O Estado de São Paulo (2020-06-01)

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O ESTADO DE S. PAULO SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JUNHO DE 2020 NotaseInformações A


O


tema das fake news está na or-
dem do dia no Brasil e nos Esta-
dos Unidos não é de hoje. Ga-
nhou especial relevância nos úl-
timos meses porque ambos os
países realizarão eleições neste
ano. Mas não preocupa só por isso. Primeiro,
em meio a uma emergência sanitária como a
pandemia de covid-19 notícias falsas podem
matar. Segundo, tanto o presidente Jair Bolso-
naro como o presidente Donald Trump adota-
ram as fake news, as distorções da verdade fac-
tual e os ataques à imprensa profissional como
estratégias de governo, não apenas táticas para
vencer eleições.
Aqui no Brasil, recente operação da Polícia
Federal (PF), autorizada pelo Supremo Tribu-
nal Federal (STF), começou a descortinar uma
organização criminosa que estaria a serviço do
governo de Jair Bolsonaro para produzir e publi-
car mentiras, distorções, ofensas e ameaças con-
tra pessoas e instituições republicanas por
meio das redes sociais e aplicativos de comuni-
cação como o WhatsApp. Nos Estados Unidos,
vê-se um acalorado debate sobre a responsabili-
dade das chamadas Big Techs – Google, Twitter


e Facebook, principalmente – de realizar a aferi-
ção da veracidade de tudo o que é publicado em
suas plataformas. Há poucos dias, duas publica-
ções do presidente Donald Trump no Twitter
foram classificadas como duvidosas pela empre-
sa. Quem as lia era convidado a
visitar fontes confiáveis de infor-
mação que refutavam aquilo que
o presidente americano havia es-
crito. Como reação, Trump assi-
nou uma ordem executiva para
acabar com o que chamou de
“viés político” daquelas empre-
sas, autorizando as agências fe-
derais a controlar o que é publi-
cado nas redes sociais e a respon-
sabilizar as empresas, o que é te-
merário. “Estamos aqui hoje pa-
ra defender a liberdade de ex-
pressão de um de seus maiores
perigos”, disse Trump ao assinar o decreto. A
pretexto de defender a liberdade de expressão
e acabar com o “viés político” nas redes sociais,
o presidente americano pretende, na verdade, o
exato oposto: controlar politicamente o conteú-
do digital e, assim, cercear a liberdade.

Subjacente à discussão acerca da liberdade
de expressão, que não por acaso também foi in-
devidamente invocada pelos bolsonaristas apa-
nhados pela operação da PF, há uma questão
que deve preocupar todos tanto quanto preocu-
pa o resguardo da garantia consti-
tucional: a neutralidade da rede.
É isto o que, no fundo, está em jo-
go no debate corrente.
A neutralidade da rede é garan-
tida no Brasil pela Lei
12.965/2014 – o Marco Civil da In-
ternet, diploma legal elogiado in-
ternacionalmente –, que em seu
inciso IV do artigo 3.º estabelece
que a “preservação e garantia da
neutralidade da rede” é um dos
princípios que disciplinam a in-
ternet no País. Grosso modo, a
garantia da neutralidade da rede
equivale, no ambiente digital, às garantias indi-
viduais resguardadas pela Constituição, razão
pela qual deve ser mantida intocada.
Dois projetos que tramitam no Congresso,
em que pesem as boas intenções que os inspira-
ram, têm potencial para comprometer a neutra-

lidade da rede. De autoria dos deputados Felipe
Rigoni (PSB-ES) e Tábata Amaral (PDT-SP), na
Câmara dos Deputados, e do senador Alessan-
dro Vieira (Cidadania-SE), no Senado, esses
projetos visam à responsabilização das empre-
sas de tecnologia pelo conteúdo que os usuá-
rios publicam nas redes sociais. É inegável que
a disseminação de notícias falsas, injúrias e alei-
vosias é um mal para a vida pessoal dos indiví-
duos por elas afetados e um mal ainda maior pa-
ra o viço democrático do País. No entanto, o
melhor a fazer neste momento é combater as
fake news por meio da identificação dos respon-
sáveis por sua propagação, bem como daqueles
que os financiam, levando-os a responder por
seus crimes na Justiça. Exatamente como estão
fazendo o STF e a Polícia Federal.
A eventual leniência das empresas de tecnolo-
gia para conter a disseminação de fake news e
ofensas pode e deve ser amplamente discutida.
O que é perigoso – e contraproducente – é sim-
plificar uma questão que é complexa, simples-
mente levando-as à Justiça. O resultado não se-
rá outro: empresas mais cautelosas e, portanto,
menos propensas a deixar livre o debate que
ocorre nas redes sociais que administram.

