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B12 Economia SÁBADO, 30 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
ENTREVISTA
Negócios
RUAPAMPLONA, 1200 - TEL (PABX): (11) 3886-4900 - SP Informe Publicitário
Nodia27demaio,ogovernodeSPanunciou
medidasquevisamaflexibilizaçãodoisolamento
social e o retorno paulatino das atividades econô-
micas em várias regiões do Estado.
Dentre os setores priorizados, ganhou desta-
que o segmento imobiliário e muitos municípios
preveem que, a partir de 1º de junho, plantões de
venda, escritórios e imobiliárias poderão voltar a
funcionar,gradativamente,desdequeobedecendo
ao protocolo estabelecido pelas autoridades sani-
tárias municipais.
Essa fase do plano de flexibilização do Go-
verno inclui a Capital e o restante do Estado, com
exceção das cidades da Baixada Santista, Grande
SãoPauloeValedoRibeira,queaindapermanece-
rão classificadas na Fase 1, com liberação apenas
para os serviços essenciais.
Mas, nesse primeiro retorno, as atividades
imobiliárias, o comércio em shopping centers e
lojasderua,concessionáriaseescritóriosvoltarão
a funcionar desde que atendam ao protocolo esta-
belecidopelasprefeiturasmunicipais.NaCapital,
por exemplo, as informações que tínhamos da
prefeitura até o fechamento dessa matéria eram
que a retomada dessas atividades será feita jun-
tamente com as entidades representativas de cada
setor. Sendo assim, o CRECISP está elaborando,
ao lado do Secovi e da Abrainc, uma proposta a
serencaminhadaàSecretariadeDesenvolvimento
EconômicoeTrabalho,eaprovadapelaVigilância
Sanitária, assegurando o retorno seguro ao tra-
balho. A abertura fica, portanto, pendente dessa
aprovação do município.
Nas demais cidades paulistas onde a flexibi-
lização será implementada na próxima semana, o
CRECISPorientaqueasimobiliáriaseescritórios
obedeçam aos decretos municipais, já que não é
Governo de SP flexibiliza
atividade imobiliária
atribuiçãodoConselhoregularmedidassanitárias
aosegmento.Cadamunicípioterásuaregulamen-
taçãoespecífica,emfunçãodasituaçãodadoença
e dos leitos hospitalares disponíveis e, por isso, é
importante que os profissionais acompanhem os
decretos locais.
OprotocolosanitáriodogovernodoEstadoin-
cluidistanciamentosocial,alémdehigienepessoal
elimpezaehigienizaçãodosambientesdetrabalho.
Os imóveis – novos, usados ou decorados
- somente poderão ser visitados por uma famí-
lia por vez e mediante agendamento. Vistorias
e demais serviços só deverão ser realizados se
forem imprescindíveis e respeitando as regras
de distanciamento e o uso de equipamentos de
proteção individual. A recomendação governa-
mental pede, ainda, que os corretores priorizem
o atendimento online, evitando deslocamento de
clientes e aglomerações.
Apresençadeálcoolemgel70%nosestandes
devendas,parausodoscorretoreseclientesdeverá
sermantidaconstantemente.Alémdisso,alimentos
não deverão ser fornecidos nesses locais e água,
apenas em embalagens individuais e descartáveis.
Osprofissionaisdeverãodaratençãoespecialà
limpezageraldoambiente,dasmesasdeatendimento
edosbanheiros,quedevemserequipadoscomsabão
líquido, toalhas descartáveis e álcool em gel.
O presidente do CRECISP, José Augusto
Viana Neto, acredita que as medidas possam
amenizar os reflexos da pandemia nos negócios,
trazendoalentoaosprofissionaisqueestavamcom
seus escritórios fechados até agora. “O governo
atendeu a nossa reivindicação, compreendendo a
grandevulnerabilidadedacategoria.Aospoucos,
acreditamos que haverá umarecuperação e pode-
remosenxergarnovasperspectivasnopós-crise.”
CRECISP disponibiliza chat para
atendimento a corretores
Os profissionais inscritos no Conselho já podem
contarcomumanovamodalidadedeatendimento.O
chat está disponível no site do CRECISP, e por meio
desse recurso será possível obter respostas a questio-
namentos e orientações sobre os diversos serviços
oferecidos pela entidade.
Parateracessoaesserecurso,ocorretordevefazer
o login no site, clicar no ícone “serviços” e, depois,
nos ícones “chat”, “acessar o chat” e, finalmente, no
“brasão”.Aí, deve preencher seus dados e será ime-
diatamenteatendido.Asrespostassãoemtemporeal.
OchatdoCRECISPprometeagregaraindamais
excelênciaaosserviçosprestados,agilizandotodoo
processo de atendimento e solução dos problemas
e dúvidas dos profissionais, sem a presença física,
protegendo, assim, funcionários e profissionais.
