%HermesFileInfo:A-2:20200530:
H2 Especial SÁBADO, 30 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
SONIA RACY
DIRETO DA FONTE
Camila Tuchlinski
Cardiologistas, urologistas, ci-
rurgiões plásticos, oftalmolo-
gistas e ortopedistas juntos
em um grupo musical, tocando
pandeiro, cuíca, conga, afoxé,
tamborim, surdo e toda a sorte
de instrumentos musicais pa-
ra uma roda de samba.
Intitulado Doutores do Sam-
ba, o grupo fará uma live no
domingo, dia 31, às 16h, no You-
Tube, para arrecadar equipa-
mentos de proteção individual
(EPI) para funcionários do
Hospital São Paulo, onde eles
iniciaram a vida acadêmica.
“Na Escola Paulista de Medi-
cina, sempre nos juntávamos
depois das aulas na Atlética,
não só para treinar, mas tam-
bém para nos divertir. O gru-
po começou assim, nesses pe-
quenos eventos com amigos
de diferentes turmas após as
aulas. Sempre tocamos para o
público do Hospital São Pau-
lo”, lembra o cirurgião plásti-
co Fernando Amato, que toca
cuíca e pandeiro.
O ortopedista Eduardo Suñe
Christiano, que toca chimbal e
caixa, afirma que a ideia do gru-
po surgiu em 2002 e a paixão
pelo ritmo uniu os colegas. “A
maioria sempre gostou muito
de samba. Os encontros de sex-
ta-feira viraram tradição e, aos
poucos, come-
çamos a tocar
também nos
bares em tor-
no da faculda-
de”, diz.
Para alguns,
o gosto pelo
samba veio de
família, como o urologista Ro-
drigo Perrella. “Sempre gostei
de samba, influência do meu
pai. Com 15 anos, comecei a fre-
quentar a escola de samba Mo-
cidade Alegre, onde toquei na
bateria por 10 anos”, conta. O
cardiologista Fábio Leite divi-
de a mesma paixão: “Sempre
gostei de samba-enredo. E tam-
bém gostava de rock, percus-
são e bateria. Daí, entrei na Ba-
teria 51 da Atlética e, depois
da convivência com o pessoal,
fui migrando para o pagode”.
Até o ortopedista Renato Ra-
deli, que nunca se imaginou
tocando em
uma roda de
samba, foi
acolhido pe-
la turma.
“Nunca tive
talento para
instrumen-
tos musicais.
Temos músicos excepcionais
que me permitiram aprender
um instrumento simples, o
afoxé, para poder participar
dos sambas”, ressalta.
União. Esse cenário de ale-
gria e descontração que uniu
os jovens médicos há anos
não é nada parecido com a
atual rotina dentro de um hos-
pital, diante da pandemia do
novo coronavírus. A maioria
atua na linha de frente no
combate à covid-19. Renato
Radeli mora em Porto Velho,
Rondônia, desde 2010. Pela
prefeitura, os profissionais
foram colocados para atendi-
mento de casos suspeitos,
com quadros leves a modera-
dos. “Quando o paciente
apresenta parâmetros respi-
ratórios ruins, são encami-
nhados ao hospital de refe-
rência para tratamento de co-
vid-19”, afirma o ortopedista
que, desta vez, não participa-
rá da live com os colegas. O
urologista Rodrigo Perrella
atua como cirurgião no Pron-
to-socorro do Hospital São
Paulo, também com pacien-
tes contaminados pelo vírus,
assim como o cirurgião plásti-
co Fernando Amato. “Trato
diretamente com pacientes
ambulatoriais com covid-19
e aqueles com internação pro-
longada em UTI que acaba-
ram desenvolvendo úlceras
por pressão”, relata.
Gratidão. Fazer a transmis-
são ao vivo no YouTube com
o Doutores do Samba para ar-
recadar fundos para a compra
de EPIs é uma forma de devol-
ver o que a universidade ofere-
ceu para esses profissionais,
como explica Eduardo Suñe
Christiano: “Acreditamos
que isso seria uma forma de
tentarmos retribuir a grati-
dão e o carinho que temos pe-
la Escola Paulista de Medici-
na e o Hospital São Paulo que,
por muitos anos, foi a nossa
casa. Ao mesmo tempo, em
meio a esse período tão con-
turbado e sensível, teríamos
uma ótima oportunidade de
revivermos memórias de um
bom samba ao lado de amigos
e familiares”.
“No meio de tanta agonia e
sofrimento que estamos pas-
sando com essa pandemia,
queremos trazer um pouco de
alegria, numa corrente do
bem, valorizando todos os
profissionais de saúde, não só
do Hospital São Paulo, mas to-
dos que estão na linha de fren-
te. Live de gente famosa tem
todos os dias. A nossa é única,
de médicos, para ajudar um
hospital que é o berço de nos-
sa formação, e que sabemos o
que está enfrentando e o que
poderá ser pior”, conclui.
