O Estado de São Paulo (2020-06-01)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:B-5:20200601:
O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JUNHO DE 2020 Economia B


S


ó agora a pandemia do coronavírus começa sua escala-
da rumo ao topo. De março para cá, o vírus estava tes-
tando o terreno, analisando a força do adversário, es-
colhendo as melhores estradas.
Nestes dias, ele mudou de postura, decidiu que já sabe o
suficiente para uma escalada segura, auxiliado pela parte
da população que insiste em ir para as ruas, tomar cerveja,
jogar conversa fora, cair no funk nos pancadões das madru-
gadas.
Depois de chegar na marca das mil mortes por dia, o coro-
navírus se convenceu que o Brasil é fácil e que aqui ele fará
coisas que até na Itália e na Espanha ele não conseguiu fa-
zer. A expectativa é que pelo menos se aproxime dos Esta-
dos Unidos, se é que não vai ultrapassar as marcas norte-
americanas. Afinal, ele tem tudo para isso. Inclusive um re-
laxamento do isolamento social, consentido e apoiado por
Prefeituras e Estados, exatamente no rumo que o presiden-
te da República vem dizendo que deve ser desde o começo
da nossa tragédia.
Mais de mil mortes por dia e contando. Análises mate-
máticas indicam que em breve atingiremos as mil e qui-
nhentas mortes a cada vinte e quatro horas e alguns espe-
cialistas, principalmente médicos dentro dos hospitais que
combatem a pandemia, dizem que não é difícil atingirmos
duas mil mortes por dia.
É um quadro sinistro e que fica mais complicado quando
se sabe que a rede pública está colapsando e que os hospi-
tais que atendem ao SUS não têm a menor condição de
atender o número de pessoas infectadas. Em vários estados
já há fila de espera para internação em UTI e os que ainda
têm vagas se aproximam perigosamente do limite de sua
capacidade.
Até agosto estoura. Sim, até agosto, porque não há no ho-
rizonte o menor sinal de que as coisas podem melhorar.
Não podem e não vão. Nós não fizemos nada, ou pratica-
mente nada, em nível nacional, para reduzir a velocidade de
propagação do coronavírus. Ao contrário, a falta de preocu-
pação de parte da população é apavorante e mostra que vi-
ver ou morrer, pelo menos até agora, é indiferente para mi-
lhões de brasileiros, que não estão nem aí para os números
dramáticos, em subida consistente, que nos são apresenta-
dos todos os dias.
Com a pandemia se espalhando interior a dentro, os
próximos dois meses serão muito tristes porque o número
de pessoas mortas deve subir significativamente e a capaci-
dade de atendimento dos hospitais deve diminuir quase
que na mesma proporção.
Como não poderia deixar de ser, nesta hora o bom e ve-
lho político brasileiro mostra sua cara e a demagogia bara-
ta enche os noticiários com manchetes do gênero “O Sena-
do aprova requisição de leitos da inciativa privada para
atender pacientes do SUS”.
Será que é correto? Nas últimas décadas, todos os Pode-
res e todas as instâncias de governo pouco se lixaram para
a saúde pública. Tanto é verdade que, desde a década de
1990, a tabela do SUS não foi reajustada e hoje tem uma de-
fasagem de mais de 40% em relação ao custo real das opera-
ções dos hospitais que atendem a rede pública. Além disso,
o número de hospitais públicos com obras paradas, incom-
pletos ou desativados atinge proporções assustadoras. Para
não falar nos escândalos de superfaturamento.
Ao longo deste tempo, os planos de saúde privados e os
hospitais particulares fizeram investimentos de bilhões de
reais para atender seu público. Atualmente, o Brasil tem al-
guns hospitais que não devem nada aos melhores do mun-
do.
Aqui surge uma questão dramática que precisa ser anali-
sada friamente, diante da realidade introduzida pela pande-
mia. Será que é justo o cidadão que contribui mensalmente
para ser atendido pela rede privada ficar sem leito de UTI
quando contrai a covid-19 porque o Estado não consegue
cumprir sua função constitucional de garantir atendimento
médico-hospitalar para a população? Será que é justo a re-
de hospitalar privada ser sub-remunerada porque tem que
ceder seus leitos a preço de SUS?
São perguntas duras que merecem uma reflexão: será que
é justo quem faz a lição de casa ter que pagar por um Esta-
do omisso e milhares de pessoas irresponsáveis?

