O Estado de São Paulo (2020-05-30)

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A20 SÁBADO, 30 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Esportes

Paulo Favero


O Comitê Olímpico do Brasil


(COB) está tomando cuida-


dos para o possível retorno


das atividades esportivas nas


próximas semanas. O Centro


de Treinamento do Time Bra-


sil, localizado na Barra da Ti-


juca, no Rio, está fechado des-


de 18 de março por causa da


pandemia do novo coronaví-


rus. Mas aos poucos algumas


atividades estão sendo flexi-


bilizadas. Só que a entidade


prega cautela e prepara um


protocolo para retorno dos


treinos de alto rendimento.


“Os treinamentos vão voltar,


prioritariamente, com ativida-


des individuais, sejam para es-


portes individuais ou coletivos.


Obviamente, há uma tendência


de que nos esportes individuais


se consiga gerar mais segurança


ao praticante e ao entorno. As


competições esportivas onde o


distanciamento entre os adver-


sários é maior também permiti-


rão normas de segurança que


possibilitarão o retorno mais


breve. Imagino que os esportes


coletivos tenham um pouco


mais de necessidade de contro-


le para que isso venha a ocor-


rer”, explica Jorge Bichara, dire-


tor de esportes do COB.


Segundo Bichara, é preciso


seguir as orientações dos ór-


gãos de saúde pública. “Os go-


vernos é que definirão, através


das análises que estão sendo fei-


tas, dos parâmetros estabeleci-


dos, o momento de reinício das


atividades esportivas de rendi-


mento, sejam para treinamen-


tos e, mais para frente, de even-


tos”, diz.


Mesmo com o sinal verde, o


COB pretende fazer a reabertu-


ra de maneira escalonada. Ele


reforça que os atletas de espor-


tes de combate, como judô, ca-


ratê, taekwondo e wrestling, en-


tre outros, sofrerão um pouco


mais de prejuízo neste momen-


to, até porque o contato próxi-


mo ainda precisa ser evitado


por causa do risco de contrair a


covid-19.


Desde que a pandemia come-


çou, o esporte de alto rendimen-


to praticamente parou no Bra-


sil. O adiamento dos Jogos de


Tóquio, para 2021, trouxe tran-


quilidade para os atletas, que


agora terão um ano a mais para


fazer a preparação. Segundo Bi-


chara, todo o trabalho é para re-


planejar a retomada da prepara-


ção. Segundo ele, os atletas te-


rão tempo para recuperar a me-


lhor forma física e chegar bem


na Olimpíada.


“O adiamento dos Jogos nos


deu a garantia de que os atletas


e os profissionais do esporte


que os acompanham não se-


riam expostos às situações de


riscos.”


Um das preocupações do


COB é o alto risco de lesões no


retorno, pois quase todos os


atletas não estavam fazendo ati-


vidades de alta intensidade. Bi-


chara aponta que essa volta pre-


cisa ser muito bem planejada e


por isso vai tentar saber quais


serão os procedimentos adota-


dos pelas equipes técnicas para


reduzir as lesões. Outra grande


questão é o aspecto emocional


dos esportistas, que não estão


acostumados a ficar tanto tem-


po longe dos treinos e competi-


ções.


“Essa é uma das grandes preo-


cupações: como está a cabeça


dos atletas. Certamente essa si-


tuação toda, as incertezas, as in-


seguranças que afetaram todas


as pessoas, não só os atletas,


causaram uma possibilidade


de aumento de casos de depres-


são, de ansiedade, de síndro-


me do pânico, distúrbios que


podem ter sido causados por


essa situação de isolamento.


Então a área de preparação


mental do COB, os psicólogos,


os psiquiatras e, inclusive, o


pessoal de coaching, têm uma


atenção específica a isso. Esta-


mos buscando monitorar es-


ses casos, acompanhar, orien-


tar outros profissionais que


trabalham com esse segmento


específico dos atletas de alto


rendimento, tentando anteci-


par situações ruins, perigosas,


que possam surgir nesses atle-


tas”, revela.


ROGER FEDERER É O ATLETA


MAIS BEM PAGO DO MUNDO


Wilson Baldini Jr.