A


crise permanen-
te criada pelo pre-
sidente Jair Bol-
sonaro é a maior
ameaça à segu-
rança externa da
economia brasileira. Contas
externas sustentáveis depen-
dem, no caso do Brasil, das ex-
portações do agronegócio e da
confiança do investidor estran-
geiro. As vendas de alimentos
e matérias-primas de origem
agropecuária continuam ro-
bustas, apesar das agressões
verbais a alguns dos comprado-
res mais importantes, incluída
a China. Além disso, a crise
ocasionada pela pandemia
tem contribuído para a redu-
ção dos gastos externos. As
despesas líquidas com via-
gens, por exemplo, foram em
abril 91,2% menores que as de
um ano antes e ficaram em
US$ 90 milhões. Isso contri-
buiu de forma importante pa-
ra o déficit na conta de servi-
ços bater em US$ 1,2 bilhão,
com recuo de 63,4% em rela-
ção ao valor de abril de 2019,
segundo o Banco Central.
Principal pilar das transa-
ções correntes, o comércio de
bens foi novamente superavitá-
rio em abril, com saldo de US$
6,44 bilhões, garantido como
sempre pelo agronegócio. As
exportações totais, de US$
18,36 bilhões, foram 4,89% infe-
riores às de abril de 2019. Mas
a retração do mercado, com mi-
lhões de famílias em casa e ne-
gócios muito reduzidos, derru-
bou as importações para um va-
lor 15,90% menor que o de um
ano antes.
Somados o comércio supera-
vitário de bens e as contas defi-
citárias de serviços e de rendas,


chega-se a um superávit de
US$ 3,84 bilhões nas transa-
ções correntes. Em março o re-
sultado já havia sido positivo.
No ano, porém, o saldo até
abril foi um déficit de US$
11,88 bilhões, 29,94% inferior
ao de janeiro-abril de 2019,
principalmente por causa da re-
dução de gastos forçada pelo
coronavírus. Em 12 meses, o bu-
raco das transações correntes
ficou em US$ 44,37 bilhões. No
período até março ainda estava
em US$ 50,12 bilhões. O rom-
bo acumulado em 12 meses foi
financiado, ainda com sobra,
por US$ 73,21 bilhões de inves-
timento direto líquido, equiva-
lente a 4,31% do Produto Inter-

no Bruto (PIB) estimado para
o período.
Esse investimento, a menos
volátil e mais produtiva forma
de aplicação de capital estran-
geiro, tem declinado desde o
trimestre final de 2019. O total
acumulado neste ano, até abril,
chegou a US$ 18,04 bilhões e fi-
cou 22,28% abaixo do contabili-
zado nos primeiros quatro me-
ses de 2019. A redução é em
parte atribuível à crise interna-
cional. A economia global con-
tinua fortemente retraída, mes-
mo com a retomada inicial das
atividades na China.
Em tempo de pouca ativida-
de e muita incerteza, é normal
o desvio de capitais para aplica-
ções consideradas seguras, em-
bora pouco rentáveis, como os
títulos do Tesouro americano