]
SÓCIO DE PENTEADO MENDONÇA E CHAR ADVOCACIA E
SECRETÁRIO-GERAL DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

As dez ações que


dobram de valor e


ignoram a crise


● As maiores rentabilidades das ações no Governo Bolsonaro até 29 de maio de 2020
(considerando apenas papéis com volume médio diário superior a R$ 500 mil neste ano)

MUITO ALÉM DO IBOVESPA:

FONTE: ECONOMATICA INFOGRÁFICO/ESTADÃO

Comgas

Petrorio
Sinqia

JSL
Banco Pan
Magaz Luiza
Viavarejo
Minerva
JHSF Part
Weg

PNA

ON
ON

ON
PN
ON
ON
ON
ON
ON

Distribuição de gás natural

Extração de petróleo e gás
Editoras de software

Transporte rodoviário
Bancos
Loja de departamentos
Loja de departamentos
Abatedouros
Construção
Indústria de motores,
turbinas e transmissores
de energia

CGAS

PRIO
SQIA

JSLG
BPAN
MGLU
VVAR
BEEF
JHSF
WEGE

246,

212,
210,

201,
196,
186,
182,
168,
163,
143,

1.

131.
22.

29.
36.
704.
836.
99.
42.
267.

RENTABILIDADE
(ATÉ DATA ATUAL)

VOLUME
FINANC. MÉDIO
DIÁRIO EM 2020
EMPRESA CLASSESETOR CÓDIGO EM PORCENTAGEM EM REAIS

Veja quais são as empresas que estão se destacando na Bolsa de


Valores desde o primeiro dia do governo Bolsonaro


A pandemia rumo


ao topo


l]^
LEANDRO MIRANDA

Márcio Kroehn

Quando o investidor menos
acostumado aos altos e baixos
da Bolsa olha o retorno absolu-
to de 8,58% do Ibovespa em
maio e compara com a queda
acumulada de 24,4% do indica-
dor em 2020 pode se perguntar
como é possível encontrar boas
ações para se tornar sócio dian-
te de informações tão conflitan-
tes. A resposta é olhar a parte, e
não o todo. “Não adianta tentar
acertar um setor ou o que vai
acontecer lá na frente. O investi-
dor tem de buscar empresas

que tenham potencial de cresci-
mento independente da econo-
mia”, diz o sócio da Nord Re-
search Bruce Barbosa.
As dez empresas que mais se
valorizaram do início do gover-
no Jair Bolsonaro até o fim de
maio não têm uma correlação
específica com a economia ou
com decisões política. Cada em-
presa apresentou um diferen-
cial para gerar retornos superio-
res a 100% no período.
Embora o conceito de value
investing (que privilegia a com-
pra de ações a preço barato) ain-
da esteja presente na estratégia

de alocação de recursos do in-
vestidor, nos últimos anos têm
ganhado força o growth inves-
ting. A ideia é encontrar empre-
sas que apresentam crescimen-
to muito rápido e que não te-
nham relação com o desempe-
nho macroeconômico – empre-
sas ligadas à tecnologia são as
grandes expoentes.
Duas empresas varejistas apa-
recem entre esses destaques. A
Magazine Luiza é o caso no mer-
cado brasileiro que mais se apro-
xima ao da gigante americana
Amazon. Além de fortalecer o
seu e-commerce nos últimos

anos, a empresa conta
com uma gestão liderada
por Frederico Trajano,
que tem feito a diferença
para os resultados – mes-
mo considerando um pe-
ríodo difícil como o primei-
ro trimestre deste ano,
com lucro líquido de R$
30,8 milhões, uma queda
de 76,7% na comparação
com o mesmo período de


  1. “Não teve um boom
    de crescimento de consu-
    mo no Brasil. A Magazine
    Luiza fez um trabalho den-
    tro de casa, mais micro do
    que macro”, diz o analista
    independente de investi-
    mentos Marco Saravalle.
    A outra rede varejista
    que salta aos olhos é a Via
    Varejo, mas por um moti-
    vo completamente dife-
    rente ao de sua concorren-
    te. A companhia vem fazen-
    do um trabalho de turna-
    round, ou seja, recuperan-
    do e transformando o ne-
    gócio. Com a força de mar-
    cas como Casas Bahia e
    Ponto Frio, os analistas do
    mercado financeiro enxer-
    gam um potencial de repe-
    tir o sucesso da Magalu,
    principalmente nas ven-
    das pelo canal digital. “A
    Via Varejo saiu da aba do
    Grupo Casino e do Pão de
    Açúcar e é um caso bastan-
    te específico de mercado”,
    diz Rodrigo Menon, sócio-
    gestor da Arbitral Gestão
    de Recursos.
    Há outros casos interes-
    santes desse período. A Pe-
    troRio é o resultado da
    reestruturação da HRT Pe-
    tróleo promovida pelas
    mãos do controverso em-
    presário Nelson Tanure.
    Já a JSL é uma holding for-
    mada por uma empresa de
    logística e por locadoras
    de veículos leves e pesa-
    dos. Dentro desse pacote,
    há uma expectativa muito
    grande com relação à ofer-
    ta inicial de ações da Va-
    mos, a unidade voltada es-
    pecificamente à locação
    de caminhões, máquinas e
    equipamentos no Brasil,
    que deveria acontecer no
    fim de março, mas foi adia-
    da com o início da pande-
    mia do coronavírus.