U


ma luta-exibição en-


tre Mike Tyson e


Evander Holyfield é


aguardada com ansiedade


pelos grandes nomes do bo-


xe brasileiro. Há opinião unâ-


nime é de que um terceiro


duelo entre os históricos pe-


sos pesados seria “sensacio-


nal”, mas dentro de condi-


ções ideais de segurança pa-


ra os cinquentões – sem uma


disputa para valer.


“Eles não são loucos. São


duas grandes estrelas do boxe


mundial. Acho que vão fazer


um evento legal e colocar mi-


lhões de dólares na conta. Vão


lutar no limite deles. Não vão


atingir o top físico que tiveram.


Vão fazer show”, disse Miguel


de Oliveira, campeão mundial


dos médios-ligeiros em 1975.


“Não acredito em um retorno


profissional. Eles não têm mais


paciência para enfrentar as exi-


gências que um longo treino diá-


rio obriga.”


Peter Venâncio, que chegou a


disputar o título mundial dos


médios, em 1995, concorda com


Miguel. “Uma luta-treino seria


um espetáculo para o público


em geral. Acho que o Tyson tem


condições de ganhar do Holy-


field. Pela explosão nos golpes e


pelo estilo de luta na pressão. O


Holyfield vai tentar manter a


distância. Se não for assim, po-


deremos ter muitos clinches.”


George Arias, que dominou a


categoria dos cruzadores e dos


pesados por uma década e atin-


giu o segundo lugar no ranking


da Organização Mundial de Bo-


xe, é mais um entusiasta do


evento. “Acho sensacional, mui-


to legal. Eles têm condições físi-


cas e técnicas, estão saudáveis,


treinando. Seria maravilhoso


para o boxe mundial, mas voltar


a lutar profissionalmente não


dá mais”, disse Arias, que, aos


46 anos, aceitaria enfrentar as


lendas. “Se houvesse um convi-


te... quem não gostaria de en-


frentar dois ícones do boxe


mundial?”, perguntou o atual


treinador, que em 2002 esteve


perto de enfrentar Holyfield.


Além da expectativa dos fãs,


uma nova luta entre Tyson e


Holyfield também seria a garan-


tia de sucesso nas bilheterias ou


no sistema pay-per-view. Com


muita experiência neste tipo de


evento, o manager e empresá-


rio Sergio Batarelli, conselheiro


de Esquiva Falcão e Robson


Conceição, não pensaria duas


vezes para organizar a luta.


“Faria (a luta) na hora. Eles


estão pensando em ganhar di-


nheiro. A verdade é essa. Todo


mundo tem interesse da luta.


Seria um bom negócio”, afir-


mou Batarelli, representante da


empresa Top Rank, de Bob


Arum, no Brasil. “Mas é preciso


fazer um exame médico rigoro-


so, investigar tudo e que a co-


missão médica dê licença pa-


ra eles lutarem.”


Patrick Nascimento, ma-


nager do campeão mundial


Patrick Teixeira, também


aposta no sucesso do duelo.


“Uma apresentação ‘combi-


nada’ seria muito bacana pa-


ra o boxe, mas acho que uma


luta de verdade seria compli-


cado. Eles não têm mais na-


da para provar em cima do


ringue. Seria uma loucura.”


Tyson afirmou que vai


anunciar o rival e a data da


luta no máximo na próxima


semana. Muitas propostas


surgiram para o ex-campeão


mundial dos pesados, inclu-


sive fora do boxe. MMA, ba-


re-knuckle (boxe sem luvas)


e WWE (telecatch) já desper-


taram interesse em fazer


contrato com o Iron Man.


]Acostumado a fazer história nas qua-


dras, Roger Federer brilha também


longe dos torneios. O suíço se tornou o


primeiro tenista a alcançar o topo da


lista da Forbes de atletas mais bem


pagos do mundo, contando os últimos


12 meses. Ele deixou para trás rivais


Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar e


LeBron James. Federer somou US$


106,3 milhões, sem descontar impos-


tos – R$ 567 milhões no câmbio atual.


