O Estado de São Paulo (2020-05-29)

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O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 29 DE MAIO DE 2020 Economia B


Ajuda a Estados


pode sair na


próxima semana


MP 936. Objetivo da medida é preservar empregos e ajudar as firmas a enfrentar a crise


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SÓ AQUI VOCÊ


ENCONTRA


Após a sanção do projeto que


prevê auxílio de R$ 60 bilhões a


Estados e municípios para en-


frentar os efeitos do novo coro-


navírus, o governo espera ini-


ciar as transferências de recur-


sos na próxima semana.


De acordo com o secretário


do Tesouro Nacional, Mansue-


to Almeida, o governo está de-


senvolvendo um sistema para


que os entes declarem que desis-


tiram de ações contra a União


impetradas a partir de março,


uma das exigências para o rece-


bimento dos recursos.


“Não temos como colocar a


AGU (Advocacia-Geral da


União) para vasculhar ações


contra a União, são milhões. Va-


mos confiar na auto declaração


dos entes de que desistiram de


ações”, afirmou ele.


O texto da sanção foi publica-


do ontem no Diário Oficial da


União. O presidente Jair Bolso-


nar aprovou os vetos recomen-


dados pelo Ministério da Econo-


mia, entre os quais barrar a possi-


bilidade de reajustes para servi-


dores públicos até o fim de 2021.


O repasse será feito em qua-


tro parcelas mensais, sendo


que R$ 10 bilhões – R$ 7 bilhões


para Estados e o Distrito Fede-


ral e R$ 3 bilhões para municí-


pios – serão destinados especifi-


camente a ações de saúde e as-


sistência social no combate à


pandemia de coronavírus. Dos


R$ 50 bilhões restantes, R$ 30


bilhões ficarão com Estados e


DF e R$ 20 bilhões, com municí-


pios. / LORENNA RODRIGUES


Adriana Fernandes


Julia Lindner / BRASÍLIA


Em seu primeiro grande tes-


te como integrante da base


aliada do governo Jair Bolso-


naro, o Centrão foi o fiador


da manutenção do limite de


R$ 1,8 mil para o valor do be-


nefício emergencial pago a


empregados formais atingi-


dos por redução de jornada e


salário ou suspensão de con-


trato na crise. A proposta da


área econômica foi aprovada


na Câmara dos Deputados


em votação separada, uma


vez que o relator, deputado


Orlando Silva (PCdoB-SP),


havia previsto em seu texto-


base uma elevação do teto pa-


ra R$ 3.135.


O texto ainda precisa passar


pelo Senado. Sem mudanças, os


trabalhadores terão o benefício


calculado sobre a parcela do se-


guro-desemprego a que teriam


direito se fossem demitidos –


nos mesmos moldes da medida


original apresentada pelo gover-


no. Essas parcelas ficam entre


R$ 1.045 e R$ 1.813,03.


Bolsonaro se aproximou do


bloco de partidos do Centrão


para ampliar seu apoio nas vota-


ções no Legislativo e ordenou a


liberação de cargos no governo


para sedimentar a nova aliança.


O apoio do bloco de partidos


ajudou o governo a barrar um


custo adicional de R$ 23 bilhões


ao programa que já prevê pagar


R$ 51,2 bilhões em benefícios.


Até agora, 8,2 milhões de tra-


balhadores já negociaram acor-


dos de redução de jornada e salá-


rio ou suspensão de contrato,


cerca de um terço do contingen-


te de 24,5 milhões esperado pe-


lo governo. Os acordos têm du-


ração máxima de 90 dias.


O relator, no entanto, autori-


zou o governo a prorrogar o pra-


zo das medidas, abrindo cami-


nho para que empresas e traba-


lhadores negociem as medidas


emergenciais por mais tempo.


A avaliação no governo é que a


manutenção da base de cálculo


original viabiliza essa prorroga-


ção. Técnicos já admitem que


uma extensão de pelo menos


um mês no programa pode ser


de fato necessária.


Desoneração. Apesar da vitó-


ria no custo com o programa, a


área econômica foi vencida na


proposta de prorrogação da de-


soneração da folha de salários


para 17 setores da economia. A


política terminaria em dezem-


bro de 2020, mas foi estendida


até o fim de 2021.


Na desoneração, as empresas


podem substituir a contribui-


ção de 20% sobre a folha de salá-


rios por uma alíquota de 1% a


4,5% sobre o faturamento. En-


tre os setores massivos em mão


de obra que ainda são beneficia-


dos pela desoneração estão call


centers, tecnologia da informa-


ção, construção civil, calçados,


indústria têxtil e comunicação.


A política tem custo estimado


em R$ 10,4 bilhões este ano.


O relator queria prorrogar a


desoneração até o fim de 2022,


mas acabou reduzindo o prazo.


