O Estado de São Paulo (2020-05-27)

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B14 Economia QUARTA-FEIRA, 27 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


A reestruturação da Latam de-
verá durar entre 12 e 18 meses,
segundo projeções do presiden-
te do grupo, Roberto Alvo. Nes-
se período, a intenção é manter
as operações normalmente –
ainda que em escala reduzida
devido aos fechamentos de
fronteiras e às medidas de dis-
tanciamento social.
Alvo calcula que, com a co-
vid-19, as operações da Latam
no fim deste ano ainda estarão
reduzidas a 50% do que eram
antes da pandemia. Em abril, a
empresa chegou a cortar sua
oferta em 95%. “A indústria não
vai voltar a seu tamanho origi-
nal por alguns anos”, disse em
entrevista coletiva realizada
por telefone.
Ao reduzir os voos, a Latam
terá também de adaptar seu qua-
dro de funcionários. Dos 43 mil
empregados que tinha antes da
crise – 21 mil deles no Brasil –, a
companhia demitiu, até agora,
1.850. Novos cortes deverão
ocorrer.
A empresa negocia ainda a de-
volução de aviões. Em petição
apresentada à Justiça america-
na, solicitou “rejeitar ou aban-
donar” o arrendamento de 20
aeronaves. “Muitos dos arren-
damentos que os devedores (a
Latam) desejam cancelar são de
aviões e motores com custos sig-
nificativos, que incluem manu-
tenção, seguro e armazenamen-
to”, diz a Latam no documento.
Parte dessas aeronaves que
pretende devolver teve parcela
do financiamento vencida no úl-
timo dia 15 que não foi honrada.
Diante da inadimplências, as
agências classificadoras de ris-
co de crédito Moody’s e S&P re-
baixaram, na última sexta-feira,

a nota da Latam. Ontem, a Fitch
seguiu o exemplo das outras.
Especialista em direito aero-
náutico, o advogado Felipe Bon-
senso lembra que o cenário da re-
cuperação da Latam é justamen-
te o oposto do da Avianca Brasil,
que, no ano passado, brigava
com os arrendadores das aerona-
ves para poder usá-las. “A dispu-
ta agora é para devolver. Há uma
justificativa econômica e estra-
tégica para a empresa optar por
rescindir esses contratos.”

Sobrevivência. As chances de
a Latam atravessar essa recupe-

ração e voltar à normalidade
são concretas, segundo o espe-
cialista no setor aéreo André
Castellini, sócio da consultoria
Bain & Company. Isso porque o
problema que atinge a aérea é
global e os fornecedores da La-
tam devem ser “razoáveis” na
renegociação dos débitos. “O
governo também tem interesse
(na sobrevivência da companhia)
para que indústria não se con-
centre”, diz.
Castellini lembra também
que o a recuperação judicial pa-
ra as companhias aéreas é “habi-
tual” nos Estados Unidos. Em-
presas como American Airlines
e United recorreram ao chapter
11 nos anos 2000. Para ele, a soli-
citação de reestruturação na
Justiça não significa que a situa-
ção da empresa seja mais grave
que a de outras aéreas: “A reali-
dade é que todas as empresas
do setor estão inadimplentes.
O chapter 11 dá uma janela de
respiro que permite continuar
operando.”/L. D.

Negócios

Luciana Dyniewicz


Com US$ 17,9 bilhões em dívi-
das e mais de 100 mil credo-
res, a Latam pediu recupera-
ção judicial (chapter 11) on-
tem em Nova York. A empre-
sa foi a segunda aérea da
América Latina a solicitar
reestruturação nos Estados
Unidos em meio à crise da
pandemia da covid-19, que pa-
ralisou o setor aéreo em todo
o mundo. Há 15 dias, a Avian-
ca Holdings fez o mesmo mo-
vimento. A proteção judicial
de credores, porém, não será
suficiente para atravessar a
crise. A Latam ainda espera
um socorro dos governos dos
países onde atua.
“A única coisa inviável é
achar que não vai ter ajuda go-
vernamental. A ajuda dos gover-
nos, não só do Brasil, precisa
vir, assim como aconteceu na
Alemanha e nos EUA”, disse o
presidente da Latam no Brasil,
Jerome Cadier, ao Estadão.
O pedido de recuperação não
inclui a unidade brasileira do
grupo, justamente por causa da


possibilidade de receber auxí-
lio financeiro do governo.
O pacote de ajuda brasileira
para as companhias aéreas, de-
senhado pelo Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômi-
co e Social (BNDES), prevê um
socorro de R$ 4 bilhões para ser
dividido entre Latam, Gol e
Azul e exige que as empresas es-
tejam listadas na B3, a Bolsa pau-
lista. A Latam, no entanto, tem
ações negociadas em Nova
York e em Santiago, no Chile.

