O Estado de São Paulo (2020-05-29)

(Antfer) #1

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H6 Especial SEXTA-FEIRA, 29 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Paladar


É TEMPO DE


B


oa notícia para quem gosta


de ler sobre cerveja: O Guia


Oxford da Cerveja (The Ox-


ford Companion to Beer) ganhou edi-


ção brasileira, em português. É


obra de referência para quem gosta


de estudar a bebida e está aprovei-


tando a quarentena para se aprofun-


dar no assunto.


Editado pelo mestre-cervejeiro


da Brooklyn Brewery, Garrett Oliver,


que também é autor de A Mesa do Mes-


tre-cervejeiro (outro livro fundamen-


tal), o guia tem mais de mil verbetes,


escritos por 166 especialistas do mun-


do todo.


Não é daqueles livros para ler de


capa a capa, recostado no sofá, giran-


do um snifter (copo como os usados


para beber conhaque) de barley wine.


É, sim, um livro de consulta, para dei-


xar meio à mão e abrir assim que bater


alguma curiosidade, uma dúvida,


uma pergunta.


Oliver não virou referência nem fi-


cou tão famoso à toa. Ele combina o


comprometimento com a cerveja a


uma vontade genuína de fazer as pes-


soas entenderem (e amarem) o assun-


to. Ou seja, consegue tratar do tema


com profundidade, sem simplificar,


mas de maneira fácil e acessível.


Se for pensar, algumas de suas me-


lhores cervejas são assim. Pegue a


icônica Brooklyn Sorachi Ace. É uma


cerveja bem complexa, sofisticada,


mas superfácil de beber. É você que


escolhe se vai prestar atenção em


tudo o que está acontecendo ali ou


se vai apenas curtir.


O livro espelha esse estilo. Ali, es-


tão condensadas a história, a ciên-


cia e a cultura da cerveja. Tem as


matérias-primas e as etapas de pro-


dução. Os países, as regiões e os esti-


los. As harmonizações, os copos e


as maturações em barril. Tudo bem


explicado, mas sem afetação.


O Guia Oxford da Cerveja


Autor: Garrett Oliver (editor)


e Iron Mendes (editor da edição


brasileira)


Editora: Blucher (1.064 páginas;


R$ 147, na amazon.com.br)


Neide Rigo


De uns tempos para cá, a cada


ano, vejo aumentar gradativa-


mente a colheita de tupinambo


(Helianthus tuberosus), geral-


mente de plantios agroflores-


tais, e o consequente interesse.


Ainda assim, essa batata é consi-


derada uma panc (planta ali-


mentícia não convencional),


porque dificilmente vamos en-


contrá-la nas feiras livres e mer-


cados. Todo ano ganho de al-


guém que plantou ou encontro


em feiras de produtores. E sem-


pre, nessa época, chegam per-


guntas sobre como usar, como


plantar, como colher e o que fa-


zer com essa batata deliciosa


com sabor particular.


Parente do girassol e da alca-


chofra, a planta tem a aparência


de um, com lindas flores, e o sa-


bor do coração da outra, com


aquele toque mineral adocicado.


A minha provisão veio da Uni-


dade de Pesquisa do Polo Regio-


nal do Leste Paulista. É que o


pesquisador e agrônomo Joa-


quim Adelino Azevedo está ini-


ciando estudos com a espécie e


me mandou para experimentar.


A primeira vez que vi um tupi-


nambo ao vivo foi em Paris, anos


atrás, e me apaixonei de cara.


Comprei sem saber direito co-


mo se preparava, mas, logo que


se corta e sente a consistência –


entre uma cenoura e uma batata


–, não é difícil imaginar o prepa-


ro. Sopas pedaçudas ou em cre-


me, purês e uma infinidade de


pratos podem ser feitos com ele.


Inclusive pode se comer cru, em-


bora o sabor de alcachofra apare-


ça depois de cozido.


Mas, mesmo na França, já foi


mais presente. Hoje faz parte


do grupo dos légumes oubliés, os


legumes esquecidos, ou pouco


convencionais – são as panc dos


franceses.