ou mesmo papéis com rendi-
mento negativo, como têm si-
do os alemães. Quando isso
ocorre, as economias emergen-
tes são as maiores perdedoras
de recursos. Mas o caso do Bra-
sil tem sido especial.
O País tem sido um dos mais
afetados pela mudança nos flu-
xos de capitais – de investimen-
to direto e principalmente de
aplicações tipicamente especu-
lativas. Em abril saíram US$ 7,
bilhões de investimentos em
carteiras de papéis – US$ 4,9 bi-
lhões de títulos de dívidas e
US$ 2,4 bilhões de ações e fun-
dos de investimento. A insegu-
rança é bem conhecida. Depois
de cerca de 40 reuniões com in-
vestidores institucionais da Eu-
ropa e dos Estados Unidos, nas
duas últimas semanas, o econo-
mista David Beker, do Bank of
America, falou ao Esta-
dão/Broadcast sobre as preocu-
pações dos estrangeiros. Segun-
do ele, há uma percepção de
três crises simultâneas: de saú-
de, política e fiscal – esta últi-
ma ligada à incerteza quanto à
evolução da política econômi-
ca no Brasil. O quadro, acres-
centou, era ruim antes da pan-
demia, por causa do baixo cres-
cimento, e agora piorou. Ele po-
deria, sem erro, ter assinalado
um ponto fundamental: as três
crises convergem para a figura
do presidente, obcecado por
suas preocupações pessoais.
Para isso tem chamado a aten-
ção a imprensa internacional.
Essa imprensa, segundo o pre-
sidente, é formada por esquer-
distas. Curiosamente, por
meio dela se informam os in-
vestidores do mundo rico. Se-
rão esquerdistas disfarçados
de bilionários?

O


presidente Jair
Bolsonaro diz-
se preocupado
com a econo-
mia e com
quem precisa
trabalhar para “levar o leite
dos seus filhos, o arroz e o fei-
jão para sua casa”. Também
tem dito que não será possível
continuar socorrendo Estados
e municípios, numa espécie de
preocupação repentina com a
saúde das finanças públicas.
Tudo isso é o que o presidente
diz. O que ele faz é completa-
mente diferente. Em plena pan-
demia, com uma gravíssima re-
tração da economia, do empre-
go e da renda das famílias, Jair
Bolsonaro valeu-se de sua cane-
ta presidencial para assinar me-
dida provisória (MP) conce-
dendo aumento a policiais ci-
vis e militares do Distrito Fede-
ral (DF). É um acinte, uma
completa imoralidade com a
população brasileira.
Com um custo estimado de
R$ 505 milhões ao ano, a MP
971/20 deu aumento de 8% a
25% a policiais do DF. Antes do
reajuste, os vencimentos dos
agentes da Polícia Civil varia-
vam entre R$ 8.698,78 e R$
13.751,51. Com o aumento, pas-
sarão a ser de R$ 9.394,68 a R$
14.851,63. Já os delegados ga-
nhavam, antes do aumento, en-
tre R$ 16.830,85 e R$
22.805,00. Com a benesse pre-
sidencial, ganharão entre R$
18.177,32 e R$ 24.629,40. O rea-
juste também abrange os ór-
gãos de segurança pública dos
ex-territórios federais de Ron-
dônia, Roraima e Amapá,
abrangendo todos os agentes
da ativa ou da reserva que in-
gressaram na carreira quando

esses Estados eram territórios.
Com a MP 971/20, o presiden-
te Jair Bolsonaro deu aumento
de salário a uma elite do funcio-
nalismo público. O salário míni-
mo vigente de um trabalhador
é de R$ 1.045. Vale lembrar tam-
bém que, em razão das circuns-
tâncias excepcionais causadas
pela covid-19, foram aprovadas
regras emergenciais permitin-
do a redução salarial e até mes-
mo a suspensão temporária do
contrato de trabalho de empre-
gados da iniciativa privada, co-
mo forma de viabilizar a manu-
tenção dos empregos. Nem se
fale da situação dos trabalhado-
res informais. Em muitos ca-
sos, a pandemia representou o

desaparecimento da renda fa-
miliar, com muitos lares depen-
dendo exclusivamente do auxí-
lio de R$ 600 aprovado pelo
Congresso. No entanto, nada
disso parece preocupar o presi-
dente Jair Bolsonaro. Usou seu
poder de editar medida provisó-
ria para aumentar salários que,
em alguns casos, ultrapassam a
faixa dos R$ 20 mil.
A situação social e econômi-
ca do País é tão drástica que o
Congresso aprovou, no dia 6
de maio, lei complementar
(LC) proibindo reajuste do salá-
rio do funcionalismo por 18 me-
ses. No entanto, o presidente
Jair Bolsonaro adiou proposita-
damente a sanção da Lei Com-
plementar 173/20, dando mar-
gem para que categorias do fun-
cionalismo público estadual ob-