Além de Fernando e Eduar-
do, o Doutores do Samba é
composto pelo urologista Ro-
drigo Perella, que toca repi-
que de mão e faz voz secundá-
ria; Fábio Leite, que é cardio-
logista e toca tamborim e sur-
do; o ortopedista Renato Ra-
daeli, no afoxé; e os oftalmolo-
gistas Rodrigo Viana, voz, e
Mauro Leite, no violão.
PARA PARTICIPAR, O
ORTOPEDISTA RENATO
RADELI APRENDEU A
TOCAR AFOXÉ
DOUTORES DO
Médicos que atuam na linha de frente do combate à covid-19
fazem live para arrecadar fundos para o Hospital São Paulo
SAMBA
Colaboração
Cecília Ramos [email protected]
Marcela Paes [email protected]
lA Ipiranga, Gerdau, Hospi-
tal Moinhos de Vento e o Gru-
po Zaffari, em parceria com a
Prefeitura de Porto Alegre,
inauguram centro de trata-
mento com 60 leitos para pa-
cientes com covid-19. Investi-
mento de R$ 10,4 milhões.
lAbilio Diniz aceitou o con-
vite de Nizan Guanaes e reali-
zam live amanhã. Faz parte do
programa Sunday Night Live,
uma série de três lives que vão
ao ar todo domingo. No Insta-
gram @Nizanlive.
lO movimento Contagian-
do Sorrisos distribui másca-
ras de tecido feitas por deze-
nas de artistas, como Ziraldo
e Laerte, entre outros.
RESPONSABILIDADE
SOCIAL
ACERVO PESSOAL
POLAROID
O lendário fotógrafo German Lorca
comemorou 98 anos em encontro
virtual no Zoom. Entre os
participantes, amigos como Eder
Chiodetto, Márcio Scavone, Rubens
Fernandes Júnior, Amyr e Marina
Klink, Leão Serva e Vilma Slomp.
Blog: estadão.com.br/diretodafonte Facebook: facebook.com/SoniaRacyEstadao Instagram: @colunadiretodafonte
The man
Alexander Stubb, ex-primeiro
ministro da Finlândia, pales-
trante de live do JP Morgan esta
semana, bateu palmas para os
procedimentos de isolamento
social no seu país, na Alemanha,
na Coreia do Sul e em Israel.
Mas não resistiu e cutucou três
lideres que classificaram a pan-
demia da covid-19 de “resfriadi-
nho”: os do Brasil, Rússia e Esta-
dos Unidos. “Esses são verdadei-
ros macho mens”, ironizou.
Pós-covid-19
Instituição financeira dá conti-
nuidade a duas operações de
venda de ativos negociadas
com empresas estrangeiras:
uma do setor de TI e outra do
agribusiness.
Segundo fonte credenciada, há
dúvidas sobre os valores combina-
dos antes da pandemia. Afinal, o
dólar deu um salto e tanto.
Público-privado
Indagado a respeito da apro-
vação, no Senado, de projeto
de lei que autoriza o uso de
leitos não ocupados de UTI
para pacientes do SUS, sus-
peitos de covid-19, Sydney
Klajner, do Einstein, lem-
brou à coluna que a Consti-
tuição já garante esse tipo de
medida. “Estamos, inclusi-
ve, negociando com o Esta-
do”, frisou o médico.
O mesmo faz Paulo Chap-
chap, do Sírio Libanês.
Público 2
Ao que se apurou, essa redun-
dância abre precedência pa-
ra a negociação por chama-
mento público. Haverá requi-
sição administrativa do go-
verno somente se a resposta
dos hospitais for insuficien-
te e a utilização dos leitos pe-
lo SUS se dará em unidades
com menos de 85% de suas
UTIs ocupadas.
Público 3
Em SP, a Prefeitura fez licita-
ção e pagará R$2,1 mil ao dia,
por leito. O custo do leito, no
Einstein, começa em... R$ 4
mil. “Há despesas altas, equi-
pamentos necessários, remé-
dios específicos, etc, e que
não estão incluídas na sim-
ples cessão do leito”, adverte
o presidente do Einstein.
Barra limpa
Pandemia do coronavírus
na rua e isolamento em casa
fizeram explodir as vendas
de produtos de limpeza.
Dado da empresa UAU In-
gleza mostra crescimento
de nada menos que 46% em
março e abril – na compara-
ção com o mesmo período
ano do ano passado. Os
mais consumidos? Lavagem
de roupas e cloro.
Em isolamento social em casa desde 20 de março, Fafá
de Belém se prepara para sua primeira live em meados de
junho – que terá como tema novelas. “Nasci com uma
música na novela Gabriela, Filho da Bahia. De lá pra cá,
somam mais de 60 os temas de novela. Quero comemorar
esses 45 anos de carreira com um olhar de emoção", diz
ela, que conta ter organizado a vida na quarentena. “Cuido
das coisas de casa, cozinho... esperando tudo passar”.
DANIELA RAMIRO/ESTADÃO
Antes da pandemia. Grupo de médicos sambistas começou a se reunir em 2002 e a paixão pelo ritmo uniu os colegas
MARINA KLINK