O Estado de São Paulo (2020-05-30)

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O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 30 DE MAIO DE 2020 NotaseInformações A


E


m seus arroubos contra as institui-


ções, o presidente Jair Bolsonaro


gosta de se colocar como fiel escu-


deiro da vontade popular. A proxi-


midade com o cidadão comum se-


ria seu baluarte. Segundo o discur-


so bolsonarista, todo o restante seria secundário,


o importante seria a conexão do presidente Bol-


sonaro com o sentimento majoritário da popula-


ção brasileira, o que lhe autorizaria a fazer o que


bem entender. O povo estaria incondicionalmen-


te ao lado de Bolsonaro – ao lado dessa esponta-


neidade sem regras, freios ou protocolos.


Ainda que entusiasme os camisas pardas, esse


discurso está muito distante da realidade. Na ver-


dade, há algum tempo a maioria da população de-


saprova o modo como Jair Bolsonaro governa. A


maioria não está ao seu lado, como indica, entre


outras sondagens, a última pesquisa do Datafo-


lha, realizada nos dias 25 e 26 de maio.


A avaliação do presidente Jair Bolsonaro é


ruim ou péssima para 43% dos brasileiros. É o


maior porcentual de rejeição desde o início do go-


verno. Os que o consideram ótimo ou bom são


33%; e regular, 22%. Na comparação com os ou-


tros três presidentes anteriores – Fernando Hen-


rique, Lula da Silva e Dilma Rousseff –, nesse


mesmo tempo de governo, Jair Bolsonaro tem a


pior avaliação.


A respeito do comportamento do presidente


Jair Bolsonaro, 37% consideram que ele nunca se


comporta de forma adequada. Em


posição oposta, 13% acham que


Bolsonaro se comporta adequada-


mente em todas as ocasiões. A re-


jeição é quase três vezes maior,


mostrando o equívoco de dizer


simplesmente que o País está divi-


dido em relação a Bolsonaro. Há


sim apoiadores do presidente,


mas o fato é que existem muito


mais pessoas descontentes com


seu modo de governar.


Quanto à avaliação do desem-


penho do presidente da Repúbli-


ca em relação à pandemia, os nú-


meros são ainda piores para Jair Bolsonaro. Meta-


de dos brasileiros (50%) avalia como ruim ou


péssimo o desempenho de Bolsonaro na pande-


mia. Aqueles que o consideram ótimo ou bom


são 27%; e regular, 22%. A esse respeito, são signi-


ficativas as quedas na avaliação positiva do Minis-


tério da Saúde nos últimos dois meses, após as


demissões de Luiz Henrique Mandetta e de Nel-


son Teich. Jair Bolsonaro pode achar que faz im-


punemente o que bem entender, mas a popula-


ção não viu com bons olhos a atuação presiden-


cial na Saúde.


Outro dado é que, para a maio-


ria dos brasileiros (53%), o presi-


dente da República tem responsa-


bilidade, em alguma medida, pelo


avanço da pandemia. Para 33%


dos entrevistados, Bolsonaro é


muito responsável pelo atual qua-


dro; e para 20%, “um pouco res-


ponsável”. Vê-se que a maioria da


população não acha nenhuma gra-


ça com o “e, daí?” de Bolsonaro,


em relação ao número de mortes


pela covid-19.


E não é apenas uma única pes-


quisa a mostrar a rejeição a Bolsonaro. Realizada


em 28 de maio, a sondagem da XP/Ipespe aponta,


por exemplo, que, para 49% dos brasileiros, o go-


verno de Bolsonaro é ruim ou péssimo; para 26%,


ótimo ou bom; e para 23%, regular. Novamente,


fica evidente a desproporção da rejeição. O núme-


ro de pessoas que desaprovam o governo de Jair


Bolsonaro é quase o dobro das que o aprovam.


Com 17 meses de governo, é evidente que a re-


jeição a Bolsonaro não é nenhuma torcida contra


o País ou para que o governo fracasse. É antes a


decepção de quem, no início de 2019, nutria ex-


pectativas de que o novo governo pudesse trazer


melhorias ao País, mas que, decorrido menos de


ano e meio, vê com cansaço um quadro desola-


dor de irresponsabilidades, ações destempera-


das, conflitos desnecessários e prevalência de in-


teresses familiares.