tivessem nesse período aumen-
tos salariais. A desafiar toda a
racionalidade, o presidente da
República valeu-se de sua de-
mora na sanção da LC 173/
para dar aumento salarial aos
policiais do DF.
Não bastasse o reajuste em
plena pandemia, a MP 971/
estabelece efeitos retroativos.
“Esta Medida Provisória entra
em vigor na data de sua publi-
cação com produção de efeitos
financeiros a partir de 1.º de ja-
neiro de 2020”, diz o art. 6.º.
Enquanto a imensa maioria
dos brasileiros vê sua renda de-
finhar, policiais civis e milita-
res do DF receberão, além do
aumento salarial, o refrigério
de algumas parcelas adicionais
“atrasadas”.
“Em caso de relevância e ur-
gência, o Presidente da Repú-
blica poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei,
devendo submetê-las de ime-
diato ao Congresso Nacional”,
diz o art. 62 da Constituição.
No caso da MP 971/20, a rele-
vância e a urgência situavam-
se precisamente em sentido
contrário ao disposto pelo pre-
sidente Jair Bolsonaro. É ur-
gente e da máxima relevância
que nenhum funcionário públi-
co tenha aumento de salário
em plena pandemia.
Amiúde, o presidente Jair
Bolsonaro queixa-se de um su-
posto tolhimento de seus pode-
res presidenciais. Na verdade, é
o próprio Bolsonaro que se
dispõe a ser fraco, valendo-se
de seu poder de editar medida
provisória para se tornar sub-
misso a nefastas pressões cor-
porativistas, justamente no mo-
mento em que deveria, por ra-
zões óbvias, negar esse pedido.

A neutralidade da rede em perigo


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

Com a MP 971/20, o
presidente da República
deu aumento a uma
elite do funcionalismo

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Notas & Informações


O presidente, o vírus e o balanço


Insegurança gerada
pelo presidente
assusta investidores
e prejudica o País

A fraqueza de Bolsonaro


lDesgoverno Bolsonaro
‘Inércia é cumplicidade’
Perfeito o artigo de Antônio
Cláudio Mariz de Oliveira
com o título acima (31/5, A2).
O silêncio dos discordantes
diante da atual situação, de
fato, chega a ser irresponsá-
vel. Somos 70% e precisamos
fazer-nos ouvir.
MARIA ÍSIS M. M. DE BARROS
[email protected]
SANTA RITA DO PASSA QUATRO


Grilhões
O artigo Inércia é cumplicidade
traz à tona toda a confusão
social e moral imposta à nos-
sa sociedade no período mili-
tar. Em apenas um dos muitos
exemplos de repressão na épo-
ca, ele nos deixa claro o que
isso pode vir a significar caso
o povo brasileiro, que preza a
liberdade – embora essa seja
uma condição muito contro-
versa em alguns momentos –,
venha a ser vítima novamente.
Não sejamos inertes a ponto
de nos tornarmos cúmplices
de alguma aberração político-
social que nos imponha gri-
lhões travestidos de verde e
amarelo, numa ilusão patrióti-


ca funesta e inadmissível.
ANA SILVIA F. P. P. MACHADO
[email protected]
SÃO PAULO

Protestos
Outro protesto na frente do
Supremo Tribunal, sábado,
agora com máscaras e tochas,
lembrando a Ku Klux Klan. É
preciso refrear esses ânimos
exaltados contra as institui-
ções democráticas estabeleci-
das e não interpretar liberda-
de de expressão como liberda-
de de cometer crimes e ilíci-
tos. Aliás, a conclusão da in-
vestigação acerca do patrocí-
nio com dinheiro público para
o gabinete do ódio propalar
fake news é só uma questão de
tempo. Afinal, Carlos Bolsona-
ro, que é um vereador no Rio
de Janeiro, tem sala no palá-
cio em Brasília ao lado pai.
MARCOS BARBOSA
[email protected]
CASA BRANCA