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


TODOS SONHAM COM


TYSON X HOLYFIELD 3


COVID-


Time Brasil. Entidade adota cautela para o retorno dos treinamentos de atletas de alto rendimento; objetivo é chegar bem em Tóquio-


KAI PFAFFENBACH/REUTERS-26/1/

LONDRES


A Williams, uma das mais tradi-


cionais escuderias da Fórmula


1, informou ontem em um rela-


tório com seus resultados


anuais o rompimento de contra-


to com o seu principal patroci-


nador, a empresa chinesa Rokit,


fabricante de smartphones, e


admitiu que pode ser vendida


no futuro.


“As opções, que não estão li-


mitadas, mas que têm sido con-


sideradas, incluem a captação


de novo investimento, a aliena-


ção de uma parte minoritária


das ações do WGPH (Grupo


Williams) ou a alienação de par-


te majoritária das ações, que in-


cluem a possível venda de toda


a companhia”, afirmou a equipe


inglesa em nota.


Apesar de não existirem deci-


sões neste momento, a Wil-


liams indica que avança já com


um processo formal de venda,


para facilitar a discussão com


eventuais partes interessadas, e


que também tem tido conver-


sas preliminares com possíveis


investidores. O conselho do


WGPH acredita que a revisão


estratégica e o processo formal


de venda são a coisa certa e pru-


dente a fazer, no sentido de dar


à equipe de Fórmula 1 “o me-


lhor futuro possível”.


O último ano foi difícil para a


escuderia, com uma perda ope-


racional de 12 milhões de euros


(R$ 71,5 milhões na cotação


atual), em contraponto com


um lucro de 17,74 milhões de eu-


ros (R$ 105,7 milhões, também


corrigidos) no exercício da ativi-


dade. “Os nossos resultados de


2019 refletem o declínio recen-


te da nossa competitividade na


Fórmula 1, que se refletiu nas


receitas provenientes dos direi-


tos comerciais”, explicou Mike


O’Driscoll, presidente do conse-


lho de administração do grupo.


Nas duas últimas tempora-


das na Fórmula 1, a Williams


não foi além de dois 10.º lugares


(2018 e 2019), os piores resulta-


dos da sua história, primeiro


com o canadense Lance Stroll e


o russo Sergey Sirotkin e depois


com o polonês Robert Kubica,


que voltou à Fórmula 1 após um


longo período em recuperação


de um acidente ocorrido em


2011 durante disputa de uma


prova de rali na Itália, e o britâni-


co George Russell.


Nesta temporada de 2020,


que ainda não foi iniciada devi-


do à pandemia do novo corona-


vírus (covid-19), a escuderia


conta novamente com Russell e


agora com o canadense Nicho-


las Latifi.


“A temporada de 2020 da Fór-


mula 1 está, obviamente, atrapa-


lhada pela pandemia da covid-


19, o que terá um impacto nas


nossas receitas comerciais des-


te ano”, sublinhou O’Driscoll,


que colocou grande parte dos


seus funcionários em “lay-off”,


recebendo parte do salário, em


um teto máximo definido, atra-


vés do governo britânico.


Na história, a Williams é a se-


gunda escuderia com mais títu-


los mundiais de construtores,


com nove (1980, 1981, 1986,


1987, 1992, 1993, 1994, 1996 e


1997), atrás da Ferrari, que so-


ma 16. A McLaren tem oito e a


Mercedes tem seis títulos – as


últimas seis temporadas.


STEVE MARCUS/REUTERS–22/2/

Boxe


Tyson. Volta aos treinos aos


53 anos motivou propostas


Ex-boxeadores e empresários brasileiros afirmam que


uma nova luta seria ‘sensacional’, mas como exibição


RAFAEL BELLO/COB

COB cria manual para volta dos treinos


Jorge Bichara Preparação. CT do Time Brasil está fechado desde 18 de março; COB se prepara para o retorno das atividades esportivas


DIRETOR DE ESPORTES DO COB

‘Os governos é que


definirão, através


dos parâmetros


estabelecidos,


o momento de reiní-


cio das atividades es-


portivas’


THAIER AL-SUDANI/REUTERS–29/3/

Fórmula 1. Relatório da


escuderia inglesa mostra


déficits operacionais e


declínio das receitas com


direitos comerciais


Em crise, Williams rompe com


patrocinador e pode ser vendida


Tradição. Williams tem 9 títulos no mundial de construtores

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