O Estado de São Paulo (2020-05-29)

(Antfer) #1

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H2 Especial SEXTA-FEIRA, 29 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


SONIA RACY


COMO PUNIR ‘FAKES’ É


DÚVIDA MUNDIAL


Colaboração


Cecília Ramos [email protected]


Blog: estadão.com.br/diretodafonte Facebook: facebook.com/SoniaRacyEstadao Instagram: @colunadiretodafonte Marcela Paes [email protected]


DIRETO DA FONTE


Quem começou a usar as re-


des sociais no mundo políti-


co, de maneira mais acentua-


da, foi Barack Obama. Ven-


ceu as eleições assim. De-


pois, Trump contratou a


Cambridge Analytica, que


colecionou dados em que os


aplicativos de discussão con-


junta, como WhatsApp, Face-


book e etc, disponibilizaram


a coleta de dados de seus


usuários para fazer levanta-


mento de tendências em vá-


rios campos. Venderam a


pesquisa para o candidato


americano, que começou a


utilizá-las para dirigir a sua


campanha. “As fake news vie-


ram logo depois”, coloca Ary


Oswaldo Mattos Filho, fun-


dador da faculdade de Direi-


to da FGV.


Isso aumentou a possibilida-


de de manipular leitores atra-


vés de fake news. “O TSE já


estava preocupado porque


isso enganava o eleitor. Ago-


ra, a preocupação vai além, há


uma exacerbação de posi-


ções”, destaca o advogado,


dando como exemplo o gabi-


nete do ódio, que nada mais


seria do que “contratar e per-


sonalizar certos personagens


criando um mecanismo de


controle social”.


Como deve atuar o Poder


Judiciário nesse tipo de ca-


so? “Essa é uma dúvida mun-


dial, estamos todos discutin-


do a mesma coisa” diz Mat-


tos Filho, não querendo se


alongar. “Não vou entrar em


briga que não é da minha


área”, finaliza, analisando


que essa briga do Judiciário


“parece briga sobre a tutela


de filhos, de casais que se


divorciam” com a diferença


de que os filhos, neste caso,


“são todos os brasileiros”.


Pelo que se apurou, o proce-


dimento nasceu torto desde


o início. Começou quando o


presidente do STF, Dias Tof-


foli, estabeleceu investigação


e designou o colega Alexan-


dre de Moraes para tocar o


processo sem ouvir o Procu-


rador Geral da República –


que é quem normalmente dá


início a essas investigações


junto com a PF.


Qual era a discussão na época?


Pesquisas mostram claramente


que existiam dúvidas sobre o


processamento da ação, em


que o STF investiga, julga e con-


dena. Augusto Aras, atual PGR,


concordou que o Supremo po-


deria tocar as três fases da


ação, mas mudou de ideia.


JUSTIÇA


Leandro Nunes


Aos 66 anos, John Malkovich se


surpreendeu ao ver duas pes-


soas compartilhando uma piz-


za. Tem sido assim desde que


passou a testemunhar o mundo


pelas telas das séries e filmes, a


que assiste no confinamento.


Por meio de videoconferên-


cia, o ator conversou com o Es-


tadão sobre a estreia da série


Space Force hoje, 29. A comédia


de Greg Daniels e Steve Carell


parte do desejo dos EUA de re-


tomar a exploração do espaço


em um novo projeto Boots on


the Moon, como nos anos da


Corrida Espacial. Para o ator,


trata-se de um período da histó-


ria interessante, ao menos para


a imaginação. “Apesar de ter


nascido nessa época, o espaço


não me parece tão fascinante.


Acredito que a Terra seja curio-


sa o suficiente”, diz Malkovich.


“Mas é claro que podemos ima-


ginar como será descobrir a vi-


da fora da Terra e com o que ela


vai se parecer.”


Na produção original da Net-


flix, Malkovich faz o papel de


Dr. Mallory, um cientista que


trabalha na equipe do general


Mark R. Naird (Carell) e passa a


temporada de oi-


to episódios ten-


tando evitar que


a nova Space For-


ce não vá pelos


ares.


No primeiro


episódio, Dr. Mal-


lory insiste na


ideia de cancelar o lançamento


de um foguete para o dia seguin-


te, já que as condições de tempo


e clima não estão boas. O gene-


ral discorda e segue uma linha


mais atual de líderes mundiais


que preferem desacreditar na


ciência. A confusão está posta.


“Mas a imprensa toda está aqui,


os políticos, e gastamos muito


dinheiro nisso. O dia está lindo.


Essa é a sua opinião”, vai defen-


der o personagem de Carell.


É daí que a série vai compor a


comicidade, explorando as habi-


lidades (ou a falta delas) de um


general que tem a missão de re-


tomar a glória do


passado, em tem-


pos em que Apol-


lo 11 não significa


mais o nome de


um lanche no


food truck do


quartel-general.


A parceria com


Carell faz parte de uma jornada


que se desenhou para o roteiris-


ta Greg Daniels, ainda nos tem-


pos de The Office. Na saudosa


série, o ator fazia o inconvenien-


te Michael Scott, ao lado de no-


mes como John Krasinski e Jen-


na Fischer. “Foram nove tempo-


radas cercadas de grandes talen-


tos da comédia, pessoas com as


quais foi fácil trabalhar, de ma-


neira muito colaborativa, e de im-


proviso”, ressalta Daniels, em en-


trevista exclusiva ao Estadão.


Para o também roteirista de


Os Simpsons e O Rei do Pedaço,


fazer comédia é algo que se cons-


trói em conjunto, vide o traba-


lho no Teatro Second City. “Há


um movimento teatral em Chi-


cago, muito forte no treinamen-


to de improvisação para atores.


