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Este material é produzido pelo Media Lab Estadão.
São Paulo, 30 de maio de 2020 | 3
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EMBAIXADOR DA MOBILIDADE
E
m nossas lojas e canais de ven-
das, é comum o questiona-
mento do preço dos veículos
elétricos. Sejam patinetes, bikes ou
monociclos elétricos, a comparação
mais imediata está normalmente
associada ao custo de aquisição de
um carro ou de uma motocicleta à
combustão, certamente por serem
parâmetros já muito consolidados
na cabeça das pessoas. Embora legí-
tima, a comparação entre esses mo-
dais leva em conta apenas o viés da
simples locomoção, ainda que exis-
tam muitos outros propósitos.
Qualquer que seja o sistema de
importação desses equipamentos –
finalizado CBU (completely build
up), semidesmontado SKD (semi
knocked down) ou completamen-
te desmontado CKD (completely
knocked down) – , o seu preço está
sempre sujeito à variação cambial,
inclusive nos dois últimos modelos,
para montagem posterior no País.
Além disso, o custo Brasil pode
encarecer em mais de 100% um
produto importado, considerando
os altos tributos e custos logísticos.
Para fechar a conta, existe ainda a
reduzida margem de lucro dos dis-
tribuidores e revendedores, que ar-
cam com todos os seus custos ope-
racionais e de venda.
Mas, então, qual é o preço fi nal de um
monociclo elétrico ou de um patinete?
Os modelos mais em conta giram
em torno de R$ 3 mil. Já os mais sofi s-
ticados, com desempenho que pode
Quanto vale sua mobilidade?
chegar perto aos 180 quilômetros
de autonomia e velocidade máxima
de até 60 km/h, custam próximo de
R$ 25 mil. Em geral, o tíquete médio
de venda na Eletricz é de R$ 7 mil.
NA PONTA DO LÁPIS
Vamos ao comparativo: um carro
econômico que percorre cerca de
14,9 quilômetros por litro de gaso-
lina custa cerca de R$ 33 mil, mas
sua sustentação envolve outras
despesas. Como exemplo, para ir
e voltar do trabalho, de segunda a
sexta-feira, rodando 20 quilômetros
por dia (10 para ir e outros 10 para
voltar), ou seja: 440 quilômetros
por mês. Em 22 dias úteis, ao custo
de R$ 3,82 por litro, o usuário teria
R$ 112,69 de gasto apenas com o
combustível. Mas um carro tem,
ainda, outras despesas, como ma-
nutenção, licenciamento, Imposto
sobre a Propriedade de Veículos Au-
tomotores (IPVA), seguro, estacio-
namento e multas de trânsito, sem
contar a depreciação do bem.
Já num monociclo elétrico, por
exemplo, o consumo de energia
elétrica para recarregar em casa a
bateria de íon lítio é irrisório. Um
modelo intermediário, com 680
Wh, que garante autonomia de até
60 quilômetros e leva cerca de cin-
co horas para recarregar o equipa-
mento por completo, teria como
custo fi nal (considerando o preço de
R$ 0,96 por kWh da distribuidora
Enel de São Paulo) menos de R$ 5
para percorrer os mesmos 440 qui-
lômetros do exemplo.
Ou seja: mais de 20 vezes mais
barato que com o carro. Os baixos
custos com a manutenção de um
veículo elétrico portátil e a inexis-
tência de gastos como IPVA, esta-
cionamento e multas posicionam
esses modais na dianteira da viabi-
lidade econômica.
DESERTORES
Não bastasse essa gritante diferença
entre os números, o que já seria o
sufi ciente para explicar a crescente
adesão dos chamados desertores do
modelo tradicional de mobilidade,
ainda existem as questões intangí-
veis: quanto vale para você evitar
um trânsito caótico, chegar mais
cedo em casa e passar mais tempo
com a família, desestressado e leve?
Já imaginou não ter mais que fi car
horas para achar uma vaga num
estacionamento ou simplesmente
encaixar um roteiro arborizado no
caminho até o seu trabalho? E se, no
fi nal de semana, ainda pudesse jun-
tar uma galera para simplesmente
contemplar a cidade e visitar pontos
turísticos, antes despercebidos e de
difícil acesso com um carro? Quão
relevante você se sentiria em ser um
agente de mudança positiva para o
meio ambiente?
Acredito que todos os modais,
sejam eles elétricos ou não, particu-
lares ou compartilhados, coletivos
ou individuais, irão coexistir. Mas o
novo mundo que se apresenta já traz
importantes refl exões, e a utilização
de cada um deles dependerá essen-
cialmente das nossas prioridades.
Future-se.
QUANTO VALE
EVITAR O TRÂNSITO
CAÓTICO, CHEGAR
MAIS CEDO E PASSAR
MAIS TEMPO COM
A FAMÍLIA?
Márcio Canzian é diretor da Associação Brasileira do
Veículo Elétrico (ABVE) e CEO da Eletricz, empresa
especializada na distribuição de veículos elétricos portáteis
Foto: Roberto Tarik | Divulgação
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