Trata-se de um fato: a maioria da população


não apoia o modo de Jair Bolsonaro governar.


Além disso, está claro, a essa altura, que esse jeito


de conduzir o País, criando continuamente confli-


tos com outros Poderes, não lhe traz nenhum


apoio popular adicional. Não se pode nem mes-


mo dizer que Bolsonaro esteja consolidando uma


base de apoio, pois esta é cada vez menor. O que


cresce é a oposição a ele. Por que não fazer do jei-


to certo, governando dentro dos limites constitu-


cionais, com planejamento, competência e res-


ponsabilidade? Talvez assim Bolsonaro experi-


mentasse uma sensação inédita – a de ver crescer


o número de pessoas que aprovam o seu governo.


E


nquanto o resto


do mundo comba-


te a pandemia, a


China realizou


sua manobra


mais truculenta


contra a autonomia de Hong


Kong e Taiwan. No dia 20, o


Congresso do Povo anunciou


planos navais de assalto a uma


ilha controlada por Taiwan e


aprovou uma moção para uma


nova lei de segurança em


Hong Kong que, na prática,


desmantelará o modelo “um


país, dois sistemas”.


Em 1997, quando o Reino Uni-


do passou o controle de Hong


Kong à China, um tratado forja-


do nas Nações Unidas garantiu


as liberdades políticas e o estilo


de vida da população até 2047.


O artigo 23 da “lei básica” de


Hong Kong efetivamente pre-


viu que o seu Parlamento elabo-


raria uma legislação proibindo


atos de “traição, secessão, sedi-


ção ou subversão” contra o go-


verno chinês. Em 2003, as tenta-


tivas das autoridades pró-comu-


nistas de impor uma legislação


draconiana levaram 500 mil ci-


dadãos de Hong Kong às ruas,


no maior protesto em décadas.


A ideia foi abandonada, mas des-


de que Xi Jinping assumiu o co-


mando da China em 2013, ele


tem reafirmado a hegemonia


do Partido Comunista (PC), re-


primindo qualquer tentativa de


dissidência na sociedade chine-


sa, e, agora, o Partido está flexio-


nando seus músculos além das


fronteiras.


No ano passado, milhões em


Hong Kong protestaram contra


um decreto de extradição que


iria borrar a linha que separa os


dois sistemas. Nas eleições dis-


tritais de novembro, a maioria


votou a favor dos que apoiaram


os protestos. Agora, prevendo a


eleição de uma nova maioria de-


mocrática para o Conselho Le-


gislativo em setembro, o Con-


gresso chinês, usurpando as


prerrogativas do Parlamento de


Hong Kong, anunciou uma no-


va legislação que garantirá ao


Ministério de Segurança chinês


reprimir direitos de reunião e


expressão com a mesma brutali-


dade com que opera no territó-


rio chinês. Como disse o Secre-


tário de Estado norte-america-


no, Mike Pompeo, isso equivale


a uma “sentença de morte” à au-


tonomia de Hong Kong. Mal saí-


dos da quarentena, milhares de


cidadãos de Hong Kong foram


às ruas, e as apreensões dos in-


vestidores sobre o futuro finan-


ceiro de Hong Kong levaram à


pior queda em seu mercado de


capitais em cinco anos.


Não se trata de uma manobra


isolada. Desde abril, a China já


abalroou um navio vietnamita


em águas sob disputa no Mar


do Sul chinês e estabeleceu


duas unidades administrativas


em ilhas reclamadas pelo Viet-


nã. Além disso, realizou mano-


bras navais ostensivas próxi-


mas a uma sonda petrolífera no


litoral da Malásia e reagiu com


ameaças à possibilidade de


Taiwan ser incluída na Assem-


bleia-Geral da OMS, declaran-


do que a reunificação é “inevitá-


vel”. Além da Ásia, o Partido es-


tá investindo pesadamente em


campanhas de propaganda e de-


sinformação para desmoralizar


a resposta dos países ocidentais


à pandemia e consolidar uma


narrativa triunfalista da atuação


chinesa, enquanto seus diplo-


matas ameaçam retaliar qual-


quer proposta de investigar a


origem do vírus. A Austrália já


sofreu sanções comerciais.