l]
ANTONIO PENTEADO
MENDONÇA

A


sociedade e a econo-
mia evoluem de for-
ma contínua, acele-
ram de forma vertiginosa
com o tempo e contraem ex-
cessos e impurezas de to-
dos os tipos. E, assim, a con-
ta chega. Os excessos e im-
purezas chegam aos limi-
tes, exaurindo os modelos
existentes e geram crises
que podem ter várias di-
mensões, profundidades e
durações e que têm nas
guerras, depressões e pan-
demias seus expoentes
máximos.
Em momentos de crise,
somos forçados a diminuir
a marcha, às vezes de forma
tão abrupta e acentuada
que mais parece um freio de
arrumação. Este momento
é fundamental para que ha-
ja uma reflexão, depuração
e um rearranjo da socieda-

de, da economia e, principal-
mente, de nós mesmos. Isto se
dá para que retomemos o cami-
nho e prossigamos mais próxi-
mos da nossa essência, mais
leves e mais focados e possa-
mos voltar a acelerar e alcan-
çar níveis ainda mais altos de
evolução em todas as áreas
através de sistemas mais efi-
cientes, humanos, saudáveis e
lucrativos. Não se engane, a di-
reção da história da humanida-
de é sempre em direção ao cos-
mo e não ao caos, o caminho é
diagonal e ascendente, mas re-
pleto de desvios e ruas sem saí-
da, que muitas vezes nos obri-
gam a dar ré, mas, sempre, fica-
mos melhores no final de cada
etapa.
A nova economia será mais
digital, inclusiva e com pro-
pósito, conectando empre-
sas, colaboradores e clientes,
quebrando fronteiras e encur-
tando distâncias. Nessa enor-
me simbiose, os novos hábi-
tos e valores sociais serão in-
corporados de forma a dire-

cionar a estratégia de posicio-
namento corporativo de acor-
do com as novas tendências
de consumo de produtos e ser-
viços, o novo perfil de investi-
mentos e as novas necessida-
des sociais. Portanto, as for-
mas de seleção, atração, reten-
ção, motivação e compensa-
ção de pessoas refletirão essa
nova realidade. Afinal, não
nos esqueçamos que, muito
frequentemente, somos cola-
boradores, clientes e sócios
das companhias e bancos. E
devemos analisar os diversos
chapéus que usamos de forma
holística. Seja verdadeiro,
crítico, transparente, comuni-
cativo e intenso; viva ao máxi-
mo sendo você.
As mudanças trarão incerte-
zas sobre a forma mais eficien-
te de fazer negócios neste no-
vo ambiente, e a capacidade
de comunicação, colabora-
ção, aglutinação e miscigena-
ção será fundamental para fa-
zer parte deste novo capitalis-
mo. As sociedades serão mais

plurais e sustentáveis e,
por reflexo, da mesma
forma, empresas, colabo-
radores, clientes e acio-
nistas.
O mundo não quer
mais fake news e nem pes-
soas fantasiadas, pois cau-
sam perda de recursos,
energia e tempo. Seja au-
têntico e intenso na sua
melhor e mais verdadeira
versão e venha como você
é. Tudo está mudando
muito rápido e somos
agentes da mudança, bem
como parte do time que
irá decifrá-la e entendê-
la. Este mundo tem um lu-
gar para você neste enor-
me quebra-cabeça em
que você é peça e monta-
dor. Viva a diferença e fa-
ça a diferença.

]
É RESPONSÁVEL PELA ÁGORA
E DIRETOR-EXECUTIVO
E DE RELAÇÕES COM
INVESTIDORES DO BRADESCO

Artigo


Bem-vindo quem quer que você seja


Artigo


mercados


US$ 1/NY1 Euro/EuropaLondres1 Libra/ BrasilR$ 1/
Dólar americano 1,000 1,1108 1,2351 0,
Euro 0,900 1,0000 1,1119 0,
Franco suíço 0,961 1,0677 1,1872 0,
Libra esterlina 0,810 0,8993 1,0000 0,
Iene 107,793 119,7345 133,1430 20,

Venc. Aju. C. Abe. Min. Máx.Var.%
Açúcar NY*JUL/20 10,91 291.679 10,67 10,96 1,
Café NY* SET/20 98,15 53.363 97,70101,80 -2,
Soja CBOT**JUL/208,41 302.990 8,37 8,46 -0,
Milho CBOT**SET/20 3,30281.499 3,28 3,3375-0,