Mesmo assim, o governo ten-


tou até o último minuto retirar


essa mudança do projeto e ofe-


receu até mesmo um acordo pa-


ra restabelecer a obrigatorieda-


de da homologação dos sindica-


tos nas demissões durante o pe-


ríodo da pandemia, regra derru-


bada na reforma trabalhista de



  1. Não houve consenso.


Segundo apurou o Esta-


dão/Broadcast, o prazo adicional


da desoneração, ainda que me-


nor, foi aprovado sem aval da


equipe econômica, que deve re-


comendar o veto da medida. O


governo é contra porque quer


discutir uma desoneração mais


ampla como medida de estímu-


lo à geração de empregos no


pós-crise. / COLABORARAM IDIANA


TOMAZELLI E CAMILA TURTELLI


Daniela Amorim / RIO


Cícero Cotrim / SÃO PAULO


A pandemia do novo coronaví-


rus provocou uma destruição


generalizada de postos de tra-


balho no trimestre encerrado


em abril. A taxa de desempre-


go subiu de 11,2% em janeiro


para 12,6% em abril, segundo


os dados da Pesquisa Nacional


por Amostra de Domicílios


Contínua (Pnad Contínua) di-


vulgada ontem pelo Instituto


Brasileiro de Geografia e Esta-


tística (IBGE).


O resultado só não foi ainda


mais elevado porque houve mi-


gração recorde de pessoas para


a inatividade. O desalento atin-


giu o maior patamar da série his-


tórica, com mais de cinco mi-


lhões de pessoas que não traba-


lhavam nem buscavam uma va-


ga por acharem que não conse-


guiriam emprego, por exemplo.


“O ponto é que as pessoas es-


tão perdendo o emprego e sain-


do do mercado de trabalho. É


similar ao que acontece em


uma grande recessão, quando


quem é demitido não tenta en-


contrar um novo emprego”, afir-


mou o economista-chefe do


banco de investimentos Hai-


tong, Flávio Serrano.


De acordo com Serrano, da


Haitong, as medidas de isola-


mento social para contenção


do coronavírus são a chave des-


se movimento. Por isso, o de-


semprego deve avançar rapida-


mente nas divulgações de ju-


nho em diante, quando forem


levantadas as restrições à circu-


lação em São Paulo e, possivel-


mente, nos demais Estados.


A pesquisa do IBGE conside-


ra como desempregados ape-


nas aqueles que efetivamente


tomaram alguma medida para


buscar trabalho. “O que temos,


agora, é uma restrição de mobili-


dade que contém o desempre-


go. Quando tiver o relaxamen-


to, quem está desempregado


vai começar a buscar, vai au-


mentar a população desocupa-


da, e nós podemos ter um pico


de taxa de desemprego entre


14% e 15, explica Serrano.


Recordes. As demissões foram


recordes em 7 dos 10 grupos de


atividades econômicas, com


destaque para comércio, indús-


tria, construção e s serviços do-


mésticos. Os mais afetados fo-


ram os trabalhadores infor-


mais. Segundo Adriana Berin-


guy, analista da Coordenação


de Trabalho e Rendimento do


IBGE, o mês de abril teve um


desempenho “totalmente atípi-


co de tudo que já vimos na série


histórica”. “De fato o isolamen-


to social tem um peso bastante


importante na resposta desses


movimentos (no mercado de tra-


balho)”, afirmou Adriana.


De todos que perderam em-


prego, 76% trabalhavam na in-


formalidade, o que reduziu a


proporção de informais entre


os trabalhadores ocupados.


“Todos estão perdendo (em-


prego), todos estão saindo da


ocupação, mas os informais


com intensidade muito maior.


Essa queda não está associada a


uma melhora qualitativa do


mercado de trabalho, ela está as-


sociada a uma dispensa intensa,


uma perda da ocupação tanto


pelos formais quanto pelos in-


formais”, disse Adriana.


No trimestre encerrado em


abril, houve dispensa de 1,


milhão de pessoas sem carteira


assinada no setor privado, en-


quanto 1,196 milhão de trabalha-


dores por conta própria perde-


ram suas ocupações. Outros


736 mil trabalhadores domésti-


cos perderam o emprego no tri-


mestre. O trabalho formal tam-


bém encolheu: 1,504 milhão de


vagas com carteira assinada fo-


ram extintas.


Como consequência da dete-


rioração do mercado de traba-


lho, a massa de renda em circula-


ção na economia registrou que-


da recorde no trimestre encer-


rado em abril, 3,3%, R$ 7,317 bi-


lhões a menos em apenas um


trimestre.


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


lAcordos


lBalanço


Desemprego sobe e desalento atinge patamar recorde


Rombo fiscal chega a R$ 92,9 bilhões em abril. Pág. B5}


8,2 milhões


é o número de trabalhadores que


já negociaram acordos de redu-


ção de jornada e salário ou sus-


pensão de contrato, um terço do


total previsto pelo governo.


NAJARA ARAÚJO/CÂMARA DOS DEPUTADOS

Com apoio do


Centrão, teto de


auxílio é mantido


Relator da MP 936 havia previsto elevar de R$ 1,8 mil para R$ 3,1 mil


limite para cálculo de benefício pago a quem teve salário reduzido


7 de 10


grupos de atividades econômicas


fizeram demissões; no comércio,


indústria, construção e serviços


domésticos, número foi recorde


76%


de todos o trabalhavam na infor-


malidade; 1,547 milhão de pes-


soas sem carteira assinada per-


deram o emprego no trimestre


encerrado em abril


Taxa salta de 11,2%


para 12,6% em abril, e só


não foi maior porque


5 milhões desistiram


de buscar trabalho

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