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O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 29 DE MAIO DE 2020 Especial H5
casa
Antena
Marcelo Lima
A compra de um bom sofá e de
peças de apoio, como mesas de
centro e laterais, representa a
conclusão de uma etapa funda-
mental para quem está decoran-
do a sala. Mas trata-se apenas do
primeiro passo. Quadros, almo-
fadas e tapetes são itens igual-
mente essenciais, e devem ser
selecionados com cuidado para
que todos os elementos, móveis
e acessórios, possam conversar
entre si, gerando composições
harmônicas e originais.
Claro que, nessas horas, o
ideal seria contar com a orien-
tação de um arquiteto. Mas,
pensando em quem pretende
executar o serviço por conta
própria, o Estadão convocou
quatro designers para redese-
nhar por completo o visual do
ambiente, mantendo os mes-
mos móveis e trocando apenas
os acessórios: tapetes, qua-
dros e almofadas. Um exercí-
cio de criatividade que trouxe
à tona quatro belas salas, deco-
radas em quatro dos mais di-
fundidos estilos de decoração,
e que pode servir de inspiração
para uma mudança rápida, mas
radical. Acompanhe, a seguir,
as indicações dos profissionais.
Clássico. É provavelmente o
estilo mais difícil de errar, pois
arrisca pouco nas cores, traba-
lha com proporções bem defini-
das e com uma cartela sóbria de
cores, na qual o branco, o mar-
rom e o bege ganham destaque.
“Se você está procurando um
visual atemporal, não tem er-
ro”, afirma o arquiteto Marcelo
Rosset.
Para dispor os quadros, Ros-
set escolheu uma combinação
mais clássica, conhecida como
díptico. Nela, duas telas se-
guem a mesma linguagem – co-
locadas alinhadas, lado a lado,
formam uma grande imagem.
“As almofadas escolhidas são
todas diferentes entre si, mas
têm em comum a combinação
de cores em rosa, preto e bran-
co. Estas estampas diversas im-
primem contraste à composi-
ção”, diz.
Escandinavo. É famoso pelo
bem dosado uso do branco, mes-
clado a tons pastéis e à madeira
clara. Tem muito do minimalis-
mo, sobretudo em relação ao
uso de materiais como madeira
e tijolos aparentes. Esse estilo é
conhecido também por confe-
rir um ar de leveza e frescor à
decoração, por meio do uso da
cor branca, em geral predomi-
nantemente nos móveis e pare-
des. “Minha intenção foi sugerir
afeto, calor, nostalgia”, afirma a
arquiteta Ticiane Lima, que
compôs sua sala inspirada pelo
estilo. “Para o quadro, priorizei
o rosa, muito em função do mo-
mento que estamos vivendo.
Por meio da cor, procurei trans-
mitir amor e compreensão.”
Minimalista. É o estilo preferi-
do de quem não abre mão de
formas simples, contrastes
acentuados entre branco e pre-
to, linhas bem definidas e maté-
rias-primas à mostra, emprega-
das quase sem revestimento. É
também o que utiliza o mínimo
de peças na decoração, segun-
do seus adeptos, para ampliar a
funcionalidade dos espaços.
Na proposta da designer de
interiores Daniela Cianciaru-
so, por exemplo, um conjunto
de quadros desiguais se equili-
bra com as almofadas posicio-
nadas na outra extremidade do
sofá. Para criar uma atmosfera
natural, materiais rústicos apa-
recem na textura do tapete, nas
almofadas e no concreto dos
quadros.
Pop. Jovem e informal, desta-
ca-se pelo uso de cores vivas, co-
mo o vermelho, o amarelo, o la-
ranja e o rosa pink. Entre os esti-
los de decoração, é o mais alter-
nativo e irreverente, ideal não
apenas para os jovens, mas tam-
bém para aqueles que não vi-
vem sem uma pitada de cor e
desejam exprimir individualida-
de. “A ideia foi criar um ambien-
te descontraído e, acima de tu-
do, agradável de olhar”, afirma
a arquiteta Juliana Fabrizzi.
Com uma palheta de cores
exuberante, mas tonalidades
calmas, a intenção não foi cho-
car, mas estimular a observa-
ção. “Os quadros surrealistas
personalizam o espaço. Gosto
de pensar que são figuras que
permitem as mais variadas for-
mas de interpretação. Você po-
de mudar sua percepção sobre a
obra cada vez que olhar para
ela”, comenta a profissional.