Embora seja de fácil trato e te-


nha ótimo rendimento, há al-


guns artifícios para se conseguir


fazê-lo produzir em terras tropi-


cais, já que tem origem na Améri-


ca do Norte, onde enfrenta in-


vernos rigorosos. Em regiões


com inverno tolerável, o segre-


do é colher quando as folhas se-


cam, no outono, e separar al-


guns bulbos na geladeira para


plantar na primavera.


Há algumas técnicas para que


resistam sem ressecar nem apo-


drecer. Selecionar pedaços com


mais gemas, cortar e passar a par-


te cortada em canela em pó para


não apodrecer, como faz o pes-


quisador Joaquim Adelino, é


uma delas. Basta, então, colocar


os pedaços dentro de um saco de


papel e outro de plástico. Assim,


ficam até o começo da primave-


ra, quando podem ir para a terra.


Curiosidades. O fato de ser


uma variedade de girassol e ter


tubérculos com sabor de alca-


chofra explica alguns de seus no-


mes. Na América do Norte, o no-


me em inglês que se consagrou


foi Jerusalem artichoke. Artichoke


é alcachofra e Jerusalem é corrup-


tela do italiano girasole, girassol.


Agora, o nome em francês, tu-


pinambour, tem origem curiosa.


Em 1613, seis índios brasileiros


Tupinambá foram levados por


missionários a Paris. Na mesma


época, o cultivo do girassol bata-


teiro foi introduzido na França,


o que se levou a acreditar que a


origem da espécie fosse brasilei-


ra, dos Tupinambá. Virou tupi-


nambour em francês e tupinam-


bo em português. Uma homena-


gem oriunda de um fato vergo-


nhoso. Mas sempre podemos


chamá-lo de alcachofra-de-Je-


rusalém.


Uma característica em co-


mum com a alcachofra e outros


membros da família das asterá-


ceas é que o tubérculo do tupi-


nambo armazena inulina, um ti-


po de carboidrato considerado


fibra solúvel, importante subs-


trato para a flora intestinal e,


por isso, considerado um ótimo


aliado para o bom trabalho de


nossa microbiota intestinal e


bastante funcional para diabéti-


cos. Em excesso, porém, pode


causar muita fermentação e des-


conforto por causa dos gases


formados. Basta usar com mo-


deração. Como o sabor é agrada-


velmente marcante, para quem


é mais sensível, é só usar uma


pequena quantidade combina-


da a outros legumes para dar


um sabor especial a sopas, cre-


mes, purês, saladas etc.


A vantagem é que podem ser


consumidos com a pele. Podem


ser cozidos inteiros, por cerca


de 20 minutos, começando


com água fria, ou já picados ou


fatiados, por 5 minutos ou mais,


a depender da espessura dos pe-


daços. Na sopa, qualquer peda-


ço dele já confere um sabor e


pode ser usado como tempero.


Apesar da textura firme co-


mo uma cenoura, é frágil como


a batata-baroa ou mandioqui-


nha e, se deixado desprotegido


em temperatura ambiente, lo-


go perde umidade, ficando mur-


cho, e apodrece com facilidade.


Então, quando o encontrar em


feiras de produtores, para con-


sumo, o melhor jeito de conser-


var é dentro de recipiente bem


fechado na geladeira. Antes, po-


rém, embale os tubérculos em


saco de papel para que absorva


a umidade, evitando o apodreci-


mento. Se estiverem murchos,


mergulhe-os em água fria e lim-


pa e espere meia hora. Ficarão


firmes novamente.


Acima, uma receita que fiz


com os ingredientes que tinha


em casa. O modelo pode ser o


mesmo para você adaptar com


o que tiver por perto, manten-


do, claro, os tupinambos, que fa-


rão toda a diferença.


Só de Birra


Eliana Silva de Souza


Estreia nesta sexta, 29, às


20h30, no Arte1, a quarta tempo-


rada do reality Arte da Fotogra-


fia. No programa, seis fotógra-


fos iniciantes participam de


uma competição na qual, a cada


episódio, eles têm um tema dife-


rente para fotografar, sempre


sob a orientação dos mentores,


o curador de arte Éder Chiodet-


to e o fotógrafo Claudio Feijó.