É quase uma religião, em que


compartilhamos como desen-


volver confiança em cena e ser


criativo quando a hora chega.”


Em Space Force, Carell reúne


um pouco da inconveniência de


Michael Scott de The Office, e


Malkovich tempera a cena com


uma seriedade debochada, que


vai da preocupação com os la-


gartos que poderão ser cozidos


no calor das turbinas do fogue-


te, até a presença de um chim-


panzé, em umas cenas mais di-


vertidas da produção. Nela, o ge-


neral tenta resolver um proble-


ma em um dos satélites conver-


sando com um chimpanzé, por


meio de linguagem de sinais.


Junto com o primata, um ca-


chorro também ocupa a instala-


ção, relembrando os tempos em


que animais e plantas eram en-


viados dentro de sondas espa-


ciais. Como no passado, o resul-


tado será catastrófico. “Quando


Steve me procurou, havia ape-


nas o título da série. Com o tem-


po, nos reunimos para compor


os outros personagens, foi tudo


bem natural”, recorda Daniels,


que também considera a conti-


nuidade da série, em uma segun-


da temporada. “Apesar de não


ter nada confirmado, estamos


realizando várias reuniões remo-


tas para ver como será o futuro.”


Ao longo da produção, fica


claro o desejo de debochar des-


se excesso de poder que torna


os poderosos – antes de perigo-


sos – um tanto patéticos.


“Acho que os políticos na série


são menos conscientes sobre a


ciência”, defende Daniels. “De-


sejo que as pessoas usem mais


a ciência, para entender o que


os cientistas estão dizendo. É


muito mais do que o ‘faça isso’


ou ‘não faça aquilo.’”


Para Malkovich, o debate enri-


quece a ciência, mas tem limite,


ainda mais em tempos de pande-


mia. “Estamos descobrindo


que a ciência é bastante científi-


ca, mesmo que imprecisa ou in-


completa. A diferença entre o


que vemos e como a ciência ex-


plica alguma coisa sempre cau-


sará conflitos, mas a pandemia


não deveria ser motivo para se


fazer uma guerra.”


Daniels segue o raciocínio do


ator de Quero Ser John Malkovi-


ch. “A ciência é uma medida da


realidade”, atesta. “Mas é triste


que muitos políticos no mundo


não queiram ver a realidade.


Em geral, preferem ouvir uma


história inventada para trans-


formar alguém em inimigo.”


POLAROID


Verde que te quero...


No vídeo que fez para comemo-


rar o Dia da Mata Atlântica, na


última quarta-feira, Caetano


Veloso relembrou a primeira


vez em que visitou a Floresta


da Tijuca, aos 13 anos e “fiquei


entusiasmado quando soube


que se tratava de trecho replan-


tado por Dom Pedro II. “No


meu recôncavo, os canaviais e


plantações de tabaco devasta-


ram toda floresta”.


E emendou dizendo que “não po-


demos permitir que autoridades


responsáveis pelo meio ambien-


te ajam no sentido oposto”.


...verde


O cantor e compositor conside-


ra ser “um ultraje”, a fala do mi-


nistro ‘meio ambiente’ “que


quer usar a pandemia para des-


truição da Mata Atlântica”.


NETFLIX

Um loureiro plantado


por Dona Canô tem sido


a fonte da colaboração


de Bob Veloso – um dos


irmãos de Caetano – du-


rante a quarentena. Ele


separa as folhas de lou-


ro semanalmente para


doar ao chef Ricardo Fru-


goli, do Marmita Solidá-


ria IPCB. A ação conta


com doações espontâ-


neas com intuíto de levar


conforto alimentar pes-


soas em situação de vul-


nerabilidade social. “Se-


gundo as superstições


da Bahia, se vem um lou-


ro no seu prato, trate de


chupar, certeza de que


vem mais dinheiro por


ai!”, explica.


Separados...


De acordo o Google Brasil,


entre os dias 13 e 29 de abril,


houve um salto de... 9900%


no interesse na busca pelo


termo “divórcio online gra-


tuito”. No levantamento,


que abrange todo o País, só a


pergunta “como dar entrada


em um divórcio” registrou


crescimento de 82%.


Também de acordo com da-


dos do Google, a empresa Di-


vórcios Brasil registrou em ja-


neiro 55 contatos para separa-


ção. Em abril, esse número


pulou para 133 contatos.


O levantamento completo


sai na próxima Pais & Filhos.


De olho e...


Mais de três mil alunos dos


cursos de formação da PM de


SP, em estágio, passaram a


ampliar o policiamento em


áreas residenciais e no entor-


no de hospitais, mercados,


farmácias e... ciclovias.


Na Sumaré, a pista de bike


também fica cheia de... gen-


te se exercitando nos finais


de semana.


...de máscara


Com máscaras pretas, poli-


ciais rondam as vias em viatu-


ras, motocicletas e até de bici-


cletas motorizadas.


Meio período


O rabino Guershon Kwas-


niewski, da Sociedade Israe-


lita Brasileira de Cultura e Be-


neficência, comunicou aos


seus seguidores que vai se


transformar em um...“rabi-


no part time”.


A solução veio após a institui-


ção cortar 50% de seu salário,


“fruto da crise gerada pela pan-


demia”. Conta que o isolamen-


to dobrou seus esforços.


VIAGEM DE LUNÁTICOS


Caderno 2


John Malkovich estreia ‘Space Force’, como cientista


que tenta evitar o fracasso do general de Steve Carell


NA SÉRIE, EUA


TENTAM RETOMAR


OS TEMPOS DA


CORRIDA ESPACIAL


PAULO GIANDALIA/ESTADÃO

À TERRA


Dupla. General Naird une falta de talento e excesso de poder em retrato cômico de líderes que desprezam cientistas


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