Segundo Cadier, as conver-
sas com o governo Jair Bolsona-
ro estão avançando para que se
chegue a uma solução que aten-
da também a Latam. “Tem a op-

ção de encontrar um financia-
mento que não obrigue a com-
panhia a se listar aqui e tem ou-
tras opções. A gente ainda não
convergiu, mas estamos anali-

sando os prós e contras de cada
opção.”
Um modelo em análise é que
o BNDES participe da recupera-
ção como debtor in possession
(DIP), uma espécie de credor
que tem prioridade de pagamen-
to. Acionistas da Latam, a famí-
lia chilena Cueto (controlado-
ra, com 21,5% de participação) e
a brasileira Amaro (com 2%),
além da Qatar Airways (dona de
10% da aérea), concederão um
empréstimo de até US$ 900 mi-
lhões nesse modelo para que a
companhia continue operando
enquanto está em recuperação.
A Latam acredita que a rees-
truturação pode ajudá-la a con-
seguir um empréstimo no Bra-
sil. Em entrevista com jornalis-
tas, o presidente do grupo, Ro-
berto Alvo, afirmou que a “reabi-
litação dá opções interessantes
para o BNDES participar. A es-
trutura que o banco havia pro-
posto era complexa,”, disse.
A leitura, no entanto, é outra
no BNDES e nos bancos priva-
dos, que também participam
das conversas. O valor que até
então estava disponível à aérea

deve ser reduzido, com o au-
mento da percepção do risco,
segundo fontes do setor.
A Latam espera ainda receber
ajuda do governo do Chile, país
sede da empresa. O presidente
chileno, Sebastián Piñera, já foi
um dos principais acionistas da
companhia aérea e é próximo
da família Cueto. Um auxílio fi-
nanceiro, portanto, poderia ser
malvisto no país.
Ontem, o Ministério da Fa-
zenda do Chile, porém, divul-
gou uma nota em que afirma
avaliar a “conveniência e a opor-
tunidade de contribuir com o
processo de reorganização da
Latam”. De acordo com Cadier,
as conversas com o governo
Piñera “estão andando”.
As ações da Latam em Santia-
go fecharam ontem com queda
de 36%. Em Nova York, os pa-
péis recuaram 34,6%./
COLABOROU ALINE BRONZATI

PERGUNTAS & RESPOSTAS

Apesar do pedido de recuperação judicial


nos EUA, Latam espera ajuda de governo


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS ‘Nessa crise, efeito batom da economia não apareceu’, diz presidente do Grupo Boticário. Pág. B16}


1.
Meu voo será cancelado?
Em nota, a empresa afirma
que todas as passagens já
compradas e futuros bilhetes
vão ser honrados. A Latam
diz que vai continuar a ofere-
cer voos para transporte de
passageiros e cargas de acor-
do com a demanda e restri-
ções de viagem. Segundo a
Anac, a recuperação judicial
solicitada nos EUA não irá
afetar as operações da empre-
sa no Brasil.

2.
É seguro comprar passa-

gens da empresa a partir
de agora?
De acordo com Fernando Ca-
pez, secretário de defesa do
consumidor do Procon-SP, “é
seguro comprar por enquan-
to porque a situação da em-
presa aqui não é de recupera-
ção judicial e é independente
do pedido feito fora do País.”
Para ele, não há motivo para
alarde por parte dos consumi-
dores, apenas atenção.

3.
Tenho milhas acumula-
das. Vou perdê-las?
Segundo a Latam, não haverá
nenhuma alteração quanto ao
programa de milhagens, vou-
chers e benefícios da compa-
nhia.

lSocorro do Estado

‘Ninguém está pedindo subsí-
dio’, diz presidente da Latam

lApoio

Operações da Latam
no fim do ano estarão
reduzidas a 50% do que
eram antes da pandemia,
diz presidente do grupo

Aérea quer devolver


jatos para cortar custos


O que muda para


o passageiro


ESTEBAN FELIX/AP

Empresa pediu recuperação judicial (chapter 11) ontem em Nova York e é a segunda aérea da América Latina a solicitar reestruturação


nos Estados Unidos em meio à crise da pandemia; ‘a ajuda dos governos, não só do Brasil, precisa vir’, diz presidente da companhia


“A única coisa
inviável é achar que
não vai ter ajuda
governamental. A
ajuda dos governos,
não só do Brasil,
precisa vir, assim como
vimos acontecer na
Alemanha e nos Estados
Unidos.
Para mim, é inegável
que virá.”
Jerome Cadier
PRESIDENTE DA LATAM NO BRASIL

Pacote. Ajuda desenhada para o setor aéreo prevê R$ 4 bi

Jornalista Responsável: Leandro Vieira - MTb - 75.104 | Ano 17 | Nº 131 |maio de 2020

Cursos EAD com valores diferenciados


D


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A


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“O governo também
tem interesse (na
sobrevivência da
companhia) para que
indústria não se concentre”
André Castellini
SÓCIO DA CONSULTORIA
BAIN & COMPANY
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