Por fim, algumas almofadas
de desenho geométrico, posi-
cionadas no chão, contribuem
pra criar uma atmosfera convi-
dativa e despojada, induzindo o
morador e seus visitantes a se
sentarem sobre o tapete para jo-
gar conversa fora. “É para se jo-
gar mesmo”, brinca.
ONDE ENCONTRAR: Almofadas
e impressões em tela ou em
canvas, com molduras: Urban
Arts (urbanarts.com.br). Mesas de
centro, laterais e sofá: Franccino e
Franccino Casa (francci-
no.com.br). Tapetes: By Kamy
(bykamy.com.br).
QUATRO VERSÕES
MARCELO LIMA ESCREVE QUINZENALMENTE
[email protected]
l]
UMA SALA,
Clássico. Atingir uma atmosfera atemporal foi o objetivo de Marcelo Rosset
Sextou!
A partir da mesma base – sofá e mesas –, montamos
decorações de estilos diferentes para você se inspirar
C
omo bem sabemos, nada se-
rá como antes após meses
em quarentena. E o desenho
de nossas casas não foge à regra. O
isolamento forçado nos colocou
frente a frente com nossas reais ne-
cessidades, muitas delas há tempos
adiadas, exigindo respostas rápidas,
mas promovendo, ao mesmo tem-
po, interessantes descobertas.
Para muitos, adaptar a casa ao tra-
balho doméstico, à recreação infan-
til e à prática de esportes se torna-
ram imperativos. Mas, durante o
processo, acabamos por nos depa-
rar com uma mesa de centro peque-
na demais, com um quadro em uma
posição desarmônica, com o desejo
(secreto) de finalmente montar um
bar no canto da sala. Expectativas parti-
culares e subjetivas, mas igualmente
válidas quando o assunto é decoração.
Afinal, se aprimorar as condições de
conforto é essencial para um morar sa-
tisfatório, o componente estético não
fica atrás. Ninguém ignora o bem-es-
tar provocado pela simples visita a
uma bela casa, organizada de forma
harmônica e em sintonia com a perso-
nalidade de seu morador. A novidade é
que começamos a perceber que, ao con-
trário do que muitos acreditam, isso
tem mais a ver com autenticidade do
que com recursos financeiros.
“É claro que estilo e dinheiro não
têm nada a ver um com o outro. Um
bom design é puro e simples”, reagia,
com indignação, a grande dama do de-
sign francês, Andrée Putman – persona-
gem de gosto tão inquestionável quan-
to o de Coco Chanel na moda –, sempre
que questionada sobre o assunto. Para
ela, autora, entre outros, dos interiores
do Hotel Morgans, em Nova York, e do
supersônico Concorde, “a menos que
possua a percepção que coisas modes-
tas podem ser tão bonitas quanto coi-
sas caras, ninguém terá estilo”.
Militante da democratização do de-
sign e ex-jornalista de decoração, An-
drée acreditava no papel da informa-
ção no desenvolvimento do gosto pes-
soal e, ao longo de minha carreira, tem
sido uma referência permanente.
Como Putman, considero impor-
tante apresentar a todos, indistinta-
mente, experiências bem-sucedi-
das na área do morar. Projetos dig-
nos de nota, não por estar na “mo-
da” ou por servir de cenário para a
vida de um ilustre morador, mas por
produzir encanto e inspirar. Por uti-
lizar recursos de maneira racional e
honesta, sem artifícios e excessos.
Como ocorre nas salas que ilus-
tram esta página, elaboradas por
quatro jovens profissionais, tendo
como base um mesmo conjunto de
móveis. Uma quase provocação pa-
ra você arregaçar as mangas e, pou-
co a pouco, ir construindo o seu esti-
lo de decorar. Especialmente em
dias como os nossos, quando a bele-
za se faz tão necessária.
Questão de estilo
Minimalista. Quadros e almofadas se equilibram, no projeto de Daniela Cianciaruso
Síntese. O Morgans de Nova York
MORGANS GROUP
FOTOS: MARCELO HERMSDORF
Escandinavo. Menos é mais, no estilo apresentado por Ticiane Lima
O Sextou! circula, com mais con-
teúdo, encartado no caderno Na
Quarentena. Será assim até o fim
da crise provocada pelo novo co-
ronavírus. O caderno reúne infor-
mações culturais, reportagens
sobre boas práticas em tempos
de covid-19 e um leque de servi-
ços para enfrentar, em casa, a
pandemia. O formato original do
Sextou! retorna assim que a cri-
se passar. E ela vai passar.
Pop. Almofadas criam atmosfera convidativa, na proposta de Juliana Fabrizzi