Essas agressões pedem uma


resposta enérgica da comuni-


dade global, em especial do


Reino Unido – que costurou o


tratado de autonomia de


Hong Kong –, dos EUA e dos


investidores internacionais.


No ano passado, uma comis-


são bipartidária do Congresso


norte-americano propôs uma


legislação para implementar


sanções oficiais a qualquer ten-


tativa de impor uma lei de se-


gurança sobre Hong Kong. Os


avanços de Pequim devem es-


quentar a guerra fria que vem


sendo buscada com empenho


tanto por Xi Jinping como por


Donald Trump para agradar às


hostes nacionalistas de seus


respectivos países.


O fato é que o mundo precisa


se adaptar a esta ameaça cres-


cente. Como disse o cientista


político Nick Timothy em arti-


go no Telegraph, as manobras


de Pequim “mostram que a Chi-


na não é apenas mais um parcei-


ro comercial, um país que se


abrirá e se tornará mais liberal


quanto mais se expuser aos cos-


tumes ocidentais”. Conforme


advertiu Chris Patten, o último


governante britânico de Hong


Kong, “podemos confiar no po-


vo da China, como os valentes


médicos que tentaram soar o


alarme sobre a camuflagem dos


primeiros estágios da pande-


mia. Mas não podemos confiar


no regime de Xi Jinping”.


V


ai piorar, antes de


melhorar. O aviso


sinistro vale igual-


mente para a eco-


nomia e para a


saúde. O primeiro


impacto da pandemia, com iso-


lamento social, consumo retraí-


do e produção travada, ocorreu


em março, mas o novo desas-


tre econômico já é atribuído ao


novo coronavírus. No primeiro


trimestre o Produto Interno


Bruto (PIB) foi 1,5% menor que


nos três meses finais de 2019,


informou o Instituto Brasileiro


de Geografia e Estatística (IB-


GE). O balanço do segundo tri-


mestre será ainda mais negati-


vo, advertiu em nota o Ministé-


rio da Economia. Se as bolas de


cristal estiverem bem regula-


das, os números finais do ano


serão muito mais feios que


aqueles conhecidos até agora.


O governo já admitiu uma con-


tração econômica de 4,7% em


2020, mas circulam estimati-


vas bem mais sombrias.


A economia encolherá


5,89% neste ano, segundo ava-


liação divulgada na segunda-


feira pelo Banco Central (BC).


Essa é a mediana das proje-


ções captadas numa pesquisa


semanal. Expectativas bem pio-


res, com recuos do PIB na fai-


xa de 6% a 9%, têm sido anun-


ciadas por algumas organiza-


ções financeiras. Avaliações ne-


gativas são formuladas tam-


bém fora do Brasil. O Instituto


de Finanças Internacionais,


mantido por cinco centenas


dos maiores bancos de todo o


mundo e com sede em


Washington, calcula um resul-


tado negativo de 6,9% para a


produção brasileira em 2020.


Mas o coronavírus, é impor-


tante reconhecer, só afetou sen-


sivelmente a economia brasilei-


ra a partir da segunda quinzena


de março, quando se expandiu


o isolamento social. Os danos


tornaram-se muito mais seve-


ros em abril, como comprova,


por exemplo, o fechamento de


mais de 860 mil vagas de traba-


lho com carteira assinada. O


Ministério da Economia, tudo


indica, acerta ao apontar um se-


gundo trimestre bem pior que


o primeiro. Ao publicar os da-


dos do período janeiro-março,


no entanto, o IBGE mencionou


um PIB “afetado pela pande-


mia e distanciamento social”.


Há algum exagero nessa ex-


plicação. O quadro recém-di-


vulgado inclui, sem dúvida, per-


das ocasionadas pela doença e


pelo distanciamento social,


mas a economia brasileira já es-


tava em más condições antes


da pandemia. O PIB cresceu


apenas 0,9% nos quatro trimes-


tres encerrados em março, se-


gundo os novos dados, mas o


balanço final de 2019 já havia si-


do muito ruim.


No ano passado a economia


cresceu 1,1%. Havia crescido


1,3% em cada um dos dois anos


anteriores. A diferença parece


pequena, mas o retrocesso fica


bem claro quando se recordam


as dificuldades políticas do pre-


sidente Michel Temer. Apesar


desses problemas, inovações


importantes foram aprovadas


em seu mandato, como a mo-


dernização das leis trabalhistas


e a instituição do teto de gas-


tos. Aquela modernização, vale


a pena lembrar, tornou mais


flexíveis as condições de traba-


lho sem comprometer direitos


do trabalhador.