Talita Nascimento
“Chegaremos em dezembro
com toda a operação física fun-
cionando. Acho pouco prová-
vel que seja com a força que es-
távamos em março (antes da
pandemia), mas acredito que
estaremos poderosíssimos em
todos os canais de venda.” Es-
sa é a leitura do presidente da
C&A, Paulo Correa, sobre co-
mo a crise da covid-19 deve se
desdobrar neste ano. A empre-
sa teve crescimento exponen-
cial nos canais digitais no se-
gundo trimestre. “Chegamos a
ter picos de 800%. Depois de
15 de março, todo dia é Black
Friday para nós.” Ainda assim,
a companhia trabalha com ce-
nários conservadores. “Por
mais que o e-commerce esteja
explodindo, ele ainda não segu-
ra a companhia. Está longe dis-
so”, afirma. A seguir, os princi-
pais trechos da entrevista:
lO que podemos adiantar do
segundo trimestre?
O Dia das Mães, obviamente,
foi muito mais fraco do que no
ano passado. Tínhamos cinco
lojas abertas, das 300. A C&A
tem presença maior em São
Paulo, Rio de Janeiro e Nordes-
te, exatamente os focos da pan-
demia. Hoje, já temos de 13% a
14% das lojas abertas. Por mais
que o e-commerce esteja ex-
plodindo, ele ainda não segura
a companhia. Está longe disso.
Por isso, fizemos bem em tra-
balhar com um cenário mais
pessimista do que o que vive-
mos agora. A certeza é que o
Dia dos Namorados será me-
lhor do que o Dia das Mães.
lQuais são as condições para
reabrir as lojas?
Precisa existir convergência
entre decretos estaduais e mu-
nicipais. Se as autoridades e
suas respectivas secretarias de
Saúde não conseguem chegar
a um consenso, significa que
há dúvidas na história. Então,
não vamos arriscar. Além dis-
so, precisamos ter para cada
um desses lugares o protocolo
de segurança implementado;
se não tiver, não abrimos. O
problema não é o dia em que
as lojas vão reabrir, mas quan-
do as pessoas vão se sentir se-
guras para voltar a frequentar
esses espaços. O pior de tudo
é a falta de coordenação entre
as esferas federal, estadual e
municipal. Poderia ser muito
mais coordenado e, em tese,
deveria trazer resultados me-
lhores do que os que vimos até
agora. Essa descoordenação
faz o nosso ciclo ser mais lon-
go do que o de outros países.
Isso é lamentável.
lComo o plano de investimentos
do grupo foi alterado?
O digital já estava no nosso
programa, mas imaginávamos
que chegaríamos a uma parce-
la do faturamento de dois dígi-
tos em três anos. Isso aconte-
ceu em três semanas. A acelera-
ção foi forte, mas porque havía-
mos preparado várias coisas.
Já tínhamos o “ship from sto-
re” (vendas de produtos de lojas
físicas feitas pela internet) em
80 lojas. Aos poucos, fomos
reabrindo essas lojas no forma-
to “dark” (quando a loja é fecha-
da ao público, mas funciona co-
mo um centro de distribuição).
Assim, esse formato, que repre-
sentava 5% do e-commerce, ho-
je é de 55%. Tínhamos vários
projetos de lojas físicas engati-
lhados que não pudemos to-
car. Esses gastos devem escor-
regar para o ano que vem, o
que liberou investimentos. As
reformas de lojas também fo-
ram postergadas. Tudo isso
permitiu acelerar projetos de
online. Nosso investimento
nessa área vai ser duas vezes e
meia, quase três vezes o que
era planejado no início do ano.
Ninguém imaginava que cres-
ceríamos tanto. Tivemos picos
de 800% de crescimento de
vendas. Nem na Black Friday
foi assim. Desde o dia 15 de
março, todo dia é Black Friday.
lAs margens de lucro não são
menores no e-commerce?
As margens do online são um
pouco menores em razão do es-
pírito promocional mais agres-
sivo do segmento. Mas a dife-
rença não é tão grande assim.
lComo a C&A vai chegar ao fim
do ano?
Vamos chegar em dezembro
com toda a operação física fun-
cionando. Acho pouco prová-
vel que seja com a força que es-
távamos em março (antes da
pandemia), mas acredito que
estaremos poderosíssimos em
todos os canais de venda. Como
nunca poderíamos ter imagina-
do quando tudo isso começou.
lQuais desafios a crise impôs?
Até a crise estávamos vindo
com crescimento de dois dígi-
tos. Em 48 horas, nos vimos
obrigados a fechar as lojas. A
participação do e-commerce
nas vendas antes da pandemia
era de 3%. Quando o fechamen-
to das lojas aconteceu, o fatura-
mento despencou para o tama-
nho que o e-commerce tinha.