AS MOEDAS NA VERTICAL:VALOR DE COMPRA SOBRE AS DEMAIS FONTE: IDC

Trabalhador assalariado e doméstica*
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO ALÍQUOTA
Até R$ 1.045,00 7,5%
De 1.045,01 até R$ 2.089,60 9%
De R$ 2.089,61 até R$ 3.134,40 12%
De R$ 3.134,41 até R$ 6.101,061 14%

Maiores altas do Ibovespa INSS - Competência (Maio)
R$ Var. % Neg.
SID NACIONAL ON 10,35 7,70 54.
EMBRAER ON 7,43 6,45 68.
VALE ON 52,03 3,87 100,6K


Maiores baixas do Ibovespa
BRASKEM PNA 27,60 -4,83 21.
MRV ON 15,17 -3,68 31.
MULTIPLAN ON 20,59 -3,33 32.


No mundo Pontos Dia%Mês% Ano%

(^1) Nova York DJIA 25.383,11 -0,07 4,26-11,
(^1) Frankfurt - DAX 11.586,85 -1,65 6,68-12,
(^1) Londres - FTSE 6.076,60 -2,29 2,97-19,
(^1) Tóquio - NIKKEI 21.877,89 -0,18 8,34-7,
IBOVESPA: 87.402,59 PONTOS 1 DIA 0,52 (%) MÊS 8,57 (%) ANO -24,42 (%)
Tesouro Direto ()
Venda Dia % Mês % Ano %
Dólar Comercial 5,3389 -0,82 -1,83 33,
Dólar Turismo 5,4900 -0,54 -1,67 31,
Euro 5,9230 -0,55 -0,57 31,
Ouro 292,200 -0,95 -1,08 44,
WTI US$/barril 35,19 4,64 84,72 -42,
IBrentUS$/barril 37,64 2,28 41,45 -42,
IGP-M (FGV) 1,0651 IPCA (IBGE) -
IGP-DI (FGV) - INPC (IBGE) -
IPC-FIPE - ICV-DIEESE -
FATORES VÁLIDOS PARA CONTRATOS CUJO ÚLTIMO REAJUSTE OCOR-
REU HÁ UM ANO. MULTIPLIQUE O VALOR PELO FATOR
DATA TAXA ANOTAXA DIA MÊS% ANO%
CDB (20/31) 2,64 0,0103 -16,46 -40,
CDI 2,90 0,0113 -20,55 -34,
TR/TBF/Poupança/Poupança Selic (%) CDB - CDI
26/5 a 26/6 0,0000 0,2199 0,5000 0,
27/5 a 27/6 0,0000 0,2192 0,5000 0,
28/5 a 28/6 0,0000 0,2087 0,5000 0,
Índice Abril Maio No ano12 Meses
INPC (IBGE) -0,23 - 0,31 2,
IGPM (FGV) 0,80 0,28 2,79 6,
IGP-DI (FGV) 0,05 - 1,80 6,
IPC (FIPE) -0,30 - 0,19 2,
IPCA (IBGE) -0,31 - 0,22 2,
CUB (Sinduscon) -0,41 - 0,02 3,
FIPEZAP-SP (FIPE) 0,21 - 0,99 2,
Inflação (%) Moedas e Commodities
AUTÔNOMO (BASE EM R$) ALÍQUOTA A PAGAR (R$)
De 1.039,00 a 6.101,06 20% De 207,80 a 1.220,
Vencimento 7/6. O porcentual de multa a ser aplicado fica
limitado a 20%, mais taxa Selic.
Agrícolas - Mercado Futuro
VENCIMENTO (
)ANO (%) R$
Tesouro IPCA 15/8/2026 2,78 2.779,
15/5/2035 4,26 1.768,
Com Juros Semestrais 15/8/2030 3,51 4.038,
Tesouro Prefixado 1º/1/2023 4,28 897,
1º/1/2026 6,54 702,
Tesouro Selic 1º/3/2025 0,03 10.615,
()TÍTULOS A VENDA
VALORES DE MERCADO REFERENTES AO PREGÃO DE 29/05/
Agrícolas - Mercado Físico
Índices de reajuste do aluguel (Junho)
(
) Em cents por libra-peso (**) Em US$ por bushel
Ult. Var. (%)Var. 1 ano(%)
SojaCEPEA/ESALQ, R$/sc 60 kg 107,51 1,05 30,
BoiCEPEA/ESALQ, R$/@ 204,75 0,66 32,
MilhoCEPEA/ESALQ, R$/sc 60 kg 50,19 0,26 32,
CaféCEPEA/ESALQ, R$/sc 60 kg 513,297 -4,20 25,

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