Constituição
Se Jair Bolsonaro e sua ninha-
da tivessem lido a Constitui-
ção antes da eleição, talvez
não se propusessem a ocupar

o Palácio do Planalto. Não
imaginavam ter de respeitar o
Parlamento e o Judiciário.
MAURO LACERDA DE ÁVILA
[email protected]
SÃO PAULO

Projeto de déspota
O presidente é mesmo uma
figura caricata! Ele tem muita
valentia e pouca coragem. É
um fanfarrão, arrotador e ga-
bola. Quem não tem coragem
nenhuma tenta pela via da inti-
midação medir as reações de
seus inimigos imaginários pa-
ra poder brigar e exercitar as
suas habilidades do insulto,
da ameaça, da paulada, do ve-
neno, da bordoada. Ele tenta
fazer do nosso país uma zona
permanente de conflitos. A
vocação despótica, absolutis-
ta, faz dele refém de sua pró-
pria truculência, pois sem ela
não consegue viver. No fundo,
em seu âmago, ele tenta escon-
der a fraqueza da sua força.
CLAUDINÊ DE OLIVEIRA
[email protected]
APUCARANA (PR)

Inaptidão óbvia
Nós temos um presidente que

tem desempenhado diversos
papéis. Com a exceção do
principal, que é o de governar.
WILLIAN MASCIMIANO
[email protected]
SÃO PAULO

Missão impossível
“Planejamento, competência e
responsabilidade” é o que o
editorial Do jeito errado e sem a
maioria (30/5, A3) recomenda
ao presidente para governar e
ganhar a aprovação do seu go-
verno. Missão impossível. Bol-
sonaro não tem estofo de esta-
dista. Esses valores inerentes
e imprescindíveis a um chefe
de Estado de um país como o
Brasil jamais fizeram parte do
arcabouço mental de Bolsona-
ro, carente de instrução e cul-
tura e assombrado por ideias
primitivas de violência e perse-
guição, que alimentam perma-
nentes teorias conspiratórias
numa mente perturbada por
medos ancestrais. Deixemos
as esperanças de salvação des-
te governo fora de quaisquer
expectativas otimistas.
PAULO SERGIO ARISI
[email protected]
PORTO ALEGRE

Ainda há esperança
A mais recente pesquisa Data-
folha (realizada em 25 e 26 de
maio) mostra um crescente
apoio da população brasileira
à saída do poder do presiden-
te Jair Bolsonaro, seja pela re-
núncia (48%) ou pelo impea-
chment (46%). Esse fato com-
prova a insatisfação crescente
dos eleitores que acreditaram
em suas promessas de campa-
nha. Significa que boa parte
deles está decepcionada com
suas atitudes, quer no comba-
te à corrupção, que foi fragili-
zado por uma sequência de
atos que levaram à demissão
do ministro da Justiça Sergio
Moro, quer por seu pouco
apreço pela vida dos brasilei-
ros – tanto pelo desprezo aos
fatos a que assistimos no mun-
do todo quanto pelo infame
“e daí?”. E para completar, o
retorno da velha política do
“toma lá dá cá”. Como eleitor
de sua chapa, lamento essas
atitudes, que são um verdadei-
ro palanque para os apoiado-
res dos governos anteriores,
aqueles que levaram nosso
país à beira do precipício e ho-
je posam de “salvadores da

pátria”, chegando a clamar pe-
lo combate à corrupção.
ANTONIO CARLOS GOMES DA SILVA
[email protected]
SÃO PAULO

Provas de fraude
Se for verdade que o presiden-
te Jair Messias Bolsonaro pos-
sui provas de que as últimas
eleições, em que se elegeu pre-
sidente da República, foram
fraudadas, nós, o povo brasilei-
ro, pedimos encarecidamente
que as apresente. Para poder-
mos anular o pleito e, final-
mente, termos paz e harmo-
nia em nosso país.
MARIO MIGUEL
[email protected]
JUNDIAÍ

Titanic
Como num barco à deriva, à
guisa de tábua de salvação,
Bolsonaro agraciou Augusto
Aras e Abraham Weintraub
com a Ordem do Mérito Na-
val. Melhor faria se lhes desse
uma boia. Ou, melhor ainda,
coletes salva-vidas...
A. FERNANDES
[email protected]
SÃO PAULO
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