Depois de nove meses muito


ruins, a economia ainda se en-


fraqueceu. No quarto trimestre


de 2019 o PIB foi apenas 0,4%


maior que no terceiro, numa


evidente perda de ritmo. O ma-


rasmo continuou. Em janeiro e


fevereiro, o crescimento acu-


mulado da produção industrial


ficou em 1,6%, depois de ter caí-


do 2,6% no bimestre final do


ano passado. Nesses quatro me-


ses, e depois em março, quan-


do surgiu o efeito da pandemia,


o setor produziu sempre me-


nos que um ano antes.


O desemprego sempre mui-


to alto confirma a pobreza da


política econômica e o despre-


zo à condição dos trabalhado-


res – até surgirem os desafios


eleitorais decorrentes da pan-


demia. No trimestre até feverei-


ro a desocupação, 12,2%, foi


apenas 0,5 ponto inferior à de


um ano antes.


Quando vier a retomada, o


País terá muita capacidade


ociosa para aproveitar. Mas o


potencial de crescimento na


etapa seguinte continuará limi-


tado pelo baixo investimento


em capacidade produtiva. No


primeiro trimestre esse inves-


timento correspondeu a 15,8%


do PIB, pouco acima do regis-


trado um ano antes (15%). Ao


governo faltou dinheiro. O em-


presário nacional viveu aperta-


do e com pouca perspectiva.


O estrangeiro tem-se arrisca-


do menos, diante da tensão


constante criada pelo presi-


dente Bolsonaro.


Do jeito errado e sem a maioria


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

A pandemia agravou


os problemas de


uma economia já


muito enfraquecida


Fórum dos Leitores O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: [email protected]


Notas & Informações


O dragão chinês mostra as garras


Agressão do PC chinês a


Hong Kong pede uma


resposta enérgica da


comunidade internacional


O primeiro tombo da nova crise


lDesgoverno Bolsonaro


Cegueira


O presidente Jair Bolsonaro foi


eleito porque convenceu quem


já estava farto do governo de


esquerda e dos desvios financei-


ros cometidos sem pudor. Pro-


meteu governar com uma nova


política, oferecendo como ava-


listas nomes de ministros aci-


ma de qualquer suspeita, incluí-


dos os da área militar, generais


que haviam representado o Bra-


sil no exterior nos orgulhando.


Passado tão pouco tempo, o


que vemos é o presidente se


desfazendo desses ministros e


instituindo uma política similar


à que combatia. Colaboradores


de primeira hora são dispensa-


dos como se fossem traidores.


Mantendo a sua conduta ilusio-


nista, ele oferece a privatização


do Banco do Brasil, a promessa


de vaga no Supremo Tribunal


Federal (STF) ao procurador-


geral da República, bilhões de


reais a serem administrados


por pessoas ligadas ao Centrão


e o que mais aos generais trans-


mutados em políticos. O cami-


nho trilhado sem muita contes-


tação, seja na área política pelos


líderes do Congresso, do agro-


negócio, dos mercados ou mili-


tares, nos leva a crer que a tri-


lha para um regime autoritário


está mais do que pavimentada.


Só cego para não ver.


SERGIO HOLL LARA

[email protected]

INDAIATUBA

Inércia assustadora


É inacreditável que um país


com as dimensões do nosso se


deixe tomar de assalto por uma


súcia de incompetentes e margi-


nais, enquanto nossas institui-


ções assistem estupefatas e iner-


tes aos maiores descalabros!


Até quando suportaremos?


ALEXANDRE MARTINI NETO

[email protected]

RIO CLARO

Invasão de domicílio


Quando vi e ouvi o presidente


Bolsonaro indignado com as


operações policiais e os manda-


dos judiciais na forma da lei,


fazendo buscas em casas e escri-


tórios de suspeitos de fake news,


lembrei-me de como eram as


coisas na ditadura militar. As


invasões domiciliares eram real-


mente truculentas, sem manda-


do judicial e sem nenhum indí-


cio de infração ou crime. Basta-


va que algum desafeto fanático


acusasse o infeliz de comunista


para que policiais e milícias in-


vadissem residências, escritó-


rios, jornais, qualquer lugar, e


cometessem barbaridades. Her-


zog e Rubens Paiva não me


consta terem sido presos na


forma da lei. Será que eu, que


vivi todo aquele período, vou


passar por isso de novo?