Ter faturamento zero por duas
semanas, desmonta o plano de
resultados. Montamos um co-
mitê de crise e o primeiro man-
dato dele era a situação de cai-
xa. Já tínhamos uma operação
de crédito em fase final, que
foi fechada com uma taxa (de
juros) pré-covid. Depois, fecha-
mos outra de mais R$ 350 mi-
lhões (com juros mais alto).
Nossa sustentação ficou garan-
tida. Trabalhávamos com o ce-
nário de que nenhuma loja
abriria até o fim de junho.
lComo foi a busca por crédito?
Dizer que as medidas do gover-
no facilitaram o crédito para
os empresários, na prática, não
é o que acontece. Nossa capaci-
dade e histórico de pagamento
tornaram a oferta de crédito
mais aberta e disponível que a
média. Sei que essa não é a rea-
lidade do mercado. Se o negó-
cio é uma empresa de pequeno
porte, é mais difícil.
Renée Pereira
Na busca para encontrar solu-
ções para os negócios durante a
pandemia, três empresários lan-
çaram, no fim de abril, um movi-
mento para trocar experiên-
cias. Em um mês, o #VamosVi-
rarOJogo atraiu 453 empresas e
associações interessadas na ini-
ciativa. Na lista, estão grupos co-
mo Carrefour, Magazine Luiza,
3M e Usiminas, além do empre-
sário Jorge Gerdau, presidente
do Mundo Brasil Competitivo.
“Nosso objetivo é estimular a
troca de experiências e o com-
partilhamento de iniciativas
que estão dando certo durante
a pandemia”, afirma o fundador
e presidente do grupo Empreen-
da, César Souza, idealizador do
movimento. Ele conta que a ini-
ciativa surgiu como uma forma
de ver a vida no pós-covid-19.
Com a ideia na cabeça, Souza
procurou dois outros empresá-
rios para tocar o projeto: Ale-
xandro Barsi, presidente e fun-
dador da Verity Group, e Vitto-
rio Danesi, fundador e presiden-
te da Simpress. Em dois dias,
eles conseguiram 16 adesões. O
objetivo é chegar ao fim deste
mês com a participação de 500
empresas e, até o fim do ano, ter
mil companhias reunidas.
Uma das primeiras iniciati-
vas, diz Souza, foi reunir as me-
lhores práticas adotadas até
agora pelas companhias. “Lan-
çamos uma mensagem eletrôni-
ca pedindo que as empresas nos
enviassem as iniciativas toma-
das durante a pandemia e que
podem servir de inspiração pa-
ra outros.” Até agora, o movi-
mento tem 52 cases que se en-
quadram dentro das melhores
práticas.
“Entendemos que as empre-
sas terão de se reinventar nas
formas de se relacionar com
clientes, na gestão e na relação
comercial. Nosso objetivo é
mostrar como lidar com essa no-
va situação”, diz o idealizador
do movimento.
O vice-presidente do Carre-
four, Stephane Engelhard, res-
ponsável pela área de assuntos
institucionais, conta que a em-
presa aderiu ao movimento por
entender que pode dar contri-
buição para empresas menores.
“Nosso setor é considerado
uma atividade essencial. Por is-
so, não fechamos durante a pan-
demia e tivemos de adotar pro-
tocolos rígidos para preservar
clientes e funcionários.”
Ele conta que várias das inicia-
tivas adotadas pelo grupo fran-
cês foram copiadas em outros
estabelecimentos, como a insta-
lação de acrílico nos caixas, mar-
cação de distância no chão e me-
dição de temperatura. “Enten-
demos que nosso protocolo de
medidas sanitárias poderia ser
importante para a reabertura
da economia em outros compa-
nhias. Da mesma forma, acredi-
tamos que podemos adotar ou-
tras experiências.”
O movimento também será
um ambiente para estruturar
propostas que serão levadas a
formuladores de políticas. Cé-
sar Souza destaca, entretanto,
que a iniciativa não tem o objeti-
vo de discutir questões políti-
cas e partidárias. Além disso,
não há custos envolvidos.
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
lMudança de rota
l‘Reinventar’
Empresas se reúnem para buscar
soluções para o pós-pandemia
C&A BRASIL
“Tínhamos vários projetos
de lojas físicas engatilhados
que não pudemos tocar.
Esses gastos devem
escorregar para 2021, o que
liberou investimentos. As
reformas de lojas também
foram postergadas. Tudo
isso permitiu acelerar
projetos de online.”
Correa. Comitê de crise e duas operações de financiamento
‘E-commerce não segura a companhia’
Embora as vendas online
da C&A estejam batendo
recordes, presidente
afirma que estão longe
de sustentar a empresa
Paulo Correa, presidente da C&A
“Entendemos que as
empresas terão de se
reinventar nas formas de se
relacionar com clientes, na
gestão e na relação
comercial.”
César Souza
FUNDADOR DO GRUPO EMPREENDA
Lista inclui grupos como
Carrefour, Magazine
Luiza e Usiminas,
além do empresário
Jorge Gerdau