Entre as novidades, está a nova


apresentadora, a atriz Renata


Calmon, que vai comandar a


atração. Esta temporada deba-


te bastante a questão das mino-


rias e a representatividade na fo-


tografia artística e conta com di-


reção de Otávio Chamorro.


Mundo moderno. Um novo


olhar sobre algumas das pande-


mias que assolaram e ainda vêm


ameaçando a humanidade é o


que propõe o especial que o Smi-


thsonian Channel exibe de sex-


ta, 29, a domingo, 31, às 22h. O


primeiro episódio é Histórias


Secretas: Pandemia 1918, que


procura elucidar questões re-


lativas a pandemias, buscan-


do as respostas a partir da


doença que ficou conhecida


como “gripe espanhola. No


sábado, Uma Vacina para Sal-


var o Mundo mostra a desco-


berta da vacina contra a polio-


mielite. E, no domingo, Co-


vid: Lockdown em Xangai


acompanha a rotina de um


grupo diversificado de pes-


soas que vivem em um edifí-


cio de Xangai e tiveram de se


adaptar ao confinamento.


Sem intervalo


Macarrão chumbinho


com tupinambo


Ingredientes


(4 porções)


200g de macarrão chumbinho


50g de amêndoas cruas picadas


grosseiramente


3 colheres (sopa) de azeite


100g de cebola média picada


finamente


100g de cenoura picada finamente


100g de vagem picada em fatias


finas


250g de tupinambo bem lavado,


sem descascar, picado finamente


50g de uvas passas pretas


Sal a gosto


1 pitada de pimenta-calabresa


2 colheres (sopa) de salsa-do-líba-


no picada finamente (use salsa


comum, se for mais fácil)


Preparo



  1. Cozinhe o macarrão em uma


panela, com 2 litros de água ferven-


te e 1 colher (chá) de sal, até ficar


macio, por cerca de 5 minutos.


Escorra bem e passe em água fria,


para tirar o excesso de amido.


Deixe escorrendo.



  1. Coloque, numa frigideira gran-


de, a amêndoa e leve ao fogo mé-


dio, mexendo sempre, até que co-


mece a dourar. Reserve.



  1. Coloque na mesma frigideira, o


azeite, leve ao fogo e espere aque-


cer. Junte a cebola e refogue, me-


xendo, até que fique transparente.


Junte a cenoura, a vagem, o tupi-


nambo, as passas, o sal e a pimen-


ta. Deixe cozinhar, sem parar de


mexer delicadamente, até que os


legumes estejam cozidos, mas ain-


da crocantes.



  1. Junte o macarrão escorrido e


incorpore aos legumes. Assim que


estiver bem quente, desligue o fo-


go, distribua em quatro pratos e


espalhe por cima as amêndoas e a


salsa picada. Sirva quente.


TUPINAMBO!

Como plantar, colher e o que fazer com essa batata deliciosa com sabor particular,


também conhecida como alcachofra de Jerusalém


l]


No prato. Vai bem em sopas, purês, saladas e massas


Spartacus


(EUA, 1960.) Dir. de Stanley Kubrick, roteiro


de Dalton Trumbo, com Kirk Douglas, Jean


Simmons, Laurence Olivier, Charles Laugh-


ton, Tony Curtis, Woody Strode.


Luiz Carlos Merten


Kubrick não tinha muito apre-


ço pelo filme com suas batalhas


bem encenadas e o tema ku-


brickiano da dissolução da pala-


vra como elo que une os ho-


mens. O astro/produtor Dou-


glas também perdeu o apreço


pelo diretor com quem fez Gló-


ria Feita de Sangue depois que


Kubrick quis assinar o roteiro


de Dalton Trumbo, impedido


por causa do macarthismo.


TEL. CULT, 17H. COL., 198 MIN.


FOTOS: NEIDE RIGO/ESTADÃO

Biblioteca


cervejeira


Heloisa Lupinacci


Panc.


Parente da


alcachofra e


do girassol


REPRODUÇÃO

REALITY DE


FOTOGRAFIA


GANHA NOVA


TEMPORADA


DESTAQUE


UNIVERSAL PICTURES

Filmes na TV

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