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A4 SÁBADO, 30 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
COLUNA DO
ESTADÃO
Política
»SINAIS PARTICULARES.
Eduardo Leite,
governador do Rio Grande
do Sul
»Cada um... O pano de fun-
do para a criação do índice
próprio do Nordeste são os
constantes desentendimen-
tos com o governo federal,
que já está no terceiro mi-
nistro durante a pandemia.
»...por si. Segundo dados
do Ministério da Saúde, o
Nordeste tinha 156 mil ca-
sos confirmados e 8,3 mil
mortos até ontem.
»Ajuda. O modelo foi de-
senvolvido com a ajuda da
Universidade Federal de
Pelotas, que fez sistema se-
melhante para o Rio Gran-
de do Sul. O score deve ser
lançado na segunda-feira.
»Bah, tchê! No combate
ao coronavírus, o governa-
dor tucano do RS, Eduardo
Leite, tem sido elogiado até
por petistas. O único “pó-
rem” é que ele deveria pen-
sar e atuar nacionalmente.
»Cavalo... Nos grupos da
sociedade civil, com a pre-
sença de advogados, atores
globais e políticos, há um
nome que afugenta apoiado-
res para manifestos críticos
a Bolsonaro: Sérgio Moro.
»...de troia. A simples men-
ção de convidá-lo para subs-
crever as cartas públicas fez
muitos ameaçarem tirar
seus nomes.
»É ver... Ernesto Araújo
pretende realizar uma reu-
nião interministerial na pri-
meira quinzena de junho
para discutir a inserção do
Brasil no grupo de países
que pesquisam uma vacina
para a covid-19.
»...para crer. Araújo afir-
mou a parlamentares que o
Brasil tem uma forte parce-
ria de reciprocidade com os
EUA. É o que faz o chance-
ler acreditar, segundo con-
tou, que, se Donald Trump
conseguir produzir primei-
ro a vacina, ela será compar-
tilhada com o Brasil.
»Etnografia... O Facebook
mandou para a CPI mista
de Fake News informações
sobre os administradores
de quatro contas propagado-
ras de notícias falsas sobre
saúde, segundo a Sociedade
Brasileira de Imunização.
»...digital. Eles próprios se
definem em suas páginas
na rede social como olavis-
tas, bolsonaristas, moristas
ou intervencionistas. Um
dos perfis defende a ideia
de que a Terra é plana.
»Ilustre. Na véspera da
operação da PF no inquéri-
to das fake news, o bloguei-
ro Allan dos Santos partici-
pou de um seminário sobre
o pós-pandemia na Funag,
fundação do Itamaraty vol-
tada para pesquisa.
»Demanda. O presidente
da Câmara Municipal de
São Paulo, Eduardo Tuma
(PSDB), pediu a João Doria
para o Estado reduzir o ní-
vel de restrição para a rea-
bertura de restaurantes.
»Escala. O plano de reati-
vação da economia permite
que esses estabelecimentos
reabram apenas na terceira
fase (amarela). A capital foi
enquadrada no segundo es-
tágio (laranja).
COM MARIANNA HOLANDA.
O
Consórcio Científico do Nordeste vai lançar um
indicador para guiar municípios da região a uma
reabertura mais segura, uma vez que cada cidade
se encontra num diferente estágio da covid-19. O “score”
será calculado com base numa matriz de avaliação de ris-
co, para orientar os gestores do lockdown à reabertura.
Serão levados em consideração onze itens de análise, en-
tre eles: ocupação de leitos hospitalares, índice de isola-
mento, índice do fluxo intermunicipal e rodoviário e por-
centagem de detecção do vírus em testes aplicados.
Nordeste terá indicador
próprio para reabertura
MARIANA HAUBERT (INTERINA*)
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
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POLITICA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/COLUNA-DO-ESTADAO/
KLEBER SALES/ESTADÃO
Investigação deve chegar
a núcleo do ‘gabinete
do ódio’. Pág. A
Fake news
Manifesto de procuradores
cobra MPF independente
Executivo. Enquanto Bolsonaro corteja Augusto Aras, integrantes do órgão pressionam por
constitucionalização da lista tríplice para a escolha do chefe do Ministério Público Federal
Enquanto o presidente Jair
Bolsonaro fala em indicar o
procurador-geral da Repúbli-
ca, Augusto Aras, ao Supre-
mo Tribunal Federal (STF) e
lhe concede honraria militar,
quase 600 procuradores assi-
naram ontem um manifesto
pedindo independência do
Ministério Público Federal
(MPF). O documento, subs-
crito por mais da metade dos
1.131 procuradores da Repú-
blica do País, pede a criação
de uma emenda constitucio-
nal que obrigue o presidente
a escolher o chefe do MPF a
partir de uma lista tríplice ela-
borada pela categoria.
