiga.com.br

  10. Brinde do Bem:
    brindedobem.com
    11. Com a Serasa: instagram.
    com/serasaconsumidor
    12. Compre do Bairro: movi
    mentocompredobairro.com.br
    13. Compre dos Pequenos:
    compredospequenos.cora.com.br
    14. Compre Local:
    cuidedopequenonegocio.com.br
    15. Eu Ajudo meu Salão:
    supportyoursalon.keune.com.br
    16. #EUAPOIO: euapoio.com.br
    17. Facebook Cupons:
    facebook.com/business/
    boost/gift-cards
    18. Gentileza Gera Gentileza:
    gggpelobrasil.org
    19. Gingo: gingo.com
    20. JuntosPeloSeuNegócio:
    cartaoatacadao.com.br/juntos-pe-
    lo-seu-negocio
    21. Menu da Boa Causa:
    menudaboacausa.com.br
    22. Menu do Amanhã:
    loja.gaspaindica.com.br
    23. Parceiro Magalu:
    parceiromagalu.com.br
    24. Pede aí com a Alelo:
    pedecomalelo.com.br
    25. Pertinho de Casa:
    pertinhodecasa.com.br
    26. Push do Bem:
    claro.pushdobem.com.br
    27. Quarentene-se:
    foodpass.com.br
    28. Sabores que Amamos:
    saboresdacidade.com
    29. Salve os Pequenos:
    salveospequenos.com.br
    30. Vai de Visa: vaidevisa.visa.
    com.br/site/compredopequeno


REPÓRTER É ESTAGIÁRIA SOB
A SUPERVISÃO DA EDITORA DO
ESTADÃO PME, ANA PAULA BONI

TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
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