CARLOS GONÇALVES DE FARIA

[email protected]

SÃO PAULO

Deixar-se dominar


No fim a maioria vence. Lem-


bremo-nos da última ditadura,


o povo, um marechal com credi-


bilidade, políticos, juntamente


com militares e praticamente a


totalidade dos líderes da iniciati-


va privada, além de estudantes


e de cabeças pensantes da épo-


ca, todos unidos marcharam


pelas ruas procurando dias me-


lhores para o País. Mas a ganân-


cia do pessoal no poder acabou


levando novamente o povo às


ruas, pelo direito de escolher


seu presidente e de os congres-


sistas votarem uma nova Cons-


tituição. Isto posto, acredita-


mos ter resolvido o problema,


com os objetivos alcançados.


Infelizmente, está parecendo


que não. Agora outros prepoten-


tes precisam ser lembrados de


que o poder ao povo pertence.


Portanto, a meu ver, quando as


ruas voltarem a ser ocupadas


por multidões, veremos quem


manda. Observaremos o povo


novamente chamado às urnas e


as rédeas mudando de mãos. A


História confirmará esse prog-


nóstico e olvidará o atual e os


últimos governantes de triste


memória. Oremos.


ITAMAR C. TREVISANI.

[email protected]

JABOTICABAL

Dilema militar


O esclarecedor artigo do gene-


ral reformado Carlos Alberto


Santos Cruz O militar e a políti-


ca, no Estado de ontem, penso


que reflete o pensamento dos


militares da ativa e de muitos


da reserva. Diz Santos Cruz que


“o militar da reserva, seja qual


for a função, não representa a


instituição militar”. No entan-


to, em termos de imagem e per-


cepção popular, é difícil disso-


ciar o militar do cidadão. As


Forças Armadas são institui-


ções do Estado, da Nação, e


não de governos, como sabe-


mos. Mas o fato de o governo


ter vários ministros militares,


com brilhantes carreiras e currí-


culos, e outros em cargos públi-


cos de importância e visibilida-


de, expondo ao risco as suas


biografias, mais as circunstân-


cias beligerantes e as enormes


turbulências e os conflitos na


gestão, diuturnos, fazem as For-


ças Armadas, em termos de ima-


gem, sofrerem uma contamina-


ção cognitiva popular, levando,


infelizmente, à deterioração de


sua merecida respeitabilidade e


da aprovação popular. O receio


é que qualquer fagulha pode ser


muito perigosa e, nas várias es-


feras políticas e do poder, as


piores leis básicas da estupidez


humana prevaleçam, em detri-


mento da inteligência.


LUIZ A. BERNARDI

[email protected]

SÃO PAULO

Repercussão positiva


Posição correta, clara e alenta-


dora a do general Santos Cruz


em O militar e a política. Que o


artigo tenha repercussão positi-


va entre seus pares da ativa.


CARLOS TEIXEIRA RAMOS

[email protected]

VARGEM GRANDE PAULISTA

Vergonha


A insensibilidade, a ignorância


e o fanatismo de certas pessoas,


em especial de quem deveria


comandar e dar diretrizes à edu-


cação da Nação, ultrapassam


todos os limites da sensatez


que deve nortear as atitudes,


em especial, de quem detém


cargo público e tem acesso à


mídia. E pior ainda, partindo de


alguém de ascendência judaica.


A comparação do ministro Abra-


ham Weintraub da trágica,


cruel, arbitrária, vergonhosa


Noite dos Cristais com as ações


desencadeadas pela Polícia Fe-


deral por ordem do STF é total-


mente ofensiva, descabida, per-


versa para com as vítimas da


tragédia da humanidade que foi


o regime nazista, em particular


os judeus, suas principais víti-


mas. Ele que tenha hombrida-


de, peça desculpas e demissão.


LUIZ NUSBAUM, judeu, filho de sobrevivente

do Holocausto

[email protected]

SÃO PAULO
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