Embora essa regra não exista,
desde 2003 todos os procurado-
res-gerais saíram de uma rela-
ção de três nomes feita a partir
de eleição interna da Associa-
ção Nacional dos Procuradores
da República (ANPR). Bolsona-
ro quebrou a prática ao indicar
Aras, em setembro. Aras vem
sendo alvo de críticas internas
no MPF por tomar medidas con-
sideradas “pró-governo”, como
o pedido, feito na quarta-feira,
para o Supremo Tribunal Fede-
ral (STF) suspender o inquéri-
to das fake news, que atinge po-
líticos, empresários e bloguei-
ros bolsonaristas.
O cortejo de Bolsonaro a Aras
já tinha ficado explícito anteon-
tem, quando o presidente afir-
mou que daria uma eventual va-
ga no Supremo Tribunal Fede-
ral (STF) ao procurador-geral.
Ao classificar a atuação do pro-
curador-geral como “excepcio-
nal”, o mandatário disse que “o
nome de Augusto Aras entra for-
temente”, caso apareça uma ter-
ceira vaga – até 2022, os minis-
tros Celso de Mello e Marco Au-
rélio Mello deixarão a Corte.
Ontem, Bolsonaro tentou ate-
nuar a repercussão negativa da
declaração e escreveu, em suas
redes sociais, que não cogita in-
dicar o procurador-geral para
uma dessas duas vagas.
O aceno de Bolsonaro a Aras
aumentou o ritmo de adesões
ao manifesto dos procuradores
da República, lançado no últi-
mo dia 27 pela ANPR. “Conside-
rando que cabe ao PGR investi-
gar e acusar criminalmente o
presidente da República, seria
certamente mais adequado, par-
tindo do princípio do fortaleci-
mento institucional e da inde-
pendência de atuação, que a lis-
ta fosse respeitada”, afirma no-
ta da ANPR.
Homenagem. Ontem pela ma-
nhã, Bolsonaro incluiu Aras nu-
ma lista de homenageados pela
Ordem de Mérito Naval, uma
das maiores honrarias milita-
res, concedida a integrantes da
Marinha e, excepcionalmente,
corporações militares, institui-
ções civis e personalidade que
tenham prestados serviços rele-
vantes à Marinha. Segundo pu-
blicação no Diário Oficial da
União, o procurador receberá a
homenagem junto com o minis-
tro da Educação, Abraham
Weintraub, que ontem prestou
depoimento para explicar por
que disse, na reunião ministe-
rial de 22 de abril, que queria
prender ministros do Supremo
(mais informações nesta página).
A íntegra do encontro minis-
terial foi divulgada há oito dias
por autorização do Supremo,
como parte de outro inquérito
que incomoda Bolsonaro e que
tem atuação da PGR: a investiga-
ção de suposta interferência po-
lítica na Polícia Federal (PF).
Ao longo da investigação, Aras
poderá ser provocado pelo Su-
premo a se posicionar sobre me-
didas relacionadas ao presiden-
te, como um pedido para pres-
tar depoimento. Ao fim da co-
lheita de provas, caberá a ele de-
nunciar ou não Bolsonaro.
A atuação de Aras no caso já
havia sido questionada por seus
pares. Ao pedir a abertura do in-
quérito, o procurador-geral mi-
rou também o ex-ministro da
Justiça Sérgio Moro, que fez as
acusações contra o presidente.
Outro episódio contestado foi
o pedido de apuração sobre ato
antidemocrático convocado
contra o STF em abril. Apesar
de o presidente ter feito até dis-
curso na manifestação, o PGR o
livrou do inquérito.
Reprovação. O ministro do Su-
premo Tribunal Federal (STF)
Luís Roberto Barroso criticou
ontem a possibilidade de procu-
radores-gerais serem recondu-
zidos ao cargo ou indicados pa-
ra outras funções pelo presiden-
te. “A recondução, evidente-
mente, pode gerar a tentação de
agradar. (...) Acho que quem
tem que ser independente não
pode ser reconduzido, portan-
to acho que teria que ser um
mandato único”, defendeu o mi-
nistro, que assumiu, nesta sema-
na, a presidência do Tribunal Su-
perior Eleitoral (TSE). Barroso
disse ser a favor de uma lista trí-
plice “vinculante”, ou seja, que
torne obrigatória a nomeação
de um dos três mais votados.
De acordo com a professora
de direito internacional e com-
parado da Universidade de São
Paulo (USP) Maristela Basso,
não há nenhuma violação a lei
específica que justifique uma
ação contra o presidente pela
sua fala. No entanto, a declara-
ção cria um impedimento de or-
dem moral. “Qualquer ato que
ele (Aras) tomar agora, será um
ato suspeito: se ele for rígido,
vai parecer que é uma tentativa
de demonstrar independência.
Se ele for mais flexível, vai se
questionar se ele não está man-
tendo esse flerte com o presi-
dente por um eventual cargo”,
disse a professora.
Para o advogado Pedro Luce-
na, mestre em direito adminis-
trativo pela PUC-SP, a declara-
ção do presidente ultrapassa a
barreira do elogio e passa a suge-
rir uma possível recompensa, o
que poderia interferir na inde-
pendência das instituições. “A
manifestação, por si só, não con-
figura tipificação criminal ou
ato de improbidade. Porém, le-
vando em conta a educação po-
lítica da sociedade, não tenho
dúvidas de que a declaração ge-
ra efeito negativo, pois dá a en-
tender que a autonomia da PGR
pode ser flexibilizada e barga-
nhada.” / FAUSTO MACEDO, MARLLA
SABINO, PEPITA ORTEGA, RAFAEL
MORAES MOURA e RAYSSA MOTTA
A Polícia Federal afirmou ao Su-
premo Tribunal Federal que
pretende tomar o depoimento
do presidente Jair Bolsonaro
no inquérito que investiga su-
postas interferências políticas
na corporação. A informação
consta no despacho da delega-
da Christiane Correa Machado,
chefe do Serviço de Inquéritos
Especiais no STF, em que pede
mais trinta dias para a realiza-
ção de novas diligências e con-
clusão das investigações.
Como presidente, Bolsonaro
tem a prerrogativa de optar pe-
lo depoimento por escrito, co-
mo foi autorizado a Michel Te-
mer em 2017 no inquérito sobre
o diálogo gravado com o empre-
sário Joesley Batista. Neste ce-
nário, as perguntas são formula-
das pela PF e enviadas ao presi-
dente. No caso do emedebista,
o ministro Edson Fachin, rela-
tor do caso no Supremo, deu
prazo de 24 horas para resposta.
Até agora, três ministros de
Bolsonaro foram ouvidos como
testemunhas pela PF: Augusto
Heleno (Gabinete de Seguran-
ça Institucional), Braga Netto
(Casa Civil) e Luiz Eduardo Ra-
mos (Governo).
Proteção. O ex-ministro da
Justiça Sérgio Moro sugeriu
que Bolsonaro não vetou os
itens do pacote anticrime que
limitaram acordos de delação e
a decretação de prisão preventi-
va para proteger seu filho mais
velho, o senador Flávio Bolsona-
ro (Republicanos-RJ). Em en-
trevista à revista Crusoé, o ex-
juiz disse que achou “estranho”
o fato de o presidente não ter
barrado as restrições, vez que,
em sua avaliação, elas batem de
frente com o discurso contra a
corrupção e impunidade.
Moro indicou que as decisões
do presidente no âmbito do pro-
jeto anticrime se deram em de-
zembro, mesmo mês em que a
PF fez buscas em endereços liga-
dos a Flávio. “O discurso para
os eleitores é um, e a prática é
outra bastante diferente”, afir-
mou. / PAULO ROBERTO NETTO e F.M.
Marcelo Freixo
PF quer ouvir Bolsonaro
sobre interferência política
BOMBOU NAS REDES!
Weintraub fica em
silêncio durante
depoimento
ALBERTO BOMBIG
*O colunista está em férias.
DIDA SAMPAIO/ESTADAO -17/4/
Conversa. O presidente Jair Bolsonaro e o procurador-geral da República, Augusto Aras, durante cerimônia no Planalto
“O MPF é uma instituição essencial para o combate
à corrupção e está sendo vergonhosamente rebaixa-
do. É preciso reagir”, sobre discussão de lista tríplice.
Deputado federal (PSOL-RJ)
lO ministro da Educação, Abra-
ham Weintraub, prestou depoi-
mento ontem para explicar decla-
rações contra o Supremo Tribu-
nal Federal (STF) feitas na reu-
nião ministerial do dia 22 de
abril, no Palácio do Planalto, mas
decidiu “fazer uso do seu direito
ao silêncio”. Durante a reunião
no Planalto, Weintraub afirmou:
“Botava esses vagabundos todos
na cadeia, começando no STF”.
O ministro do Supremo Alexan-
dre de Moraes viu indícios de
prática de delitos como difama-
ção, injúria e crime contra a segu-
rança nacional e deu cinco dias
para que o ministro prestasse
depoimento à Polícia Federal no
âmbito do inquérito das fake
news. Weintraub compareceu na
condição de investigado.
O depoimento de Weintraub foi
realizado pela manhã, na sede do
Ministério da Educação. / PATRIK
CAMPOREZ e R.M.
»CLICK. Filipe Sabará,
do Novo, ajudou a entre-
gar orgânicos em Capão
Redondo (SP) junto com
a sua ONG, a Arcah, que
acolhe pessoas em situa-
ção de rua na capital.
COLUNA DO ESTADÃO